Nº16 - Visão Geral Acabei há pouco de ler novamente o One Up on Wall Street e é tanta informação que seria impossível resumi-la neste texto de apoio referente à aula Nº16. Decidi escrever livremente o que me vai na alma por quatro páginas, sem nenhuma organização especial. Aqui vai. Comecemos pelo produto financeiro. Já sabemos que são as ações, que são títulos que representam a propriedade de empresas. Nunca devemos afastar-nos deste produto e devemos estar sempre investidos, nos bons e maus momentos económicos, apenas ir trocando ocasionalmente uma holding ou outra, como tenho feito nos Portfolios TOP10 Lisboa e TOP10 Amesterdão. Como certamente terão visto, à data de 1 de março de 2017 o Portfolio TOP10 Lisboa está a ganhar cerca de 24% em 18 meses num mercado que está a descer 14%, pelo que sou compelido a dizer que o mercado em geral é praticamente irrelevante. Mesmo nos bear markets (mercados de descida generalizada) 20% das ações sobem e pelo que me é dado entender nem é assim tão difícil identificar essas ações, pois destacam-se claramente das que estão a descer. Como ainda vamos ver na aula n.º18, é importante diversificar os investimentos por umas 10 ações … menos de 5 é pouco e mais de 20 é demais, mas também depende do capital que tivermos para investir. Mas nunca se deve pôr tudo numa ou duas ações, pois aí as possibilidades de se apanhar uma tenbagger (uma ação que sobe 1 000%) são muito reduzidas. Teria de se ter uma pontaria mesmo muito certeira. Numa carteira diversificada de ações, basta que uma ou duas subam muito para mais do que compensar outras que ficam na mesma ou que até descem. Para escolher as ações há que estudar as tendências fundamentais das empresas, pois a cotação inevitavelmente irá traduzir o valor fundamental. Já sabem como calcular a Capitalização Bolsista, o EPS, o PER, o PSR, ver as tendências das Vendas e dos Lucros e também avaliar, através dos rácios do Balanço, se a empresa é ou não sólida financeiramente. Depois de praticarem bastante estas contas – vejo que vocês os três têm todos problemas com a matemática e as contas de percentagens – é uma questão de prática – poderão começar a apreciar fatores mais qualitativos dos negócios. Se existem ou não barreiras à entrada de concorrentes. Se a empresa tem pricing power, ou seja, se determina os preços de comercialização (exemplo: Corticeira Amorim) ou se pelo contrário é uma price taker, que tem o preço fixado por outros, por exemplo os reguladores (exemplo: REN) Se a empresa é líder na sua indústria (a mais lucrativa e consequentemente mais valiosa) ou se é uma seguidora com uma margem de lucro mais baixa, que precisa de um mercado muito vigoroso para melhorar. Se existe algum produto ou serviço que está a ganhar tração no mercado e qual o efeito que isso poderá ter nas vendas e lucro da empresa. Se a empresa tiver um Balanço fraco estará mais vulnerável a um aumento de capital. “Aumento de capital” é uma expressão extremamente falaciosa, porque parece que a empresa vai ter assim mais capital e que os investidores ao acorrerem ao investimento nessas ações, de alguma forma vão também ter “mais capital”. Na realidade o que se passa é que a empresa emite novas ações, diluindo a posição dos acionistas… normalmente as empresas só fazem isso quando estão a passar por dificuldades financeiras, que em princípio acontecem porque a empresa é mal gerida (exemplo: BCP). Quando comprar ações? Quando tiverem dinheiro disponível para investir e detetarem uma oportunidade. Se uma ação tem fundamentais atrativos e cai 10 ou 20%, ainda mais atrativa estará. Hoje em dia já não tenho receio de reforçar em perda, quando estou muito seguro em relação aos fundamentais da empresa … vejam por exemplo aquele meu reforço na Altri a €3, foi perfeito. Também não tenho medo de reforçar a ganhar, vejam o que fiz na Novabase. Esta situação é benéfica porque vocês todos os dias me vêem em ação, sabem que não sou apenas um teórico, vocês vêem como escolho as ações e porquê, os meus acertos e os meus erros. Vender a Navigator e a Semapa lá em baixo foi um erro em que olhei demasiado para o futuro e também porque dei atenção a rumores não confirmados (que a Semapa e a Navigator se vão fundir). Mas, quando vender as ações que temos em carteira? Para saber quando vender temos de voltar ao momento da compra. Porquê que comprámos? Qual foi a história, a motivação? Essa motivação mantém-se válida? Ou já é uma história diferente? Para melhor ou para pior? É que podemos comprar uma ação por um motivo, esse motivo revelar-se correto, mas depois mantê-la por outro motivo. Podemos comprar uma ação apenas porque está subavaliada (tipo Altri) e depois poderemos mantê-la quando já estiver corretamente avaliada se porventura ela se tornar uma empresa de crescimento (é pouco provável, mas a pasta solúvel é uma via de crescimento que não existia há uns anos atrás). Mas, grosso modo, deve-se vender uma ação quando os motivos de compra deixam de ser válidos. Se comprámos a ação porque estava subavaliada com um PER de 10 (tipo Sonae SGPS) e se ela subir para um PER de 20 e tudo o resto se mantiver constante, vamos manter porquê? Ela já não estará subavaliada, o melhor será vender e aplicar o capital noutra situação mais promissora. Ou, se comprarmos porque esperamos que as vendas e os lucros subam, mas afinal essa expetativa não se concretiza, nem existe expetativa de que se concretize … nesse caso devemos vender e não importa nada se estamos a ganhar ou a perder. Por vezes teríamos a ganhar por esperar mais um pouco (vejam a minha situação na Heijmans, se tivesse aguentado mais um pouco ainda podia ter saído a ganhar uma migalha), mas com custos para a nossa coerência e objetividade a longo prazo. É excelente não depender da sorte e não devemos descurar os nossos métodos e estratégias só para ter um ganho de curto prazo. Acho também que um investidor português tem obrigatoriamente de diversificar os seus investimentos por ações estrangeiras. Não pode ficar só nas ações nacionais, é demasiado arriscado, quer pelo ambiente político, quer pela Constituição da Republica, quer pelos impostos elevados, quer pela Dívida Pública, quer pela ausência de moeda própria … deve investir também e se calhar principalmente em ações de empresas estrangeiras. E para isso meus amigos, é obrigatório saber bem inglês. Todos os relatórios e contas, todas as notícias, de todas as empresas cotadas no mundo são publicadas na língua de origem e em inglês. Quem não sabe inglês não consegue perceber patavina de coisa alguma e fica só pelo trading de curto prazo e pelos gráficos, ou seja, é um ceguinho. Vocês os três são homens inteligentes e deviam começar por melhorar substancialmente o vosso inglês. Tirem um daqueles cursos de inglês, estão à espera de quê? E depois leiam livros, não necessariamente sobre Bolsa (eu também gosto muito de livros de desenvolvimento pessoal, o meu preferido: The Way of the Peaceful Warrior) em inglês. Mas é assim, enquanto eu for vivo e tiver saúde, vos garanto que estarei por aqui a trabalhar diariamente para vos escolher as melhores ações. Este Curso de Bolsa servirá para vos dar mais autonomia, mais segurança, compreensão e potencialmente mais rendibilidade, mas podem contar comigo para o trabalho diário. Parece que o Sandro Leão depois também vai querer ajudar a analisar ações, mas ele também quer fazer tudo, este mundo e o outro ☺ Paulo Mota, no fim de semana de 18 e 19 vou a um torneio de ténis no Luso, concelho da Mealhada, deixa ver a quantos km fica de Fafe … 171 km, ooops. José Silva, acho que alguns conceitos de Análise Fundamental poderão ajudar-te a gerir os teus negócios ;-) Abraços, César Borja