Disciplina: Economia & Negócios Líder da Disciplina: Ivy Jundensnaider Professora: Rosely Gaeta NOTA DE AULA 08 – DESAFIOS ECONÔMICOS SEMANA E DATA __/__/____ 8. Desafios econômicos A questão ambiental tem sido um tema recorrente na ultima década, e que vem ganhando status junto aos países preocupados com a questão da sustentabilidade. A relação entre globalização e saúde ambiental é quase um consenso, e entende-se que os reflexos a longo prazo são catastróficos: a modernização de países como China e Índia aumentou a demanda por energia e o planeta não tem meios de suportar esse aumento. Segundo Judensnaider (2009), “Uma estatística interessante (divulgada pelo WWF-Brasil) mostra que uma camiseta de algodão requer 2900 litros de água para ser produzida. A permanecer as atuais taxas de consumo e crescimento populacional, o esgotamento dos recursos hídricos mundiais pode ocorrer por volta de 2053[1] . A calota de gelo polar no Ártico está desaparecendo em função do aquecimento global, e só não desaparecerá totalmente por que é provável que as reservas mundiais de petróleo e gás natural não sejam suficientes para produzir a quantidade necessária de dióxido de carbono que possa derretê-la por completo. Mesmo as fontes mais otimistas são categóricas ao afirmar: ainda que possamos identificar e explorar novos poços de petróleo, é quase certo que esse século será o último da Era do Petróleo”. A situação acima pode nos levar a concluir que países que possuem um vasto estoque de recursos naturais estejam em posição privilegiada. Afinal, um país rico em recursos naturais pode se considerar abençoado ou amaldiçoado? No Azerbaijão, por exemplo, ao serem descobertas novas fontes do recurso, houve expressiva valorização territorial; no entanto, os empresários, assim que se esgotaram os poços,deixaram o país semi-abandonado, enquanto boa parte da população continuava pobre. A partir do século XXI, no mesmo lugar, houve outro boom, dessa vez devido à construção de novos oleodutos. Em ambas as situações, ficou clara a estratégia dos investidores: aproveitar e sugar os recursos naturais ao máximo, e depois partir. Na Nigéria, a população foi obrigada a defrontar-se com o mesmo tipo de problema. Lá também houve um boom do petróleo, mas, à época, em pleno regime militar, não houve crescimento econômico apesar do grande volume de exportações: aumentaram apenas as taxas de pobreza e criminalidade. Em Serra Leoa, um conflito interno entre autoridades e rebeldes pela posse de diamantes deixou 75 mil mortos e 2 milhões de deslocados. O caso do Chile também é exemplar. Segundo Judensnaider (2007), “A economia chilena, ao final do século XIX e início do XX, era de natureza monoextrativista e latifundiária, exportando salitre e importando manufaturados; caracterizava-se, portanto, por uma alta vulnerabilidade às oscilações de preço do nitrato no mercado internacional. (...) O oro blanco vindo das minas passou a ser a principal atividade econômica do Chile, após o abandono paulatino da monocultura agrícola. (...) Assim, em 1890, 52% das rendas obtidas em exportação vinham do comércio do salitre, e quase 60% da exploração salitreira estavam nas mãos de estrangeiros, especialmente ingleses. O salitre continuou como sustentáculo da economia chilena até 1929: no mínimo, representaria 45% das rendas com exportação até 1923. De 1924 a 1929 perderia participação na pauta de exportações do Chile, decrescendo continuamente, e alcançando não mais que 23% em 1929. A partir desta data, a economia chilena daria impulso (...) [ao processo] de substituição do salitre pelo cobre, especialmente em função da queda internacional dos preços do nitrato ocasionada pela concorrência da produção, na Alemanha, do amoníaco sintético, similar ao salitre (substituição essa levada a cabo com eficiência já que, durante o período da II Guerra Mundial, o cobre chileno responderia por 18% de todo o metal consumido no conflito).(...) Atualmente, o cobre representa 30% do total de exportações chilenas, e o Chile é responsável por 40% das exportações mundiais do metal”. Do salitre ao cobre, da exploração inglesa à exploração americana. Ainda hoje, apesar do crescimento e de ser modelo de aplicação do neoliberalismo, o Chile tem sua economia em grande parte atrelada à exportação de seus recursos naturais e, portanto, significativamente vulnerável às oscilações internacionais de preço. Dos recursos naturais, um dos mais valiosos é o petróleo, essencial para o crescimento capitalista até que se encontre outra fonte alternativa de energia. A Figura abaixo mostra as maiores reservas mundiais de petróleo. Figura: Maiores Reservas de Petróleo, em bilhões de barris Fonte: http://f.i.uol.com.br/folha/dinheiro/images/0810575.gif Estarão estes países destinados à riqueza? A história mostra que nem sempre a mera propriedade de vastas reservas de algum recurso natural tido como essencial é garantia de crescimento ou desenvolvimento. Os países em desenvolvimento, ricos em recursos naturais, raramente conseguem se ver livres da dependência que acabam mantendo com a atividade de exploração, além de enfrentarem dificuldades com as flutuações de preço no mercado internacional. Há também disputas entre países fronteiriços, especialmente quando uma nação tem reserva de algum recurso valioso e outra não; mais conflito ainda quando as fronteiras foram demarcadas pelas antigas potências coloniais, como se observa no caso do Iraque. Essas disputas muitas vezes acabam por motivar movimentos de independência ou conflitos armados para garantir a posse do recurso. A posse de recursos naturais valiosos também gera violência, seja ela na forma de instabilidade política ou sob a forma de corrupção, uma vez que muitos governantes acabam por administrá-los como se privados fossem (e o Oriente Médio é pródigo em exemplos deste tipo). Ainda, há conflitos entre o governo e as empresas responsáveis pela exploração dos recursos naturais: são inúmeros os casos em que as multinacionais obrigam o governo a pagar pela exploração das reservas, mesmo que não haja demanda suficiente. Outro problema enfrentado pelos países que exploram recursos naturais é a fragilidade econômica decorrente da atividade de extração/exploração: como os preços flutuam no mercado internacional, esses países, além de contarem com menos programas econômicos e sociais de prevenção, tornam-se mais vulneráveis ao não conseguir arcar com o pagamento de empréstimos contratados no período de alta de preços. Esses efeitos se fazem sentir até mesmo na adoção de políticas cambiais: no caso de valorização cambial, facilitam-se importações e dificultam-se exportações, aumentando déficits públicos e causando desaquecimento da economia em outros setores. Da mesma forma que a posse de recursos naturais não garante o crescimento, a falta deles não significa obstáculo ao desenvolvimento. Alguns países representam exemplos a serem seguidos, como a Noruega, que reconheceu a limitação dos seus recursos naturais, criando um bom fundo de estabilização; a Botsuana, cujo crescimento econômico anual beira o dos Tigres Asiáticos; e a Malásia, que conseguiu entrar no grupo dos países recentemente industrializados. Há medidas a serem tomadas por parte dos países desenvolvidos que podem minimizar as dificuldades que enfrentam os países em desenvolvimento ricos em recursos naturais. Para o economista, os países desenvolvidos podem aconselhar politicamente, podem servir de modelo, podem dificultar a venda de armas. Também é possível ajudar no estabelecimento de normas e limitar, através de um órgão internacional, os danos ambientais. Exercícios: Exercício 1: Porque a questão dos recursos naturais é tão fundamental para os economistas? Resposta: Exercício 2: Como a questão dos recursos naturais deve ser tratada por todos os países, independentemente do grau de desenvolvimento? Resposta: Sugerimos, finalmente, a leitura do texto "Cronica de uma crise anunciada", disponível em http://www.arscientia.com.br/materia/ver_materia.php?id_materia=541>, acesso em 9 de maio de 2011. Bons Estudos!!!! [1] Recomenda-se a leitura de Recursos Hídricos, agricultura irrigada e meio ambiente, de Vital Pedro da Silva Paz, Reges Eduardo Franco Teodoro e Fernando Campos Mendonça, disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141543662000000300025&lng=pt&nrm=iso