[Digite texto] E-COMMERCE e o CONSUMIDOR : Como ele está reagindo à expansão do canal digital? Carla Lie Abe Lopes José Augusto Guagliardi Nayá Gomes Corrêa RESUMO O comércio digital tem avançado significativamente nas relações comerciais de uma maneira geral. A Internet, por sua vez, tem um papel essencial para tal avanço, gerando eficiência neste canal específico de vendas. O presente estudo busca analisar se o porquê o consumidor está migrando para o comércio digital e quais são os tipos de produtos e serviços que ele mais busca no e-commerce. Para tanto, foi utilizada a metodologia survey , em que se aplicou um questionário em uma amostra de consumidores e usuários da Internet, a fim de capturar a preferência de diferentes perfis de consumidores em relação ao canal digital versus canal tradicional do varejo. Os resultados deste estudo devem contribuir para a compreensão do comportamento do consumidor no Brasil em relação ao meio digital e se ele está aceitando ou não a sua expansão. Sob o aspecto acadêmico, este estudo colabora para o entendimento técnico dos temas de Comportamento do Consumidor, Internet e o Comércio Digital no Brasil e seus consumidores. ABSTRACT The digital commerce has made significant progress in trade relations in general. The Internet, meanwhile, has an essential role for such advancement, generating efficiencies in this specific sales channel. This study seeks to examine why the consumer is migrating to digital commerce and what are the types of products and services they seek most in e-commerce. To this end, the survey methodology, which was applied a questionnaire to a sample of consumers and Internet users, in order to capture the preference of different types of consumers in relation to the digital channel versus traditional retail channel was used. The results of this study should contribute to the understanding of consumer behavior in Brazil relação to digital media and whether it is accepting or not its expansion. On the academic side, this study contributes to the understanding of the technical issues of Consumer Behavior, Internet and Digital Commerce in Brazil and its consumers. Key Words: Consumer Behavior, Digital Commerce E-commerce, Electronic Commerce INTRODUÇÃO O crescimento do número de usuários da Internet e o aumento da importância do comércio eletrônico (e-commerce) estão impactando tanto o mercado para as organizações como também as alternativas de canais de compra para o consumidor (Conde, A. C., 2013). A diferença entre o canal tradicional do varejo e a compra através da Internet é significativa, por conta dos elementos de contexto, ou influências distintas (Eastman; Iyer; Randal, 2009). Baseado nesta linha de pesquisa, este trabalho se propõe a investigar como o consumidor está reagindo à expansão do canal digital e identificar quais são os fatores que motivam este consumidor a migrar ou não de um canal tradicional para um canal online. Este fenômeno de compras através da Internet torna a interação do consumidor com a empresa mais recorrente, de maneira a ocorrerem em diversos momentos do ciclo de compra e de relacionamento com o cliente. A variedade encontrada no comércio online já se iguala ao canal de vendas tradicional, além do mais, ao comprar pela Internet o consumidor evita incômodos como espera nas filas dos caixas e estacionamentos cheios. Ademais, a Internet traz as mãos do consumidor informações diversas em relação ao produto, marca, fabricante, preço, opiniões diversas, etc., possibilitando que o consumidor realize suas decisões da melhor maneira possível. (Crescitelli, 2013) 2 A Internet trouxe aos consumidores diversas novidades, como por exemplo, maior velocidade nas transações e menores distâncias físicas. Desta forma, é imprescindível que as empresas tenham conhecimento sobre o processo de decisão de compra neste meio (Oliveira, 2007. No entanto, Liao e Cheung (2001) alertam que, apesar de cada vez mais empresas interessam-se pelo comércio eletrônico, especialmente em vendas ao consumidor, entretanto a maioria das informações disponíveis para orientá-las refere-se ao mercado internacional, especialmente, ao mercado norteamericano, em que “fatores determinantes, variando das preferências do consumidor a custos de transação (logística, comunicações, pagamentos e informação), têm sido identificados e seus efeitos explorados”. Conforme afirmam os autores, aplicar as descobertas desses estudos em outros mercados não é recomendado, uma vez que é “difícil encontrar situações nas quais as apropriadas condições ceteris paribus estejam presentes.” OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICO DE PESQUISA Objetivo Geral Analisar o comportamento do consumidor no comércio digital. Objetivo Específico Identificar quais os fatores que influenciam as compras no mercado digital e quais as categorias de produtos que mais atraem os consumidores neste canal através de uma pesquisa exploratória. REFERENCIAL TEÓRICO Comportamento do Consumidor O consumidor passou a ter novas opções e formas para realizar suas compras. Apesar do crescimento do mercado digital, ainda não se sabe tudo sobre a mudança no comportamento do consumidor, em relação às suas atitudes, percepções e qual perfil do consumidor que adere ou não a este novo canal. Já é sabido que o conhecimento a respeito do comportamento do consumidor pode trazer impacto positivo aos negócios, já a área de marketing consegue agir de forma mais eficaz. Não seria diferente no mercado digital, onde o marketing tem que muitas vezes ser mais convincente do que nos demais canais de compra, já que o consumidor tem acesso a outras lojas online com muito mais facilidade e comodidade. Portanto, tendo o conhecimento do comportamento do consumidor, entendendo qual a real necessidade do consumidor a empresa passa a ter vantagem sobre seus concorrentes. As definições a respeito do comportamento do consumidor contemplam distintas perspectivas, porém muito se assemelham. De acordo com Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p.4): o campo do comportamento do consumidor envolve o estudo de indivíduos, grupos ou organizações e o processo que eles usam para selecionar, obter, usar e dispor de produtos e serviços, experiências ou ideias para satisfazer e o impacto que esses processos têm sobre o consumidor e a sociedade. Para Engel, Blackwell e Miniard (1995, p.4), comportamento do consumidor são as atividades diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo os processos decisórios que antecedem e sucedem estas ações. Segundo Peter e Olson (2009, p. 4), uma organização deve satisfazer as necessidades e os desejos do consumidor para gerar lucros, para concretizar este conceito é necessário que as organizações compreendam seus clientes e permaneçam próximos com o propósito de oferecer produtos e serviços que eles certamente comprarão e usarão conforme suas necessidades. Ainda de acordo com Peter e Olson (2009, p. 5), o comportamento do consumidor envolve os pensamentos e 2 3 sentimentos que as pessoas experimentam e suas ações no processo do consumo. Além disso, também incluem todas as coisas do ambiente que podem influenciar esses pensamentos, sentimentos e ações, assim como comentários alheios, propagandas, informações sobre preço, embalagem, aparência do produto, entre outros. Os autores enfatizam que o comportamento do consumidor é dinâmico e envolve interações e troca. A figura 1 representa o modelo apresentado por Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007), utilizado para compreender a estrutura e o processo geral do comportamento do consumidor. De acordo com o processo apresentado pelos autores, os indivíduos desenvolvem uma autoimagem e um subsequente estilo de vida baseados em uma variedade de influências internas (psicológicas e físicas) e influências externas (sociológicas e demográficas). Figura 1: Modelo Geral do Comportamento do Consumidor Fonte: Adaptado Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) Influências Externas Fatores Culturais Segundo Kotler e Keller (2006, p. 173), a cultura é o principal determinante do comportamento do consumidor e dos desejos de uma pessoa. Isto porque, à medida que a pessoa cresce ela vai absorvendo valores, percepções, preferências e comportamentos de sua família e outras instituições. Para Engel, Blasckwell e Miniard (1995, p. 394), cultura refere-se a um conjunto de valores, ideias, artefatos e outros símbolos significativos que ajudam os indivíduos a se comunicar, a interpretar e a avaliar como membros da sociedade. Os autores afirmam que a cultura afeta profundamente o porquê de as pessoas comprarem e os produtos específicos que as pessoas compram, da mesma forma que afetam a estrutura de consumo, a tomada de decisão individual e a comunicação em uma sociedade (Engel; Blackwell; Miniard, 1995). 3 4 Toda cultura é composta de diversas subculturas, ou seja, grupos de pessoas que compartilham os mesmos valores com base em situações e experiências de vida comum. Dentre as subculturas estão as nacionalidades, religiões, grupos raciais e regiões geográficas (Kotler; Armstrong, 2007). Classes sociais que são divisões de uma sociedade ordenadas de modo que seus membros compartilhem valores, interesses e comportamentos similares. As classes são determinadas por diversos fatores, como renda, instrução, riqueza e não só pela renda. Além disso, pessoas da mesma classe social tendem a exibir comportamentos de compra parecidos, já que mostram preferências semelhantes por produtos e marcas (Kotler; Armstrong, 2007). Fatores culturais não verbais, como tempo, espaço, símbolos, acordos coisas e etiqueta, segundo Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p.42), são específicos para cada cultura. Para os autores, sistemas de comunicação não verbal são arbitrários além das palavras que uma cultura confere as ações, eventos e coisas. Fatores Sociais Os fatores sociais também têm influência no comportamento dos consumidores, como pequenos grupos, família, papéis sociais e status. As pessoas são diretamente influenciadas pelos grupos dos quais elas fazem parte, ou seja, os grupos de associação (Kotler; Armstrong, 2007). Os grupos de referência, isto é, aqueles os quais as pessoas têm como referência. Estes grupos influenciam na formação do comportamento e nas atitudes das pessoas (Kotler; Armstrong, 2007). Saber quais são os grupos de referência possibilitam o profissional de marketing identificar novos comportamentos e estilo de vida. Os grupos de referência, segundo Engel, Blackwell e Miniard (1995, p. 461), é qualquer pessoa ou grupo que influencia, significativamente, o comportamento de um indivíduo. Este tipo de grupo fornece padrões (normas) e valores que podem tornar-se a perspectiva determinante de como uma pessoa pensa e se comporta. Para os autores, existem três formas com as quais os grupos de referência afetam a escolha do consumidor. A primeira delas é a aquiescência normativa, em que existe um apelo à conformidade em condições em que existem fortes pressões normativas, a aceitação social é uma motivação forte e o produto ou serviço é ostensivo em sua compra e/ou uso. A segunda forma é a influência da expressão de valor, em que uma necessidade de associação psicológica com um grupo é evidenciada por aceitação de suas normas, valores ou comportamentos, e é dada uma resposta adequada, apesar de que possa não haver motivação para tornar-se membro. A última maneira que grupos de referência afetam consumidores é a influência informacional, em que os consumidores aceitam as opiniões alheias como fornecendo evidências confiáveis e necessárias sobre a realidade. De acordo com Kotler e Armstrong (2007, p. 119), a família também tem grande influência no comportamento do consumidor. O envolvimento homem-mulher e as crianças da família podem exercer uma importante influência. No caso do homem e da mulher, os papeis de compra, ou seja, quem é o agente de compra de cada área vem mudando ao decorrer dos anos. Esta informação é importante para os profissionais de marketing, que direcionam a comunicação para o público específico com mais efetividade. Além disso, existem algumas variáveis estruturais que incluem idade do chefe do domicílio, o estado civil, a presença de filhos e o status de emprego, que afetam as compras da família/ domicílio (Engel; Blackwell; Miniard, 1995). Fatores Pessoais As decisões de compra variam de indivíduo para indivíduo por conta das características únicas de cada um de nós. Umas dessas variáveis é a personalidade, isto é, respostas consistentes aos estímulos ambientais, baseadas em características psicológicas internas e duradouras (Engel; 4 5 Blackwell; Miniard, 1995) ou, segundo outro ponto de vista, distintos padrões de comportamento, incluindo pensamentos e emoções que caracterizam a adaptação de cada pessoa às situações de sua vida (Minor; Mowen, 2003), ou ainda tendências de respostas características de um indivíduo em situações semelhantes (Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007). Além da personalidade, outra variável importante são os valores de cada um. Valores são definidos como representantes das crenças sobre a vida e os comportamentos aceitáveis, mais duradouros do que as atitudes, centrais na estrutura da personalidade e por isso determinantes das escolhas e desejos de longo prazo (Kotler e Keller , 2006). Os valores podem ser sociais, quando definem o comportamento normal para uma sociedade ou grupo ou pessoais quando definem o comportamento normal para o indivíduo (Engel; Blackwell; Miniard, 1995). Engel, Blackwell e Miniard (1995, p. 477) citam também o ciclo de vida da família também como um fator pessoal que tem influência de compra. Isto é os estágios que as famílias passam ao longo do seu amadurecimento, que passa de solteiro, para recém casados, para ninho cheio, para ninho vazio, para sobrevivente solitário e, por fim, torna-se sobrevivente solitário aposentado. Apesar disto, as famílias e domicílios estão em constante modificação, como o aumento de domicílios de solteiros, menor tamanho médio das famílias, casamentos tardios, divórcio, entre outros, no entanto o que é interessante para os profissionais de marketing é identificar o papel desempenhado por mulheres, homens e crianças. Isto porque, as pessoas compram diferentes artigos e serviços durante a vida e o gosto no que diz respeito a roupas, móveis e lazer em geral se relaciona a sexo e idade (Kotler e Keller , 2006). Outro fator social citado por Kotler e Keller (2006, p. 180) é o tipo de ocupação e as circunstâncias econômicas. O tipo de ocupação, operário ou presidente de uma empresa, definirão os tipos de produtos a serem comprados por cada pessoa e possivelmente pessoas do mesmo grupo terão interesses comuns. As circunstâncias econômicas (renda disponível, bens, débitos, capacidade de endividamento e atitude em relação a gastar ou economizar) é outro fator que deve ser observado por profissionais de marketing, principalmente por aqueles com produtos sensíveis à renda. Influências Internas As influências internas são fatores psicológicos que determinam a forma como as pessoas agem, pensam e compram. Estes fatores estão divididos em quatro grandes grupos: motivação, percepção, aprendizagem e memória (Kotler e Keller , 2006). Motivação A motivação é resultado de uma necessidade. Esta necessidade pode ser fisiológica (fome, sede, etc.) ou então psicológica (reconhecimento, status, etc.). Existem três teorias mais conhecidas a respeito da motivação humana (Freud, Maslow e Herzberg), segundo Kotler e Keller , 2006: o Teoria de Freud: ninguém chega a entender a motivação, pois o comportamento dos indivíduos é formado por forças inconscientes; o Teoria de Maslow: hierarquiza as necessidades humanas em ordem de importância: fisiológicas, segurança, sociais, estima e necessidade de auto realização; o Teoria de Herzberg: apresenta dois fatores: insatisfeitos (fatores que causam insatisfação) e satisfeitos (fatores que causam satisfação), para que haja motivação não podem ter fatores de insatisfação e devem ter fatores que causem satisfação. Percepção Para Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p.114), a percepção é um processo que começa com a exposição e a atenção do consumidor aos estímulos de marketing e termina com a interpretação do consumidor. A percepção é o processo por meio do qual alguém seleciona, organiza e interpreta as informações recebidas para criar uma imagem significativa do mundo (Kotler e Keller , 2006). Ela 5 6 depende não só dos estímulos físicos, mas também da relação destes estímulos com o ambiente e das condições internas da pessoa. Por este motivo, podem haver diferentes percepções a respeito do mesmo objeto. Para Kotler e Keller (2006, p. 185), há quatro processos que fazem com que cada indivíduo tenha uma percepção: o Atenção seletiva: todo individuo filtra os estímulos e informações que recebe; o Distorção seletiva: o indivíduo recebe a informação mas transforma-a em significados pessoais e a interpreta de maneira que se adapte aos seus próprios prejulgamentos; o Retenção seletiva: indivíduos retêm as informações que confirmam suas crenças e atitudes; o Percepção subliminar: indivíduos não têm uma percepção consciente, mas a mensagem subliminar afeta de alguma maneira o comportamento. Aprendizagem O processo de aprendizagem consiste em mudanças no comportamento decorrentes de experiências passadas, por isso que a maior parte do comportamento humano é aprendida (Kotler; Keller, 2006). A aprendizagem ocorre por meio de interação de impulsos, estímulos, sinais, respostas e reforços (Kotler; Armstrong, 2007). Sendo que impulsos são fortes estímulos internos que impele à ação, enquanto os sinais são estímulos menores que determinam quando, onde e como as pessoas reagem. O aprendizado pode ser também considerado como qualquer mudança no conteúdo ou na organização da memória ou do comportamento e é resultado do processamento de informações, ou seja, atividades por meio das quais os estímulos são percebidos, transformados e armazenados (Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007). Memória A memória influência a percepção do indivíduo, de maneira que ele possa se antecipar e se expor seletivamente aos estímulos que possam vir a encontrar (Minor; Mowen, 2003). A memória está segmentada em dois tipos de armazenamento a de curto prazo e a de longo prazo (Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007). A memória de curto prazo tem capacidade limitada para armazenar informações e sensações. Essas informações enquanto são analisadas e interpretadas são armazenadas nesta memória. Já a memória de longo prazo é tida como permanente e ilimitada, onde são armazenadas as informações enquanto não estão sendo utilizadas. Processo de Decisão do Consumidor Para que o indivíduo realize uma compra, é preciso que ele passe por um processo de decisão. O processo de decisão do consumidor consiste em um conjunto de processos envolvidos no reconhecimento de problemas, na busca de soluções e na avaliação dos resultados da escolha (Minor; Mowen, 2003). Eles (2003, p. 192) propõem um modelo genérico de tomada de decisão que identifica os estágios que os consumidores passam quando tomam decisões. Os estágios são os seguintes: reconhecimento do problema, busca de informações, avaliação de alternativas, escolha e avaliação pós compra (os estágios estão ilustrados na Figura 2) Kotler e Keller (2006, p. 189), compartilham do mesmo modelo de Minor e Mowen, que os consumidores passam pelos mesmos cinco etapas para comprar um produto, mas acrescentam que o processo pode começar bem antes da compra real e tem consequências que perduram por muito tempo. Figura 2: Fluxo do processo de decisão do consumidor 6 7 Reconhecimento do Problema Busca de Informações Avaliação de Alternativas Escolha Avalição Pós Venda Fonte: Adaptado Minor e Mowen (2003) Reconhecimento do Problema O reconhecimento do problema ocorre quando se desenvolve uma discrepância entre a condição real e a desejada (Minor; Mowen, 2003), ou então pode-se dizer que existe uma nova necessidade. Segundo Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p.292), a condição real é o modo como um indivíduo percebe seus sentimentos e sua situação no momento atual. Já a condição desejada é o modo como um indivíduo deseja se sentir ou estar no momento atual. Os autores ressaltam que a percepção do consumidor acerca do estado atual é o que impulsiona o reconhecimento do problema, e não a realidade objetiva. No entanto, a compra só se concretiza quando há o reconhecimento de um problema e é relacionado à importância do problema para o consumidor, à situação e à insatisfação ou inconveniência gerada pelo problema (Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007). Outro ponto que deve ser considerado, é que consumidores apenas realizam compras quando acreditam que a habilidade do produto em solucionar problemas vale mais que o custo em compra-lo, e desta forma faz o reconhecimento de uma necessidade não satisfeita, ou seja, dá primeiro passo de venda de um produto (Engel; Blackwell; Miniard, 1995). Os problemas reconhecidos pelo consumidor podem ser ativos ou inativos. Os problemas ativos são aqueles que o consumidor está consciente ou se tornará consciente no curso normal dos eventos. Os problemas inativos são aqueles que o consumidor não está consciente (Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007). A abordagem que as empresas têm com estes dois tipos de problemas são diferentes, já que no primeiro caso, basta que a empresa convença o consumidor que sua marca é melhor que a concorrência e no caso que problemas inativos a empresa precisa mostrar ao consumidor que ele está com um problema, para então convence-lo que sua marca é melhor que as demais. Em outras palavras, s empresas não têm a possibilidade de criar uma necessidade para as pessoas, mas podem mostrar a eles como seu produto atende a necessidades ou problemas ainda não percebidos anteriormente pelos consumidores (Engel; Blackwell; Miniard, 1995). Busca de Informações A partir do momento em que o consumidor identificou uma necessidade, ele começa a buscar informações e soluções para satisfazer suas necessidades. Esta busca pode ser tanto interna quanto externa. A busca interna é feita recuperando conhecimentos de sua memória, ou até mesmo seguindo suas tendências genéticas. Já a busca externa pode ser buscada a partir de pessoas a sua volta, como pares, familiares ou no mercado (Engel; Blackwell; Miniard, 1995). 7 8 Para Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p.312), os consumidores decidem quantas e quais fontes de informação vão utilizar, tanto no nível macro (fontes pessoais) quanto micro (indivíduo específico), dando como resultado uma decisão de compra que considerou um subconjunto de decisões a respeito da busca de informação. Avaliação das Alternativas Neste estágio o consumidor avalia as alternativas e compara as opções de forma a escolher aquela que melhor solucione a sua necessidade. Ao comparar as alternativas, os consumidores formam crenças, atitudes e intenções a respeito das alternativas consideradas (Minor; Mowen, 2003). Ainda de acordo com Minor e Mowen (2003, p. 201): A avaliação das alternativas é influenciada pelo tipo de hierarquia de efeitos que ocorre. Partindo de uma perspectiva de tomada de decisão de alto envolvimento, a avaliação das alternativas segue o modelo de aprendizagem padrão, no qual crenças conduzem à formação da afeição, resultando em intenções comportamentais e comportamentos. Em situações de baixo envolvimento, a avaliação das alternativas consiste na formação de algumas crenças rudimentares acerca das opções em consideração. Relações afetivas fortes (isto é, atitudes) desenvolvem-se apenas após ocorrer o comportamento Engel, Blackwell e Miniard (1995, p.79) consideram que os consumidores utilizam avaliações novas ou preexistentes armazenadas na memória para realizar sua escolha. No entanto, no caso de consumidores diferentes, eles empregam critérios de avaliação diferentes. Para os autores, o que influencia a forma pela que os consumidores avaliam suas escolhas são as diferenças individuais e variáveis ambientais. Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p. 333) consideram que os consumidores têm uma racionalidade limitada, ou seja, uma capacidade limitada de processar informações, então muitas vezes as compras não se baseiam essencialmente nas informações sobre os níveis dos atributos das alternativas. Aliás, em muitas decisões os consumidores constroem um processo de decisão adequado à situação em questão, ou então se baseiam em reações emocionais ao produto ou à marca. Escolha No processo de escolha, ou decisão de compra, alguns fatores de interferência podem afetar a decisão final. Os consumidores muitas vezes não estão dispostos em avaliar os atributos positivos para verificar se eles superam os atributos negativos, e por isso utilizam de modelos não compensatórios que considera as características do produto isoladamente. Segundo Kotler e Keller (2006, p. 195), os modelos não compensatórios podem ser de três formas heurísticas: conjuntiva – consumidor determina um nível mínimo aceitável e escolhe a primeira alternativa que atenda este padrão, lexicográfica – consumidor escolhe a marca baseado no atributo percebido como mais importante e de eliminação de aspectos – consumidor compara marcas com base em um atributo selecionado probabilisticamente e as marcas que não atingirem o mínimo necessário são eliminadas. Além disso, também existem alguns fatores de interferência que podem interferir no processo de decisão, mesmo que o consumidor já tenha uma preferência entre as marcas. Um dos fatores de interferência é a atitude dos outros, ou seja, informações, publicações, opiniões, avaliações, influenciam a escolha do consumidor. Os demais fatores são situacionais que não é possível prever (Kotler e Keller , 2006). Avaliação Pós Compra De maneira simplificada, a avaliação pós compra é feita a partir da percepção do consumidor: se o produto não atende às expectativas, o consumidor fica desapontado; se atende, ele fica satisfeito, 8 9 e se ultrapassa as expectativas, ele fica encantado (Kotler; Armstrong, 2007). Esse sentimento será determinante para que o cliente volte a comprar o produto e para que ele fale favorável ou desfavoravelmente a respeito do produto (Kotler e Keller , 2006). Mowen e Minor (2003, p. 221) ressaltam que: Os sentimentos durante a experiência de consumo influenciarão as avaliações que fará do produto, independentemente da qualidade real do mesmo. A avaliação pós-compra de produtos está intimamente relacionada ao desenvolvimento de sentimentos de satisfação ou insatisfação com o processo de troca. Ainda segundo os autores, o sentimento de insatisfação pode gerar diversas reações não desejadas pelas empresas, dentre elas: tomar alguma ação privada, ou seja, mudar a marca ou o fornecedor; deixar de comprar naquela loja ou aquela categoria de produto ou convencer os amigos a fazer o mesmo representam respostas diretas aos problemas, podendo os consumidores solicitar que a troca seja desfeita para que recebam o dinheiro de volta ou exigir um reembolso de dinheiro ou de um produto de reposição. Consumidor Online A Internet e o Comércio Digital no Brasil Segundo pesquisa realizada pelo IBOPE (2014), Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, no segundo trimestre de 2013 mais de 105 milhões de brasileiros estavam conectados à Internet, número 3% maior em relação ao trimestre anterior. Conforme divulgado pelo IBGE (2014), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2013, a população brasileira tem aproximadamente 200 milhões de habitantes, isto significa que mais de 50% do total da população do Brasil tem algum tipo de acesso à Internet. As finalidades dos acessos podem ser diversas, podendo ser para compra ou realização de encomendas, busca de informações e serviços, realização de transações bancárias, interação com autoridades ou governo, lazer, leitura, atividades relacionadas à educação ou comunicação. E-bit (2014), empresa especializada em informações do comércio eletrônico, divulgou dado de que em 2013, 9,1 milhões de pessoas realizaram sua primeira compra online, chegando a um total de 51,3 milhões de consumidores do mercado eletrônico, ou seja, quase 50% das pessoas que tem acesso à Internet já utilizaram o e-commerce. Devido ao aumento do número de pessoas conectadas a cada ano, o setor de comércio eletrônico no Brasil também tem significativo crescimento em 2013, chegando a movimentar neste ano 28,8 bilhões de reais. Em relação a 2012, o mercado eletrônico teve crescimento de 28%, valor acima do esperado devido à desaceleração da economia e da alta da inflação (E-bit, 2014). Segundo o IBGE (2014), o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro de 2013, chegou a 4,84 trilhões de reais, com crescimento de 2,3% em comparação ao ano anterior. Em 2013, o comércio eletrônico teve representatividade de cerca de 0,6% do PIB, no entanto, como o e-commerce obteve crescimento 10 vezes maior que o PIB, sua representatividade tende a aumentar no curto e longo prazo. O volume de pedidos online, segundo E-bit, cresceu acima do crescimento do faturamento do setor. O volume saltou de 66,7 milhões de pedidos em 2012 para 88,3 milhões em 2013, crescendo 32% neste período, 7 pontos percentuais a mais do que em relação ao crescimento de 2012. Apesar do volume de pedidos ter aumentado, está havendo uma diminuição do ticket médio por pedido, de acordo com os dados da E-bit. Em 2006, o valor do ticket médio era de aproximadamente 349,5 reais, hoje é em torno de 327, queda de 6,4%. Dada à expansão do mercado digital, nota-se a relevância de conhecer comportamento e o perfil dos consumidores deste segmento, para que haja uma complementação por parte dos profissionais de marketing em atuar efetivamente neste canal. O acesso rápido e fácil a informações on-line possibilita que o consumidor colha informações e compare produtos e preços antes de realizar uma compra, por isso muitas vezes o marketing utilizado 9 10 pelo site pode ser decisivo no momento da compra. No entanto, por não ter o contato físico com o vendedor, não ter acesso ao produto ou serviço antes da compra, não podendo vê-lo ou testa-lo, pode existir o sentimento de insegurança em realizar o negócio, por isso é de extrema importância que a empresa invista em ter uma marca confiável. No entanto, alguns pontos negativos em realizar compras pela Internet estão sendo atenuados conforme este canal se torna mais maduro. O exemplo disto é que as garantias das compras no mercado digital hoje são suportadas pelo Código de Defesa do Consumidor – com regras específicas para o comércio eletrônico desde 2013, segundo Isabela Ketelhuth (2014), ou seja, o consumidor tem o direito de se arrepender da compra ou serviço, além do que a empresa é obrigada a prestar serviço de assistência e garantir informações corretas sobre o produto ou serviço. Considerando o cenário atual, de falta de tempo, faz com que a comodidade, possíveis preços mais baixos e garantias oferecidas fazem com que o número de vendas aumente ano a ano. Observando este cenário, diversas empresas já investem na diversificação dos canais de compras em que atuam, buscando abranger todo o tipo de consumidor. Os Consumidores e a Internet Martin (1999) defende que a transformação do consumidor tradicional para o consumidor online é apenas uma questão de tempo, para que ocorra o amadurecimento do internauta e da tecnologia. Para o autor esse amadurecimento citado está dividido em quatro etapas: 1) O usuário concorda em dar informações sobre si em troca de serviços gratuitos (ex.: conta de email); 2) O usuário inscreve-se espontaneamente em sites para receber serviços relevantes, de acordo com seu interesse (ex.: My Yahoo); 3) O comprador faz, pela primeira vez, compras de livros e presentes. No primeiro momento com pouca frequência; 4) O consumidor online se sente confortável com a realização de transações mais complexas, como a utilização de serviços de Internet Banking e participação de leilões. Até porque, a Internet trouxe diversas vantagens aos consumidores, o que favorece a migração dos consumidores para este canal. Sendo que os principais benefícios identificados por Turban, Mclean e Wetherbe (2004, p. 161) estão citados abaixo: o Produtos e serviços mais baratos, possibilitados pela facilidade de comparação de preços de mercado; o Escolhas mais diversificadas por passarem a ter acesso a mais fornecedores; o Comodidade de horário, o acesso pode ser efetuado a qualquer hora do dia; o Informações detalhadas dos produtos rapidamente; o Acesso a produtos personalizados; o Participação de leilões virtuais; o Interação com outros consumidores, para compartilhar e trocar ideias. Para Kalakota e Robinson (2002, p. 53), os clientes cada vez mais estão buscando fatores que são atendidos pelo comércio online, como: o Serviços mais rápidos: atendimento aos clientes cada vez mais ágil; o Auto serviço: o consumidor pode escolher em fazer suas compras em qualquer lugar, a qualquer horário desde que esteja conectado à Internet; o Mais opções de produtos: as empresas online podem ter um portfólio de produtos maior do que um varejista tradicional, pois não há restrição de espaço físico; o Soluções integradas: os consumidores podem satisfazer suas necessidades de compra em um só lugar. 10 11 No entanto, o varejo eletrônico apresenta como desvantagem a impossibilidade de tocar ou experimentar o produto antes da compra. Apesar disso, os varejistas eletrônicos têm buscado solucionar essa questão, principalmente, utilizando a comunicação em tempo real durante o processo de compra (OLIVEIRA, 2007). O processo de compra no comércio online está especificado no quadro abaixo, de acordo com Engel, Blackwell e Miniard (1995): Quadro 1: Análise sobre e-commerce Reconhecimento do Problema: Aspectos situacionais que podem gerar algum tipo de desconforto aos consumidores, podem ser resolvidos nas compras pela Internet: o Impossibilidade de ir à loja durante seu horário de funcionamento; o Localização da loja muito distante; o Necessidade de produtos especiais que não são oferecidos por muitos varejistas; Limitação: experimentação Busca: O processo de busca é facilitado, melhorado e até facilitado por meio da Internet, pois: o Variedade de fontes de informação; o Identificação de título, nome ou marca de um produto e do varejista; o Informações sobre marcas concorrentes; o Possibilidade de comparar varejistas por preços e produtos; Limitação: se não há certeza sobre o que se busca, pode-se tornar uma tarefa complicada devido à quantidade de informações disponíveis Avaliação das Alternativas: Nas circunstâncias o processo de avaliação é melhorado ou simplificado pelo uso da Internet: o Quando os preços dos varejistas são comparados, inclusive internacionalmente; o Quando as características dos produtos são comparadas; Limitação: dificuldade em comparar alguns atributos importantes ou falta de informações sobre eles por serem considerados estratégicos pelos concorrentes Compra: Situações em que a compra pela Internet é preferível em relação às outras formas de compra: o Quando não se pode ir à loja fisicamente; o Quando o telefonema é difícil ou inconveniente; o Quando se trata de uma compra repetida ou o consumidor já tem familiaridade com o produto; o Quando o consumidor não precisa do produto imediatamente; Limitação: interação quando informações adicionais são necessárias. Fonte: Engel, Blackwell e Miniard (1995) METODOLOGIA Segundo Prodanov e Freitas (2013): A finalidade da pesquisa é resolver problemas e solucionar dúvidas, mediante a utilização de procedimentos científicos e a partir de interrogações formuladas em relação a pontos ou fatos que permanecem obscuros e necessitam de explicações plausíveis e respostas que venham a elucidá-las. Para isso, há vários tipos de pesquisas que proporcionam a coleta de dados sobre o que desejamos investigar 11 12 Conforme citado anteriormente, o objetivo deste estudo é solucionar dúvidas relacionadas ao se e o porquê as pessoas estão migrando para o e-commerce e quais as categorias de produtos que mais atraem os consumidores neste canal. A pesquisa aqui realizada teve a sua coleta de dados pelo formato de levantamento, ou survey. Esta metodologia tem como objetivos responder questões do tipo: “o que”, “por que”, “como” e “quanto”, ou seja, é saber “o que está acontecendo” ou “como e por que isto está acontecendo” (Freitas; Oliveira, 2005). Este tipo de pesquisa realiza os questionamentos diretamente para as pessoas cujo comportamento deseja-se saber. Sua coleta é feita através de algum tipo de questionário respondido por um grupo significativo de pessoas para obter-se, através de uma análise quantitativa, conclusões correspondentes. (Prodanov e Freitas, 2013). A população (ou universo da pesquisa), que segundo Prodanov e Freitas (2013) é a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características, e a definição da população-alvo tem uma influência direta sobre os resultados obtidos. Ainda segundo os autores, a amostra (parte da população ou do universo) deve ser selecionada de acordo com uma regra ou um plano, e refere-se ao subconjunto do universo ou da população, em que estabelecemos ou estimamos as características desse universo ou dessa população. Segundo Lauri (2009), por conta do alto custo e da grande quantidade de tempo despendida para coletar dados de toda a população desejada, as pesquisam utilizam a amostra. A amostra é uma parte representativa da população, que deve ter quantidade e qualidade representativa. Sendo que a qualidade é definida como a capacidade de selecionar como e onde escolher os elementos da amostra. No caso deste estudo, a amostra foi recrutada por método não probabilístico por adesão de voluntários. A quantidade do número ideal de respondentes a serem analisados, depende das características da população e da pesquisa, bem como o grau de precisão desejado. Para essa pesquisa, foi calculado inicialmente como tamanho de amostra ideal 150 respondentes. Foram apurados 152 questionários válidos após a sua aplicação. É preciso ressaltar que objetivo da amostra selecionada foi o de criar um resultado válido somente para essa amostra e, portanto, não se faz para toda a população de uma maneira geral. A coleta de dados foi onde se iniciou a materialização das respostas para o problema que está sendo investigado. A coleta foi feita através de um questionário estruturado de acordo com o método survey, como mencionado anteriormente. Para obter os dados que se deseja, é preciso ter o cuidado que o respondente não se sinta cansado ou aborrecido ao responder, a fim de evitar respostas incompletas ou perguntas não respondidas. Além disso, como se recorreu à lembrança dos respondentes, é importante indicar com ressalvas, a qualidade da memória e sua dependência de fatores situacionais (Selltiz, 1974). A total qualidade do questionário e das respostas não podem ser garantidas, no entanto existem algumas etapas a serem seguidas que podem minimizar eventuais problemas (Malhortra, 2012), conforme figura 3 abaixo: Figura 3: Processo de Elaboração de um Questionário 12 13 1 •Especificar informações necessárias 2 •Especificar o método da pesquisa 3 •Determinar o conteúdo das perguntas individuais 4 •Planejar as questões de modo que supere a incapacidade e/ou má vontade do entrevistado 5 •Decidir quanto à estrutura de questões 6 •Determinar o fraseado das questões 7 •Dispor as questões na ordem adequada 8 •Identificar a forma e o layout 9 •Reproduzir o questionário Fonte: Adaptado Malhotra (2012) Nesta pesquisa as questões abordadas aos respondentes foram a respeito da sua preferência ou não em realizar suas compras pela Internet e quais as categorias de produtos que são mais procuradas neste canal. Para mensurar as percepções foi utilizada a escala Likert, em que o respondente especifica seu nível de concordância ou discordância com a afirmação (MALHOTRA, 2012). As principais questões abordadas foram: 1. Perfil do respondente: 2. Perfil do consumidor do canal digital; 3. Situações de preferência. A coleta de dados foi feita através de um link enviado através de email e disponibilizado redes sociais. Refletindo o objetivo principal deste estudo - é identificar quais os fatores que influenciam as compras no mercado digital e quais as categorias de produtos que mais atraem os consumidores neste canal - foram realizadas análises quanti e qualitativas dos resultados obtidos que estão apresentados a seguir. ANÁLISE DOS RESULTADOS A seguir são apresentados os resultados da pesquisa realizada em três partes. A primeira retrata o perfil econômico e social da amostra. A segunda parte apresenta o perfil de usuários da Internet e suas experiências relacionadas às compras online. A terceira parte buscou compreender o que motiva o consumidor a consumir em ambos os canais: tradicional e digital. Perfil Econômico e Social O gráfico 1 exibe que a mostra foi constituída em 53% por mulheres e 47% por homens. Além disso, no gráfico 2, exibe que a maioria dos respondentes pertencia à faixa etária de 18 a 25 13 14 anos (58% da amostra), 22% à faixa etária de 26 a 35 anos, 10% de 36 a 55, 7% menores de 18 e 3% maiores de 55 anos. Gráfico 1: Perfil da amostra por gênero Gráfico 2: Perfil da amostra por faixa etária Em relação à escolaridade, gráfico 3, a amostra está concentrada em indivíduos que estão cursando ou já cursaram o ensino superior (66% da amostra). 22% dos respondentes já cursaram ou estão cursando pós graduação e a minoria de 13% tem apenas o primeiro e/ou segundo grau completos. Gráfico 3: Perfil da amostra por escolaridade 14 15 O gráfico 4 segmenta os respondentes por renda. O indicador utilizado foi o salário mínimo, que é o valor mais baixo que os empregadores podem legalmente pagar pelo tempo e esforço gastos na produção de bens e serviços. As faixas de salário é, segundo o IBGE (2014), uma das formas de se dividir a população em classes sociais, sendo que acima de 20 salários mínimos é considerado classe A, entre 10 e 19, classe B, entre 4 e 9, classe C, entre 2 e 3, classe D e até 2, classe E. O salário mínimo estabelecido é de R$ 724,00. Na amostra considerada para esta pesquisa, os respondentes não se concentraram em uma única classe social, ficando pulverizados da seguinte forma: 24% classe E, 11% classe D, 24% classe C, 22% classe B e 18% classe A. Como a renda questionada foi a renda individual, é preciso levar em conta que 64% da amostra tem até 25 anos e que 39% ainda não tem ensino superior completo, ou seja, é muito provável que ainda não sejam pertencentes ao mercado de trabalho e, portanto, não possuem renda. Gráfico 4: Perfil da amostra por renda Perfil de Usuário e Compras Online Quando questionados quanto ao tempo médio em que utilizam a Internet por dia (gráfico5), desconsiderando as horas gastas para verificar email, a maioria dos respondentes mostraram que ficam online em média de 1 a 3 horas (68% da amostra), 28% fica 3 ou mais horas e a minoria (3%) fica apenas 1 hora conectado. Gráfico 5: Perfil da amostra por horas em que utilizam a Internet 15 16 Em relação às compras já realizadas (gráfico 6), 88% da amostra já realizou pelo menos uma compra pela Internet, destes 6% fizeram 1 ou 2 compras, 15% de 3 a 5 compras, 7% de 6 a 10 compras e 61% mais do que 10 compras. Dos respondentes que já compraram através da Internet, 68% fez sua primeira compra há mais de 2 anos e apenas 7% fez a primeira compra há menos de 6 meses (gráfico 7), o que mostra que a expansão do canal digital, além de estar sendo aderido – por esta amostra -, sua maioria já faz seu uso desde 2012. Ademais, também foi levantado que 74% dos respondentes fizeram sua última compra há menos de 1 mês, conforme gráfico 8, reforçando a aderência por este canal, já que se a primeira compra foi feita há mais de 2 anos, a última há menos de 1 mês e já foram feitas mais de 10 compras, pode-se chegar à conclusão que este já é uma forma alternativa de realizar compras. Gráfico 6: Perfil da amostra por quantidade de compras online Gráfico 7: Perfil da amostra por tempo da primeira compra online 16 17 Gráfico 8: Perfil da amostra por tempo da última compra online A tabela 1 mostra quais são as categorias mais compradas pela Internet pelos respondentes do questionário. Pode-se notar que livros, revistas e jornais são os itens mais comprados, 66% da amostra respondeu que esta é uma das categorias que mais realiza suas compras através da Internet, seguidos dos eletrônicos (62%). O terceiro item mais consumido são as viagens (48%), o quarto item são as ofertas em sites de compras coletivas (34%) – sites promovem através de uma intermediação com o fornecedor a venda de um produto ou serviço com descontos – e o quinto item são aqueles relacionados a moda (28%). Tabela 1: Categorias por preferência Ranking 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 17 Categoria Livros, revistas e jornais Eletrônicos Viagens Ofertas em sites de compras coletivas Moda e acessórios Saúde e beleza Informática Eletrodomésticos Jogos eletrônicos Comida & Bebida Preferência 66% 62% 48% 34% 28% 21% 21% 17% 14% 14% 18 11 Ingressos (shows, cinemas, etc) 10% CONCLUSÕES Motivação de Compra Online As informações quanto a motivação de compra online foi obtida a partir de afirmações apresentadas aos respondentes, por meio da escala Likert, onde eles expressaram suas opiniões quanto à concordância. Dentre a amostra pesquisada foi possível notar que um dos motivos que faz com que os consumidores façam suas compras pela Internet é a acessibilidade, ou seja, a facilidade que ela traz, pois: 1. permite que as compras sejam feitas independentemente do local onde ele esteja e do horário em que deseja realizar suas compras; 2. não é preciso se transportar até o produto, e por isso evita-se o uso de carros ou meio de transportes, evitando congestionamento e o gasto com combustível e, eventualmente, estacionamento; 3. o pagamento do frete não parece ser um problema; 4. dá acesso a uma grande diversidade de produtos e traz facilidade de comparação de marcas; 5. permite que sejam feitas compras em qualquer lugar do mundo, dando uma gama de opções ainda maior para os consumidores, sem que seja preciso sair do país. Além desses itens, os respondentes também sinalizaram a questão da comparação de preços, que através da Internet pode ser feita com maior facilidade e acuracidade, já que existem sites especializados em comparar os preços dos produtos escolhidos em diversos sites em que o produto está disponível. Este é um dos quesitos que mais gerou concordância por parte dos entrevistados. Foram colocadas aos entrevistados algumas questões quanto a confiabilidade da Internet e de seus fornecedores, como o risco de o produto não chegar e o risco em relação ao sistema usada para realizar as transações financeiras de pagamento via boleto ou cartão de crédito em que é necessária a inclusão dos dados do cartão. No entanto, nesta amostra o resultado obtido foi de que esses não são itens que são levados em consideração quando o consumidor opta por realizar sua compra pela Internet. Uma das hipóteses para que exista essa confiança são as opiniões deixadas por outros consumidores nos próprios sites de compra, em fóruns especializados ou então em sites de comparação de preços. A tangibilidade dos produtos no momento de compra pela Internet também foi questionada, os respondentes não colocaram com entrave o fato de não poderem tocar e ver o produto pessoalmente, isto não se mostrou um problema para a maioria da amostra. Apesar disso, quando apresentada a afirmação “gosto de experimentar o produto” a reação dos questionados foi diferente, em maioria se mostraram indiferentes. O que mostra que, nesta amostra, as pessoas têm um apelo sensorial maior do que a própria experimentação em si. A questão dos vendedores em lojas tradicionais não é um fator decisivo na escolha do canal de compra. Quando questionado quanto ao incômodo que sente (ou não) quando é abordado por vendedores, os respondentes se mostraram indiferentes. Já quando foram questionados sobre a importância da opinião dos vendedores, nenhum dos entrevistados concordou com a afirmação que dizia “gosto de ter a opinião dos vendedores”. No entanto, existem dois pontos que desencorajaram os consumidores desta amostra a realizarem suas compras pela Internet. O primeiro é que a maioria dos consumidores têm a ansiedade de assim que realiza a compra já ter o produto em mãos para seu consumo, e a 18 19 compra online, apesar de oferecer fretes cada vez com menores prazos, é preciso aguardar pelo menos algumas horas até ter o produto em mãos, ficando em desvantagem com o canal tradicional. O segundo ponto é em relação às trocas após a realização da compra. Os respondentes se mostraram inseguros quanto à possibilidade e facilidade de se realizar trocas quando as compras são feitas por e-commerce, fato que é facilitado quando as compras são feitas nas lojas físicas, onde existem poucas restrições para a realização das trocas e já é habitual ao consumidor. Deve se notar que a amostra desta pesquisa, privilegiou a geração jovem, as vezes relacionada com a geração Y, onde eles são caracterizados como imediatistas, impacientes, muitas vezes não fieis a marca do produto ou serviço, muito logados na internet e nas redes sociais e por isso buscam produtos e serviços em qualquer fornecedor do globo. Esses resultados mesmo não sendo extrapolados para o universo indica que as organizações fornecedoras de bens e serviços devem estar constantemente avaliando grupos de consumidores e se preparando para o desenvolvimento de estarategias adaptadas as necessidades, desejos e características em constante mudanças de seus grupos de clientes potenciais. fiança nos Opiões deixadas – relacionar com fatores externos comp. consumidor REFERÊNCIAS IBOPE Media. Número de pessoas com acesso à internet no Brasil chega a 105 milhões. Disponível em <http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/paginas/numero-de-pessoas-com-acesso-a-internet-nobrasil-chega-a-105-milhoes.aspx>. Acesso em: 10 mai. 2014 IBGE. Acesso à internet e posse de telefone móvel celular para uso pessoal 2006. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/acessoainternet2006/default.shtm>. Acesso em: 10 mai. 2014 _____. Contas Nacionais Trimestrais outubros/ dezembro 2013. 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