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AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL
MÓDULO 13
Índice
1. Globalização: Seus Impactos e Tendências....................3
1.1 A globalização e os recursos naturais ............................. 3
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Ambiente Econômico Global - Módulo 13
1. GLOBALIZAÇÃO: SEUS IMPACTOS E TENDÊNCIAS
1.1 A GLOBALIZAÇÃO E OS RECURSOS NATURAIS
Um país rico em recursos naturais pode se considerar abençoado ou
amaldiçoado? Segundo Stiglitz (2007), no Azerbaijão, por exemplo, ao serem
descobertas novas fontes do recurso, houve expressiva valorização
territorial; no entanto, os empresários, assim que se esgotaram os poços,
deixaram o país semiabandonado, enquanto boa parte da população
continuava pobre. A partir do século XXI, no mesmo lugar, houve outro
boom, dessa vez devido à construção de novos oleodutos.
Em ambas as situações, ficou clara a estratégia dos investidores:
aproveitar e sugar os recursos naturais ao máximo, e depois partir. Na
Nigéria, a população foi obrigada a defrontar-se com o mesmo tipo de
problema. Lá também houve um boom do petróleo, mas, à época, em pleno
regime militar, não houve crescimento econômico, apesar do grande volume
de exportações: aumentaram apenas as taxas de pobreza e criminalidade.
Em Serra Leoa, um conflito interno entre autoridades e rebeldes pela posse
de diamantes deixou 75 mil mortos e dois milhões de deslocados.
O caso do Chile também é exemplar. Segundo Judensnaider (2007),
A economia chilena, ao final do século XIX e início do XX, era de
natureza monoextrativista e latifundiária, exportando salitre e importando
manufaturados; caracterizava-se, portanto, por uma alta vulnerabilidade às
oscilações de preço do nitrato no mercado internacional. (...) O oro blanco
vindo das minas passou a ser a principal atividade econômica do Chile, após
o abandono paulatino da monocultura agrícola. (...) Assim, em 1890, 52%
das rendas obtidas em exportação vinham do comércio do salitre, e quase
60% da exploração salitreira estavam nas mãos de estrangeiros,
especialmente ingleses. O salitre continuou como sustentáculo da economia
chilena até 1929: no mínimo, representaria 45% das rendas com exportação
até 1923. De 1924 a 1929 perderia participação na pauta de exportações do
Chile, decrescendo continuamente, e alcançando não mais que 23% em
1929. A partir desta data, a economia chilena daria impulso (...) [ao
processo] de substituição do salitre pelo cobre, especialmente em função da
queda internacional dos preços do nitrato ocasionada pela concorrência da
produção, na Alemanha, do amoníaco sintético, similar ao salitre
(substituição essa levada a cabo com eficiência já que, durante o período da
II Guerra Mundial, o cobre chileno responderia por 18% de todo o metal
consumido no conflito). (...) Atualmente, o cobre representa 30% do total de
exportações chilenas, e o Chile é responsável por 40% das exportações
mundiais do metal.
Do salitre ao cobre, da exploração inglesa à exploração americana.
Ainda hoje, apesar do crescimento e de ser modelo de aplicação do
neoliberalismo, o Chile tem sua economia em grande parte atrelada à
exportação de seus recursos naturais e, portanto, significativamente
vulnerável às oscilações internacionais de preço.
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Dos recursos naturais, um dos mais valiosos é o petróleo, essencial
para o crescimento capitalista até que se encontre outra fonte alternativa de
energia. A figura 1 mostra as maiores reservas mundiais de petróleo.
Figura: Maiores reservas de petróleo, em bilhões de barris
Fonte: http://f.i.uol.com.br/folha/dinheiro/images/0810575.gif
Estarão esses países destinados à riqueza? A história mostra que nem
sempre a mera propriedade de vastas reservas de algum recurso natural tido
como essencial é garantia de crescimento ou desenvolvimento. Segundo
Stiglitz (2007), os países em desenvolvimento, ricos em recursos naturais,
raramente conseguem se ver livres da dependência que acabam mantendo
com a atividade de exploração, além de enfrentarem dificuldades com as
flutuações de preço no mercado internacional.
Há também disputas entre países fronteiriços, especialmente quando
uma nação tem reserva de algum recurso valioso e outra não; mais conflito
ainda quando as fronteiras foram demarcadas pelas antigas potências
coloniais, como se observa no caso do Iraque. Essas disputas, muitas vezes,
acabam por motivar movimentos de independência ou conflitos armados
para garantir a posse do recurso.
A posse de recursos naturais valiosos também gera violência, seja ela
na forma de instabilidade política ou sob a forma de corrupção, uma vez que
muitos governantes acabam por administrar os recursos como se privados
fossem (e o Oriente Médio é pródigo em exemplos desse tipo). “A riqueza
gera poder, o poder que possibilita que a classe dominante mantenha essa
riqueza” (Stiglitz, 2007, p. 238). Ainda, há conflitos entre o governo e as
empresas responsáveis pela exploração dos recursos naturais: são inúmeros
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os casos em que as multinacionais obrigam o governo a pagar pela
exploração das reservas, mesmo que não haja demanda suficiente.
Mesmo quando há privatização de empresas estatais (que em
momentos anteriores detinham o monopólio da exploração de recursos
naturais), podem ocorrer prejuízos para o país possuidor de reservas.
Com demasiada frequência, o país perde duas vezes: primeiro, com o
contrato injusto ou a privatização, depois com o tumulto político e atenção
adversa da comunidade internacional de investimentos, quando é feita uma
tentativa de endireitar as coisas (Stiglitz, 2007, p. 247).
No caso da Arábia Saudita, por exemplo, o dinheiro conseguido com o
petróleo foi gasto em propriedades londrinas e armas, e as chances de se
recuperar o dinheiro desperdiçado são pequenas.
Outro problema enfrentado pelos países que exploram recursos
naturais é a fragilidade econômica decorrente da atividade de
extração/exploração: como os preços flutuam no mercado internacional,
esses países, além de contarem com menos programas econômicos e sociais
de prevenção, tornam-se mais vulneráveis ao não conseguirem arcar com o
pagamento de empréstimos contratados no período de alta de preços. Esses
efeitos se fazem sentir até mesmo na adoção de políticas cambiais: no caso
de valorização cambial, facilitam-se importações e dificultam-se exportações,
aumentando déficits públicos e causando desaquecimento da economia em
outros setores.
Da mesma forma que a posse de recursos naturais não garante o
crescimento, a falta deles não significa obstáculo ao desenvolvimento. Alguns
países representam exemplos a serem seguidos, como a Noruega, que
reconheceu a limitação dos seus recursos naturais, criando um bom fundo de
estabilização; a Botsuana, cujo crescimento econômico anual beira o dos
Tigres Asiáticos; e a Malásia, que conseguiu entrar no grupo dos países
recentemente industrializados.
Segundo Stiglitz (2007), há medidas a serem tomadas por parte dos
países desenvolvidos que podem minimizar as dificuldades que enfrentam os
países em desenvolvimento ricos em recursos naturais. Para o economista,
os países desenvolvidos podem aconselhar politicamente, podem servir de
modelo, podem dificultar a venda de armas. Também é possível ajudar no
estabelecimento de normas e limitar, através de um órgão internacional, os
danos ambientais. No entanto, o paradoxo da abundância é inevitável:
Há um problema primordial: o bem-estar dos países em
desenvolvimento ricos em recursos naturais depende de quanto eles obtêm
por esses recursos; o bem-estar das empresas ricas dos países industriais
avançados depende do quão pouco elas pagam por eles (Stiglitz, 2007, p.
267).
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