Cérebro e a Neurociência Aplicada ao Consumo – Cortex Pré Frontal

Propaganda
Cérebro e a Neurociência Aplicada ao Consumo – Cortex Pré Frontal
O objetivo da utilização de técnicas de neurociência cognitiva aplicada recai sobre a
aquisição de informações de caracter mais objetivo acerca dos processos internos do
cérebro dos consumidores (Dapkevičius & Melnikas, 2009). Contudo, e embora a
neurociência aplicada viva da aplicação de várias ferramentas, não se devem esquecer
ainda as designadas ferramentas de outside reflexes como o facial coding, linguagem
corporal ou ainda o empathic design como refere Postma (2012) que influencia o
processo de tomada de decisão.
Falar de neurociência cognitiva aplicada é ter na essência a anatomia
do cérebro humano, o principal órgão e o centro do sistema nervoso do corpo
humano, sendo esse sistema composto por duas grandes secções: o sistema nervoso
central e o sistema nervoso periférico (Thibodeau & Paton, 2003).
Considerar, para efeitos de desenvolvimento estratégico, os elementos constituientes
do sistema nervoso central, encéfalo (cérebro, tronco cerebral e cerebelo)
e medula espinal (Thibodeau & Paton, 2003), é indispensável. O foco da neurociência
cognitiva aplicada, deve numa primeira estância considerar o cérebro, sendo esse
composto por dois hemisfério, cada hemisfério com um lobo frontal, um lobo parietal,
um lobo occipital e um lobo temporal (Thibodeau & Paton, 2003), bem como o
cerebrelo, responsável pela coordenação da atividade dos músculos esqueléticos, do
tato, da visão e audição, num nível inconsciente, a partir de informações recebidas
(Carter, Briggs-Gowan, Jones, & Little, 2003). A atividade do cerebelo está associada à
regulação da postura, equilíbrio e coordenação (Carter, Briggs-Gowan, Jones, & Little,
2003).
Iniciamos esta evolução da articulação entre a anotomia do cérebro e a neurociência
cognitiva aplicada com o Cortex Pré Frontal, situado na parte anterior do lobo frontal,
esta área do cérebro tem sido relacionada com o planeamento do comportamento
cognitivo, expressão da personalidade, tomada de decisão e moderação do
comportamento social (Yanga & Raine, 2009).
Tem sido demonstrado que o córtex pré-frontal ventromedial está fortemente
envolvido nas decisões sobre as preferências relacionadas com marcas e indivíduos
com lesões nesta região do cérebro não demonstram comportamento normal marcapreferência (Kenning & Plassmann, 2008). Compreendendo esta influência, se por
exemplo for induzida música no ambiente do processo de compra do consumidor,
levar-se-à a uma redução do controlo cognitivo, possibilitando por exemplo com maior
facilidade compras não planeadas (Ochsner & Gross, 2005).
Um dos estudos de maior relevância envolvendo o Córtex Pré Frontal foi levado a cabo
por Samuel McClure e a restante equipa de investigação, em 2004, no Baylor College
of Medicine, em Texas, “Neural Correlates of Behavioral Preference for Culturally
Familar Drinks”. Os resultados provenientes da ressonância magnética funcional
apresentam que o cérebro responde de forma diferenciada à entrega de Coca-Cola
quando se tinha conhecimento que era Coca-Cola, comparativamente à entrega de
Coca-Cola quando exista a possibilidade de ser Pepsi ou Coca-Cola. Como tal, os
investigadores detectaram diferenças assinaláveis na atividade de várias estruturas
cerebrais, nomeadamente hipocampo bilateral, parahipocampal, mesencéfalo, córtex
pré-frontal dorsolateral (DLPFC), tálamo e córtex visual esquerdo.
Outro estudo, desta feita levado a cabo pelo AMI Center de Aalto University’s sobre a
eficácia dos consultative selling da marca Nokia (Suomala, Palokangas, Leminen,
Westerlund, Heinonen, & Numminen, 2012) foi desenvolvido com recurso a fMRI,
assente num sólido protocolo de ensaio a partir de uma fase de venda específica.
Verificou-se que diferentes componentes de circuitos de valorização do cérebro
estavam ativos em cada fase da experiência virtual do cliente. Primeiro, no
dorsolateral córtex pré-frontal (CPFDL) a ativação foi encontrada em cada cinco fases
do processo de venda. Os participantes demonstraram correlação significativa com o
processo de venda consultiva em DLPFC. A correcção do familywise error rate (FWE)
foi aplicada à análise inter sujeito para tratar a variância na localização da actividade
neuronal. A ativação da DLPFC indica que a experiência do cliente organizado pelas
fases da venda consultiva ativou o sistema de avaliação geral do cérebro, sendo que
essa mesma ativiação apresenta-se como um importante pré-requisito para as
decisões de compra (Glimcher, 2010). A ativação DLPFC tende a aumentar quando
uma marca familiar encontra-se presente (McClure et al, 2004) e quando os clientes
pretendem comprar os produtos exibidos no ecrã (Plassmann et al, 2007). Importante
realçar que o giro frontal inferior (IFG) foi ativado durante a maior parte das fases do
processo de venda, vários estudos anteriores sugerem que a resposta no IFG atua
como um sinal de segurança, porque mostra uma maior resposta para opções mais
seguras do que inseguras (Suomala, Palokangas, Leminen, Westerlund, Heinonen, &
Numminen, 2012).
Referências bibliográficas
1. Adelman, G. (2010). The neurosciences research program at MIT and the beginning of
the modern field of neuroscience. . Journal History of Neuroscience , 15-23
2. BrightHouse Institute for Thought Sciences. (2002, Junho 22). Brighthouse Institute for
Thought Sciences launches first “neuromarketing” research company. Retrieved
Setembro
28,
2015,
from
PRWEB: http://www.prweb.com/releases/2002/6/prweb40936.php
3. Calvert, G., & Brammer, M. (2012). Predicting Consumer Behaviour. IEEE Pulse , 3 (3),
38-41.
4. Cîrneci, D., Angheluță, A., & Gheorghe, D. (2014). The Use of Neuromarketing in the
Study of Brand Related Mental Processes. Case Study – Romanian Food Brands
. International Journal of Economic Practices and Theories , 4 (2), 331-342.
5. Damásio, A. (2010). O Livro da Consciência. A construção do cérebro consciente. Lisboa:
Temas e Debates.
6. Dapkevičius, A., & Melnikas, B. (2009). Influence of Price and Quality to Customer
Satisfaction: Neuromarketing Approach. Mokslas – Lietuvos Ateitis , 17-20.
7. Dooley, R. (2011). Brainfluence: 100 Ways to Persuade and Convince Consumers with
Neuromarketing. Nova Iorque: Wiley.
8. Gardner, H. (2002). A nova ciência da mente. isboa el gio d gua.
9. Glimcher, P. (2010). Foundations of Neuroeconomic Analysis . Nova Iorque: Oxford
University Press.
10. Hamann, S. (2001). Cognitive and neural mechanisms of emotional memory. Trends in
Cognitive Sciences , 5 (9), 394–400.
11. Harmon-Jones, E., & Beer, J. (2009). Methods in Social Neuroscience . University of
New South Wales.
12. Harnsberger, H., Osborn, A., Ross, J., Moore, K., Salzman, K, C. C., et al.
(2007). Diagnostic and Surgical Imaging Anatomy: Brain, Head and Neck, Spine. Salt
Lake City: Amirsys.
13. Ioannides, A., Liu, L., Theofilou, D., Dammers, J., Burne, T., & Ambler, T. S. (2000). Real
time processing of affective and cognitive stimuli in the human brain extracted from
MEG signals. Brain Topography (13(1)), 11–19.
14. Ioannides, L., Theofilou, D., Burne, T., & Ambler, T. (2000). Real time processing of
affective and cognitive sitmuli in the human brain extracted from MEG signals. Brain
Topography , 13, 11-19.
15. Kawabata, H., & Zeki, S. (2004). Neural correlates of beauty. Journal of
Neurophysiology , 91 (1), 1699-1705.
16. Knutson, B., Rick, S., Wimmer, E., Prelec, D., & Loewenstein, G. (2007). Neural
predictors of purchases . Neuron , 53 (1), 147–156. .
17. Kringelbach, M. (2005). The human orbitofrontal cortex: linking reward to hedonic
experience. Nat Rev Neurosci. , 6, 691–702.
18. LeDoux, J. (2015). Anxious: Using the Brain to Understand and Treat Fear and
Anxiety. Londres: Viking.
19. Loewenstein, G., Bryce, C., Hagmann, D., & Rajpal, S. (2014, Março 28). Warning: You
are
about
to
be
nudged. Retrieved
Outubro
16,
2015,
from http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2417383.
20. McClure, S., Li, J., Tomlin, D., Cypert, K., Montague, L., & Montague, P. (2004). Neural
Correlates of Behavioral Preference for Culturally Familiar Drinks. Neuron , 44 (2), 379–
387.
21. Milosavljevic, M., Malmaud, J., Huth, A., Koch, C., & Rangel, A. (2010). The drift
diffusion model can account for the accuracy and reaction time of value-based choices
under high and low time pressure. Decis. Mak , 437–449.
22. Ohme, R., Matukin, M., & Pacula-Lesniak, B. (2011). Biometric measures for interactve
advertsing research. Journal of Interactive Advertising , 11 (2), 60-72.
23. Postma, P. (2012). Anatomie van de Verleiding. Neuromarketing – Neuromarketing
succesvol toegepast. Amsterdam: Adfo Books.
24. Stocco, A., Lebiere, C., & Anderson, J. (2010). Conditional Routing of Information to the
Cortex A Model of the Basal Ganglia’s ole in Cognitive Coordination. Psychological
Review , 117 (2), 541–574.
25. Suomala, J., Palokangas, L., Leminen, S., Westerlund, M., Heinonen, M., & Numminen,
J. (2012). Neuromarketing Understanding Customers’ Subconscious esponses to
Marketing. Technology Innovation Management Review , 12-21.
26. Thibodeau, G., & Paton, T. (2003). Anatomy & Physiology. Louis: Mosby.
27. Wallis, J. (2007). Neuronal Mechanisms in Prefrontal Cortex Underlying Adaptive
Choice Behavior . 1121, 447-460.
28. Wilson, R., Ganines, J., & Hill, R. (2008). Neuromarketing and Consumer Free
Will. Journal of Consumer Affairs , 389-410.
29. Yanga, Y., & Raine, A. (2009). Prefrontal Structural and Functional Brain Imaging
findings in Antisocial, Violent, and Psychopathic Individuals: A MetaAnalysis. Psychiatry Res , 81–88.
30. Zară, I., & Tuţă, M. (2013). Neuromarketing esearch – A Classification and Literature
Review . Research Journal of Recent Sciences
Download