ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA DOENÇA HIPERTENSIVA

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ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA
GRAVIDEZ (DHEG)
Angélica Carvalho Silveira 1
Marilda Andrade2
No caso da DHEG, a hipertensão
provoca alterações dos principais sistemas
do organismo e que ao término da gestação
regridem no pós-parto.
A hipertensão sistêmica sem
gravidez é uma doença que acomete cerca de
20% da população adulta, sendo que 90%
são por causas primárias ou essenciais
(BRUNNER e SUDDART, 1999), e 5% da
população
desenvolve
hipertensão
secundária a outra patologia é ocasionada
pela gravidez (NETTINA, 2003).
Esta patologia se manifesta no
último trimestre de gravidez, começando
aproximadamente depois da 20ª semana e
desaparecendo 6 semanas após o parto. Ela
apresenta sinais clínicos característicos que
evidenciam o aparecimento da doença, estes
sinais dividem-se conforme a gravidade em
três tipos distintos que são a hipertensão sem
proteinúria e/ou edema, pré-eclâmpsia com a
tríade instalada (hipertensão, proteinúria e
edema) e classificada como leve ou grave, e
a eclampsia.
Fatores sócio-econômico-culturais,
raciais, localização geográfica, predispõem a
DHEG devido a um maior índice de carência
nutricional, aumento dos casos de
primiparidade e multiparidades, como
também o estado emocional (estresse)
aumentado devido o próprio ambiente,
problemas domésticos da vida cotidiana,
gravidez
indesejada
(que
abrange
principalmente as gestantes jovens), etc.
Segundo Branden (2000), a
hipertensão induzida pela gravidez provoca
alterações dos principais sistemas do
organismo que serão abordadas de maneira
resumida. Alterações vasculares: o vaso
espasmos é a principal alteração e a
vasoconstrição determina a resistência ao
fluxo e consequentemente hipertensão
arterial (REZENDE, 1998); alterações
renais: estes efeitos diminuem a pressão
oncótica do plasma e permitem o desvio dos
líquidos dos espaços intravasculares para o
intersticial, levando o acúmulo de edema,
consequentemente o fluxo sanguíneo dos
rins é reduzido e esta redução do fluxo
sanguíneo diminui a pressão renal, liberando
renina causando a elevação da angiotensina
(vasopressor potente). Isto aumenta a
pressão sanguínea para compensar os efeitos
da perfusão renal. A função renal torna-se
insuficiente e a taxa de filtração glomerular
diminui. Os espasmos vasculares também
reduzem o fluxo sanguíneo glomerular e
contraem os capilares dos glomérulos. A
redução da função renal causa proteinúria e
aumenta a ureia sanguínea; alterações
hepáticas: aumento das enzimas hepáticas,
particularmente devido à síndrome HELLP
onde há necrose hemorrágica do tipo peri
portal e da no quadrante superior em todo
abdome. Aumenta enzimas; alterações
cerebrais: necropsia revela edema, necrose
hemorrágica ou hemorragia difusa, trombos
plaquetários intravasculares, lesões que
constituem a causa das convulsões. A
hemorragia cerebral é a consequência de
morte materna; alterações pulmonares: São
resultantes da pressão, ocasionando edema
pulmonar e sangramento intrapulmonar de
forma que poderia predispor a paciente à
broncopneumonia;
alteração
ultraplacentária: a circulação ultraplacentária
está reduzida em 40 a 60% explicando a
incidência de grandes infartos placentários
(> 3 cm), retardo de crescimento da
placenta, descolamento prematuro da
placenta, determinando sofrimento fetal
crônico e são responsáveis pela elevada
mortalidade perinatal observada na DHEG.
A gestação hemorrágica (DPP) ocorre em
quase 5% dos casos, enquanto que as
gestantes normais têm a incidência de 1%.
Uma característica marcante na
DHEG é a hemoconcentração, devido à
elevação do hematócrito ocasionado por
vasoconstricção (que eleva a pressão
hidrostática)
e
pelo
aumento
de
permeabilidade vascular. Uma mulher peso
mediano deve ter volume plasmático de
cerca de 5.000 ml ao final da gravidez,
comparado com os 3.500 ml pré-gravídicos.
Alterações hematológicas: estas alterações
ocorrem em algumas, mas certamente não
em todas as pacientes com DHEG. A mais
comum
é
trombocitopemia
e
(<
100.000/mm3), pode acarretar hemorragia
cerebral e hepática subcapsular. Sua causa
pode ser a deposição acentuada de plaquetas
nos locais de lesão endotelial. Há
diminuição
do
volume
plasmático
(hemoconcentração) que acompanha a
elevação da pressão arterial, os casos mais
graves de toxemia são caracterizados pela
rápida elevação do hematócrito. A
concentração de albumina está reduzida;
Alterações endócrinas e metabólicas: Com a
Informe-se em promoção da saúde, v.4, n.1.p.25-27, 2008.
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DHEG, alguns hormônios estão normais ou
ficam abaixo dos níveis pré-gestacionais e
não funcionam com tanta eficácia
(BRANDEN, 2000).
O sistema renina angiotensina
aldosterona tem importante papel na
regulação do tônus vascular e da pressão
sanguínea. A angiotensina I, produzido sob a
forma inativa pelo fígado, é convertida na
sua forma ativa, angiotensina II, pela enzima
conversora de angiotensina, que está ligada
ao endotélio vascular, principalmente dos
pulmões. A angiotensina II circulante
interage com receptores específicos para
induzir a contração da musculatura lisa dos
vasos e a produção de aldosterona, levando a
retenção de sódio.
A atuação do enfermeiro no
conhecimento das manifestações clínicas da
DHEG de acordo com a intensidade da
doença que pode se apresentar através de
três manifestações clínicas, conforme a
gravidade de sua clínica como préeclâmpsia: leve, grave e eclâmpsia
propriamente dita que é a mais grave das
manifestações. Esta, quando não tratada de
maneira especializada, causará danos
irreparáveis ou até mesmo a morte maternofetal. Pesquisas revelam que o acesso aos
serviços de emergência obstétrica nos países
pobres é muito difícil e por vezes
inexistente.
As consequências fetais devido a
complicações hipertensivas são: retardo do
crescimento
intrauterino
(RCIU),
aligoâmnio, descolamento de placenta,
prematuridade,
baixo
peso,
óbito
intrauterino.
O tratamento e o cuidado de
enfermagem têm como objetivo a melhora e
a estabilidade dos níveis tensóricos,
proteinúricos e edema possibilitando o
intervir com rapidez no aparecimento da
patologia, visando a manutenção da saúde da
mãe e do concepto.
O Enfermeiro atua investigando os
casos predisponentes em nível de consulta
pré-natal. Partindo dos resultados obtidos,
elaborar
planos
assistenciais
que
possibilitem a redução das manifestações
clínicas, ou até mesmo, controle do não
desenvolvimento, visando a promoção de
saúde, diagnóstico precoce e tratamento
específico.
Segundo Rezende (1998), é no prénatal que possibilita o profissional de saúde
a identificação de “gestação de autorisco”,
em que os organismos materno e fetal estão
suscetíveis às intercorrências clínicas
patológicas em suas formas leves e graves e
até mesmo ao óbito.
Uma atuação da equipe de forma
precisa, a condição de acesso aos serviços, a
estrutura
hospitalar
(equipamentos
disponíveis) irão contribuir para o êxito do
restabelecidos desta gestante acometida
desta patologia.
Os enfermeiros, através da consulta
de enfermagem trocam informações com as
gestantes agendadas que relataram pela
anamnese a história pregressa e atual
podendo identificar precocemente aquelas
que, através das informações contidas neste
estudo colocar em prática a educação em
saúde, ou no caso de se observar, relatar
sintomas clínicos pré-existentes, encaminhar
esta
gestante
ao
serviço
médico
especializado
para
ser
tratada
terapeuticamente em nível ambulatorial ou
até se necessárioser hospitalizada.
Segundo Miranda (1996), a partir
do momento que o indivíduo adoece, vê-se
repentinamente obrigado a modificar seus
hábitos,
principalmente
quando
é
hospitalizado. Esse fato só gera uma crise de
sentimentos e expectativas diante do nosso
desafio, e, consequentemente, a insegurança
emocional é comprometida, principalmente
na gestante onde o medo da perda e o medo
da morte que automaticamente gera stress
interferem muito mais na elevação da
pressão, podendo agravar mais o seu quadro
clínico. Daí a importância do Enfermeiro
bem especializado na atuação clinicamente
como promotor do seu bem estar físico,
psicológico e social frente esta patologia.
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Atuação do enfermeiro
na doença hipertensiva
específica da gravidez
(DHEG).
REFERÊNCIAS
BRANDEN, P.S. Enfermagem Materno-Infantil, 2ª ed., Rio de Janeiro: Reichman e Alfonso,
2000.
MIRANDA, C. E. Atendendo o paciente; perguntas e respostas para o profissional de saúde.
Belo Horizonte, Crescer, 1996.
NETTINA, S. M. Brunner: prática de enfermagem. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003.
Informe-se em promoção da saúde, v.4, n.1.p.25-27, 2008.
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Atuação do enfermeiro
na doença hipertensiva
específica da gravidez
(DHEG).
REZENDE, Jorge. Obstetrícia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
SHOLTIS, L.; SMITH, D. BRUNNER e SUDDARTH. Tratado de enfermagem médicocirúrgica, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.
REFERÊNCIA DO TEXTO
SILVEIRA. A. C.; ANDRADE, M. Atuação do enfermeiro na doença hipertensiva específica
da gravidez (DHEG). Informe-se em promoção da saúde, v.4, n.2. p.25-27, 2008.
1
Enfermeira. Especialista em Promoção da Saúde pelo Curso de Especialização em Enfermagem e Promoção da
Saúde com ênfase em PSF/ UFF
2
Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora Adjunta do
Departamento de Enfermagem Médico-cirúrgica da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa UFF.
Coordenadora do Curso de Especialização em Enfermagem e Promoção da Saúde/ UFF
Informe-se em promoção da saúde, v.4, n.1.p.25-27, 2008.
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