UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O Atendimento nos Call Center´s Aluno: Érica da Cruz Pinto Orientador: Prof. Dr Mario Luiz Rio de Janeiro 2015 1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O Atendimento nos Call Center´s Aluno: Érica da Cruz Pinto Apresentação de monografia ao Instituto a Vez do Mestre como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Marketing. Orientador: Prof. Dr. Mario Luiz Rio de Janeiro 2015 2 AGRADECIMENTOS Após este tempo de estudo faço uma análise de quanto é importante estarmos cercado de pessoas amigas. A conclusão de um curso, não depende somente dos ensinamentos dos livros e de sábios professores, mas é preciso ter pessoas que sirvam de exemplos e estímulo. Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de estar viva, obrigada pela proteção diária. Obrigada meu amigo maior e irmão maior Jesus Cristo pelo ensinamento deixado para nós e pelo exemplo de liderança, bondade, generosidade e caridade. Agradeço a todos que direta ou indiretamente me ajudam, e acreditaram em mim e me apoiaram de alguma forma. E por último, e não menos importante, agradeço a contribuição fundamental dos meus orientadores profa. Glória de Jesus Oliveira e Mario Luiz que mesmo após tanto tempo que levei para a conclusão deste curso sempre me atendeu com paciência e respondeu a todos os meus e-mails com rapidez e objetividade. 3 EPÍGRAFE “A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las”. (Aristóteles) 4 RESUMO Este trabalho consiste em fazer uma análise do serviço de Call Center como estratégia e vantagem competitiva para as empresas. Além disso, tem como objetivo mostrar que através de um atendimento é possível “formar” a percepção que um cliente terá da empresa. Já está claro que os Call Center´s precisam dedicar mais atenção a qualidade do atendimento, e o marketing pode ser um grande aliado e pode exercer papel fundamental nesta atividade. Utilizando alguns conceitos de marketing descritos neste trabalho prestar um bom serviço, atender a expectativa do cliente e além de fortalecer a imagem da empresa. Para isso, é preciso respeitar esta atividade, os direitos do profissional e prover ferramentas e recursos para haja um retorno esperado. De uma forma geral, este setor pode ser um grande aliado as estratégias corporativas além de ser um banco de talentos interno, mas para isso, é preciso criar estratégias e identificar os gap´s ou situações que porventura estejam contribuindo para uma rotatividade tão comum neste ramo de atividade. Já existem empresas preocupadas com este ramo de atividade o que será amplamente falado no último capítulo deste trabalho acadêmico. 5 METODOLOGIA Para chegar-se até o trabalho a ser apresentado, foi necessária consulta a fontes eletrônicas e bibliográficas que fornecessem os dados e informações que serviram de base, além disso, um estudo de caso será apresentado com informações que darão maior familiaridade com o assunto. O estudo de caso apresentado será sobre a empresa CTIS que atua, entre outros seguimentos, no ramo de Contact Center. Este estudo apresentará as boas práticas desta empresa e quais estratégias adotadas para fidelização, satisfação e felicidade da força de trabalho. Para fundamentação teórica serão utilizadas obras como: Para fundamentação teórica serão utilizadas obras como: Roberto Madruga; Idalberto Chiavenato, Philip KOTLER, Gary ARMSTRONG, entre outros. Para o levantamento de mais informações utilizaremos diversos artigos científicos que estarão disponíveis ao longo desta pesquisa. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.....................................................................................................9 Capitulo 1 - MARKETING..................................................................................11 1.1 Visão Geral do Marketing............................................................................12 1.2 Definição de Marketing................................................................................12 1.3 Marketing de Serviços.................................................................................14 1.4 Comunicação em marketing........................................................................15 1.5 Marketing de Relacionamento.....................................................................18 1.6 Endomarketing.............................................................................................21 Capitulo 2 – Call CenterKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK......KK26 2.1 Definição de Call Center..............................................................................26 2.2 Telemarketing..............................................................................................34 2.2 Tipos de Telemarketing...............................................................................36 2.3 Qualidade no Atendimento..........................................................................39 2.4 Rotatividade no Call Center (Turnover).......................................................41 7 3 – ESTUDO DE CASO: CTIS Tecnologia S.A.................................................43 3.1. Perfil da empresa........................................................................................43 3.2. História da CTIS..........................................................................................46 3.3.Resultados alcançados através de investimento com gestão ....................47 3.4 Motivação e Desenvolvimento de Pessoas (MDP)......................................50 3.5 – Gestão e Desempenho.............................................................................55 3.6 – Conclusão.................................................................................................59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................61 REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS.......................................................................62 8 INTRODUÇÃO O serviço de Call Center tornou-se o principal ponto de contato e porta de entrada para as empresas. Estas Centrais de Atendimento tornaram-se um dos principais canais de relacionamento, e em contrapartida existe um cenário de mau atendimento nestes Contacts, e o questionamento é: quais seriam as melhores alternativas para diminuir esta tendência e consequentemente atingir a excelência tão esperada? Tendo em vista que a existência de um canal de atendimento para alguns setores é uma premissa básica para a realização e oferta de um serviço, os Call Centers hoje se tornaram estratégicos e fundamentais para o negócio. Hoje, mais do que nunca, as empresas entendem que o seu crescimento, e até mesmo a sua sobrevivência, está na sua capacidade de conquistar e manter clientes satisfeitos e com um ótimo atendimento. Qualquer empresa, independente do ramo de atividade, se tiver um atendimento de excelência terá uma vantagem competitiva muito importante em relação aos seus concorrentes. Estamos diante de um novo cliente. Ele espera satisfação imediata. Irrita-se se não consegue o que pretende e vai imediatamente procurar os concorrentes. É o cliente que nunca está satisfeito. As empresas têm de se adaptar a este novo personagem. Hoje, os clientes têm muitas possibilidades de escolha e se o mesmo se aborrece com o atendimento fatalmente deixa de comprar ou usar um produto/serviço. Esta pesquisa tem como principal intuito apontar as principais causas de absenteísmo e rotatividade, um grande problema enfrentado pelo segmento e que afeta diretamente a qualidade do atendimento. A idéia é identificar através 9 de bibliografia e fontes eletrônicas, os principais motivos que levam ao absenteísmo e as medidas que podem ser adotadas para a redução do mesmo. Importante analisar e classificar as causas de acordo com a maior incidência e os fatores que possam contribuir para a ocorrência do problema. Ordenamos o trabalho em três capítulos, desta forma, o primeiro capítulo aborda o conceito de Marketing que hoje está inserido no contexto geral de qualquer atividade que se seja atingir excelência e promover a satisfação do cliente. O segundo capitulo aborda o serviço de atendimento (Call Center), a profissão de tele operador, diferente concepções sobre qualidade no atendimento e como obtê-la. Descrever vantagens e cuidados a serem adotados na implantação e execução da qualidade no atendimento em Call Center e apresentar alternativas para a organização alcançar a plena satisfação de seus clientes Por último, apresentaremos um estudo de caso sobre a empresa CTIS que possui um excelente trabalho de fidelização da força de trabalho no Contact Center. Shawn Achor, palestrante mundial, pesquisador da Universidade de Havard, em entrevista à Revista Forbes deu a seguinte declaração: (...) Apenas 25% do sucesso profissional é explicado pelo QI. 75% do sucesso profissional deve-se ao otimismo, ao suporte social e à capacidade para encarar o estresse como desafio e não como ameaça. A mentalidade positiva resulta em 23% mais energia em meio ao estresse, 31% mais produtividade, 40% mais probabilidade de ser promovido. Felicidade no trabalho é combustível de sucesso. (...) 10 CAPÍTULO I MARKETING O principal público-alvo da empresa são os clientes, e estes têm se tornado cada vez mais exigentes. A globalização, através do aumento de competitividade, impulsionou as empresas atuais a buscarem novas ferramentas que tornem possível atender às necessidades desses clientes, e a conquistá-los pela excelência no atendimento. Com essas mudanças, a forma como as empresas utilizavam o marketing também evoluiu, e hoje o principal foco é atender o cliente de forma personalizada, não generalista, pois cada cliente tem uma expectativa e necessidade diferente. O telemarketing surgiu como uma ferramenta que possibilita esta ação, através da qual as empresas têm aumentado sua lucratividade e demonstrado que a venda consiste em muito mais do que apenas tirar um pedido, e que ela engloba principalmente o ato de satisfazer o cliente, de conquistá-lo e de fidelizá-lo, como se ele fosse único. Este estudo, realizado a partir de fontes bibliográficas, tem como foco compreender como a venda e o atendimento fazem parte do marketing, e ainda identificar e explicar o porquê a influência de fatores internos e / ou externos à empresa podem afetar negativa ou positivamente o desempenho dos vendedores que utilizam o telemarketing como ferramenta para chegar até o cliente. 11 O estudo teórico inicia-se no conceito de marketing e suas ferramentas, como o marketing direto, onde se encaixa o telemarketing, chegando à Comunicação em Marketing até o Marketing de Relacionamento. 1.1 – Visão Geral do Marketing O sucesso das organizações está ligado à capacidade de se diferenciar no mercado e atender as necessidades dos seus clientes de maneira eficaz. Com o propósito de criar trocas que satisfaçam os objetivos dos indivíduos, surge o Marketing, processo de planejamento e execução desde a concepção até a distribuição de produtos e serviços. O marketing está ligado diretamente a tudo que envolve o mercado, estuda as necessidades das pessoas, buscando satisfazê-las de maneira eficaz para que as empresas possam obter mais lucros e clientes fiéis a sua marca. O telemarketing surgiu como uma ferramenta que possibilita esta ação, através da qual as empresas têm aumentado sua lucratividade e demonstrado que a o ato de satisfazer o cliente, de conquistá-lo e de fidelizá-lo, como se ele fosse único. 1.2 - Definição de Marketing A palavra marketing (em língua inglesa, e adotada assim no Brasil) é derivada do latim marcari, que significa comercializar. Muitas pessoas vêem o marketing como a propaganda em si, e outras acreditam que é apenas o ato de 12 vender. Conforme Kotler (1998, p.03), o marketing deve ser entendido como uma ferramenta que busca satisfazer os clientes, e vai muito além das vendas e propaganda, pois a venda só é feita após a produção do produto e o marketing começa antes mesmo de a empresa desenvolver o produto. “Definimos marketing como um processo administrativo e social pelo qual os indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam, por meio da criação, oferta e troca de produtos e valor com os outros”. Kotler (1998, P. 03) Ainda para KOTLER E AMSTRONG (1998, p.364), “marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com os outros”. KOTLER E AMSTRONG (1998, p.364), esclarece que o conceito de marketing assume que a chave para atingir as metas organizacionais consiste e, ser mais eficaz do que os concorrentes para integrar as atividades de marketing, satisfazendo, assim, as necessidades e desejos dos mercados alvos.” A compreensão do marketing, segundo Dias (2003), pode ser expressa como processo social-comercial tendo em vista a satisfação das necessidades e anseios das pessoas e da organização. É obtida esta satisfação por meio da troca dos produtos e serviços que geram um valor para as partes (valor nominal; valor de uso; etc.). Marketing contempla ações voltadas ao mercado, e pode ser entendido como “a função empresarial que cria continuamente valor para o cliente e gera vantagem competitiva duradoura para a empresa por meio da gestão estratégica” do composto de marketing (DIAS, 2003, p.3). O 13 profissional de marketing deve ser capacitado a entender, criar e gerenciar aquilo que o cliente necessita ou deseja, realizar ao cliente, saber comunicar, e dimensionar a oferta em tempo e espaço certos (KOTLER, 1998). Sendo assim, de acordo com CHURCHILL E PETER (2000, P.04), “a essência do marketing é o desenvolvimento de trocas em que organizações e clientes participam voluntariamente de transações destinadas a trazer benefícios a ambas”. Portanto e possível entender de forma geral, diante das definições dos estudiosos, que o marketing trata, de forma bem abrangente, da relação entre empresa e cliente, de forma que as necessidades de ambas sejam atendidas de melhor maneira possível, trazendo ao produto ou serviço, um valor percebido maior do que o do concorrente. 1.3 - Marketing de Serviços O Marketing de Serviços, nada mais é do que, simplesmente, Marketing. A sua aplicação, em uma empresa de serviços é realizada tal qual em empresas de outros ramos. Segundo Judd, citado por Las Casas (2002, p. 17), os serviços constituem uma transação feita por pessoas físicas ou jurídicas, não estando associada à transferência de bens. E Rathmell, também citado por Las Casas, diz que bens são objetos, artigos, artefatos ou materiais; e serviços são atos, ações, esforços e desempenhos. Os serviços têm como importante característica a sua intangibilidade, que é encontrada, por exemplo, na prestação de serviços de um advogado ou um consultor. Os serviços têm um 14 consumo de forma experimental, pois são vivenciados, e não adquiridos por meio físicos, concretos. Ainda assim, os serviços podem obter níveis de tangibilidade. No momento que se está usufruindo os serviços de um hospital, a tangibilidade acontece enquanto estiver precisando ficar no mesmo. Quando um aluno recebe aulas do professor, a tangibilidade é praticamente nula, visto que está adquirindo o conhecimento transferido pelo professor sem utilização de bens físicos para tal. Sendo assim, percebe-se que existem vários tipos de serviços; alguns mais tangíveis que outros. 1.4 - Comunicação em Marketing Atualmente a comunicação de marketing tem evoluído, pois mudou o foco do marketing de massa para o marketing individual, e segundo KOTLER E AMSTRONG (1998, p.364) afirma, ”essa mudança do marketing de massa para o marketing segmentado causou um dramático impacto sobre as comunicações de marketing”. Isso enfatiza o porquê o telemarketing vem se expandindo rapidamente, pois essa transição do marketing de massa para o marketing pessoal engloba a utilização do telemarketing como ferramenta do marketing pessoal, porque no telemarketing é possível comunicar-se de forma individual, atendendo cada cliente de modo personalizado, conforme suas expectativas e necessidades. 15 As comunicações de marketing devem estar integradas de forma coesa; KOTLER E AMSTRONG (1998, p.364) diz que o consumidor vê as mensagens da empresa por diferentes mídias, o que faz com que o consumidor tenha a percepção de apenas uma mensagem única, ainda que todas sejam diferentes umas das outras; não há por parte do consumidor a distinção do que a empresa realmente quer transmitir em cada mensagem. KOTLER E AMSTRONG (1998, p.364) afirma que “a satisfação é o sentimento de prazer ou de desapontamento resultante da comparação do desempenho esperado pelo produto (ou resultado) em relação às expectativas da pessoa”. Quando as organizações atendem da melhor maneira possível às expectativas dos seus clientes, eles ficam satisfeitos e fiéis a sua marca. Segundo Armstrong e Kotler (1998, p. 6), “a satisfação do cliente é intimamente ligada à qualidade. A qualidade tem um impacto direto sobre o desempenho do produto, portanto também afeta a satisfação do cliente”. A qualidade é caracterizada pelo valor acrescentado ao produto ou serviço, buscando atender aquilo que o consumidor deseja, ou seja, a empresa satisfaz seus clientes quando atribui qualidade aos seus serviços. A perfeição da empresa sob o aspecto da qualidade corresponde à total sintonia em atender ao que o cliente necessita. Segundo Lovelock & Wirtz (2006, p. 104), a comunicação é a mais visível ou audível, e pode ser até invasiva, das atividades de marketing. É através da comunicação que os profissionais de marketing informam os clientes a respeito das características e os benefícios dos serviços, bem como, preços, quando e onde está disponível. As instruções pessoais de profissionais ou outras 16 pessoas também podem ajudar clientes a fazerem efetivamente parte de processos de entrega de serviços. (Lovelock & Wirtz, 2006, p. 104). O sucesso de uma empresa depende essencialmente de comunicação de marketing. (Lovelock & Wirtz, 2006, p. 104). Através de ferramentas de comunicação de marketing uma de serviços criará uma imagem poderosa que ajudará a obter maior credibilidade perante seus clientes. Nesse desenvolvimento de comunicação no setor de serviços é importante saber que existe o envolvimento além da intangibilidade do cliente na produção, e do desempenho do pessoal que está em contato direto e indireto com o cliente; a dificuldade de se avaliar um serviço. Quando o cliente está envolvido dentro do processo da prestação de serviço, em alguns casos é importante fazer um treinamento com ele, para que não seja pego de surpresa e acabe insatisfeito. Nas divulgações de serviços, para que o cliente não tenha tantas dificuldades de compreensão, é interessante que a empresa dê um ar de tangibilidade na prestação do serviço, demonstrando a qualidade de seus equipamentos e sua estrutura, bem como a qualificação e profissionalismo dos seus colaboradores. Atualmente a comunicação de marketing tem evoluído, pois mudou o foco do marketing de massa para o marketing individual, e segundo Kotler (2003, p.364) afirma, ”essa mudança do marketing de massa para o marketing segmentado causou um dramático impacto sobre as comunicações de marketing”. Isso enfatiza o porquê o telemarketing vem se expandindo rapidamente, pois essa transição do marketing de massa para o marketing pessoal engloba a utilização do telemarketing como ferramenta do marketing pessoal, porque no telemarketing é possível comunicar-se de forma individual, 17 atendendo cada cliente de modo personalizado, conforme suas expectativas e necessidades. As comunicações de marketing devem estar integradas de forma coesa; Kotler (2003, p.365) diz que o consumidor vê as mensagens da empresa por diferentes mídias, o que faz com que o consumidor tenha a percepção de apenas uma mensagem única, ainda que todas sejam diferentes umas das outras; não há por parte do consumidor a distinção do que a empresa realmente quer transmitir em cada mensagem. 1.5 - Marketing de Relacionamento Segundo Kotler e Armstrong (2000) para conquistar e manter clientes é necessário muito mais do que oferecer bons produtos e a orientar os vendedores a efetuar um grande volume de vendas. É primordial saber resolver os problemas do cliente e construir relacionamentos de longo prazo com eles. “o marketing é visto agora como a ciência e a arte de descobrir, reter e cultivar clientes lucrativos.” (Kotler e Armstrong, 1998; p 474). “A organização que conseguir dar ao cliente algo que se aproxima mais do que eles querem, mais do que eles mesmos esperavam, pode ir além da satisfação dos clientes e criar o encantamento do cliente” (Peters, 2000 p.2). O marketing de relacionamento tem enfoque na construção de relações e laços entre a organização e seus clientes na busca da melhoria desta interação, o que aumenta as chances de fidelização dos clientes. É preciso 18 reorganizar o patamar do relacionamento organizacional, deslocando os clientes para um nível cada vez mais elevado na escala de valor (HOOLEY et al. 2006 p.334). “O desafio é tornar clientes apoiadores da empresa, ou até mesmo defensores que a recomendam ativamente para outras pessoas”. No entanto, HOOLEY et al. (2006) afirma que para que o marketing de relacionamento tenha êxito é necessário que ambas as partes envolvidas no relacionamento sejam beneficiadas; é preciso dar aos clientes a oportunidade de ensinar à empresa o que ele deseja. A empresa por sua vez, deve lembrar o que foi ensinado, fornecer essa necessidade do cliente e conservar os negócios com ele para sempre. O sucesso na construção de um relacionamento duradouro com cliente gera satisfação. Kotler e Armstrong (1998, p.475) afirmam que “clientes satisfeitos tem maior probabilidade de se tornar clientes fiéis, e clientes fiéis tem maior probabilidade de dar à empresa uma participação maior em sua preferência”. No entanto, para que o relacionamento seja construído é necessário investir em aprender a estabelecer uma comunicação eficaz com os clientes, que segundo Poser, (2005, p. 22) “é a mais importante ferramenta no relacionamento”. O conceito de marketing de relacionamento é relativamente novo na Administração. Seu surgimento deu-se (segundo a maioria dos autores) a partir da década de 1990 e, em função disso, os conceitos relativos ao marketing de relacionamento ainda não são muito conhecidos. Inicialmente, o marketing de relacionamento dizia respeito apenas ao desenvolvimento de relações entre empresas e consumidores institucionais, ou seja, outras empresas. O chamado marketing be-to-be, ou marketing business to business. Os bancos, porém, começaram a usar o conceito aplicado a 19 pessoas físicas e, assim, o conceito acabou estendendo-se a todo tipo de empresa. Acredita-se, porém, que a percepção original sobre o conceito de marketing de relacionamento não faz sentido. Kotler (1998, p. 619), afirma que “marketing de relacionamento é baseado na premissa de que os clientes importantes precisam receber atenção contínua”, independentemente de serem pessoas físicas ou jurídicas. O que vale aqui é o retorno que esse cliente dá à Empresa. O marketing de relacionamento busca criar caminhos para conquista e manutenção de clientes posicionando na mente do consumidor a sua prestação de serviço, fazendo com que o consumidor satisfaça suas necessidades percebendo a eficácia no atendimento recebido. Segundo McKENNA (1992) o que realmente importa é como os possíveis clientes e os já existentes vêem uma empresa, seja ela de qualquer segmento ou prestação de serviço em relação às concorrentes. Segundo McKenna (1992, p. 3), “com o desenvolvimento da tecnologia e o aumento da competição, algumas empresas mudaram sua abordagem e começaram a se voltar para o cliente.” No entanto, o marketing de relacionamento trás o atendimento como uma tendência em esforçar-se para prestação de serviços cada vez mais individualizados e que fujam de um padrão único, buscando, desta forma, satisfazer às necessidades particulares dos clientes. Para isto, a empresa precisa estar conscientizada de que as ações relacionadas com o atendimento constituem um sistema que envolve toda a estrutura organizacional e por este motivo é importante que o cliente seja atendido por pessoas comprometidas, que lhe sejam receptivas, para que receba um serviço tecnicamente impecável e que resulte na superação de suas necessidades e na consolidação de sua 20 segurança e confiança na empresa, possibilitando desta forma a lealdade à mesma. 1.6 - ENDOMARKETING De acordo com Honorato (2004) endomarketing é um programa desenvolvido para trazer a satisfação de seus clientes internos, fazer com que estes se sintam satisfeitos e consequentemente se comprometam com a empresa, para assim buscar a atração e satisfação do cliente externo. O autor enfatiza que para a empresa conseguir oferecer bons produtos e serviços o primeiro setor que deve ser trabalhado é o interno, uma vez que clientes internos satisfeitos a tendência de atender e tentar satisfazer os consumidores tende a ser maior. Ainda na visão de Honorato (2004), é a união entre a empresa funcionários que fará com que o sucesso aconteça, através de um atendimento adequado; o que fará com que o atendimento seja mais um atributo e estratégia para o desenvolvimento do produto. Bekin (1995) esclarece que os valores do marketing interno estão relacionados com a satisfação do consumidor, e para que isso aconteça a empresa tem que demonstrar para seus clientes internos que estes tem que estar comprometidos com os ideais da empresa e que também desenvolvam o trabalho em equipe. Um dos principais fatores que “detém” o cliente externo está relacionado a informações sobre o produto que são transmitidas pelos clientes internos, estes estando 21 bem, prestando um bom serviço consequentemente a informação e a transmissão de características do produto será diferenciada e satisfatória. Serrano (2012) apresenta duas definições para esse tipo de marketing: a) Marketing voltado "para dentro". É o marketing que tem como objetivo o público ou o ambiente interno de uma organização. b) Marketing executado por uma empresa de serviços para treinar e motivar de forma efetiva os funcionários que entram em contato com o consumidor e com todo o pessoal de apoio no serviço, de modo a trabalhar uma equipe para proporcionar a satisfação do cliente. O marketing, quando citado em seu primeiro momento, é lembrado como uma forma de divulgar o produto ou serviço para o seu público externo. Dessa maneira, o endomarketing trabalha com o público interno de uma organização, procurando atender as suas necessidades, expectativas e objetivos que, nem sempre, são conciliados com os objetivos organizacionais. Segundo Pizzinatto (2005), o endomarketing tem como função incorporar nos procedimentos internos da estrutura organizacional da empresa atitudes e ações voltadas à satisfação do cliente, ou seja, fazer com que o ciente interno tenha como foco o cliente externo. Ainda, segundo a autora, os clientes internos, em uma organização, são as pessoas a que se repassa o trabalho concluído para que seja desempenhada a próxima etapa. Cada processo que é realizado dentro da empresa é, portanto, de suma importância para que se atinja o objetivo desejado que é a satisfação do cliente final. Atualmente a preocupação com o bem estar dos seus funcionários tornou-se fator importante para o desenvolvimento da empresa, para que ambos possam, em harmonia, atingir seus objetivos. As prestadoras de serviços são 22 organizações que utilizam o endomarketing com mais frequência, tanto que esta ferramenta tornou-se prioridade para elas. Os resultados alcançados dependem de um bom relacionamento entre prestadora e clientes. O Endomarketing, ou Marketing interno, é um recurso utilizado para aumentar o comprometimento dos colaboradores com os objetivos das organizações. Assim como o Marketing, o Endomarketing busca atender às necessidades e desejos de seus clientes internos. Uma das características do endomarketing é estimular a participação. O endomarketing consiste em ações de marketing dirigidas para o público interno da empresa, ou organização. Sua finalidade é promover, entre os funcionários e os departamentos, os valores destinados a servir o cliente ou, dependendo do caso, o consumidor. Essa noção de cliente, por sua vez, transfere-se para o tratamento dado aos funcionários comprometidos de modo integral com os objetivos da empresa. O comprometimento implica na adesão aos valores e objetivos da empresa por meio do endomarketing e pressupõe o trabalho em equipe, em um contexto marcado pela cooperação e pela integração dos vários setores da organização (BEKIN, 2004, p. 3). O cliente interno é o principal foco do endomarketing. A empresa precisa estar focada nele, pois o bem estar do seu cliente interno reflete na satisfação dos clientes externos e, disso, dependerá a produtividade da empresa. Por essa razão é de grande importância que os empregadores se preocupem com a qualidade de vida de seus colaboradores, pois não será possível ter produtividade se não houver motivação. Para que os resultados sejam positivos, contudo, é importante definir com clareza os objetivos que a empresa 23 busca, uma vez que o objetivo maior do endomarketing é ser instrumento de mudança e motivação para a realização desses objetivos. Para Bekin (2004), o objetivo do endomarketing é tornar transparentes ao funcionário os objetivos da organização, de forma a harmonizar o objetivo do funcionário com o objetivo global da empresa. O reconhecimento e a valorização dos colaboradores são importantes para alcançar o sucesso das organizações. Sendo assim, os colaboradores passam a exercer um papel fundamental no desenvolvimento da empresa. Segundo fala Bekin (1995), o objetivo do endomarketing relacionamentos com o é "facilitar público interno, e realizar trocas compartilhando construindo objetivos da organização, harmonizando e fortalecendo estas relações". As atuações do endomarketing estão direcionadas a todos os setores da empresa para atender cada vez melhor os seus clientes. A função da organização não somente está ligada à produção, ou à prestação de bens ou serviços, mas à aquisição e retenção de clientes, à realização de atividades que motivem os colaboradores para que eles sintam orgulho e vontade de estarem integrados na organização. O endomarketing se utiliza de uma ordenação de processos, atividades e instrumentos utilizados para obter satisfação e compreensão dos colaboradores, para alcançar resultados positivos nas organizações. Cerqueira (2002) explica que o endomarketing é composto por sistemas que consistem num conjunto de processos, projetos, ou veículos de comunicação integrada que permite a venda, a consolidação de uma nova imagem para dentro da empresa. Os sistemas de endomarketing visam à difusão de uma linguagem cultural própria e homogênea em toda a empresa, para todos os seus funcionários, independentemente de nível hierárquico. A base dessa linguagem 24 é o conjunto de valores estabelecidos por eles próprios e aceitos como necessários e bons para regular a relação das pessoas entre si e com a própria organização. Para que todos os colaboradores se comprometam, é necessário difundir os valores, a missão e os objetivos da empresa entre os mesmos e, através disso, incentivá-los a se comprometerem com a empresa. A delegação de tarefas cria um clima de confiança, aumentando a qualidade e a produtividade na prestação dos serviços. Para Cerqueira (2002), o endomarketing prova que as pessoas só caminham para a excelência quando percebem que a empresa respeita seus valores, investe no desenvolvimento de modelos gerenciais avançados e acredita e aposta no potencial humano. As empresas precisam envolver, comprometer, valorizar e qualificar seu colaborador para que ele assuma as responsabilidades e seja proativo dentro da organização. 25 CAPÍTULO II CALL CENTER Este capítulo aborda o conceito de Call Center, Telemarketing e a importância deste segmento no mercado. Observa-se uma maior preocupação com o atendimento dos clientes pelas empresas, que estão procurando ampliar o relacionamento com estes clientes, tanto no sentido receptivo de acolher as demandas, bem como ativo de ofertar produtos e serviços, visando sustentar a competitividade. Os serviços de Call Center e Contact Center próprios ou contratados de empresas especializadas, tem sido uma das ferramentas utilizadas pelas empresas, para aprimorar o relacionamento com seus clientes. O call center se desloca para ser o centro de contato com os clientes, integrando não apenas as ligações telefônicas, mas todos os meios eletrônicos. Passa a ser o ponto central de contato, onde o cliente, seja por telefone, e-mail ou fax, tem suas solicitações (sejam estes pedidos de compras ou simples informações) e reclamações atendidas. De mero coadjuvante, passa a ter uma posição de destaque na estratégia CRM da empresa. 2.1 - Definição de Call Center Iniciamos este capítulo fazendo uma breve definição sobre Call Center, Segundo Madruga (2009), definir call center é relativamente fácil se nos colocarmos como clientes, e cita uma definição do ponto de vista empresarial. 26 O autor diz que o call center deve ser entendido como uma grande arma estratégica da empresa para a busca de diferenciação, tornando-a mas competitiva perante o mercado. Ele também é instrumento que possibilita a informação e integração da sociedade. (...) Uma central de relacionamento interativa (ativa e receptiva) dotada de tecnologia, pessoas, processos, indicadores, facilidades operacionais, telecomunicações e serviços que atendem às demandas da sociedade tais como pedidos de informações, reparos, assistência técnica, compra de produtos ou serviços, indicações ou mesmo reclamações.(...). “É comum ouvirmos os termos call center, centro de atendimento ao cliente (sac), centros de interação com o cliente (cic), contact centers, help desk, entre outros, sendo usados com o mesmo significado” (JAMIL e SILVA, 2005, p. 100). O call center conforme Jamil e Silva (2005, p. 100) pode ser definido como, Call “verbo, que significa fazer uma requisição ou chamada”, Center “nome, que significa, uma área ou um ponto onde se desenvolvem atividades com objetivos determinados”. Os autores ressaltam que independente da nomenclatura, o call center refere-se a um local onde se prioriza e estabelece o relacionamento com os clientes. O telefone é o instrumento de maior utilização nas centrais de relacionamento, mas o email, fax, WEB e sites podem ser também empregados para o contato com as pessoas. “A sigla DDG significa Discagem Direta Grátis. O 0800 significa o prefixo de acesso ao serviço” (DANTAS, 1997, p. 137). O serviço telefônico que permite ao usuário realizar chamadas interurbanas gratuitamente é o DDG-800 (DANTAS, 1997). 27 O 0800 destaca-se como canal de comunicação, pois disponibiliza aos clientes o contato gratuito com a empresa, sendo este um fator primordial para impulsionar o cliente a esclarecer suas dúvidas ou questionamentos sobre os produtos e serviços oferecidos pela empresa. A partir da abertura econômica, segundo Jamil e Silva (2005), as empresas internacionais passaram a atuar no mercado brasileiro. As empresas nacionais, para se adaptarem a este novo cenário, tiveram que passar por processos de reestruturação organizacional, priorizar a qualidade dos produtos e serviços, a redução de custos, principalmente a satisfação dos clientes como o elemento principal para a permanência e competitividade no mercado. A consolidação do Código de Defesa do Consumidor afirmam Jamil e Silva (2005) influenciou fortemente para a implantação dos call centers, pois tornouse obrigatório que as empresas disponibilizem informações sobre os produtos e serviços oferecidos. A implantação do call center deve ser organizada em planejamento, operação e controle para que a empresa obtenha os resultados esperados (JAMIL e SILVA, 2005). A elaboração do planejamento de acordo com os autores é composta das seguintes etapas: diagnóstico estratégico, missão, instrumentos prescritivos e qualitativos. “O centro de atendimento ao cliente não sobrevive sem um planejamento estratégico mercadológico definido e integrado ao plano de marketing da empresa” (JAMIL e SILVA, 2005, p. 111). O diagnóstico estratégico segundo os autores analisa os serviços externos e internos do Call Center. 28 Segundo o site da UNIPE1, Call Center é uma central de atendimento que tem como objetivo fazer a interface entre o cliente e a empresa. É uma expressão do inglês call (chamada) center ou centre (central). O serviço de Call Center é um canal de relacionamento que funciona como suporte técnico ou qualquer outra atividade especializada para atender as necessidades dos clientes. Um Call Center envolve um conjunto de recursos, como computador, equipamento de telecomunicação, sistemas e operadoras, que interagem com os clientes e permite receber um grande número de ligações simultaneamente. O Call Center utiliza tecnologias que otimizam seus serviços, como a CTI (Computer Telephony Integration) que permite a integração do telefone ao computador, o gerenciamento das ligações e a distribuição das mesmas através das operações e o encaminhamento para os atendentes especializados. Outra tecnologia empregada no Call center é o IVR (Interactive Voice Response) que possibilita a interação do cliente através de áudio prégravado, que permite através de menus, escolher aquele que irá atender a suas necessidades. No âmbito empresarial, o Call Center é considerado uma ferramenta competitiva, visto que sua abrangência possibilita a redução de custos operacionais, estejam estes ligados à locomoção ou à infraestrutura. A organização do trabalho nos call centers . O trabalho em um call center é caracterizado por uma rotina de tarefas para o atendimento ao cliente por meio do telefone. O trabalho dos atendentes é realizado nas posições de atendimentos, conhecidas como PA's, onde o 1 http://www.unipe.br/blog/administracao/wp-content/uploads/2008/11/o-marketing-verde-comouma-vantagem-competitiva-na-empresa-m-c-briquetes.pdf 29 computador e o telefone são interligados, e todas as ligações são cronometradas. A atividade exige algumas competências, como capacidade de comunicação, persuasão, objetividade, raciocínio rápido, entre outros aspectos comportamentais que auxiliem a negociação com o cliente. Para trabalhar nessas empresas não é exigido experiência, porém são desejáveis conhecimentos de informática. O atendimento feito por telefone pode ser definido em três tipos: o receptivo, o ativo e o híbrido. O receptivo ocorre a partir de solicitação do atendimento do cliente, como os formatos do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), ou serviços voltados para esclarecimentos de dúvidas e reclamações. Os operadores receptivos respondem por índices como qualidade e tempo médio de atendimento. O atendimento ativo caracteriza-se pela ligação feita pelo atendente para o cliente com o intuito de ofertar produtos e serviços, possuindo metas de vendas a serem alcançadas. O atendimento híbrido associa os dois tipos anteriores, organizado de acordo com o volume de ligações. Uma tecnologia avançada ampara a organização do trabalho, onde as chamadas são distribuídas por células, de forma a encaminhá-las aos operadores que estejam há mais tempo disponíveis. Quando o volume de ligações é intenso, a tendência é que sejam formadas filas de clientes, gerando um espaço entre as ligações de, no máximo, 5 segundos. As ligações são todas gravadas e seu tempo é controlado, estabelecendo-se assim um Tempo Médio Operacional (TMO), sendo que as ligações que excedem esse tempo podem aumentar o número de clientes não atendidos. Os supervisores, assim como a empresa contratante, podem acompanhar as ligações, sem que o 30 operador e o cliente percebam, para verificar se o atendimento é adequado. As empresas adotam um script com algumas orientações que devem ser seguidas pelos operadores. O uso da tecnologia também permite controlar todos os movimentos dos operadores: pausas, negociações, como também disponibilizar todos os relatórios de vendas para as empresas contratantes. 2 Em relação ao perfil dos operadores, pode-se observar que o mercado de call center investe em situações específicas em função da dificuldade de reter profissionais: primeira experiência profissional, excluídos do mercado de trabalho em função de questões como idade, opção sexual, apresentação pessoal ou afastamento por tempo prolongado do mercado. A empresa de call center é caracterizada como lugar de passagem, como algo temporário em função do baixo salário e das condições de trabalho, mas também em função do perfil dos funcionários (Borba, 2011). Para Mocelim e Silva (2008) as atividades de telemarketing seriam empregos-trampolim, postos de trabalho sabidamente temporários para os trabalhadores, justamente por não serem atrativos profissionalmente, sendo descartados quando encontram melhores oportunidades ou avançam em sua formação. Os postos de atendimento ficam em baias, que possuem um terminal de computador integrado ao sistema telefônico (BARNES, 2007). Segundo Silveira (2006), “os postos de atendimento são construídos de forma a manter os operadores protegidos de interferências externas, como barulhos e conversas paralelas” (p.48). Esta separação não os isola completamente, mas dificulta, 2 http://www.callcenter.inf.br/artigos/20322/call-center-potencial-de-marketing-erelacionamento/imprimir.aspx 31 por exemplo, o contato visual entre os operadores. Ao mesmo tempo, não existem salas individualizadas, caracterizando o que Barnes (2007) chama de open-play layout, uma disposição que facilita o controle. Os gerentes e monitores possuem suas mesas de trabalho nesta mesma área e, ao contrário das baias, não possuem nenhuma separação física, o que facilita a supervisão da rotina de trabalho não operação, pois permite que vejam o que os trabalhadores estão fazendo o tempo todo: “quem está no telefone, quem se ausentou do posto de atendimento, quem está conversando com o colega de trabalho” (p. 254). Taylor et. al. (2002) argumentam que, nos dias atuais, ao contrário do que afirmavam os primeiros estudos sobre relações de trabalho nos Call Centers, as formas de organização do trabalho nas centrais de atendimento estariam distantes da possibilidade de generalização. Se os primeiros estudos demonstravam formas de organizar o trabalho marcas pela rotinização, pela repetitividade e pelo controle eletrônico excessivo, hoje se admite que variados padrões de gestão e de uso da força de trabalho podem estar presentes nos call centers. Segundo Taylor et. al., nos dias atuais, para que se obtenha real compreensão da natureza da organização do trabalho nos Call Centers, devese levar em consideração aspectos como: setor da atividade econômica, natureza das operações, segmento do mercado atendido, tamanho da empresa, complexidade e ciclo de trabalho, entre outros (Taylor et. al., 2002:134). 32 Quadro 1 – Atributos quantitativos e qualitativos no atendimento Quantidade Qualidade Interação simples com o cliente Interação complexa com o cliente Rotinização Individualização/segmentação Objetivo rígido Objetivo flexível Aderência de script rígida Aderência ao script flexível ou inexistente Chamadas de curta duração Chamadas de média ou longa duração Maior parte do tempo em operação ao telefone Satisfação do cliente é prioridade Guiado por estatísticas Estatísticas modificadas por critérios de Tarefas de ciclo de tempo curto qualidade Alto volume de chamadas Tarefas de ciclo longo Baixo valor de chamada Baixo volume de chamadas Baixo nível de discernimento do operador Autovalor das chamadas Natureza da chamada – simples Alto nível de discernimento do operador Produto massificado Natureza da chamada – complexa Produto segmentado Fonte: Adaptado de Taylor et al., 2002 Para Madruga (2006) Call Center deve ser entendido como uma grande arma estratégica da empresa para a busca de diferenciação, tornando-a mais competitiva perante o mercado. Ele também é um instrumento que possibilita a informação e integração da sociedade. Dessa forma, define Call Center como uma central de relacionamento interativa (ativa e receptiva) dotada de tecnologia, pessoas, processos, indicadores, facilidades operacionais, telecomunicações e serviços que atendem às demandas da sociedade, tais como pedidos de informações, reparos, assistência técnica, compras de produtos ou serviços, indicações ou mesmo reclamações. 33 2.2 - Telemarketing O telemarketing no início era conhecido apenas como vendas por telefone. Segundo dados extraídos do site da Associação Brasileira de Teles serviços (ABT), "Telemarketing é toda e qualquer atividade desenvolvida através de sistemas de telemática e múltiplas mídias, objetivando ações padronizadas e contínuas de marketing". Os objetivos do telemarketing podem variar conforme a necessidade da empresa: pode ser utilizado para realização da venda direta, para oferecer suporte aos clientes, para pesquisas de marketing, etc. O telemarketing é uma das ferramentas do marketing direto. A atividade-fim realizada nos Call Center é o Telemarkekting, que pode assumir dois formatos: ativo ou receptivo. No telemarketing ativo o operador toma a iniciativa do contato com o cliente através da realização de uma chamada telefônica. Normalmente, o telemarketing ativo está relacionado à venda de produtos e serviços, bem como à cobrança, fidelização de clientes e pesquisas de mercado. Em sentido oposto, no telemarketing receptivo, a iniciativa do contato é do cliente, que realiza a chamada telefônica. Estão relacionados ao telemarketing receptivo os serviços de atendimento ao cliente, sobretudo através dos serviços de 0800 e 0900, serviços de 62 reclamações e sugestões, prestação de informações diversas, cobrança, suporte técnico e vendas (Mocellin e Silva 2008). A função de teleoperador é a que agrega a maior parte dos empregados nos call centers. O trabalho dos teleoperadores é realizado na posição de atendimento (PA). Tal posição é constituída por um terminal de 34 computador integrado ao sistema telefônico e tem por objetivo a realização do atendimento das chamadas em um call center. Segundo a classificação Brasileira de Ocupações – CBO 2001, os teleoperadores: Atendem usuários, oferecem serviços e produtos, prestam serviços técnicos especializados, realizam pesquisas, fazem serviços de cobranças e cadastramento de clientes, sempre via teleatendimento, seguindo roteiros e scripts planejados e controlados para captar, reter ou recuperar clientes (CBO 2002). Uma das grandes vantagens do telemarketing é que por oferecer a flexibilidade da resposta imediata, há a possibilidade do vendedor mudar seu argumento de venda no mesmo momento, conforme o feedback que está recebendo. Outra vantagem relevante e provavelmente a que tem levado as empresas a aderirem ao telemarketing é o baixo custo; hoje é possível terceirizar este serviço, no mercado há empresas especializadas em telemarketing; o vendedor não precisa se deslocar até o cliente, o que significa uma relativa redução de custos; entramos então em mais uma vantagem: no telemarketing não existe distância entre a empresa e o cliente, porque torna-se possível entrar em contato com qualquer pessoa que possua uma linha telefônica, em qualquer lugar do mundo; não há distância geográfica que impeça o vendedor de estabelecer o contato, sendo ideal para atingir clientes em locais de difícil acesso. Em telemarketing, todo o sucesso da venda depende do momento em que é estabelecida a comunicação. Após estabelecer o contato com o cliente, o sucesso da venda dependerá da comunicação e relação com este cliente; é 35 utilizado o script, uma espécie de roteiro utilizado por quem realiza vendas pelo telefone, e serve como orientador da conversa. 2.3 - Tipos de Telemarketing Segundo o artigo Call Center: potencial de marketing e relacionamento3, podemos encontrar diversos estilos de aplicação do telemarketing. A maioria das empresas praticam dois estilos mais comuns o contato receptivo e o contato ativo realizado pelos profissionais do call center. 1. Telemarketing Receptivo - Geralmente a empresa realiza uma promoção de seus produtos e serviços em diversos meios de comunicação como (tv, rádio, revistas, outdoor, internet etcK) e anuncia um número telefônico para contato. Neste estilo os operadores recebem as chamadas efetuadas pelos clientes ou os possíveis clientes da empresa que viram a divulgação da empresa nos canais de comunicação citados acima. A iniciativa do contato acontece de fora da empresa para dentro. • Principal característica: ü O cliente liga para a empresa para receber uma informação ou efetuar uma compra.; ü Gera cadastro de informações individual dos clientes; 33 http://www.callcenter.inf.br/artigos/20322/call-center-potencial-de-marketing-e-relacionamento/imprimir.aspx acessado em 13/03 36 ü Requer um roteiro para abordagem (informação e resolução de problemas, processo de venda); ü Público comanda a ligação; ü Picos de demanda sazonais; ü Depende de outras mídias; ü Possui menos objeções (rejeição dos clientes); ü Requer um maior conhecimento do produto ou serviço da empresa pelo operador; • Aplicação ü Vendas internas geradas por contatos de clientes; ü Vendas geradas por web site; ü SAC – Atendimento a clientes/consumidores; ü Acompanhamento de pedidos; ü Agendamento de visitas de representantes, solicitados por clientes ou fornecedores. 2. Telemarketing Ativo - Geralmente os operadores ligam, entram em contato com os clientes ou possíveis clientes, oferecendo os produtos, ou simplesmente colhendo informações para uma pesquisa. A empresa vai até o cliente para obter informação ou efetuar uma venda. • Principais característicaS: ü Requer cadastro e informações para as ligações; 37 ü Requer script informações para o contato; ü O operador comanda a negociação; ü Picos de ligações e contatos previstos; ü Trabalha em conjunto com outras mídias para oferecer produtos e serviços; ü Realiza a promoção e divulgação de produtos e serviços; ü Possui mais objeções (rejeição dos clientes); ü Requer um maior conhecimento de técnicas de atendimento e vendas pelo operador; ü Venda direta e pós venda de produtos e serviços. ü Apoio a equipe de vendas e a outras áreas da empresa (suporte); • Aplicação: ü Divulgação de campanhas promocionais e lançamento de produtos e serviços; ü Agendamento de visitas de vendedores e representantes a prospects e a clientes; ü Serviço de apoio ativo as equipes de vendas, revendas e representantes; ü Implementação de campanhas e estratégias de marketing de relacionamento; ü Apoio a pesquisas de satisfação e análise de mercado; ü Confirmação e acompanhamento de pedidos; ü Cobrança de débitos financeiros; 38 3. Telemarketing Misto - Geralmente algumas empresas realizam uma mistura das duas modalidades anteriores, ou seja o operador é responsável tanto pelas ligações recebidas quanto pelas realizadas. Neste estilo a empresa realiza tanto o telemarketing ativo quanto o receptivo com equipes de operadores diferentes. 4. Telemarketing híbrido - Geralmente neste estilo a empresa realiza tanto o telemarketing ativo quanto o receptivo com a mesma equipe de operadores. 2.3 - Qualidade no Atendimento Segundo Madruga (2009), muitas vezes os consumidores acham que Call Center é um mal necessário quando a empresa não atende com qualidade e atenção. Em contrapartida, outros usuários de centrais de atendimento quando bem acolhidos as definem como uma das melhores formas de resolver seus problemas e conflitos. a importância de uma boa gestão O supervisor de Call Center de acordo com Jamil e Silva (2005) tem como funções gerenciar as atividades do call center e estabelecer uma aliança entre o operacional com o estratégico da empresa, que ao verificar as necessidades e problemas na operação do call center, reporta as informações para o estratégico. O supervisor segundo os autores deve acompanhar e motivar sua equipe e estar apto para auxiliar seus funcionários sempre que solicitado. 39 Entre os principais indicadores para a fidelização do cliente é a sua satisfação com a empresa ou com o produto. Se o cliente percebe uma relação adequada de custo e benefício, ele permanecerá consumindo esse produto (SCHULTZ, 2005, p.10). Com isso ele reduz ainda a percepção de risco que ocorre a cada decisão de compra. Sendo o Call Center como um serviço ao cliente ele faz parte da avaliação da qualidade dos serviços assim como todos os outros elementos. Dean (2002) concluiu em sua pesquisa que “tanto qualidade do serviço quanto à orientação para o cliente dos Call Center, afeta a fidelidade que o cliente oferece a organização” (DEAN, 2002, p.420). Ela percebe que o Call Center é a maior interface que o cliente tem em muitas empresas. Assim sendo eles deveriam receber a atenção e o investimento necessário para seu gerenciamento, mantendo especial atenção os elementos que resultam na elevação da qualidade dos serviços: “consumidores alcançando o resultado desejado, assegurar uma resposta correta em um tempo apropriado, treinar e gerenciar os atendentes de modo que eles sejam conhecedores, corteses e solícitos” (Dean, 2002, p.421). De uma forma geral, as métricas operacional-quantitativas são primordiais para a gestão do Call Center, mas não são capazes de avaliar o que o cliente está pensando. A compreensão das necessidades dos clientes e a busca de um diferencial nas interações devem passar por outras variáveis que não apenas as quantitativas. Aparentemente, não é (somente) a rapidez ou a lentidão que irão resultar numa boa interação. Outros elementos como a capacidade de compreensão, a dedicação ao caso ou a proposição de alternativas aos clientes, por exemplo, é que irão definir um “bom atendimento”. 40 2.4 - A rotatividade no Call Center (TURNOVER) O mercado de Call Center está em grande expansão no cenário atual. Este crescimento, em um ambiente com alto nível de estresse, faz com que elevados níveis de rotatividade caracterizem o setor. Os índices de turnover, dentro das organizações de Call Center, tornaram--se um dos grandes desafios que o mercado enfrenta. Esse evento para Madruga (2006), é quase uma doença e, por mais que certas empresas se vangloriem de ter um número Negócios e Talentos sempre é um ponto de atenção quando essa fatia corresponde aos maiores talentos da operação. No mercado do Call Center, um fator que pode influenciar estes altos índices de turnover é a idade dos funcionários, visto que se constata que o mercado de Call Center é composto por trabalhadores mais jovens. Existem muitos outros motivos para que o funcionário deixe o emprego numa central de atendimento. Uma simples “bronca” de um cliente em uma pessoa sensível, a ausência de atenção em ambiente como o do Call Center, ou o confinamento físico diário podem servir de motivos para desligamentos voluntários. Madruga (2006) pesquisou um grupo expressivo de atendentes para descobrir o porquê de rejeitarem a empresa para buscarem outras. O motivo que mais apareceu foi a falta de expectativa neste ramo, seguido de falta de poder para resolver situações com clientes, baixo investimento em treinamento, falta de estratégia de retenção e incentivo de talentos, baixo envolvimento da alta gestão, monitoração de resultados injusta, supervisores mal preparados, salário e benefícios incompatíveis, oportunidades melhores em outro lugar e escala pouco flexível. 41 O maior prejuízo acarretado à organização com o desligamento destes funcionários está no processo de contratação de uma nova pessoa que levará algum tempo para retomar a produtividade perdida. “A questão da menor produtividade do novo profissional ocorre porque o antigo já conhecia as regras, o produto, o serviço e o mercado... demora semanas até que o novo colaborador contribua para o resultado da empresa”. (MADRUGA, 2006). O incentivo financeiro torna-se um fator de peso para o atendente se considerarmos que seu salário não é muito alto. 42 CAPITULO III ESTUDO DE CASO: CTIS Tecnologia S.A Por último, apresentamos o estudo de caso “Fidelização: O Reflexo da Felicidade” da empresa CTIS Tecnologia S.A que foi vencedor do prêmio ABT 2014 . A CTIS atua no ramo de contact center entre outros segmentos. Outras informações foram obtidas através do site da empresa4. 3.1 - Perfil da empresa O mundo vive, hoje, sob a escravidão do imediatismo. A globalização ganhou força nos anos 90 e trouxe para o ambiente corporativo a integração internacional, impulsionada pelo barateamento dos transportes e das ferramentas de comunicação, o que resulta em soluções tecnológicas virtuais e na comunicação rápida. Esse “trânsito expresso” provocou uma verdadeira corrida por melhores oportunidades e está associado, entre outros fatores, aos altos índices de rotatividade nas empresas. De um lado, as pessoas tendem a buscar uma vida melhor e aproveitam a facilidade de cursos e aprimoramentos para ascender profissionalmente. De outro, a empresa tende a buscar o melhor funcionário, não hesitando em fazer substituições por profissionais mais preparados. 4 http://www.ctis.com.br/br/ 43 Este cenário “dinâmico” parece tentador, do tipo “que vença o melhor” e anuncia uma “saudável” corrida pela expertise por parte tanto das empresas, como dos funcionários. No entanto, por trás deste quadro esconde-se uma contradição: sem colaboradores experientes a empresa não atinge maturidade. A fidelização de um funcionário está diretamente ligada às taxas de rotatividade da empresa. Altos índices de rotatividade geram insegurança no pessoal que passa a exercer suas tarefas com menos motivação, sem falar que, com constantes novos funcionários, a empresa está sempre treinando pessoas, ou seja, formam-se equipes “temporárias” que não demonstram coesão e não consolidam know-how. Por isso, nos últimos anos, começaram a surgir empresas “centradas nas pessoas”, que se preocupam com o capital intelectual, concentrando esforços no bem estar de seus colaboradores. Esta aproximação gera o compartilhamento dos valores da empresa com a diferença de que, neste modelo, os funcionários são também ouvidos. Este tipo de gestão amplia o foco do processo de produção, agregando à geração de lucro uma dinâmica que vira o jogo da relação altamente competitiva e propõe um comportamento colaborativo centrado no reconhecimento do bom funcionário e na fidelização deste por meio do estímulo à alegria e ao bem estar no ambiente de trabalho. Observando a cultura de cada indivíduo, passa-se a reconhecer que, para contribuir de fato, os colaboradores precisam sentir-se felizes em suas atribuições e motivados a executar suas tarefas. E o mais importante: verdadeiramente vinculados à empresa. A CTIS acredita na qualidade deste tipo de relação e prioriza o investimento em seu pessoal. Como uma das maiores empresas brasileiras do setor de tecnologia 44 da informação, a CTIS possui o mérito de saber acompanhar as transformações do mundo sem perder sua identidade. Assimila novos olhares, adapta-se às novas demandas, mas não abre mão de suas metas. Por isso, desenvolveu um jeito próprio de lidar com seus colaboradores, buscando, em linha de frente, o reconhecimento e a valorização da identidade de cada um deles. Para constatar esta realidade, basta observar a história de sucesso da empresa e seus percentuais de rotatividade e fidelização, o que se confirma por meio dos depoimentos dos colaboradores, traduzidos em gráficos que revelam as últimas pesquisas do ano de 2014. A seguir os baixos índices de desligamento por iniciativa do colaborador; nos motivos de desligamento de pessoal; e no total de desligados. 45 3.2 História da CTIS A CTIS começou numa pequena sala de apenas 27 m2 que abrigava quatro pessoas: dois funcionários (um Office boy e uma secretária) e dois sócios. Hoje, com 31 anos de atuação na área de prestação de serviços como Contact Center, Distribuição Oracle, Fábrica de Software, Professional Services, Partner Solution e Printing Center, a organização possui atuação nacional, com regionais localizadas em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Belo Horizonte, além de 22 unidades estaduais de serviços de suporte a clientes, espalhados pelo Brasil, com contratos terceirizados de diversas empresas, entre elas: Banco do Brasil, Firjan, Ministério da Educação e Petrobras. No Contact Center da CTIS é feita a completa terceirização das centrais de atendimento e seu modelo resulta em redução dos custos de operação, de gestão de pessoas e processos, investimentos em tecnologia e infraestrutura de atendimento. 46 3.3 - Resultados alcançados através de investimento com a gestão de pessoas O comportamento singular da CTIS é o que a diferencia no mercado: o faturamento anual e o crescimento físico caminham lado a lado com a satisfação de seus colaboradores. De maneira coerente, enquanto evolui em números, a empresa também ganha maturidade na construção de uma relação de confiança junto aos seus funcionários, focando o bem estar e a leveza no ambiente de trabalho. A empresa ainda tem a honra de aposentar duas de suas antigas colaboradoras – uma raridade em organizações de call center. A fidelização deve-se a um conjunto de ações implementadas pela empresa, além disso, uma premissa permeia o dia a dia da gestão de pessoas na CTIS: “Sempre tentar”. Nós somente demitimos um funcionário depois de todas as evidências e de que fizemos de tudo para “salvar” esta pessoa. E temos tido sucesso. Os gráficos abaixo ilustram o percentual de desligamento por inciativa da empresa. São dados otimistas e que confirmam o investimento da CTIS em seu pessoal. 47 48 Dados de pesquisa realizada entre os colaboradores 49 3.4 Motivação e Desenvolvimento de Pessoas (MDP) O serviço de call center é desgastante, ainda que seja somente receptivo, por isso, o MDP é importantíssimo e, curiosamente, é raro existir este setor nas organizações de call center. As campanhas criadas ajudam a tornar o ambiente de trabalho mais agradável. As campanhas desenvolvidas têm objetivo duplo: trazer bem estar e felicidade ao ambiente de trabalho e reduzir índices como absenteísmo, atraso de login, atraso de pausa, entre outras faltas. Ao mesmo tempo em que procuram despertar a consciência dos colaboradores para o compromisso com as normas, os horários e o bom desempenho nas funções de trabalho, os projetos do MDP também estimulam a autoestima e buscam mostrar que trabalho não precisa ser um estorvo, um fardo difícil de carregar. Diversão e responsabilidade caminham lado a lado nas campanhas desenvolvidas pelo MDP. Um bom exemplo é a campanha “Papai Noel Visita o Contact Center”, que já virou tradição na empresa. Para poder enviar uma carta ao Papai Noel da CTIS é preciso estar quite, nos três meses que antecedem o envio da carta, com indicadores como sanções disciplinares (advertências e suspensões), falta injustificada e nota abaixo da média. O sucesso desta campanha é absoluto. O Papai Noel da CTIS tem trabalhado bastante, pois os pedidos são os mais variados, panetone, boneca, perfume e até material de construção. As cartas mais criativas e comoventes são contempladas. E quando cartas irrecusáveis excedem a verba destinada para a campanha? Obstáculos são apenas desafios: a equipe do MDP vai buscar padrinhos para atendê-las. 50 A CTIS faz cerca de 80 ações por ano, são campanhas e outros projetos com foco na gestão de pessoas. Entre campanhas curtas, como é o caso do “Dia Feliz”, que festeja os aniversariantes do dia, e longas, como “Paixão por Páscoa” que comemora a Páscoa durante uma semana, essas atividades contribuem para unir as equipes, ajudam no despertar para questões sociais e da própria empresa e fomentam o espírito de grupo de pertencimento às etapas do processo de produção. Além, é claro, de ressaltarem a importância da responsabilidade saudável com a função de cada um, com as normas da organização e com os colegas colaboradores. A seguir, algumas campanhas e ações populares na CTIS. ORGULHO DE TÊ-LOS CONOSCO O reconhecimento é um dos fatores de sucesso mais importantes para o ser humano. Não adianta atingirmos sucesso se não formos reconhecidos. Pensando nisso, a CTIS comemora os aniversários de admissão de seus colaboradores, valorizando e reconhecendo o tempo dedicado à empresa. Em cada aniversário de admissão, o MDP envia um cartão de felicitações. GANHE, ACUMULE E TROQUE A mais nova campanha da CTIS é um programa de pontos que está a pleno vapor e vai até novembro de 2014. O colaborador ganha Ctickets (moeda de troca) pelos pontos conquistados a cada item que conseguir cumprir e pode trocar os pontos por vários produtos. Os itens são login, não ter tido atrasos, não ter cometido erros fatais, não ter cometido erros críticos, não ter tido sanções durante o mês, ser curtido e ter nota de monitoria acima de 94. Os 51 produtos disponíveis são folgas durante a semana e nos finais de semana, compensações de jornada (de uma, três e cinco horas), banco de horas e assistir aos jogos da copa. Em novembro haverá um dia Especial para os 30 colaboradores que tiverem conquistado a maior quantidade de Ctickets, durante toda a campanha. DIA FELIZ Uma ação diária na CTIS: comemorar o aniversário de seus colaboradores. Neste dia, o aniversariante recebe uma decoração festiva em seu PA, ganha um mini bolo personalizado de seu gestor, faz fotos, pode ir trabalhar de roupa estilo casual day e ainda ganha uma sessão de shiatsu. CARNAVALIZANDO! Nada como promover um ambiente de confraternização na semana que antecede o Carnaval. A CTIS disponibilizou um Instagran gigante para que os colaboradores pudessem fazer fotos com acessórios carnavalescos. Além disso, houve o concurso de Melhor Fantasia de Carnaval (o melhor casal recebeu um brinde) e no Dia D Fantasia todos que desejassem poderiam trabalhar fantasiados. O toque final ficou com o concurso Fantasia Surpresa: os colaboradores enviaram fotos de si mesmos fantasiados e a melhor fantasia ganhou uma folga pós-Carnaval (isso se o vencedor não tivesse nenhuma falta injustificada no mês anterior). A CTIS enviou, durante quatro dias, informes importantes sobre cuidados no Carnaval. 52 CONSTELAÇÃO Este é um concurso que acontece mensalmente na CTIS, durante todo o ano, com o objetivo de avaliar qualidade e produtividade, premiando os melhores agentes de atendimento. Estes recebem um pin com uma das letras da palavra CTIS, um brinde que pode ser material ou folga/horas e um certificado. Além disso, o melhor agente do mês participa de reunião gerencial, tendo a oportunidade de aprofundar-se em vários assuntos da empresa, do interesse de todos e confraterniza em um coffee break. PAIXÃO POR PÁSCOA Na Páscoa da CTIS é tempo de alegrar a criança interior que existe dentro de cada um. A confraternização estende-se durante toda a semana, com várias “brincadeiras”. O Dia D convida todos a irem trabalhar com roupa branca e adereços que lembrem a Páscoa, a paz, a fraternidade. Enquanto isso, os supervisores organizam, em suas equipes, o Amigo Late, ou seja, os amigos ocultos de chocolate. No meio da semana são realizados alguns concursos: Pintura de Rosto com Tema Páscoa (o vencedor ganha um ovo nº 21); o Selfie de Páscoa que premia com um ovo nº 21 o melhor Selfie com tema Páscoa; e, por fim, a brincadeira mais animada, a Caça aos Ovos. Várias figuras de ovos são espalhadas, cada uma com uma cor e uma pontuação. Aquele que obtiver o maior número de pontos ganha um ovo nº 21. Quem não conseguiu nenhum prêmio, não precisa ficar chateado, pois o Coelho da Páscoa vai até a CTIS alegrar o coração de cada colaborador e oferecerá a todos um delicioso bombom de chocolate. 53 MÃE, MINHA PAIXÃO Com o objetivo de valorizar e homenagear as mães do Contact Center, a CTIS criou este concurso para a melhor foto do colaborador ou colaboradora com sua mãe ou da colaboradora que é mãe com seu/sua filho (a). As fotos foram enviadas com uma frase relacionada ao tema da campanha “Mãe, Minha Paixão”. As mães vencedoras receberam um kit Essenza (produtos de tratamento e transformação capilar). Também foram sorteados convites para teatro e as mães que compareceram à peça receberam um porta-retrato de brinde. Os colaboradores que desejassem participar tinham que atender aos seguintes critérios: não ter advertência, suspensão e faltas não justificadas no trimestre que antecedeu o início da campanha. RELAXAMENTO PARA GESTANTES A gravidez é um momento único na vida de toda mulher. A CTIS sabe que as grávidas estão mais expostas ao estresse, não somente porque estão naturalmente mais sensíveis, como também porque a gravidez traz profundas transformações para a vida interior e exterior da futura mãe. Pensando nisso a empresa oferece, durante todo o ano, sessões mensais de relaxamento para as colaboradoras grávidas. 54 BIG BROTHER CTIS Para tratar indicadores como absenteísmo e atrasos de pausa, assim como o preenchimento das folhas de ponto e qualidade do serviço dos colaboradores do Centro de Serviços, o MDP lançou uma campanha criativa, inspirada na linguagem popular e divertida de um programa televisivo de grande audiência. A campanha estimulou um vencedor por equipe, promovendo aquisição de pontos para: 1) Quem não tivesse atraso e falta; 2) O líder da semana. 3.5 – Gestão do Desempenho “Ao entrar na empresa, deixe seus problemas do lado de fora.” É possível separar o profissional do pessoal? A psicóloga que integra a equipe do MDP acredita que essa máxima não faz muito sentido, em vários casos. “Os problemas técnicos perpassam as questões pessoais e os problemas pessoais interferem no profissional”, afirma. Em algum nível sim, claro, é possível não permitir que os assuntos pessoais tornem-se protagonistas no ambiente de trabalho, mas há situações em que esta separação seria uma fragmentação do próprio ser humano, simplesmente porque este não é uma máquina. A vida interior de cada pessoa caminha com ela aonde quer que vá. O CTIS e Você é um programa criado para que o colaborador possa conversar e aconselhar-se. Não se trata de uma clínica de 55 psicologia, mas de um espaço de escuta e orientação, com a certeza da confiança e da discrição. O CTIS e Você pode ajudar nas situações mais diversas: desentendimento entre operadores, casos de depressão, ou mesmo reincidências em atrasos e outras faltas. “Às vezes, a indicação para o CTIS e Você vem do supervisor, às vezes, do próprio colaborador que se percebe necessitando de ajuda. De um modo geral, as pessoas sempre trazem demandas pessoais e buscamos, juntos, a melhor solução para conseguir a melhora visando seu bem estar e o desempenho no trabalho. Supervisão: confiança, leveza e firmeza por um bem maior Engana-se quem pensa que na CTIS chefe é carrasco. Muito pelo contrário, o supervisor aqui é colaborador. É alguém que exige excelência no atendimento, mas que também se coloca disponível para ouvir, para ajudar, compreender e respeitar a individualidade e a situação particular de cada agente de atendimento. De fato, é uma posição desafiadora, pois não basta apenas cobrar do colaborador. É preciso, para além disso, assumir o leme deste barco com equilíbrio e harmonia. A seguir, resultados de pesquisa que estabelecem relação entre satisfação dos colaboradores e o gestor imediato. 56 Formando líderes. “Conhecimento não ocupa espaço”. Sem rodeios, o foco da CTIS ao investir em seus colaboradores. Assistente de MDP e responsável pelos treinamentos realizados na empresa, Ingrid acompanha todas as fases deste setor, desde o treinamento inicial, passando pela 57 reciclagem, até as ações de desenvolvimento de pessoal, incluindo aqueles voltados para desenvolvimento comportamental. A exemplo do Líderes do Futuro, que acontece duas vezes ao ano, e da formação anual de Multiplicadores – contribuem não somente para a formação profissional (com certificação), mas também para o desenvolvimento pessoal. O objetivo da CTIS é desenvolver as pessoas e, se nós conseguimos atingir isso, a meta foi alcançada. "Investimos em possíveis futuros líderes, mas se não ficamos com o colaborador, pelo menos tivemos a chance de contribuir positivamente para a vida daquela pessoa”, explica ela. Talvez seja por isso mesmo, pelo respeito à trajetória profissional de cada colaborador, que a equipe da CTIS tenha conseguido, até hoje, manter índices de rotatividade tão baixos e alto nível de fidelização. A seguir, os gráficos refletem o sentimento dos colaboradores entrevistados sobre o clima e a qualidade dos relacionamentos dentro da empresa. 58 3.5 - Conclusão Foi-se o tempo em que a geração de lucro ia na contramão do bem estar. Como toda empresa, a CTIS também tem visão de lucro, mas isso não acontece se o colaborador não estiver bem. Nem sempre a empresa consegue solucionar tudo, mas, apesar disso, temos confiança no processo. É isso que sustenta a fidelização e o relacionamento de todos os setores da CTIS. Pessoas não são números e não podem ser tratadas como se os fossem. Todos somos, na verdade, agentes ativos responsáveis por construir resultados consistentes e evolutivos. Para que isso possa acontecer, 59 precisamos ser cuidados, tratados com atenção e respeito. É isso o que buscamos, pessoas felizes e motivadas produzem melhor e de forma mais duradoura, pois se percebem como parte do resultado final. Segundo Elaine Schweitzer, em sua tese A Relação entre Motivação e a Rotatividade de Funcionários em uma Empresa, “As organizações de sucesso caracterizam-se pelo envolvimento dos funcionários, pela fidelidade, pelo prazer e pela rotatividade abaixo da média, o que causa, consequentemente, um bom desempenho financeiro. Em um mundo em que todo trabalho depende de conhecimento e o capital intelectual é indispensável para o sucesso econômico, é lógico que a capacidade de atrair, reter e utilizar os talentos proporciona uma vantagem competitiva. (BOHLANDER, 2003)”. A gestão de pessoas, hoje, é uma realidade dentro das empresas, um setor que ganha mais atenção a cada dia. É inegável que funcionários felizes são os melhores do mercado. Investir em capital intelectual é o maior lucro de qualquer empresa. 60 4. Referências Bibliográficas KOTLER, Philip; ARMSTRONG,Gary. Princípios de Marketing. 9. ed. São Paulo: Prentice Hall, 1998. ETZEL, Michael J.; WALKER, Bruce J.; STANTON, William J. Marketing. 11. ed. São Paulo: Makron Books, 2001. JAMIL, George Leal; SILVA, Fabiana Bigão. Call Center & Telemarketing. Rio de janeiro: Axcel Books do Brasil Editora, 2005. BEKIN, Saul F.. Conversando sobre endomarketing. São Paulo: Makron Books, 1995. PIZZINATTO, Nadia Kassouf. Marketing focado na cadeia de clientes. São Paulo: Atlas, 2005. HONORATO, Gilson. Conhecendo o marketing. Barueri, SP: Manole, 2004. Graham J. Hooley; John A. Saunders; Nigel F. Piercy. Estratégia de marketing e posicionamento competitivo. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. McKENNA, Regis. Marketing de relacionamento: estratégias bem sucedidas para a era do cliente. Rio de Janeiro: Campus, 1992 CHURCHILL, Gilbert; PETER, Paul. Marketing: criando valor para os clientes. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2000. DIAS, Sergio. Gestão de Marketing. São Paulo: Saraiva, 2003. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing de Serviços. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. LOVELOCK, Christopher; WIRTZ, Jochen. Marketing de serviços: pessoas tecnologias e resultados. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. CERQUEIRA, Wilson. Endomarketing - Educação e cultura para qualidade. Rio de Janeiro, Editora Qualitymark, 2002. MADRUGA, Roberto: Gestão moderna de call center & telemarketing, os 9Gs indispensáveis para você entender, criar e revolucionar centrais de atendimento. São Paulo: Editora Atlas, 2009. BARNES, Alison. The construction of control: the physical environment and the development of resistance and accommodation within call centers. New Technology, Work and Employment. V. 22, n. 3, p: 246-259, November, 2007. 61 SILVEIRA. Sandra Maria. Organizações e usos das bases de informação para o atendimento a clientes em call centers. Dissertação. Programa de PósGraduação em Ciência da Informação. Universidade Federal de Minas Gerais.2006. Mocelin, D.G., & Silva, L. F. S. C. (2008). O telemarketing e o perfil sócioocupacional dos empregados em call centers. Borba, I. O. (2011). Teleoperadores: onde lhes dói? Estudo comparativo entre os dados disponíveis na literatura especializada sobre suas queixas e o objeto de ações trabalhistas ajuizadas por empregados. Em C. H., Horn, & C. F., Cotanda, (Orgs). Relações de trabalho no mundo contemporâneo: ensaios multidisciplinares (pp.557-582). Porto alegre: Editora da UFRGS. TAYLOR, P., MULUEY, G., HYMAN, J., an d BAIN, P. Work Organization, Control and the Experience of work in call Centres. Work, Empolyment and Society, Volume 16(1): Londres, Março de 2002. p. 133-150. (Datilo) SCHULTZ, Don E. The loyalty paradox: what is brand loyalty after all? Marketing Management. Sep./Oct. 2005. DEAN, A.M. Service quality in call centres: implications for customer loyalty. Managing Service Quality, v. 12, n. 6, 2002. p. 414-423. 4. Referências Eletrônicas http://blog.newtonpaiva.br/pos/763/ acessado e 21/01/2015 http://www.callcenter.inf.br/artigos/20322/call-center-potencial-de-marketing-erelacionamento/imprimir.aspx acessado em 13/03/2015 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TELESSERVIÇOS. O que é Telemarketing? Disponível em: < http://www.abt.org.br/ >. Acessado em: 12 set. 2014. PEPPERS & ROGERS <http://www.1to1.com.br/artigo_1to1.php3?identf=97> Acessado em 02/04/2015 GROUP SERRANO, Daniel Portillo. O que é Marketing. 2007. Disponível em: http://www.portaldomarketing.com.br. Acesso em: 14 jun. 2015. 62