UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS FACULDADE DE ECONOMIA. ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE CURSO DE ADMINISTRAÇÃO A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE MARKETING ESPORTIVO COMO FORMA DE FORTALECIMENTO DA RELAÇÃO TORCEDOR-CLUBE: UM ESTUDO SOBRE O CRB. Monografia de Conclusão de Curso Eduardo Jorge Cavalcante Ferreira Maceió 2010 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS FACULDADE DE ECONOMIA. ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE CURSO DE ADMINISTRAÇÃO A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE MARKETING ESPORTIVO COMO FORMA DE FORTALECIMENTO DA RELAÇÃO TORCEDOR-CLUBE: UM ESTUDO SOBRE O CRB. Eduardo Jorge Cavalcante Ferreira Monografia apresentada ao Colegiado do Curso de Administração da Universidade Federal de Alagoas como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração, sob a orientação do Prof. Dr. Nelsio Rodrigues de Abreu. Maceió 2010 Eduardo Jorge Cavalcante Ferreira A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE MARKETING ESPORTIVO COMO FORMA DE FORTALECIMENTO DA RELAÇÃO TORCEDOR-CLUBE: UM ESTUDO SOBRE O CRB. Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel em Administração no Curso de Administração da Universidade Federal de Alagoas Maceió, ___ de _____________ de 2010 Prof. ............................................................ Coordenador do Curso BANCA EXAMINADORA ................................................................ Prof. .............................................. Orientador ................................................................ Prof. .............................................. Examinador .................................................................. Prof. .............................................. Examinador DEDICATÓRIA Aos meus pais e todos os meus familiares e amigos, pelo apoio dado durante a elaboração desta monografia. Trabalho esse feito em especial a todos os torcedores do CRB. AGRADECIMENTOS Durante todo o trabalho sempre contei com vários amigos que fazem parte de uma turma muito, mas muito especial, os amantes de esporte. Independente de qualquer que seja o clube, estado, pude notar que essa turma não mede esforços quando o assunto é ajudar. Aos fãs do esporte meu agradecimento. Aos amigos da imprensa alagoana, representada por Warner Oliveira e da imprensa nacional, representada por Guto Nejaim, que me brindou com um texto fabuloso sobre futebol, meus sinceros agradecimentos. À toda a minha turma de Administração da UFAL, 2006/1, por todo o incentivo e por toda a amizade que tive durante os anos de curso, entre a turma toda um agradecimento especial aos que estiveram sempre junto comigo durante todo o curso: Uriel, Vitoretti, Victor Duque, Ruanito, Rogério, Thiago Bonfim, Rafael Lumba, Meriane, Marília, Jamila e Lilla. Aos professores do curso de Administração, em especial ao Prof. Nelsio, que além de ser o orientador da minha monografia, me apoiou durante os anos de curso superior. Lembro também dos professores Alexandre, Luciana Santa Rita, Rosiane e Claúdia Milito por todo o conhecimento passado no curso de Administração E aos amigos: Alberto, Eduardo, Euclides, Davi, Daniella, Sandrine, Thiago, Diego, Icaro, Luiza e tantos outros, todos esses torcedores do CRB que colaboraram e muito com a pesquisa e de ver o sonho realizado, a todos esses abnegados um grande abraço. Eu não quero mais mentir Usar espinhos Que só causam dor Eu não enxergo mais o inferno Que me atraiu Dos cegos do castelo Me despeço e vou A pé até encontrar Um caminho, um lugar Pro que eu sou... Eu não quero mais dormir De olhos abertos Me esquenta o sol Eu não espero que um revólver Venha explodir Na minha testa se anunciou A pé a fé devagar Foge o destino do azar Que restou... E se você puder me olhar Se você quiser me achar E se você trouxer o seu lar... Eu vou cuidar Eu cuidarei dele Eu vou cuidar Do seu jardim... Nando Reis RESUMO O papel que o esporte vem desempenhando ao longo do tempo faz dele um grande fator de influência no comportamento de diversos segmentos de mercado. Em conseqüência disso, esse campo de atividades vem estabelecendo fortes ligações com o setor empresarial. A parir de tal necessidade, o estudo pretende mostrar como o marketing esportivo pode ajudar aos clubes de futebol no desenvolvimento de novos torcedores e a conquista de cada vez mais torcedores. O estudo é sobre a realidade alagoana, com foco no Clube de Regatas Brasil (CRB), clube de futebol tradicional em Alagoas.O objetivo do trabalho foi analisar o perfil de mercado do torcedor do CRB – o objeto de estudo em questão- e saber quais são as suas preferências para que a partir de tais resultados possa vir a ser feito um trabalho especifico com tais torcedores. A fim de cumprir tais objetivos, foi feito uma pesquisa com os torcedores do CRB, onde foram observadas as preferências do torcedor do CRB, em paralelo, as entrevistas com os cronistas esportivos, revelam a realidade na qual o futebol de Alagoas passou durante os anos. Os instrumentos de coleta de dados foram: entrevistas semiestruturada e questionário estruturado.Como resultados da pesquisa têm-se: perfil de mercado do torcedor do CRB, qual as suas principais tendências de consumo e a realidade na qual está inserido atualmente o futebol alagoano. Tais resultados mostraram que o torcedor do CRB possui características que são favoráveis à geração de receita para o clube. Ao mesmo tempo, que o mesmo torcedor do CRB tem a consciência de que a realidade pode ser mudada pelos mesmos. Palavras-chave: Marketing esportivo, Licenciamento, Marca, Futebol, Alagoas. ABSTRACT The role that sport has played over time makes it a major factor influencing the behavior of various market segments. As a result, this field of activities has established strong links with the business sector. The birth of this need, the study aims to show how sports marketing can assist football clubs in the development of new fans and winning more and more fans. The study is about the reality of Alagoas, with a focus on the Club de Regatas Brazil (CRB), traditional football club in Alagoas. The objective of this study was to analyze the market's fan CRB - the object of study in question-and know what their preferences so that from these results might be made a specific work with these fans. In order to accomplish these objectives, a survey was done with the fans of CRB, which were observed preferences supporter of CRB in parallel interviews with columnists, sports reality show in which the football Alagoas passed during the years . The instruments of data collection were semi-structured and structured questionnaire. The research results have been: market profile supporter of the CRB, which its main consumer trends and the reality in which it operates currently football Alagoas. These results indicate that the fan of the CRB has characteristics that are conducive to the generation of revenue for the club. At the same time that the same supporter of the CRB is aware that the reality can be changed by them. Keywords: Sports Marketing, Licensing, Brand, Football, Alagoas LISTA DE FIGURAS Pág. Figura 1 – Escada de envolvimento dos torcedores....................................................................4 Figura 2 – Estrutura integrada de mercados para as organizações de futebol..........................12 LISTA DE GRÁFICOS Pág. Gráfico 1: Identificação dos torcedores por sexo......................................................................27 Gráfico 2: Média de público do CRB e campeonato brasileiro e alagoano. ............................28 Gráfico 3: Porcentagem de torcedores que acompanham com freqüência outras agremiações ou clubes...................................................................................................................................29 Gráfico 4: Faixa etária x Escolaridade......................................................................................32 Gráfico 5: Faixa etária x Estado civil........................................................................................32 Gráfico 6: Mídia para obter informações sobre o CRB............................................................33 Gráfico 7: Frequência de busca por informações sobre o CRB................................................34 Gráfico 8: Frequência de ida a jogos do CRB..........................................................................35 Gráfico 9 : Faixa de renda x Frequência de ida a jogos...........................................................35 Gráfico 10: Fator mais importante para a não ida dos torcedores ao estádio...........................36 Gráfico 11: Constructo perfil de torcedores do CRB..............................................................39 Gráfico 12: Porcentagem de torcedores que tiveram alguma alteração emocional.................40 Gráfico 13: Porcentagem de torcedores que não vão a jogos em casos excepicionais...........40 Gráfico 14: Porcentagem de torcedores que se consideram um torcedor fanático.................41 Gráfico 15: Porcentagem de torcedores que tem amplo acesso ao CRB, como dirigentes, conselheiros, cronistas. ............................................................................................................41 Gráfico 16: Porcentagem de torcedores que comprariam um livro sobre a história do CRB..42 Gráfico 17: Faixa de preço que o torcedor compraria o livro...................................................43 LISTA DE TABELAS Pág. Tabela 1 – Faixa etária dos participantes da pesquisa.............................................................28 Tabela 2 – Estado civil dos participantes da pesquisa..............................................................30 Tabela 3 – Número de filhos dos participantes da pesquisa.....................................................30 Tabela 4 – Escolaridade dos participantes da pesquisa.............................................................31 Tabela 5 – Faixa de renda dos participantes da pesquisa..........................................................31 SUMÁRIO Pág. 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1 1.1 ANTECEDENTES ................................................................................................................... 1 1.2 O PROBLEMA DE PESQUISA.................................................................................................. 2 1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 2 1.3.1 GERAL ................................................................................................................................ 2 1.3.2 ESPECÍFICOS .................................................................................................................... ...2 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... .......3 2.1 MARKETING ESPORTIVO..............................................................................................................................3 2.2 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO...................................................................................................................3 2.3 O MIX DO MARKETING ESPORTIVO..........................................................................................................6 2.4 MÉTODOS PROMOCIONAIS NO ESPORTE.................................................................................................7 2.5 A MARCA ESPORTIVA.................................................................................................................................8 2.5.1 CONCEITO DE MARCA ESPORTIVA.......................................................................................................9 2.6 FUTEBOL COMO O MELHOR PRODUTO DO MARKETING ESPORTIVO..........................................9 2.6.1 FUTEBOL COMO NEGÓCIO......................................................................................................................11 3 METODOLOGIA ....................................................................................................... .....14 3.1 ÁREA DO ESTUDO ............................................................................................................... 14 3.2 POPULAÇÃO ........................................................................................................................ 15 3.3 AMOSTRA ............................................................................................................................ 15 3.4 PROCESSO DE LEVANTAMENTO DOS DADOS ...................................................................... 15 3.5 PROCESSO DE TRATAMENTO DOS DADOS .................................................................. .........15 4 RESULTADOS ................................................................................................................ 16 4.1 ENTREVISTA COM CRONISTAS ESPORTIVOS........................................................................................16 4.1.1 FUTEBOL ALAGOANO: ONTEM E HOJE...........................................................................................16 4.1.2 MELHOR MOMENTO VIVIDO DO FUTEBOL DE ALAGOAS.........................................................18 4.1.3 CRESCIMENTO DOS TORCEDORES..................................................................................................19 4.1.4 O QUE FAZER PARA QUE O FUTEBOL ALAGOANO CRESÇA....................................................20 4.1.5 4.1.6 MARKETING ESPORTIVO………………………………………………………………............……22 VALORES CONSTRUÍDOS PELO CRB...............................................................................................23 4.2 PERFIL DO TORCEDOR DO CRB................................................................................................................24 4.2.1 PERFIL SÓCIO- ECONÔMICO………………………………………………………………...........…25 4.2.2 4.2.3 PREFERÊNCIAS TORCEDOR…………………………………………………………............…30 PERFIL DO DE MERCADO………………………………………………………………………..........…34 4.2.4 PREFERÊNCIAS PARA UM NOVO PRODUTO..................................................................................39 4.2.5 SUGESTÕES DO TORCEDOR PARA O CLUBE.................................................................................40 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................................... 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 46 APÊNDICE .............................................................................................................................48 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO PARA TORCEDORES DO CRB................................................................48 APÊNDICE B - ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA CRONISTAS ESPORTIVOS.........................................51 ANEXOS ................................................................................................................................52 ANEXO A - VISÃO DE CRONISTA ESPORTIVO SOBRE O FUTEBOL NORDESTINO..............................52 1 INTRODUÇÃO O esporte é hoje uma indústria que movimenta milhões de dólares todo o ano. Segundo Stotlar (2002), indústria do esporte é o mercado no qual os produtos oferecidos aos compradores se relacionam a esporte, fitness, recreação ou lazer e podem incluir atividades, bens, serviços, pessoas, lugares ou idéias. De acordo com o site Arena Sports (2007), a indústria esportiva no Brasil, movimenta em média R$ 31 bilhões por ano, o equivalente a 3,3% do Produto Interno Bruto. Os fãs de esporte nunca tiveram tantas oportunidades, opções, locais e eventos para investir seu tempo e dinheiro. Para se ter uma idéia dessa gama de oportunidades tem eventos, no caso campeonatos sendo vendidos pelo sistema pay-per-view (PPV) onde são comercializados tais eventos trazendo rentabilidade para o esporte e para a operadora de TV por assinatura nesse caso. A conta é simples segundo dados da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para 2009, a verba destinada aos clubes é de 300 milhões de reais por parte das emissoras abertas e fechadas, e mais 110 milhões por parte do PPV. Ainda com relação à mídia temos que o esporte gera as maiores audiências como, por exemplo, o Superbowl a final do futebol americano onde a cada ano é batido o recorde anual de audiência em cada final. Além da mídia temos os vários outros canais em que os fãs de esporte satisfazem os seus desejos, dentre eles os produtos que são comercializados como produtos tipo souvenires com a logomarca do evento, ligam etc. e os famosos artigos esportivos cobiçados em todo o mundo, virando até ícone de moda em alguns países. Segundo Kotler et al. (2008), artigos esportivos licenciados por federações e equipes, como camisetas e bonés, venderam US$ 12,6 bilhões nos EUA, e a produção de artigos esportivos norte-americanos atingiu US$ 52,1 bilhões em um ano. Todos esses dados apresentam a magnitude do esporte. 1.1 ANTECEDENTES O futebol brasileiro vive um momento diferente em toda a sua conjuntura, após anos sofrendo com perda de torcedores, o futebol vive um momento de crescimento no mercado, com os torcedores voltando aos estádios e os clubes passaram a investir em suas marcas que inegavelmente são muito poderosas. Tais clubes da primeira divisão do futebol brasileiro vêm adotando medidas para atrair todo tipo de torcedor, essas medidas graças a ações de marketing esportivo como: criação de lojas internas, fidelização do torcedor, slogans defendendo o 1 sentimento do torcedor, entre outras. Essas ações combinadas geram aos clubes a maior receita para que possam fazer times competitivos e alegrar tais fãs. Por outro lado, em Alagoas existe um sentimento muito forte da ligação dos torcedores com os times, só que não existe estimulo por parte dos dirigentes para atração de tais recursos e no fortalecimento da marca. Tendo em vista da proximidade do centenário do mais antigo clube de futebol do estado, o projeto tem como proposta fortalecer a marca CRB, visto que em anos de centenário todos os clubes brasileiros realizaram ações combinadas de marketing e elevaram o valor de sua marca. Além disso, o projeto visa uma conscientização do dirigente e do torcedor para o fortalecimento do futebol do estado. 1.2 O PROBLEMA Qual a influência de estudo sobre os torcedores do CRB como forma de fortalecimento do segmento esportivo alagoano? 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 GERAL Análise da atualidade esportiva alagoana com ênfase no futebol como forma do fortalecimento do esporte em Alagoas e conseqüente levantamento do perfil do torcedor do CRB. 1.3.2 ESPECÍFICOS a) Estudo da atualidade esportiva alagoano envolvendo os diversos segmentos; b) Definição do perfil mercadológico do torcedor do CRB; c) Viabilidade para a produção de uma ação de marketing esportivo em Alagoas; d) Proposta de utilização de técnicas do marketing esportivo para o futebol alagoano. 2 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Marketing Esportivo Para todas as estratégias de atração do torcedor ao determinado evento ou do reforço da sua ligação afetiva com determinado esporte temos o uso de estratégias combinadas, tendo assim o marketing esportivo. Segundo Stotlar (2002) marketing esportivo é o processo de elaborar e implementar atividades de produção, formação de preço, promoção e distribuição de um produto esportivo para satisfazer as necessidades ou desejos de consumidores e realizar os objetivos da empresas. Para tanto Melo Neto (2002) define que o marketing esportivo como uma ação privada de indivíduos ou empresas, destinadas a beneficiar uma atividade esportiva de interesse público. Ainda com relação ao conceito, Las Casas (2006) define o marketing esportivo como uma modalidade de marketing promocional além de uma ferramenta mercadológica de comunicação. No Brasil o marketing esportivo destaca-se por muitos motivos. Primeiramente é uma atividade que mexe com as emoções das pessoas. Assim a imagem que é formada atinge um ponto importante dos consumidores brasileiros, que é o emocional. Dentre os aspectos do marketing esportivo, Las Casas (2006) enumera algumas vantagens do marketing esportivo, são elas: Divulgação da marca; Apelo às emoções; Simpatia junto às mídias; Custos menores; Imagem ligada ao público jovem; Ações combinadas. 2.2 Segmentação de mercado Para toda a segmentação de mercado, existem pesquisas de mercado antes de definir toadas as variáveis de um projeto. Pra Stoltlar (2002), a pesquisa de marketing esportivo é o processo de planejar e organizar atividades com o fim de obter informações dos mais variados tipos para o esporte. 3 Com isso temos que qualquer organização esportiva, incluindo clubes, necessita de informações e com essas informações acontecem às tomadas de decisões que são totalmente diferentes de uma organização comum, por isso, a pesquisa de marketing esportivo pode variar de uma tarefa muito simples a um trabalho complexo e demorado. Visto de um modo amplo, a segmentação é a divisão de um todo em partes, ou seja, para a aplicação de uma pesquisa de marketing esportivo, entender a segmentação com a qual irá se trabalhar é de fundamental importância para todos os processos de pesquisa e principalmente a analise dos dados. Segundo Stotlar (2002), a segmentação do mercado esportivo envolve uma análise do consumidor ou do consumidor em potencial. Seguindo a linha de raciocínio, Kotler (2006), propõe uma escada de envolvimento dos consumidores de um clube, como mostrado na figura abaixo: Fanáticos Conhecedores Agregados Colecionadores Gastadores Curiosos Indiferentes FIGURA1: Escada de envolvimento dos torcedores. FONTE: Adaptado de Kotler et al. (2006) Essa escada mostra dentre as variáveis de segmentação de mercado que é uma ferramenta importante na segmentação, pois acontece uma divisão do grupo de torcedores apenas pelas suas principais características ambientais. Essa segmentação de mercado é muito aplicada com grupos de torcedores de um clube, por exemplo, pois demonstra com qual grupo de torcedores se assemelha a ação de marketing esportivo que o profissional deseja atuar. Vejamos agora sobre cada um desses grupos. Indiferentes: Existe gente no mundo todo que não dá a menor atenção ao esporte, só que essas pessoas algum dia já tiveram contato com algum esporte, como o futebol especificamente no Brasil, já que somos conhecidos mundialmente como o país do futebol. Ainda assim em uma pesquisa, para Kotler (2006), é virtualmente impossível para qualquer 4 pessoa não estar a par para qualquer tipo de esporte ou manifestação esportiva. Como exemplo, podemos usar uma dona de casa que passa a vista pela página de esportes apenas para ver se o clube do seu filho ou do seu marido anda na tabua de classificação, por serem pessoas integrantes no grupo de torcedores, os indiferentes são consumidores em potencial. Curiosos: Nesse grupo enquadram-se os torcedores bem informados que gastam relativamente pouco com produtos relacionados ao esporte. Esse grupo tem uma visão ampla de todos os esportes, por exemplo: esse grupo de torcedores sabe quem está disputando a final da Superliga de vôlei como também sabem o ultimo campeão do Masters 1000 de tênis. Conectando esses torcedores ao futebol, temos que, eles têm uma preferência por um clube, só que quase nunca vão aos estádios. Para Kotler (2006), o curioso é uma espécie de „supertorcedor‟ sem gastar demais e sem um cabo de conexão interno com o seu grupo de torcedores. Gastadores: Para Kotler (2006), esses grupos de torcedores estão sempre dispostos a gastar, e gastar muito, só pelo prazer do esporte. Eles vão a qualquer tipo de jogo, compram versões anuais de videogames de esporte, fazem pacotes anuais de pay per view, etc. Os gastadores diferente dos curiosos estão sempre dispostos a ir a um evento esportivo ao vivo e aproveitar cada momento dele. Com relação ao futebol, esse grupo de torcedores tem um carinho especial ao clube, mas não tem uma preocupação enfática contra outro grupo de torcedores. Colecionadores: Como o próprio nome já diz, os colecionadores são o grupo de torcedores apaixonados pelo clube de coração e que não medem esforços para ter um determinado produto esportivo do seu clube. De modo geral, os colecionadores sempre geram altos índices de lucratividade para o clube e empreendimentos esportivos. Agregados: Esse é um segmento pouco explorado pelos clubes, mas muito importante na escada de envolvimento, visto que, de um modo geral é nesse grupo que compõe um grupo reduzido de fãs do esporte. Os agregados são aqueles torcedores que não se contentam em fazer tudo que um colecionador ou gastador faz. Para ele o principal objetivo é estar lado a lado com o clube do coração, visitando treinamentos, tirando fotografias com os jogadores, pedir autógrafos, entre outras atribuições desse grupo. Conhecedores: O segundo degrau mais elevado na escada de envolvimento. Nele os torcedores que compõem esse grupo têm amplo acesso e intensa participação nos meandros esportivos. Esses torcedores estão situados como o escalão mais alto do comprometimento com qualquer equipe, pois eles ainda fazem doações significativas à equipe sem receber nada em troca. 5 Fanáticos: No topo da escada estão os fanáticos, os mais persistentes e participantes torcedores. Esse grupo de torcedores são os fãs incondicionais e, por isso, vistos pelos programas esportivos como ativo, e, infelizmente às vezes também como fonte de problemas. Outra característica dos fanáticos é que eles costumam mesclar sua identidade com a do clube do coração. Pra Kotler (2006), no melhor sentido dessa forma de relacionamento, pode surgir assim uma torcida altamente emocional e que raramente falta com apoio a sua equipe Visto a escada, temos que o principal objetivo da segmentação de mercado é a especialização. Usando análise e segmentação de mercado, o pesquisador tem como proporcionar a constante ascensão do torcedor na escada do envolvimento. No futebol, os dirigentes que comandam uma equipe de futebol podem, tendo como base a análise do perfil do torcedor tem como fazer ações especificas de marketing esportivo, como por exemplo: busca por patrocínios a empresas que se encaixam no perfil de torcida mostrado na escada de envolvimento. Para Kotler (2006), apesar da relutância histórica de ligas, jogadores e clubes e participar de setores que extrapolassem os limites de suas áreas, esses muros vem sendo cada vez mais aceleradamente derrubados a medida que o mercado se torna mais competitivo e que os clubes tem que obter meios de receita que não seja a renda das partidas e patrocínios muitas vezes irrelevantes para a sustentação de um clube de futebol. 2.3 O mix do Marketing esportivo No marketing esportivo é uma mistura de elementos que envolvem os quatro grupos conhecidos no marketing como 4P‟s (produto, preço, promoção e ponto). Como todas as variáveis apresentadas no marketing ligam-se diretamente ao esporte, vejamos uma breve apresentação de cada um dos elementos do mix do marketing ligados ao esporte: Produto: Para a empresa do marketing esportivo o produto é o que se tentará vender. Nesse ponto o desafio é produzir o produto certo para o consumidor de acordo com o momento que a equipe esteja passando. Temos ainda que esse produto seja desenvolvido em análise de mercado e pesquisa de marketing esportivo. Preço: No marketing esportivo, o preço é um fator especial, já que não são analisados muitas vezes aspectos econômicos e sim aspectos emocionais, como por exemplo: o preço do valor dos ingressos varia de acordo com a posição do clube na tabua de classificação. Já nas boutiques de cada clube o preço varia quando há mudança de patrocinador ou até mesmo de camisas do clube. 6 Ponto: O ponto envolve o processo de levar o produto esportivo ao consumidor. A pesquisa de marketing esportivo ajuda nesse processo de distribuição do produto, a definição de Stotlar (2002) é muito clara: onde o consumidor está, compra ou para onde viaja. Promoção: Aspecto fundamental no marketing esportivo. A promoção inclui propaganda e métodos promocionais elaborados para chamar a atenção do torcedor. Pra Stotlar (2002), promoção é o processo de criar interesse num produto com o objetivo final de criar interesse suficiente para que o consumidor o compre. Em linhas gerais, o profissional de marketing esportivo precisa criar um produto para o momento da equipe a um preço que o comprador possa pagar em lugares em que ele possa comprar e que tenha uma divulgação em que ele sinta atraído a comprar o produto. Todas essas decisões são tomadas a partir de analise de pesquisa de marketing esportivo. 2.4 Métodos promocionais no esporte Como mostrado no ponto 2.4, a promoção é o aspecto mais importante no mix do marketing esportivo, por isso a necessidade de um tópico especial para a promoção. Pra Stotlar (2002), as pessoas não vão comprar um produto se não souberem que ele existe. Na indústria do esporte, usa-se a comunicação para informar, instruir, relembrar ou persuadir pessoas. Essa pessoa que um clube deseja atingir com um produto vem muita da segmentação de mercado proposta para um determinado produto ou serviço. A promoção é uma forma de comunicação e diferentemente das empresas que tem que pagar espaço na mídia, os clubes de futebol tem todas as mídias de graça, pois o futebol está presente direta ou indiretamente em todas as grades de televisão e principalmente do rádio. Sendo assim isso é um fator de extrema importância para que todos os métodos promocionais no esporte sejam levados a várias pessoas a um custo reduzido. Para Stotlar (2002), a comunicação no marketing esportivo é gerada por um emissor, um receptor e uma mensagem. Onde o emissor é a empresa esportiva, a mensagem são as formas de comunicação no esporte e o receptor são as mídias para divulgação da mensagem. Como o esporte é algo totalmente abrangente em nossa sociedade não é difícil empresas esportivas utilizarem o crossmidia para divulgação de um novo produto ou serviço. Um método apropriado para a comunicação baseia-se no que o emissor acredita que seja o mais eficiente para o seu publico entender a mensagem. 7 2.5 A marca esportiva Todas as modalidades esportivas tem um dilema único. Nessas modalidades o objetivo maior é a vitória, ou no mínimo protagonizar uma grande campanha durante uma temporada. Em qualquer dos dois fatos, historicamente, é o melhor momento para uma gestão de marketing esportivo criar algum programa novo para captação de recursos. Os executivos do esporte muitas vezes não conseguem captar recursos dos torcedores pelo motivo da campanha não ser muito boa e do time está vivendo uma má fase, isso gera um forte desanimo por parte de torcida e clube. Segundo Kotler (2006), para executivos do mundo esportivo, é a vontade de estar sempre avaliando o estado presente do respectivo produto e fazendo uso permanente de princípios de consolidação de marcas para não apenas reposicionar como também melhorar suas conexões com os torcedores. Um produto pode estar posicionado em uma das três posições a seguir relacionadas em relação à questão de vencer: - Um produto predominantemente ganhador; - Um produto com margem de vitórias suficiente para se tornar competitivo; - Um produto que perde tantas vezes que acaba se desligando da sua base de fãs. Os dois primeiros produtos têm a vantagem de poderem alavancar suas relações com outros torcedores em seus desempenhos totalmente vitoriosos, nesse caso podemos ter: linha esportiva dos grandes clubes europeus e dos grandes clubes do futebol brasileiro. Por se tratarem de produtos vencedores sempre, pois devido ao alto número de competições em uma temporada, os clubes possuem uma regularidade de vitorias quase anualmente. Por outro lado, os produtos comentados na última frase, envolve quase diretamente a linha de produtos especialmente desenvolvida para uma ocasião, como por exemplo: a conquista de um campeonato, linha de produtos para uma competição especifica, entre outros. Nesse grupo, tais produtos tem uma grande vendagem durante um pequeno período de tempo, logo após é esquecido pelos torcedores. Para Kotler (2006), essas variáveis precisam ser cuidadosamente avaliadas, e se situam quase sempre fora da questão relativa ao desempenho de equipes ou atletas. Ganhar e perder faz parte do esporte, só que para o profissional de marketing esportivo, todo e qualquer programa de esportes tem condições de tirar proveito de estratégias relacionadas a marca, à medida que a boa sorte dá suas viradas e os mercados passam por mudanças imprevisíveis. 8 2.5.1 Conceito de marca esportiva Para Churchill (2007), marca pode ser definida como um nome, termo, design, símbolo ou qualquer outra característica que identifique o bem ou serviço de um vendedor como distinto dos bens ou serviços dos outros vendedores. E para Kapferer (1991), uma marca florece na memória, isto é, no acumulo de mensagens que os consumidores guardam a respeito do produto / serviço. Desta forma, a marca apresenta um programa, um fio condutor, que conduz este produto ao longo do tempo dando-lhe sentido e significado, além de estabelecer um contrato tácito entre consumidor e empresa. Segundo Kotler (2006), marca esportiva, é uma síntese de fatos e imagens que compõem um produto esportivo, quase sempre definida por slogans, locais, símbolos, características do produto e por diversos atributos concretos e abstratos. Os atributos que vem logo a mente da pessoa ao ouvir a menção a determinada marca constituem a identidade desta. A marca nos ajuda a definir um produto dos demais. A marca talvez seja uma das grandes fontes de renda dos clubes brasileiros atualmente, apesar de tais clubes ainda utilizam suas marcas quase que amadoramente, os clubes sabendo utilizar suas marcas, conseguem aumento em seus recursos, visto que como mostrado nos tópicos anteriores, o clube tem a mídia a seu favor, o clube de futebol não paga nada para divulgar a sua marca, diferente de todos os outros segmentos de mercado. Para Kotler (2006), tais produtos esportivos maximizaram as três principais vantagens – permanência, conexão e os extras – de estabelecer uma marca bem definida no cenário esportivo. 2.6 Futebol como o melhor produto do marketing esportivo Partindo para uma realidade brasileira, o futebol é o esporte com maior aceitação nacional atraindo investidores, patrocinadores, etc., visto que seu público é tido como fiel em todas as competições que o seu determinado clube esteja inserido. Segundo Melo Neto (2002), um bom produto de marketing esportivo é aquele que gera retorno para os seus patrocinadores. Com isso temos o futebol que é um esporte praticado por segmentos de todas as classes sociais, é praticado em qualquer lugar onde principalmente, mesmo em práticas informais existe uma grande concentração de público, sendo assim une lazer ao esporte e desperta grande interesse. 9 Para muitos especialistas, os custos do futebol profissional vêm crescendo em progressão geométrica e em consequência disso, os valores pagos pelos patrocinadores tornam-se insignificantes. Só que esses mesmos patrocinadores têm um grande retorno devido à alta popularidade do futebol no país. No futebol especificamente, tudo se transforma em mercadoria. Tal mudança do futebol apóia-se num princípio básico de marketing: criar expectativas sobre seus produtos e serviços, através de ações explícitas e implícitas de marketing, transformando-os em um objeto de desejo por parte dos consumidores (KOTLER, 2006). Para Melo Neto (2002), aquelas empresas que vinculam suas marcas a clubes de futebol ganham em popularidade e maior penetração nos numerosos segmentos populares. Sendo assim, essas empresas que investem exclusivamente no futebol ganham maior poder de venda e divulgação nas mídias. Visto sob o ponto de vista do marketing esportivo, o futebol é o melhor produto, pois os clubes usam a marca, que é muito poderosa, para gerar em torno delas estratégias de venda de materiais esportivos, produtos licenciados, etc.. Para Limeira et al. (2006), marca também é significado de símbolo, usada para expressar vários significados. Portanto, as massas, alem de identificarem os produtos, simbolizam os valores compartilhados por uma sociedade. No caso do futebol, o escudo do time é valorizado por seus seguidores e consequentemente seus consumidores. Os dirigentes dos clubes de futebol profissional hoje estão cada vez mais conscientes do grande potencial dessa marca dos clubes. Essa marca tão comentada mostra que a empresa que vincula sua imagem a algum clube estará direta ou indiretamente ligada a segmentos de milhões de pessoas. Sobre isso é interessante comentar as campanhas bem-sucedidas de marketing esportivo no futebol brasileiro, em termos de aumento de receitas, Las Casas (2006) afirma que: Os times conseguem resultados que seriam desejáveis na conquista de consumidores de produtos e serviços de empresas. Eles trabalham com a emoção das pessoas e os grupos de torcedores são tão fieis à equipe a ponto de alguns serem até fanáticos. Evidentemente que não se trata da mesma proposta, uma vez que o futebol mexe muito com a questão do mito, do herói. Ou seja, um grupo de torcedores elege alguns de seus jogadores como ídolos, eles passam a ter a imagem de heróis. A partir daí, o clube pode preparar produtos diferentes para cada segmento de torcedor. Como exemplo, temos uma verdadeira gama de opções nas lojas oficiais dos clubes. 10 Para Veríssimo (2008), torcedores são seres mutáveis: passam da alegria a tristeza em questão de segundos. Diferentemente dos outros esportes, a empresa sabendo utilizar bem esse momento em que o torcedor esteja „alegre‟ conseguirá vantagem competitiva no mercado concorrido do futebol quando o assunto é a busca de parcerias. 2.6.1 Futebol como negócio O futebol é tratado como um grande negócio, atualmente inúmeros são trabalhos direcionados ao futebol. Governos de estados criam secretarias especiais para o futebol, são criadas novas formas de gerencia, com isso o futebol é alvo de várias discussões no Brasil, onde o foco principal é saber onde o país está errado e onde melhorar. Um dos primeiros grandes estudos sobre o futebol, foi da Fundação Getúlio Vargas (FGV), denominado Plano de Modernização do Futebol Brasileiro, apresentado em 2000 apresentava números que comprovavam a força do futebol brasileiro. De acordo com o relatório final do Plano de Modernização do Futebol Brasileiro (2000) da FGV, que inclui os agentes diretos, como clubes e federações, e indiretos, como indústrias de equipamentos esportivos e a mídia, o futebol mundial movimenta, em média, cerca de 250 bilhões de dólares anuais. No Brasil,dados desse mesmo relatório mostram que o futebol é uma atividade econômica com grande capacidade de gerar empregos, e tem efeito multiplicador maior que vários setores tradicionais, contabilizando: • trezentos (300) mil empregos diretos; • trinta (30) milhões de praticantes (formais e não formais); • quinhentos e oitenta (580) mil participantes em treze (13) mil times que participam de jogos organizados (esporte formal); • quinhentos e oitenta (580) estádios com capacidade para abrigar mais de cinco e meio (5,5) milhões de torcedores; • cerca de quinhentos (500) clubes profissionais disputando uma média de noventa (90) partidas por ano; e • em termos de fornecimento anual de materiais e equipamentos esportivos, são cerca de nove (9) milhões de chuteiras para futebol e futsal, seis (6) milhões de bolas e trinta e dois (32) milhões de camisas. 11 Mesmo assim, o Brasil está longe de aproveitar todo eu potencial. Comparado ao valor mundial citado acima, o futebol brasileiro representa menos de 1% dos duzentos e cinqüenta bilhões de dólares movimentados anualmente. Para Ekelund (1998) foi a partir dos torcedores que todos os outros clientes (TV, patrocinadores, etc.) surgiram. “Quando você avalia economicamente um clube de futebol, o seu valor (ou seja, sua capacidade de geração de receitas) está na força (devoção) e distribuição desses seus clientes principais: quantos torcedores o clube tem? Qual é o retorno de um jogo em termos de audiência (tanto no estádio quanto pela TV)? Quantas pessoas adoram este clube e qual a intensidade desta devoção? Qual é a expansão demográfica dos torcedores? Etc.”. No entanto, apesar de o torcedor representar o consumidor final de espetáculos futebolísticos, existem outros agentes consumidores importantes para os clubes de futebol: os consumidores intermediários. Para Leoncini (2005), esses consumidores intermediários utilizam os campeonatos, clubes e jogadores como recursos, a mídia como instrumento de divulgação, a propaganda como negócio, o comércio de mercadorias esportivas, a construção da logomarca de um produto, tendo como „cliente final‟ de toda essa estrutura o torcedor. Ou seja, o mercado de intermediários, agora como produtores (a TV, a mídia e seus parceiros de negócio), operam para atender ao mercado „consumidor‟ alvo, no caso do futebol, os torcedores. A Figura abaixo ilustra essa estrutura de relacionamento entre mercados para os clubes de futebol. FIGURA 2: Estrutura Integrada de Mercados para as organizações de futebol – a economia do mercado futebolístico FONTE: Aidar et al. (2000). 12 Como pode ser percebido, existem clientes diferenciados que fazem parte de mercados diferenciados. Então, se tem a seguinte estrutura, segundo Leoncini (2005): Mercado Produtor de “espetáculos futebolísticos” Organizações de Prática (Clubes) e de Administração do Futebol (Ligas ou Federações e Confederações). Mercado Consumidor: os torcedores são os consumidores finais (indivíduos e famílias) que compram bens e serviços para seu consumo pessoal. Dentro desse mercado atendido diretamente pelas organizações de futebol observam-se atualmente duas operações básicas: 1) a bilheteria (público que vai ao estádio) que é a operação principal para este tipo de mercado, também denomina do mercado consumidor ativo (público que vai ao estádio); o serviço (ou experiência proporcionada pelas atividades) prestado nos estádios teoricamente produz uma utilidade psicológica (ou nutrição psicológica, conforme Taylor, 1998); e 2) o merchandising que é a venda, pelo clube, de produtos com a sua marca; aqui a utilidade representa uma satisfação ligada principalmente à simbologia do produto físico ou serviço. Neste caso, o que o diferencia do licenciamento de produtos está no fato de que o controle da operação de venda de tais produtos ou serviços é estratégica para as organizações de futebol. 13 3 METODOLOGIA Para relatar pesquisa em estudo é importante ter em conhecimento que a Metodologia é “o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade” MINAYO (1997), assim ao alcance do objeto estudado é importante conceituarmos pesquisa, em SILVA (2005) vemos que “a pesquisa é um conjunto de ações, propostas para encontrar a solução para um problema, que têm por base procedimentos racionais e sistemáticos.” Essa relação em que possa ser realizada a pesquisa deve para tal existir um problema, e segundo o autor “sem um problema bem definido, não existe pesquisa.” SILVA(2005) Segundo Silva(2005): Tendo o problema exposto, deve-se encontrar uma forma de solucionar o mesmo. A forma encontrada para deixa ao encargo do pesquisador as conclusões sobre o material que será levantado. Este tipo de método de análise dos problemas é chamado de método dedutivo, uma vez que algumas premissas sobre o tema são apontadas e busca-se uma conclusão a partir delas. Sendo assim, esta pesquisa, quanto à sua natureza, é considerada uma pesquisa aplicada. Essa classificação deve-se ao fato de que através dela se busca a geração do conhecimento de aplicação prática e para a solução de um problema específico. Para Gil (1991 apud SILVA, 2005), “a pesquisa pode ser considerada exploratória quando visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito.” Com isso, esta pesquisa, quanto aos seus objetivos, é considerada exploratória-descritiva. E, sob este ponto de vista, a opção da pesquisa quantitativa com elaboração de questionário em dados coletados online entre os torcedores do CRB e a pesquisa qualitativa foi realizada com os cronistas esportivos de Alagoas, escolhidos de forma aleatória e de modo que entendessem os objetivos da pesquisa. 3.1 ÁREA DO ESTUDO A pesquisa foi realizada em Maceió, onde os sujeitos foram escolhidos de forma aleatória independente de sexo, onde a fundamental característica para responder ao questionário era torcer para o CRB. 14 3.2 POPULAÇÃO Não existe ao certo qual a real população de torcedores do CRB, até o momento não foi realizada nenhuma pesquisa quantitativa para saber ao certo o número de torcedores, o que torna a variável incontável para ser definida uma amostra. 3.3 AMOSTRA Para as entrevistas, foram escolhidos seis cronistas esportivos de diversas rádios de Alagoas, que se dispuseram a responder. Com relação ao questionário estruturado, no tempo de uma semana foram feitos 219 questionários com torcedores do CRB, sendo eles distribuídos em questionários online e feitos nas diversas ruas de Maceió. Assim, considerando uma fórmula de cálculo de amostragem para população infinita, e a amostra em questão, tem uma margem de confiança de 95% e um erro amostral de 6,62%. 3.4 PROCESSO DE LEVANTAMENTO DOS DADOS Os instrumentos de coleta de dados foram entrevista com roteiro semi-estruturado e questionário com roteiro estruturado. 3.5 PROCESSO DE TRATAMENTO DOS DADOS Os dados foram tratados no software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), e seus resultados mostrados nos próximos tópicos. 15 4 RESULTADOS 4.1 Percepção dos cronistas esportivos Tendo como objetivo saber dos jornalistas esportivos alagoanos de maior influência sobre alguns dos aspectos vistos na revisão literária sobre o tema proposto e também colher informações sobre temas que eles levam a milhares de ouvintes e fãs do futebol o que diz respeito à estrutura dos clubes como seus bastidores e quais os motivos do futebol alagoano ter um conjunto de torcedores fanáticos e tão ligados com o futebol. A entrevista foi subdividida em seis temas de grande relevância nas referências bibliográficas, sendo eles: futebol alagoano: ontem e hoje; melhor momento vivido no futebol de Alagoas; crescimento dos torcedores nos últimos anos; o que fazer para que o futebol alagoano cresça; marketing esportivo; e valores construídos pelo CRB. Os entrevistados foram identificados por números (ex.: Ent. 1) e todos eles são radialistas que apresentam programas diários nas principais emissoras do Estado, abrangendo segundo a última medição do Ibope cerca de 20.500 ouvintes por minuto em eventos esportivos ou programas esportivos em Alagoas. A seguir, uma análise detalhada de cada um dos pontos. 4.1.1 Futebol Alagoano: ontem e hoje Como em todos os estudos sobre qualquer fato ocorrido no presente, historiadores buscam no passado explicações para tais fatos. A administração é uma ciência que faz uso desse método, pois a explicação para problemas ocorridos dentro de uma empresa pode ser muito bem explicado com uma análise de seu histórico, com números que acentuam ou um declínio ou um aumento, o administrador tem em suas mãos dados que possam ajudar a compreender o presente para se planejar o futuro. A analogia com o futebol se faz pertinente, pois é com o passado que são formados todos os seus clientes (torcedores). O futebol alagoano nunca possuiu qualquer documento que ateste como foi o seu passado, como os clubes se organizavam, enfim, como tudo começou. O objetivo desse item é descrever na visão dos entrevistados como o futebol era tratado em Alagoas e como ele está hoje, se ocorreu alguma mudança ou não. Todas as citações relatadas abaixo, refere-se ao inicio de carreira de alguns dos entrevistados selecionados, portanto, em épocas diferentes em cada uma das citações. 16 Ent. 1: “Primeiramente na década de 70 o futebol alagoano era totalmente amador, para mim repórter que trabalhava na Difusora o futebol era visto apenas como um tapa-buraco da programação onde ninguém dava a atenção que hoje todas as emissoras de rádio dispensam...” Ent. 1: “ Naquela época percebemos multidões indo ao estádio para ver um simples jogo do estadual envolvendo CRB e algum time do interior...várias caravanas vinham do interior e todos passavam um dia diferente na capital...) Ent. 2: “O futebol alagoano desde quando comecei a acompanhar em 92/93 foi tratado de forma pouco profissional. Onde diretores sempre bancaram do próprio bolso os times e depois eram reembolsados com jogadores da base. O que mudou até hoje foi o aumento da divida trabalhista do clube.” Ent. 3: “Mas o futebol em Alagoas de 3 anos pra cá segue em um ritmo difícil de acreditar, pois são muitas perdas e nenhum ganho.” Ent. 4: “Desde quando comecei a acompanhar futebol de verdade, principalmente o CRB, foi em meados de 1998, 1999. Posso dizer que o futebol era sim muito diferente, o CRB formava bons times e estava sempre naquela faixa intermediária, nem tão bem, nem tão mal”. O entrevistado 1, percebe-se que é o mais experiente no ramo do futebol dentre os 4 selecionados, ele passou pela época do futebol lúdico, aquele de épocas nostálgicas onde não existia quase nenhum recurso tecnológico, as pessoas acompanhavam o futebol pura e simplesmente por paixão. A partir daí surgem uma geração de torcedores que vive até hoje, são aqueles que tem o futebol como sua principal diversão e são esses torcedores que levaram seus filhos a gostar do futebol tanto quanto eles. Por fim tem-se que o envolvimento de recursos financeiros na diversão do povo e a ingerência por parte de dirigentes é algo que levou a nortear cada uma das discussões dos entrevistados 2, 3 e 4, todos eles mais novos que o entrevistado 1 já trazem uma realidade alagoana diferente, onde já existiam recursos tecnológicos disponíveis e sobretudo a audiência aumentara consideravelmente. Mas em compensação a ingerência apontada pelo entrevistado 1 aumentou, fazendo com que dívidas aparecessem e devido a incapacidade dos dirigentes, o futebol alagoano apenas dominado por CRB e CSA passou a ter times do interior bancados pelas suas prefeituras para que sirva normalmente de palanque político como é mostrado na citação abaixo: Ent. 5: “Um problema muito sério e que chegou a tona de todos graças a Lei Pelé que obrigou prestação de contas e fazer com que todos os clubes ficassem mais sérios. Alem disso, a grande mudança foi o interior aparecendo com força graças as prefeituras de seus municípios.” A partir desse ponto, o futebol alagoano hoje, foi tema de alguns comentários, segue abaixo alguns pontos: 17 Ent. 1: “...saímos do amadorismo e dos finais de semana em família do interior para a capital para uma coisa organizada...envolve muito dinheiro. Agora uma coisa que nunca acabou foi essa paixão que mesmo sem nenhum veiculo de comunicação acompanhando fielmente como hoje, o torcedor estava lá.” Ent. 2: “Temos um profissionalismo apenas no papel, esse profissionalismo tem que vir de exemplos como o do Corinthians Alagoano que critiquem como quiserem, mas é o modelo de gestão que todos tem que seguir aqui em Alagoas.” Ent. 3: “Mas com toda essa mudança, a luz dos clubes alagoanos está nos torcedores, eu falo do próprio CRB que a torcida abraçou o clube e acredito que a partir daí, num futuro próximo, podemos eliminar as más influências que regem nosso futebol.” Com isso, os torcedores foram mantidos e aumentados consideravelmente, mas as pessoas que tem como principal função administrar o futebol, eles não conseguem por diversos aspectos onde o principal perdedor é o torcedor de Alagoas que vê os seus times sufocados por um calendário totalmente elitista da CBF e consequentemente não tem como colocar a máquina do futebol para funcionar. 4.1.2 Melhor momento vivido do futebol de Alagoas Sob o ponto de vista do marketing, o produto tem suas quatro fases muito bem definidas. Com o futebol não poderia ser diferente, como mostrado na revisão literária, existe um aumento de torcida quando a fase está boa de algum clube, mas não existe perda de torcedores, aqueles que são verdadeiramente torcedores não largam o time seja lá qual for a ocasião. Mas torcedores nascem, e muitos torcedores nascem com a melhor fase do clube. Tal fato pode ser comprovado pelo aumento do número de torcedores do São Paulo que nos últimos anos fez campanhas magistrais e hoje incomoda o Corinthians-SP para se tornar a segunda maior torcida do Brasil. A realidade alagoana não é diferente, graças ao chamado “século do ASA”, sua torcida cresceu muito, abrangendo municípios do Agreste e do Sertão alagoano que hoje viajam até Arapiraca para ver o ASA jogar. Tudo isso devido ao bom momento, que pode vir por diversos fatores como: preparação financeira para uma temporada, acerto na contratação de um time, deficiência técnica de outras equipes e um fator que considero fundamental no esporte: sorte. A seguir o melhor momento do futebol de Alagoas por alguns entrevistados: Ent. 1: “Acho que em poucas palavras, o titulo nordestino do CRB em 1976,pouca gente hoje dá valor a esse titulo mas foi lá que mostramos ao nordeste que temos futebol e literalmente foi um divisor de águas para o estado como um todo. Pela 18 primeira vez em tantas outras conquistas provamos o orgulho de fazer parte de Alagoas.” Ent. 2: “...creio que seja a classificação do CRB para as quartas de final da serie B de 2001, estivemos a um jogo de ir a série A e infelizmente não conseguimos.” Ent. 3: “Desde que acompanho o futebol de Alagoas e falo pelo que presenciei, acredito que o melhor Momento do futebol alagoano foi a fase de 1997 – 2001, aonde por duas oportunidades no Campeonato Brasileiro Série B o CRB chegou muito próximo da Série A e o CSA foi vice-campeão da Conmebol. Acredito que foram momentos em que se teve a esperança de ver o Futebol Alagoano em destaque nacionalmente.” Ent. 4: “Com certeza a década de 90, graças a TV podemos ver nossos clubes jogando em todo o pais e fazendo um jogo interessante que a torcida adorava e animava toda a cidade!” Ent. 5: “O futebol alagoano viveu seu melhor momento quando foi realizada a Liga do Nordeste, onde os patrocinadores elevaram as cotas e os dois maiores times do Estado montaram equipes competitivas, outro grande momento foi o vice campeonato do CSA na Conmebol. Porém não teve continuidade. Prova disso é a total inconstância dos times da capital em tudo... direção, salário, competições.” Todos os entrevistados tem seu momento diferente, assim como cada torcedor destaca o seu momento que nunca se esquece, mas podemos avaliar a década de 90 avaliada por 4 entre 5 entrevistados como o melhor momento do futebol de Alagoas. Foi nessa década em que aconteceu o boom do uso das tecnologias no futebol, principalmente com o que diz respeito às transmissões. Alagoas não ficava de fora disso, pois o CRB e CSA, e em alguns anos o ASA jogavam em diversos torneios transmitidos pela televisão, o que aumentava o entusiasmo da torcida ao ver seu time jogando em um grande palco do futebol brasileiro, ilusão que o torcedor tinha somente por rádio. Graças a mídia a identificação do torcedor com o clube ficou evidente. 4.1.3 Crescimento dos torcedores O nascimento de torcedores é o que faz com que a mídia em geral tenha cada vez mais identidade com clube, ou seja, quanto mais torcedores, maior a posição dele em relação a anunciantes, cotas de patrocínio, entre outros. É o torcedor que faz com que o clube tenha tudo o que possui e são eles que cobram uma má gestão e problemas internos e externos que venham a ocorrer, enfim os torcedores constituem todos os clientes que o clube possui. É justamente tratar bem esses clientes que o clube crescerá em um futuro. 19 Em Alagoas, o numero de torcedores acompanhou o crescimento populacional. Hoje no estado, é inegável o crescimento dos torcedores, mas também o declínio dos clubes aconteceu de forma vertiginosa. O contraponto na questão está na análise: se um clube aumentou o seu número de clientes, porque houve o declínio: Ent. 1: “Bem as torcidas com certeza aumentaram o seu tamanho consideravelmente. Primeiro de tudo, quando viram que futebol envolvia muito dinheiro todo mundo arregalou o olho para tomar conta do dinheiro que vinha de federação, governo e tantos outros lugares.” Ent. 3: “Futebol deve ser encarado com profissionalismo e um clube deveria ser tratado como uma empresa, onde as receitas devem ser superiores as despesas e aos poucos os investimentos fossem elevados.” Ent. 5: “No CRB, especificamente, eu digo que foi a chegada de certo dirigente que veio pro CRB em 2003 e afundou o CRB, mas em geral, o declínio do futebol alagoano está relacionado à falta de profissionais capacitados que realmente entendam de futebol para gerir um clube[...]” Com esses relatos, mais uma fez foi identificado que o problema no futebol alagoano foi com relação a má gestão dos diretores, todos eles foram os agentes causadores do declínio existente nos últimos tempos. A torcida cresceu, levou renda aos clubes, mas não aconteceu gerência dos recursos por parte dos dirigentes. Existem vários outros aspectos levados em consideração nesse ponto, entre eles: o aparecimento das prefeituras comandando clubes da cidade e principalmente a ingerência por parte da CBF para com clubes do Norte-Nordeste, onde existem vários clubes com imensa torcida e a partir do momento que ocorreu o afunilamento nos Campeonatos Brasileiros, os recursos diminuíram, torcedores deixaram de ir a campo e o futebol nordestino caiu o seu rendimento. 4.1.4 O que fazer para que o futebol alagoano cresça Em todo o momento de crise, fez-se necessário que apareçam sugestões para que o clube saia do chamado declínio, exemplos aconteceram em todo o mundo de times que conseguiram dar a volta por cima. Um exemplo a nível mundial pode ser o Bayern Munique, da Alemanha, que conseguiu sair de um tempo de crise sendo acusado de ser um time nazista para a maior potência do futebol alemão. A reestruturação passou por todos os agentes diretos e indiretos do futebol. 20 Um exemplo a nível nacional é o Sport Clube Internacional, do Rio Grande do Sul, que passou longos anos de instabilidade e conseguiu ser hoje uma das maiores forças do futebol brasileiro, graças ao envolvimento do torcedor com o clube. Fato comprovado no número de sócios que hoje atinge mais de 100 mil. Em Alagoas, a realidade demonstrada até então assusta, mas o que os formadores de opinião do estado têm para oferecer de ajuda para melhoria da situação. Abaixo algumas respostas: Ent. 1: “Pessoas que entendam um futebol como um todo e que terão a capacidade de gerir o futebol...” Ent. 2: “PROFISSIONALISMO, HONESTIDADE. Pode colocar em letras grandes essas duas palavras que são o que precisamos, apenas isso.” Ent. 3: “[...]falta a união de todos aqueles que fazem o futebol aqui, não adiantas brigas e um querendo derrubar o outro, o futebol é um grande valor que mexe com a vida de milhares de pessoas e quando o futebol é mal gerido prejudica muitos e acredito que isso pode mudar.” Ent. 5: “...deveria ter uma profissionalização em todos os departamentos do clube departamento jurídico,marketing,contabilidade,...falta a profissionalização pra depois os torcedores começarem a acreditar e participar mais ativamente, sendo sócio e tendo o direito de voto...” Todos os entrevistados falaram a respeito de trazer pessoas especializadas em administração para conduzir os times, entretanto, nenhum citou fatores externos ao clube que influenciam, nem reciclagem das pessoas. Inegavelmente quem assume a função de diretor ou presidente de um clube como CRB, CSA, Santa Cruz, Payssandú, entre outros, tem em comum a paixão pelo clube, o que normalmente não combina com gestão esportiva. Outro ponto que vem sendo discutido nos últimos tópicos diz respeito a transparência e honestidade dos dirigentes, fator preocupante, visto que eles utilizam da emoção dos torcedores para favorecer a si mesmo. Uma ação interessante, destacada pelo Ent. 5 foi promover uma estruturação no clube e logo após os torcedores participarem da vida administrativa do clube. Em geral os formadores de opinião do estado no que diz respeito a melhorar a imagem do futebol fazem isso diariamente em seus programas, não como forma de sensacionalismo, mas sim de passar todas as noticias do que acontece de ruim no nosso futebol para que a torcida entenda o porquê do seu time passar por dificuldades. E todo o esforço que venha a ser empregado para alguma reestruturação, todos serão beneficiados, mais ainda os cronistas 21 que com isso ganham audiência, fator fundamental para o aumento de recursos em um meio de comunicação. 4.1.5 Marketing esportivo Ser formador de opinião para grandes públicos tem o seu lado bom e o seu lado ruim, formadores de opinião que não tem noção do que estão transmitindo para o público, são pessoas que tem grande audiência normalmente por causa da sua popularidade. Já aqueles que sabem o que estão transmitindo para o seu público, têm toda a capacidade de passar de forma mais coesa o que se passa sobre um tema. É inegável o conhecimento sobre futebol de todos os cronistas de Alagoas, mas o tema marketing esportivo, vem vez ou outra dominando manchetes seja ela em qualquer tipo de imprensa. Vejamos algumas opiniões sobre marketing esportivo de alguns dos cronistas do estado: Ent. 1: “Creio que estimulo ao torcedor ir a campo, criar promoções, fazer estudos sobre o futebol”. Ent. 2: “... mas Marketing em sua definição é atender a necessidade de seus clientes gerando lucro para seus acionistas. O Marketing esportivo nada mais é que gerar opções para beneficio do cliente como ações promocionais, estas ações geram uma receita que compõe o conjunto de receitas do clube.” Ent.3: “Idéias para trazer o torcedor pra próximo do clube, como o sócio, uma loja, campanhas, investimentos na estrutura e em bons jogadores, tudo isso ta ligado, é fazer do clube uma grande marca envolvendo esses fatores e transformar o clube num grande chamariz de oportunidades de ascendência.” Ent. 4: “...deve ser um projeto dentro de um time, para que consiga fazer com que torcedores sempre sintam vontade de incentivar o time, ajudem ao clube...” Ent. 6: “[...]conjunto de ações que o clube faria visando a melhoria da imagem e da credibilidade do clube chamando o torcedor pra mais perto do clube,com o sócio torcedor, onde alem do direito a voto, o torcedor poderia usufruir de certas vantagens no clube como descontos nos ingressos, acesso a área social do clube, como a pratica de esportes[...]” Os profissionais da imprensa de Alagoas confundem muito marketing com publicidade e propaganda, como foi visto anteriormente, marketing tem um conceito muito mais amplo do que isso. Nota-se também a confusão feita com administração esportiva como é o caso do Ent. 3, onde ele destaca investimentos em categoria de base, estrutura, o que difere totalmente do conceito. 22 Além disso, percebe-se que o ouvinte não tem clareza de informações quando os formadores de opinião falam sobre marketing esportivo, fato que complica a credibilidade da imprensa. Nenhum profissional da imprensa tem que ter a definição exata do que é marketing, mas precisa de mínimas noções sobre o assunto, para que passe para o seu público o que realmente é. 4.1.6 Valores construídos pelo CRB Toda empresa seja ela com ou sem fins lucrativos possuem seus valores que serão levados durante toda a sua história, eles podem ser: marca, atuações éticas, responsabilidade social, produtos inovadores, entre outros. Um clube de futebol carrega valores diferentes, são os chamados jargões utilizados por um contexto histórico ou não, que querendo ou não identificam seus torcedores consumidores e a partir dessa construção de valores o torcedor identifica-se e passa a fazer parte do seu grupo. Como por exemplo: o Fluminense sempre foi considerado a torcida pó-de-arroz, a torcida „cheirosa‟, dos grandes aristocratas do Rio de Janeiro, devido a grandes campanhas sua torcida cresceu e hoje possui milhões de seguidores, e dentre eles, existem aqueles de baixa renda que não se encaixam no perfil criado pelo conceito histórico, mas age como tal, buscando produtos do seu clube diferenciados em lojas, o apelo da sua torcida nos jogos é diferente das demais do Rio de Janeiro, entre outros fatores. Totalmente diferente do perfil criado para os torcedores do Flamengo, que hoje é a maior torcida do Brasil, mas seus torcedores se identificam como „favela‟ e mesmo aqueles que não moram em favelas, fazem uso de mensagens e de jargões que foram criados pelos torcedores para fortalecer essa questão. Existem também outros valores, como uma vitória inesquecível, uma temporada memorável de algum clube, entre outros. Esse ponto da pesquisa busca saber dentre os entrevistados quais os valores conquistados pelo CRB durante todos os seus anos de história. A seguir as principais citações: Ent. 1: “Essa é a mais fácil de todas! Com certeza absoluta sua torcida, a Nação Fascinante do Galo, como diria Arivaldo Maia (locutor esportivo).” Ent. 2: “Além de seus ídolos incontestáveis, o CRB traz um conjunto de abnegados que lotam um jogo na Pajuçara em um dia de quarta-feira a tarde. São pessoas que deixam o trabalho só para ver o futebol.” Ent. 3: “Com certeza a sua torcida.” 23 Ent. 4: “O maior valor é sua imensa torcida. Sua tradição, história, títulos, grandes jogadores que por aqui passaram, seu estádio, são valores inegavelmente importantes, além da força de sua camisa que esteja onde estiver faz a diferença.” Ent. 5: “Torcedor regatiano que joga com o CRB! Só isso.” A torcida foi a resposta unânime de todos os entrevistados e saber cuidar dela e valorizá-la da melhor maneira com certeza fará com que a ligação do torcedor com o clube seja cada vez maior. Para isso o CRB necessita criar um programa para que crie no torcedor a cultura de ir a campo, visitar o patrimônio, atitudes e ações desenvolvidas como o Atlético Mineiro, onde os campeonatos ficam totalmente em segundo plano para os torcedores. A meta do Atlético é criar um time forte, mas que a identidade do torcedor com o clube seja maior do que os resultados dentro de campo. 4.2 Perfil do torcedor do CRB De acordo com a metodologia apresentada, a pesquisa tem caráter exploratóriodescritivo, onde o universo das pessoas que responderam foram torcedores do CRB. Foram respondidos 219 questionários, sendo eles divididos em 88 questionários divididos em diversos pontos da capital, onde a primeira pergunta para a pessoa foi: O Sr.(a) é torcedor do CRB? Caso a resposta fosse algum time de fora do estado e a segunda opção é o CRB, o respondente ficou descartado da pesquisa, somente responderam a pesquisa nas ruas, as pessoas que deram como primeira opção o CRB. Os outros 131 questionários foram respondidos por internautas, a pesquisa foi divulgada na comunidade do CRB no Orkut e nos sites Maceió Agora e Tudo na Hora. Foi dado um prazo de quatro dias com o questionário online. O questionário foi dividido em cinco partes partes sendo: Perfil Sócio-Econômico, Preferências do torcedor, Perfil de mercado, Preferências para um novo e sugestões do torcedor para o clube. A seguir a análise de cada um dos tópicos: A análise estatística dos dados aponta que as medidas possuem uma única dimensão e seus índices de fidedignidade são satisfatórios. As escalas permitem diferenciar graus de envolvimento de torcedores segundo níveis de identificação. Para Andrade (2008), fãs de esportes, especialmente esportes coletivos que envolvam times em disputa, representam uma população que reúne características desejáveis para a 24 realização de pesquisas que não se desenvolvam em situações de laboratório criadas artificialmente. As torcidas e fã-clubes de times e seleções nacionais de futebol, basquete, vôlei e outras modalidades semelhantes constituem uma das formas mais comuns e explícitas que assumem nas sociedades modernas os grupos e categorias sociais em situações de disputa. Para um indivíduo, dizer que torce para este ou aquele time é algo comum, bem como assumir preferência ou repúdio por outros times. Isso freqüentemente não ocorre em outros contextos sociais, como grupos étnicos, classes sociais e religiosas, em que restrições sociais podem vir a representar empecilhos para salientar fenômenos de interesse de pesquisadores. 4.2.1 Perfil sócio-econômico A pesquisa mostrou resultados que indicam a alta presença masculina que diz torcer pelo CRB. Os dados apresentaram 90% dos torcedores do sexo masculino e 10% do sexo feminino. 10% Feminino Masculino 90% GRÁFICO 9: Identificação dos torcedores por sexo FONTE: Dados da pesquisa. A torcida do CRB apresentou uma predominância entre 15 a 30 anos, formando 95% do total dos entrevistados. Tal número pode ser explicado devido ao alto número de entrevistados terem respondido pela internet e também pelo fato de que as pessoas que possuíam características de serem mais velhos respondiam que não tinha o CRB como primeira opção de clube nas ruas. De acordo com um trecho de uma entrevista realizada com um dos cronistas esportivos, é feita uma alusão ao fato dos torcedores do CRB serem jovens, pelo fato da grande identificação que o time criou durante os anos de série B e que o calendário era preenchido durante todo o ano. Segue trecho abaixo: Ent. 2: “Com a década de 90, graças a TV podemos ver nossos clubes jogando em todo o país e fazendo um jogo interessante que a torcida adorava e animava toda a cidade! Isso com certeza fez que a torcida acompanhasse o seu clube a qualquer época do ano e ver os clubes alagoanos ganharem dos grandes pelo país” 25 A tabela abaixo ilustra a predominância dos jovens na pesquisa: TABELA 1: Faixa etária dos participantes da pesquisa Válidos Frequência Porcentagem 148 67,6 60 27,4 6 2,7 3 1,4 1 ,5 1 ,5 219 100,0 15 a 22 anos 23 a 30 anos 31 a 38 anos 39 a 46 anos 47 a 54 anos acima de 55 anos Total FONTE: Dados da pesquisa. Outro ponto a ser levado em conta é a média quase constante de torcedores no campo de futebol em dias de jogo. A maior queda de público foi em 2008, devido a campanha do time que acabou sendo rebaixado para a série C do campeonato brasileiro de futebol, mas em 2009, a média voltou a ser quase igual a dos anos da série B, mesmo com o time jogando pela Milhares de torcedores série C. 7 6239 5447 6 5493 4920 4684 5 3415 4 3061 3 2 1 0 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* *Referente aos 3 primeiros jogos do clube em seu estádio GRÁFICO 10: Média de público do CRB e campeonato brasileiro e alagoano. FONTE: Site institucional da CBF e Arcevo Pessoal. Além disso, a torcida do CRB apresentou uma característica bem dividida no que diz respeito a torcer por algum outro time de futebol ou acompanhar como acompanha o CRB outra agremiação esportiva, caso visto no gráfico abaixo: 26 45 41,09 40 35 30 25 21,91 20 16,43 12,78 15 7,76 10 5 0 Concordo Totalemnte Concordo Nem Concordo, Discordo Parcialmente Nem Discordo Parcialmente Discordo Totalmente GRÁFICO 11: Porcentagem de torcedores que acompanham com freqüência outras agremiações ou clubes. FONTE: Dados da pesquisa. Tal número pode ser interpretado graças à forte campanha das mídias locais de todo o nordeste para que os torcedores não se identifiquem com algum clube do sul-sudeste do Brasil e que torçam apenas para os clubes de seus respectivos estados. Em Alagoas, a transmissão pela TV dos campeonatos locais, desde a Copa Nordeste em 2001, ajudou a aumentar o índice de torcedores apenas de clubes do próprio estado. Devido a quase 40% dos entrevistados possuírem outro clube de futebol, essa campanha tem que crescer para que alcance um número maior de torcedores apenas do seu estado. Vale lembrar que muitos torcedores do CRB não responderam o questionário por admitirem que o primeiro clube de futebol são equipes de outros estados. Seguindo a linha do perfil-socioeconômico, os torcedores que responderam o questionário em sua maioria não possuem filhos e também não são casados, as tabelas abaixo ilustram os dois dados. TABELA 2: Estado civil dos participantes da pesquisa Frequência Válidos Casado (a) 14 Solteiro (a) 201 Divorciado (a) 2 União Estável 2 Total 219 FONTE: Dados da pesquisa. Porcentagem 6,4 91,8 ,9 ,9 100,0 27 TABELA 3: Número de filhos dos participantes da pesquisa Válidos 1 a 3 Filhos 4 a 6 filhos Acima de 6 filhos Não possuo Total Frequência Porcentagem 18 8,2 1 ,5 2 ,9 198 90,4 219 100,0 FONTE: Dados da pesquisa. Com relação à escolaridade, o número representa que quase o total dos respondentes estão na faixa entre o ensino médio e o ensino superior. Tal número contradiz com a realidade da população de Maceió, onde segundo o IBGE, 51% da população vive abaixo da linha de pobreza. Mas o número pode ser explicado pelo fato da pesquisa atingirem apenas uma determinada amostra, onde os torcedores do CRB, apresentam-se relativamente no nível de escolaridade mostrado na tabela abaixo. TABELA 4: Escolaridade dos participantes da pesquisa Frequência Válidos Ensino Fundamental 7 Ensino Médio Incompleto 29 Ensino Médio Completo 41 Ensino Superior Imcompleto 101 Ensino Superior Completo Pós-Graduação Total Porcentagem 3,2 13,2 18,7 46,1 28 12,8 13 219 5,9 100,0 FONTE: Dados da pesquisa. O quesito renda familiar foi dividido entre os salários mínimos que vigorava na aplicação da pesquisa (465 reais), o resultado apresenta-se abaixo. Mais uma vez, temos um cenário onde os dados apresentados na pesquisa, se aparentam com os dados da população de Maceió. Onde quase metade dos respondentes responderam que ganham de 1 a 3 salários mínimos. 28 TABELA 5: Faixa de renda dos participantes da pesquisa Válidos R$ 465,00 a R$ 1.395,00 R$ 1.395,00 a R$ 2.790,00 R$ 2.790,00 a R$ 4.185,00 Acima de R$ 4.185,00 Total FONTE: Dados da pesquisa. Frequência 97 41 28 53 219 Porcentagem 44,3 18,7 12,8 24,2 100,0 Ainda sobre o perfil sócio-econômico, segue abaixo dois cruzamentos de dados, o primeiro envolvendo faixa etária e escolaridade e o segundo faixa etária e estado civil. Os dados representam que os jovens, estão cursando ou pararam de cursar o nível superior e que são em quase sua maioria solteiros. Tal perfil constitui um grande mercado a ser explorado por gestores tanto do futebol como também da indústria do entretenimento, pois segundo Kotler (2006), muitos produtos esportivos, os jovens representam o mercado mais importante no setor. Eles têm substancial poder de compra, influenciam a tomada de decisão dos pais e encontram-se num estágio de suas vidas em que podem comprovar lealdades potencialmente de longo prazo a determinadas marcas. O CRB, de acordo com a pesquisa, apresenta um perfil de público jovem, que se encontram dentro das características mostradas por Kotler acima. A seguir, os dois gráficos que ilustram tal análise: 160 140 120 100 80 60 40 20 0 148 72 33 27 61 11 71 60 28 1 20 5 1 11 5431 15 a 22 anos 23 a 30 anos 6311 31 a 38 anos 39 a 46 anos 47 a 54 anos acima de 55 anos GRÁFICO 12: Faixa etária x Escolaridade. FONTE: Dados da pesquisa. 29 160 146 148 140 120 100 Casado (a) Solteiro (a) 80 51 60 60 Divorciado (a) União Estável 40 20 Casado (a) 2 6 2 33 6 2 3 1 1 1 1 0 15 a 22 23 a 30 31 a 38 39 a 46 47 a 54 acima de anos anos anos anos anos 55 anos GRÁFICO 13: Faixa etária x Estado civil. FONTE: Dados da pesquisa. 4.2.2 Preferências do torcedor Sobre esse aspecto, procurou analisar o acesso do torcedor do CRB às informações do seu clube, com que freqüência ele busca informações sobre o clube e também o que leva ao torcedor ao estádio de futebol, que é a forma mais direta de contribuição financeira com o clube, como também o que afasta o torcedor do estádio de futebol. Entender as preferências do seu cliente é fundamental para que qualquer que seja a empresa desenvolva produtos e ações especificamente para um grupo de consumidores, sejam eles exigentes ou não. O torcedor do CRB apresentou uma característica de estar em todos os jogos, buscar informações sobre o clube diariamente e teme a violência nos estádios. A média de público apresentada pela CBF e a audiência dos programas esportivos do rádio alagoano reforçam o que a pesquisa mostra. A média de público do CRB durante os últimos 5 anos variou entre 4 a 6 mil pessoas por jogo e a audiência dos programas esportivos gira em torno de 20 mil ouvintes por minuto, tal fato evidencia a importância do rádio para os torcedores. 30 30 25 20 26,5 21,5 18,7 15 16,9 16,4 10 5 0 Rádio Internet Televisão Jornal Outro GRÁFICO 14: Mídia para obter informações sobre o CRB. FONTE: Dados da pesquisa. De acordo com os dados, percebe-se uma grande divisão de preferência de mídia por parte dos torcedores, o que leva a crer que para se informar, o torcedor do CRB, pode fazer uso de várias fontes, como até mesmo o telefone. Essa grande divisão é importante, pois para algum anunciante que deseja atingir como público-alvo os torcedores do CRB, ele não terá dificuldade para escolher qual a melhor mídia para anunciar. Os entrevistados também buscam informações todos os dias, é o que mostra o gráfico abaixo, por se tratar de futebol, um tema bastante comentado em todos os locais, como por exemplo: ruas, escolas, universidades, igrejas, hospitais, e em praticamente todos os lugares existe um comentário sobre futebol. Tal predominância se explica pelo tema ser uma das paixões do povo brasileiro e na grade de programação das TV‟s abertas do Brasil possuir algum horário, algum espaço que tenha futebol. 31 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 79,9 2,3 Diariamente Mensalmente 5 5 7,8 1 vez por semana Raramente 3 vezes por semana GRÁFICO 15: Frequência de busca por informações sobre o CRB. FONTE: Dados da pesquisa. Como mostrado no gráfico 2, a média de público do CRB, permanece quase que constante, levando assim seus torcedores a quase todos ou todos os jogos. Essa média quase constante pode ser que tenha levado aos respondentes, colocar que estão em todas as partidas quase 75% dos entrevistados. Em observações realizadas em dias de jogos, em jogos de menor importância é visto praticamente as mesmas pessoas com seus grupos em quase todos os jogos. Em partidas com maior importância a presença de público é maior, visto que o interesse por finais aumenta a expectativa do torcedor que não acompanha o time com freqüência. 80 73,51 70 60 50 40 30 20 10 12,78 8,67 1,82 3,19 0 GRÁFICO 16: Frequência de ida a jogos do CRB. FONTE: Dados da pesquisa. 32 Não existe uma relação entre faixa de renda e ida a jogos do CRB, caso visto no gráfico abaixo. Sobre esse ponto, o CRB tem um torcedor bastante fiel com o time e o grande desafio é conquistar os torcedores que não tem ainda essa identificação com o time. 80 70 68 60 50 40 30 20 10 35 37 R$ 465,00 a R$ 1.395,00 21 R$ 1.395,00 a R$ 2.790,00 13 11 4 0 3 R$ 2.790,00 a R$ 4.185,00 8 001 2 6 3 5 011 Acima de R$ 4.185,00 0 GRÁFICO 9 : Faixa de renda x Frequência de ida a jogos FONTE: Dados da pesquisa. Outra característica dos torcedores do CRB é que a maioria aponta como principal causa de não ida aos estádios, à violência nos estádios, protagonizada em sua maioria por torcidas organizadas, que em Alagoas tem uma característica diferente das outras torcidas organizadas do Brasil. Tais torcidas organizadas são formadas por menores de idades e não é novidade se encontrar nos principais noticiários, problemas com torcidas organizadas. Tal problema, não é de responsabilidade do clube, e sim de responsabilidade de órgãos competentes, como polícia e justiça, que deve coibir tais “torcedores”. Sobre o gráfico a seguir, o torcedor não dá a importância devida ao conforto nos estádios, pois praticamente se acostumou a assistir partidas até encima de morros. Tal realidade pode mudar com a copa de 2014 no Brasil, onde o país será obrigado a implantar ações para que tenha uma melhoria no conforto dos torcedores. O preço dos ingressos é apontado como a segunda causa de não comparecimento do torcedor. A justificativa é que com clubes que estão no prejuízo, à única maneira de se obter receita é com os ingressos. Apenas com outras ações combinadas de se obter receita é que os preços dos ingressos diminuam para o torcedor. 33 50 40 30 20 10 0 42,92 7,3 3,65 Distância Trânsito e Violência Transporte nos estádios 32,42 3,19 Horário 10,5 Preço dos Ingressos Falta de Conforto GRÁFICO 10: Fator mais importante para a não ida dos torcedores ao estádio. FONTE: Dados da pesquisa. 4.2.3 Perfil de mercado Nesse ponto da pesquisa, buscou-se identificar qual o perfil de mercado do torcedor do CRB devido a um constructo com variáveis que definiam se os torcedores faziam parte do modelo que Kotler definiu como escala de envolvimento dos torcedores com o time. Para Kotler (2008), a escada representa uma ampla escala do envolvimento dos fãs. O torcedor convicto, componente do mais fanático dentre todos os grupos de fãs, figura no primeiro degrau, enquanto que os indiferentes, logicamente o tipo mais desinteressado figura no ultimo degrau. Ainda que esses dois grupos sejam importantes para as entidades esportivas, não é para eles que se devem voltar às maiores atenções dos executivos e sim para os cinco degraus entre eles. Figuram-se na escada de envolvimento dos torcedores o grupo dos fanáticos, conhecedores, agregados, colecionadores, gastadores, curiosos ou indiferentes. O torcedor do CRB que participou da entrevista respondeu numa escala de concordo totalmente a discordo totalmente as seguintes variáveis: INDIFERENTES: Atualmente não dou a menor atenção ao CRB. Considero-me um torcedor omisso a qualquer jogo e manifestação de torcidas. Apenas venho ao estádio como companhia de meus familiares ou amigos. CURIOSOS: 34 Sou um torcedor que estou por dentro da classificação do meu clube no campeonato. Acompanho o futebol como forma de diversão. Possuo outros esportes ou clubes que acompanho com freqüência. GASTADORES: Assim que é lançado um novo produto do CRB corro para as lojas para adquirir. Para mim a experiência do jogo de futebol não acaba nos 90 minutos, após o jogo vou para bares ou restaurantes confraternizar com outros torcedores. Possuo ou já comprei eventos em PPV. COLECIONADORES: Tenho pôsteres do CRB ou possuo recortes de jornal. Considero-me um colecionador do meu clube. Sou interessado em guardar objetos do CRB. AGREGADOS: Visito os treinamentos do CRB pelo menos uma vez por semana. Tenho autografo ou alguma fotografia com algum jogador do CRB. Participo ativamente do dia-a-dia do CRB. CONHECEDORES: Tenho amplo acesso ao CRB, como dirigentes, conselheiros, cronistas. Faço doações ao clube. FANÁTICOS: Considero-me um torcedor fanático. Já tive alterações emocionais por causa de um jogo. Falto a jogos de futebol apenas em casos excepcionais. O resultado após a analise das variáveis, que vai de 1 a 5 onde representa concordo totalmente e 5 discordo totalmente, através da escala o torcedor do CRB, respondeu a todas as perguntas contidas no constructo acima. Feita a análise de suas médias, a que mais ficasse próxima ao 1, seria o perfil do torcedor do CRB que respondeu ao questionário. Realizado os 35 procedimentos, identificou que o torcedor do CRB está no grupo dos fanáticos, como também se assemelham ao grupo dos colecionadores. A seguir, a tabela com a media de cada um dos perfis de torcedores. 4,5000 4,0000 3,5000 3,0000 2,5000 2,0000 1,5000 1,0000 0,5000 0,0000 4,1979 3,2557 1,8006 2,1210 2,2237 3,3927 2,5677 GRÁFICO 11: Constructo perfil de torcedores do CRB. FONTE: Dados da pesquisa. Para Kotler (2006), os fanáticos sabem dar valor ao seu apoio, e muitas vezes tentam se transformar em parte da identidade da equipe, pois percebem o efeito que esse entusiasmo passa para os atletas, chegando muitas vezes a constituir parte da atração que a própria equipe representa. Prova disso foram os seis cronistas entrevistados, onde quando foi perguntado qual o maior valor que o CRB constituiu durante os anos, a resposta foi unanime: a torcida. O perfil apresentado é resposta a todo o desenvolvimento da pesquisa que desde as preferências do torcedor, apresentou por várias vezes extremas em suas respostas. Outra característica dos fanáticos é que eles são totalmente interligados em cada partida, seja na vitória ou na derrota, transferência de um atleta, mudança de treinador, enfim, o lado ruim de ter um perfil fanático é que o clube vive sempre em uma grande bomba relógio, onde se acontecer algum descuido a torcida irá cobrar e muito. A função dos dirigentes é intensificar cada vez mais o envolvimento do torcedor com o clube, para o CRB especificamente, gerar atrativos fora do jogo de futebol para os torcedores, seria uma grande forma de gerar cada vez mais receitas. Esses atrativos podem ser: uma nova linha de produtos mostrando que o torcedor faz parte da vida do clube, criação de memorial ou algum museu e lançamentos de produtos. 36 Analisando alguns dados isoladamente, temos que o torcedor do CRB tem um aspecto fanático de ser, pois os próximos três gráficos apresentam mais de 60% para o item concordo totalmente, em três questões onde se revela o fanatismo do torcedor. Tais entrevistados já tiveram alterações emocionais por causa de um jogo de futebol, faltam a jogos apenas em casos excepcionais e se consideram torcedores fanáticos. Resta ao clube saber tirar proveito de tal paixão para ser gerar receita e tornar o clube vencedor. 70 62,55 60 50 40 30 19,63 20 7,76 10 3,19 6,84 0 Concordo Totalmente Concordo Nem Concordo, Discordo Parcialmente Nem Discordo Parcialmente Discordo Totalmente GRÁFICO 12: Porcentagem de torcedores que tiveram alguma alteração emocional. FONTE: Dados da pesquisa. 70 61,64 60 50 40 30 20 13,24 7,3 10 7,76 10,04 0 Concordo Totalmente Concordo Nem Concordo, Discordo Parcialmente Nem Discordo Parcialmente Discordo Totalmente GRÁFICO 13: Porcentagem de torcedores que não vão a jogos em casos excepcionais. FONTE: Dados da pesquisa. 37 70 63,01 60 50 40 30 16,43 20 9,13 10 3,65 7,76 0 Concordo Totalmente Concordo Nem Concordo, Discordo Parcialmente Nem Discordo Parcialmente Discordo Totalmente GRÁFICO 14: Porcentagem de torcedores que se consideram um torcedor fanático. FONTE: Dados da pesquisa. Tais torcedores não fazem parte do grupo de que convivem o dia-a-dia do clube, não estão dentro do CRB, o que significa uma grande perda para o clube. A seguir o gráfico que ilustra o convívio do chamado dia-a-dia do torcedor 60 54,79 50 40 30 20 10 14,15 9,13 15,98 5,93 0 Concordo Totalmente Concordo Nem Concordo, Discordo Parcialmente Nem Discordo Parcialmente Discordo Totalmente GRÁFICO 15: Porcentagem de torcedores que tem amplo acesso ao CRB, como dirigentes, conselheiros, cronistas. FONTE: Dados da pesquisa. Devido a péssimas administrações, o torcedor do CRB, não tem confiança de participar ativamente do dia-a-dia do CRB. Ao clube resta oferecer instrumentos para que o torcedor tenha essa confiança para que o clube se torne cada vez mais forte. 38 4.2.4 Preferências para um novo produto Para Costa (2007), as vultosas cifras envolvidas em contratos publicitários, salários de jogadores e parcerias com a mídia não deixam dúvida: o futebol é um negócio, e um negócio cada vez mais lucrativo. No entanto, o mundo mercadológico permite diferentes maneiras de abordagem para esse segmento. Os rumos e a solidez do esporte como produto dependem das perspectivas administrativas a ele associadas. A marca de um clube de futebol é muito valiosa, está presente em vários produtos, tais como camisas, shorts, bonés, cadernos, e identificados em vários outros produtos que fazem com que ao utilizar a marca do clube, o torcedor gera de alguma forma receita para o clube. Em Alagoas, estamos acostumados a escutar dirigentes e executivos ligados aos clubes de futebol reclamar que faltam recursos para investirem no clube e que o que sobra mal dá para pagar as contas. Vemos clubes ao redor do país sofrerem para pagar salários, contas de água e luz, impostos e tantos outros custos básicos. Clubes ao redor do Brasil podem aproveitar a força de suas marcas para atrair o torcedor ao estádio e fazer desta uma melhor experiência. Como no exemplo de clubes ingleses, o ato de ir ao estádio é uma atividade de entretenimento. E assim o clube pode gerar receita de seu próprio gerenciamento do estádio, que além de bilheteria tem hospitalidade e comida. Vertentes do marketing de reconhecimento, a marca e seu licenciamento são ferramentas pouco exploradas, em todo o seu potencial, pelo marketing de empresas e clubes de futebol do país. Dentro da estratégia de geração de valor de uma marca, está o licenciamento, um dos meios mais significativos para o desenvolvimento do branding - assunto da moda entre a nova geração de publicitários e profissionais de marketing. O licenciamento de uma marca precisa mostrar uma forma especial de comunicação com o mercado. Deve representar algo que tenha um significado e ser percebido pelo público de maneira consistente e se forma semelhante. Em resumo, deve apresentar às pessoas uma razão para que elas comprem um produto. Nesse aspecto foi levantado dado para o desenvolvimento de um novo produto para os torcedores do CRB, esse produto seria um livro comemorativo aos 100 anos de clube. A necessidade para a criação de um novo produto fica evidente, pois quase 100% dos respondentes, afirmaram que comprariam o livro sobre o CRB, a faixa de preço desejável 39 ficou dividida entre as opções apresentadas e existe uma grande preferência pela interatividade para a produção desse livro. 6% Sim Não 94% GRÁFICO 16: Porcentagem de torcedores que comprariam um livro sobre a história do CRB. FONTE: Dados da pesquisa. 30 26,48 26,94 25,11 25 21,46 20 15 10 5 0 R$ 15,00 a R$ 20,00 R$ 20,00 a R$ 25,00 R$ 25,00 a R$ 30,00 Acima de R$ 30 GRÁFICO 17: Faixa de preço que o torcedor compraria o livro. FONTE: Dados da pesquisa. De acordo com os dados, o torcedor do CRB, espera por algo diferente, não importando a faixa de preço para adquirir, o exemplo foi de um livro, mas o CRB tem 2012 para aproveitar para gerar receita. Apenas ficar na reclamação de que o futebol é deficitário não leva a lugar nenhum, assim com alguma criatividade, e aproveitando a paixão mostrada pelos torcedores, o CRB tem de tudo para crescer tanto dentro como fora de campo. 4.2.5 Sugestões do torcedor para o clube A última pergunta do questionário apresentava uma resposta livre, onde o torcedor poderia passar alguma sugestão para o dirigente do CRB, as respostas foram das mais 40 variadas possíveis, sendo que alguns torcedores escreveram muito e outros escreveram pouco, mas as sugestões envolvem palavras como honestidade, melhora da estrutura, entre outros. Tais resultados comprovam o perfil de torcida apresentado, como também mostra a desconfiança do torcedor para com a diretoria do clube. A seguir, algumas opiniões dos torcedores para os dirigentes: “Transparência, torcedor no conselho, promoções, marketing melhor,etc.” “Ame o CRB !” “Parem de enganar aos torcedores do CRB, sejam homens, não se vendam!! Nosso clube tem tudo para crescer, temos torcida, conseguimos patrocinadores bons se apresentarmos bons projetos, mas precisamos de uma diretora transparente, que não vise interesse próprio e sim o coletivo, que publique o balanço do time e que RESPEITE a torcida.” “Tratar o CRB com respeito...não encarar apenas como um momento passageiro, deixando pra os sucessores as dividas e problemas.” “Acima de tudo ter: honestidade; ter vontade em ver o CRB crescer e ficar independente; valorizar a base (pagar jogadores em dia, dar boas acomodações ao jogadores); procurar observar melhor os jogadores do próprio Estado de Alagoas; pagamento do elenco e funcionários em dia.” As citações acima demonstram uma indignação dos torcedores com procedimentos adotados pela diretoria do CRB, onde os torcedores demonstram a desconfiança com os que comandam o seu clube. Palavras de choque como: sejam homens, respeito e honestidade foram facilmente identificadas em quase todas as sugestões, fato esse comprovado graças ao histórico do futebol de Alagoas traçado pelos cronistas nas entrevistas. A valorização do torcedor também se mostrou presente em várias sugestões, como as mostradas a seguir: “Pensar no clube, na torcida que nunca deixou de apoiar, que guarda na maioria das vezes 5, 10 reais para ir a um jogo do CRB, e confiar sempre na torcida, valorizar os jogadores da casa.” “Senhores dirigentes, administrem o NOSSO glorioso Clube de Regatas Brasil como uma empresa a qual buscaria um negócio rentável. Temos uma torcida representativa e forte, podemos juntos levantar o galo. O que falta a nós são bons 41 administradores que tenham uma visão globalizada e que trabalhem com seriedade.” Enfim, o torcedor do CRB, apresentou um perfil de estar muito ligado com o clube, com interesse de saber o que está acontecendo constantemente, de utilizar mídias para acompanhar o clube, são torcedores que não abandonam o clube, mas que se mostram desconfiados com a diretoria, devido a fatos históricos, o torcedor do CRB não consegue ser mais presente no clube graças aos dirigentes. Para que se mude esse quadro, as pessoas que comandam o clube tem que olhar no que estão errando em suas gestões para que o sentimento de alegria em ser torcedor não se perca com o decorrer do tempo. 42 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES De acordo com os resultados apresentados, a pesquisa mostrou um cenário onde a torcida do CRB é presente, está sempre com o clube, mas não participa do dia-a-dia, fato que é comprovado nas entrevistas com os cronistas esportivos, nos quais todos citam a má gestão como principal fator do declínio do futebol alagoano. A realização do estudo demonstrou através das entrevistas com os cronistas, que o estado de Alagoas viveu um período do futebol nostálgico como em todo o Brasil durante as décadas de 70 e 80. Nesse tempo, todos os processos que envolviam o futebol giravam em torno do amadorismo e da paixão dos dirigentes em comandar os clubes. A partir da década de 90 o futebol brasileiro começou uma grande fase de organização com leis surgindo e o futebol sendo tratado como negócio, em Alagoas a realidade não mudou, os dirigentes locais continuaram tratando futebol como amadorismo e os reflexos da desorganização foram acompanhados na primeira década dos anos 2000. Com as entrevistas realizadas ficou demonstrado que os cronistas têm pouca noção sobre futebol gerido como negócio, mas os mesmos por cronistas tem um grande poder de comunicação para com os torcedores, sendo assim, os cronistas sabendo o que é administração esportiva, podem ser grandes multiplicadores de informação para os torcedores. A análise quantitativa dos questionários respondidos pelos torcedores do CRB demonstrou sobretudo que o perfil dos torcedores do CRB, é formado por fanáticos, denominação demonstrada na revisão de literatura. O fato de possuir torcedores fanáticos não leva o clube a gerar altas receitas se esse mesmo torcedor não for bem trabalhado e em conseqüência disso, ao invés de aproximar cada vez mais esse perfil de público, os dirigentes tem que fazer planos de marketing esportivo para que o envolvimento com tais torcedores sejam cada vez maior. O planejamento de qualquer ação deve-se dar a longo prazo, visto que a maioria dos torcedores pesquisados foram jovens que demonstraram estar a par dos problemas e sobretudo deseja por mudanças estruturais no clube, cabe aos dirigentes mudar a visão dos torcedores para com o clube. Um caso recente de desvalorização da torcida, acontece no Recife, mais especificamente com o Santa Cruz, clube tradicional na capital pernambucana e detentor da maior torcida de Pernambuco, de mais títulos pernambucanos e do maior estádio de Pernambuco. Como fato demonstrado em vários meios de comunicação especializado em esporte , hoje o Santa Cruz, devido a má gestões a anos passa por sua maior crise na história e torcedores cansados por esses problemas deixaram de torcer para o Santa Cruz. 43 Tal exemplo pode muito bem ser visto pelos dirigentes do CRB, como forma de alerta, pois o clube possui um potencial grande em sua torcida e tem que saber aproveitar tal potencial para fazer um clube cada vez mais forte. Como forma de reestruturação, os dirigentes poderiam refazer o estatuto do clube, dando mais poder aos torcedores e reforçar a campanha do sócio-torcedor, essas ações aproximariam o torcedor do clube. Na pesquisa também foi constatado que o torcedor, por causa da desconfiança com a diretoria, apenas apresenta receita com o clube em dias de jogos. Atualmente, os jogos de futebol fazem parte de uma pequena fatia do que o clube tem que ter para fechar um mês com saldo positivo. Para contar apenas com a renda, o clube teria que ser praticamente imbatível e manter uma média de público alta em todos os jogos, fato difícil de acontecer devido ao dinamismo do futebol brasileiro. Para o cordão umbilical das rendas dos jogos de futebol ser cortada, os dirigentes do CRB, poderiam fazer uso de alguns métodos de marketing esportivo apresentado na pesquisa, tais como: patrocínio, aproveitamento do patrimônio e licenciamento de sua marca. A busca por patrocínio do futebol, como comentada anteriormente, é uma tarefa de importância para os dirigentes, pois tem que ser elaborado um projeto de marketing ideal para a empresa que o clube almeja ser a sua patrocinadora. No caso do CRB, existe essa necessidade de que empresas invistam no clube, só que para isso tem que ser elaborado tal projeto, que conte principalmente com o retorno que o patrocinador terá investindo no CRB. Atualmente o patrimônio do CRB vale cerca de 3 milhões de reais envolvendo campo, ginásio e vários outros prédios na Pajuçara – região considerada nobre em Maceió – só que tal patrimônio é alvo de batalhas judiciais intermináveis e o clube não consegue aproveitar tais bens para gerar recursos para o clube. Os dirigentes poderiam fazer uso de tais prédios para conquistar cada vez mais torcedores, o patrimônio poderia ser usado como museu, restaurante, bar, loja oficial do clube, entre outras. O licenciamento de vários produtos com a marca CRB é outro ponto onde o clube pode aproveitar para gerar receita, no futebol nordestino como um todo, o clube coloca a disposição do torcedor apenas a linha oficial do clube, não oferecendo outros produtos para a torcida e consequentemente não gera receita para os clubes. Para licenciamento, um trabalho conjunto entre departamento jurídico e marketing poderia ocorrer no clube, valorizando a marca e aproximando o torcedor do clube. A pesquisa apresentou várias formas de se trabalhar em um clube de futebol, o estudo realizado no CRB, mostrou que falta muitas vezes profissionalismo aos dirigentes, como também faltam ações de marketing esportivo para que o torcedor do CRB se faça presente no 44 dia-a-dia do clube. Com o trabalho, observou-se que é necessário um planejamento a longo prazo, onde o torcedor tenha voz nesse planejamento e que o clube com estrutura sólida e bem definida possa melhorar o seu rendimento tanto dentro como fora de campo. O tema Marketing Esportivo é muito amplo e pouco explorado em Alagoas, para o desenvolvimento do esporte, faz-se necessário que novos estudos sejam feitos, tais como: marketing esportivo com foco na responsabilidade social, administração esportiva tendo o torcedor como referência do trabalho. E outros temas relacionados com administração que podem ser aplicados no esporte como: qual o clima organizacional dentro de um clube de futebol; de que forma a gestão financeira dos clubes de Alagoas podem ser melhor estruturada; como são gerados os empregos indiretos com um jogo de futebol. Enfim, tais estudos podem ajudar a melhorar a realidade do nosso esporte como um todo, gerando sobretudo mais atrativos para que a população de Alagoas tenha no esporte um atrativo a mais de diversão e socialização. 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AIDAR, A. C. K.; LEONCINI, M. P.; OLIVEIRA, J. J. A nova gestão do futebol. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2000. CORRÊA, W.;CAMPOS, K. Marketing esportivo como estratégia de incremento na construção e consolidação da marca. 2008. 36f. Dissertação (Pós-graduação – Marketing com responsabilidade social) – Centro Universitário de Caratinga, Universidade Estadual de Caratinga, Caratinga. COSTA, G. A estrutura administrativa do futebol. São Paulo, 2009. 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Escolaridade: [ ] Ensino Fundamental [ ] Ensino Médio incompleto [ ] Ensino Médio completo [ ] Ensino Superior incompleto [ ] Ensino Superior completo [ ] Pós-graduação 6. Faixa de Renda: [ ] R$ 465,00 a R$ 1.395,00 [ ] R$ 1.395,00 a R$ 2.790,00 [ ] R$ 2.790,00 a R$ 4.185,00 [ ] Acima de R$ 4.185,00 De que forma o torcedor do maior de Alagoas tem informações do seu clube de coração? É esse o objetivo nesse ponto da pesquisa. II – ACESSO AS INFORMAÇÕES 7. Qual a mídia que o Sr.(a) usa para se informar sobre o CRB? [ ] Rádio [ ] Internet [ ] Televisão [ ] Jornal [ ] Outro. Qual?___________ 8. Com que freqüência o Sr.(a) busca informações sobre o CRB? [ ] Diariamente [ ] Mensalmente [ ] 1 vez por semana [ ] Raramente [ ] 3 vezes por semana É impossível medir a paixão do torcedor do CRB. Não temos essa nação que fascina por acaso. Qual é a sua relação com o CRB? É essa a intenção da penúltima parte da pesquisa. III – Envolvimento do torcedor com o clube 9. Diante das opções abaixo assinale: 1 – CONCORDO TOTALMENTE 2 – CONCORDO PARCIALMENTE 3 –NEM CONCORDO,NEM DISCORDO 4 – DISCORDO PARCIALMENTE 5DISCORDO TOTALMENTE 1 2 3 4 Atualmente não dou a menor atenção ao CRB. Me considero um torcedor omisso a qualquer jogo e manifestação de torcidas. Apenas venho ao estádio como companhia de meus familiares ou amigos. 5 48 Sou um torcedor que estou por dentro da classificação do meu clube no campeonato. Acompanho o futebol como forma de diversão. Possuo outros esportes ou clubes que acompanho com freqüência. Assim que é lançado um novo produto do CRB corro para as lojas para adquirir. Para mim a experiência do jogo de futebol não acaba nos 90 minutos, após o jogo vou para bares ou restaurantes confraternizar com outros torcedores. Tenho interesse em comprar eventos em PPV. Tenho pôsteres do CRB ou possuo recortes de jornal. Sou interessado em guardar objetos do CRB. Visito os treinamentos do CRB pelo menos uma vez por semana. Tenho autografo ou alguma fotografia com algum jogador do CRB. Participo ativamente do dia-a-dia do CRB. Tenho amplo acesso ao CRB, como dirigentes, conselheiros, cronistas. Faço doações ao clube. Me considero um torcedor fanático. Já tive alterações emocionais por causa de um jogo. Falto a jogos de futebol apenas em casos excepcionais. [ [ [ [ [ [ 10. Com que freqüência vou aos jogos do meu time: ] Todas as partidas [ ] Mensalmente [ ] Bimestralmente [ ] Raramente ] Em jogos decisivos 11. Na sua opinião, qual fator é mais decisivo para que o torcedor não compareça aos estádios? ] Distância [ ] Trânsito e transporte [ ] Violência nos estádios ] Horário [ ] Preço dos ingressos [ ] Falta de conforto 12. Quais os produtos do CRB o Sr.(a) possui? ] Camisa [ ] Bandeira [ ] Calção [ ] Outro. Qual?_____________ ] Adesivos [ ] Não possuo nenhum material do CRB O maior de Alagoas está chegando aos 100 anos. Dia 20/09/2012 ficará marcado como a data do centenário desse time.Para comemorar essa data especial o que você torcedor acharia sobre um livro que comemorasse essa data tão especial? A última parte da pesquisa tem como saber suas preferências para esse projeto. 13. Você compraria um livro sobre a história do CRB? [ ] Sim [ ] Não 14. Se sim, qual a faixa de preço você adquiria? levando em conta um produto de qualidade tem que ter. [ ] R$ 15,00 a R$ 20,00 [ ] R$ 20,00 a R$ 25,00 [ ] R$ 25,00 a R$ 30,00 [ ] Acima de R$ 30,00 15. Diante das opções abaixo assinale: 1 – CONCORDO TOTALMENTE 2 – CONCORDO PARCIALMENTE 49 3 –NEM CONCORDO,NEM DISCORDO 4 – DISCORDO PARCIALMENTE 5DISCORDO TOTALMENTE 1 2 3 4 5 LIVRO CRB 100 ANOS O livro tem que conter historia sobre todos os títulos. Para ser complemento gostaria que existisse fotos dos elencos campeões. A escalação do melhor time de todos os tempos deveria ser feita pela imprensa. Gostaria de ter acesso a internet a partes exclusivas do livro. No livro, deveriam ter algumas curiosidades sobre o clube. O enfoque ao patrimônio do clube tem que ser priorizado. O livro poderia conter depoimento de jornalistas esportivos do estado. Poderia ter algo relacionado com a interatividade, tal como site na internet sobre o livro. 16. Quais sugestões você daria a um dirigente do CRB para que o time esteja sempre forte? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ______________________________ Obrigado pela sua participação! 50 APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA CRONISTAS ESPORTIVOS 1. Como o futebol era tratado em Alagoas no inicio da sua carreira? Aconteceu alguma mudança para agora. 2. Diante da experiência como cronista esportivo, qual o melhor momento vivido do futebol alagoano? Por quê? 3. Por qual motivo você acha que aconteceu um declínio dos maiores clubes de Alagoas nos últimos anos, sendo que não era para acontecer isso, visto que a torcida aumentou durante os anos. 4. O que falta para o crescimento do futebol em Alagoas? 5. Na sua opinião o que vem a ser marketing esportivo? 6. Quais os maiores valores que o CRB construiu em toda a sua história? 51 ANEXOS ANEXO A - Visão de cronista esportivo sobre a necessidade da estruturação no futebol nordestino ESTRUTURAR...EIS A QUESTÃO! Por Guto Nejaim* O futebol, na minha opinião, está sempre mudando. Com a rapidez com que as coisas mudam e se recriam no mundo, não é diferente no esporte, em particular no futebol. De 8 anos pra cá – quando comecei a trabalhar como jornalista – muita coisa mudou. No início dos anos 2000, o mundo mesmo beirava a dúvida e a esperança por conta de uma mudança de século. Novos craques surgiriam para uma nova era, promessas seriam solidificadas como heróis, mitos eternizariam o passado, mas não representariam mais que ídolos de outrora no futuro que se aproximava. Os estádios foram mudados; a Copa do Mundo entendeu o conceito do Superbowl, de mega-evento, e tivemos essa prova a partir de 2002, com a inauguração de duas sedes para o Mundial, algo inédito. Novíssimos e ultra modernos, os estádios passaram a não apenas ser local, mas parte integrante do grande evento. Regras foram recicladas, como a do impedimento, das substituições, da participação dos técnicos à beira do gramado, e outras criadas, como a proibição de exibição de camisas com conteúdo religioso, político ou pessoal. Além disso, a tecnologia na busca desenfreada pelo conteúdo, vinda da televisão, revolucionou o modo de ver as partidas. Juízes são questionados, jogadores julgados pelo público, condenados pela mídia e penalizados pela justiça desportiva, que também ganha papel cada vez maior nesse processo de mudança constante. Acho que, nessa nova era, a subida e equilíbrio dos três clubes do nordeste na primeira divisão do brasileiro é o momento especial. Vitória, Sport e Náutico tem se mostrado num aminho crescente. Destaco o Vitória com a regularidade nos últimos Brasileiros e a participação do time na Copa do Brasil, chegando até as quartas de final, e o Sport, que chegou ao ápice sendo o primeiro clube do nordeste a conquistar a Copa do Brasil e a participação do mesmo na Libertadores desse ano, perdendo, lamentavelmente, na loteria dos pênaltis. A torcida contribui com a paixão. É esse sentimento que leva o pai a escolher o time do filho sem saber ainda o sexo ou mesmo que nome vai dá-lo; é o que faz o marido deixar a mulher em casa e sair em comboio para assistir ao jogo no estádio; é o que renasce a cada 52 minuto, mesmo quando o time perde por dois gols e enfia duas bolas na trave faltando 3 minutos para o fim do jogo – o torcedor pensa: “acho que ainda dá”. Ela cresce, à medida que o país também cresce em número de pessoas, de nascimentos. Taxa de natalidade é altamente ligada à taxa de crescimento de torcedor (risos). Mas isso não tem a ver com o declínio dos clubes; ao contrário, deveria ajudar. O clube, quando se estrutura, abraça o torcedor. Mostra que ali é a extensão da sua casa. Um caso desses é registrado no Internacional, de Porto Alegre. São 90 mil sócios contribuindo mensalmente com o time. O resultado está aí: ganhou quase tudo que disputou nos últimos anos. No nordeste não se vê esse planejamento. É o mesmo problema do Rio de Janeiro, com a diferença que a renda do carioca é maior que a do nordestino. Daí a disparidade. Mas a paixão do torcedor é a mesma – na verdade, não se mede. Basicamente isso, estrutura. Estruturar como o Corinthians fez de um ano pra cá; como faz o São Paulo, que se comportou como uma empresa, manteve um técnico por quase 4 anos e foi tricampeão seguido. Isso nunca aconteceu no futebol brasileiro. É preciso gente apaixonada sim, mas séria. Gente que possa reunir razão e emoção na hora de dar e, principalmente de cobrar. Gente que entenda que o mundo mudou, e não é diferente no futebol. Chega de coronéis na beira do gramado. De malas pretas com valores irrisórios, comprando dirigentes, juízes e times. É iminente a mudança, só não vê quem não quer. E quem não quer está vendo o bonde passar mesmo. O Alex Ferguson está simplesmente há 23 anos no Manchester United! Vinte e três! Olha o modelo de gestão do clube! Aqui, um técnico começa o planejamento e dura às vezes mais 4 rodadas. Culpa dele? Pode ser. Mas culpa maior é de quem escolhe, quem planeja, quem orienta de forma gerencial. Essa pessoa tem que ser profissional. Entender que a escolha dela influencia no modelo do time, e que esse modelo do time na maioria das vezes, não é o que a torcida quer, ou deseja. A estrutura está no princípio, no vestiário que o atleta toma banho; na refeição escolhida para ele; na aparelhagem dentro da academia que ele utiliza; na relação produto-consumidor que o clube incorpora ao jogador (veja o que fez o Real Madrid na apresentação do Kaká – sua camisa custa 240 reais!). Aí as pessoas podem dizer: mas é o Real Madrid, o Manchester, o Barcelona, o Milan. Claro que a cultura é diferente, claro que o país é outro. Mas temos esses exemplos de clubes brasileiros que começaram a fazer isso e o resultado está aí. 53 A capacidade de vender uma determinada marca (uma blusa, um casaco, um jogador, um clube) a partir do gerenciamento e gestão da mesma. Criar uma “marca sobre a marca”. Recriar o modelo, aproveitando a gestão anterior em cima dele e moldando de acordo com a preferência específica do público-alvo. A paixão não dá pra ser medida. Não posso dizer que quem torce para o CRB torce menos do quem o que é flamenguista. Ou que o corinthiano é mais apaixonado que o torcedor do Sport. O que existe é a diferença em números. Em 2003 – se não me falha a memória -, foi feita uma pesquisa que deu a torcida do Flamengo como a maior do Brasil, com 33 milhões em todo o país, sendo a maior da região centro-oeste e a quinta maior de São Paulo, maior ainda que a da Portuguesa de Desportos. Fui a um jogo no Canindé há dois anos. O estádio não estava cheio, mas a paixão do torcedor da Lusa me contagiou: vovôs e vovós lusitanos, com suas famílias inteiras gritando, torcendo, chorando e pulando a cada lance da Lusa. Isso, definitivamente, só se mede de forma numérica, nunca empírica. E a vocês torcedores acreditem na mudança dentro do futebol. Ela vem a galope. Clubes afundarão e outros aparecerão com fusões; Empresas tomarão conta dos departamentos esportivos; profissionais serão contratados única e exclusivamente para gerir, e não para torcer dentro do gramado. Em suma, a mamata de uns está chegando ao fim. E isso será em todo país, em alguns lugares demorando um pouco mais do que outros. Alagoas tem a grande vantagem de fazer parte do celeiro do futebol nordestino . Só alguém de visão pairar pelo estado, para que possa começar essa revolução do bem. Acho que isso será puxado, no nordeste, por Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, para depois chegar a Bahia e Alagoas. É um processo lento, mas que deve chegar antes do que muita gente imagina. É enxergar tudo como uma empresa com milhões de potenciais consumidores, e gerir a paixão deles aliado ao consumo e a criação de um produto vencedor: um time competitivo. O mais importante é acreditar na mudança e aceitá-la, já que, todas elas vem com seu grau de resistência. *É narrador do SPORTV e PFC e escreveu o texto especialmente para Eduardo Jorge na utilização do mesmo para o seu Trabalho de Conclusão de Curso no curso de Administração de Empresas da UFAL. 54