ministério da educação universidade federal do rio grande

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
ANÁLISE DA EFETIVIDADE DO TRANSPLANTE RENAL NA QUALIDADE
DE VIDA DOS RECEPTORES NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
ANA ELZA OLIVEIRA DE MENDONÇA
NATAL/RN
2014
ANA ELZA OLIVEIRA DE MENDONÇA
ANÁLISE DA EFETIVIDADE DO TRANSPLANTE RENAL NA QUALIDADE DE
VIDA DOS RECEPTORES NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Tese apresentada ao Programa de PósGraduação
em
Ciências
da
Saúde
da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
como requisito para a aprovação do título de
Doutora em Ciências da Saúde.
Orientador:
Prof. Dr. Gilson de Vasconcelos Torres
NATAL/RN
2014
Catalogação da Publicação na Fonte Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Catalogação de
Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS
Mendonca, Ana Elza Oliveira de.
Análise da efetividade do transplante renal na qualidade de vida dos receptores no estado do Rio
Grande do Norte / Ana Elza Oliveira de Mendonca. - Natal, 2014.
90f: il.
Orientador: Prof. Dr. Gilson de Vasconcelos Torres.
Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Centro de Ciências da Saúde.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
1. Efetividade no tratamento - Tese. 2. Transplantados - Qualidade de Vida - Tese. 3. Transplante de
rim - Tese. I. Torres, Gilson de Vasconcelos. II. Título.
RN/UF/BSA01
CDU 616.61-089.843
i
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde:
Prof. Dr. Erivaldo Sócrates Tabosa do Egito
NATAL/RN
2014
ii
ANA ELZA OLIVEIRA DE MENDONÇA
ANÁLISE DA EFETIVIDADE DO TRANSPLANTE RENAL NA QUALIDADE DE
VIDA DOS RECEPTORES NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Aprovada em ___/___/____
Presidente da Banca: Profº Dr. Gilson de Vasconcelos Torres
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________
Prof. Dr. Gilson de Vasconcelos Torres
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN)
________________________________________________________
Profa. Dra. Eulália Maria Chaves Maia
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)
________________________________________________________
Prof. Dra. Thaiza Teixeira Xavier Nobre
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)
________________________________________________________
Profa. Dra. Wilma Dias de Fontes
(Universidade Federal da Paraíba – UFPB)
________________________________________________________
Profa. Dra. Ana Cristina de Oliveira e Silva
(Universidade Federal da Paraíba – UFPB)
iii
DEDICATÓRIA
A meus Pais pelo apoio incondicional em todos os momentos da minha vida e por
me guiarem nessa jornada educacional.
A meu esposo Luciano Pessoa Mendonça estar presente em todos os momentos me
apoiando e incentivando, aos nossos filhos Lucas Dayan de Oliveira Mendonça e
Marcel Luiz de Oliveira Mendonça por nos proporcionarem a felicidade de ter uma
família.
Dedicado também a todos os pacientes renais crônicos que sonham em realizar um
transplante, e aos profissionais de saúde que dedicam tanto de suas vidas na luta
por tornar esse sonho em realidade.
iv
AGRADECIMENTOS
À DEUS por estar presente em todos os momentos da minha vida.
Ao meu Orientador Prof. Dr. Gilson de Vasconcelos Torres pelo carinho, apoio
incondicional e orientações esclarecedoras nos momentos mais difíceis.
A minha Família e em especial aos meus Pais, por representarem o começo, meio e
fim de tudo.
Aos meus colegas de trabalho que me apoiaram nessa jornada.
A Profa. Marina de Góes Salvetti por fazer parte dessa história (co-orientadora), pelo
apoio e por me ensinar a acreditar que tudo vai dar certo! Meu muito Obrigada!
A Toda equipe do grupo de pesquisa “Incubadora de procedimentos de
enfermagem”, em especial a Samilly Márjore Dantas Liberato pela valiosa ajuda na
coleta de dados.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo investimento na minha
formação acadêmica, aos funcionários do Departamento de Enfermagem, e aos
pacientes por confiarem em mim e possibilitarem a realização desse sonho.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte e aos seus Funcionários.
v
EPÍGRAFE
“O valor das coisas não está no tempo que elas duram,
mas, na intensidade com que acontecem.”
(Fernando Pessoa)
vi
RESUMO
Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de analisar a efetividade do transplante
renal na qualidade de vida dos receptores no Estado do Rio Grande do Norte. Tratase de um estudo descritivo, com delineamento longitudinal do tipo painel, com
abordagem quantitativa de tratamento e análise dos dados. Para a avaliação da
Qualidade de Vida (QV) dos pacientes renais crônicos antes e após o transplante de
rim utilizou-se o WHOQOL-bref. A pesquisa foi desenvolvida após aprovação do
Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, CAAE nº 0008.0.294.000-10. A população constou
de pacientes em acompanhamento ambulatorial pré e pós-transplante renal, sendo a
amostra composta por 63 pacientes maiores de 18 anos. A coleta de dados foi
realizada no centro de referência para transplante renal no Rio Grande do Norte, de
maio de 2010 a maio de 2013. Os dados foram analisados por meio da estatística
descritiva e apresentados em forma de tabelas e gráficos. Para as análises
estatísticas foram utilizados os programas Microsoft-Excel XP e SPSS 15.0. Os
testes utilizados foram variância simples (ANOVA), teste t, Mann-Whitney e
Wilcoxon, para comparação de médias, além de Correlações de Spearman. Valores
de p<0,05 foram considerados significativos. Os dados sociodemográficos
mostraram predomínio de pessoas entre 18 e 45 anos (68,2%), com idade média de
39,9 anos (DP 12,2), do sexo masculino (63,5%), casados (58,7%) e com filhos
(51,0%). Quanto ao nível de escolaridade observou-se que 49,2% dos participantes
tinham ensino fundamental completo e a maior parte não desenvolvia nenhuma
atividade laboral (90,4%) no período do estudo. A hemodiálise foi a terapia renal
substitutiva predominante (96,8%) e o tempo médio de espera pela efetivação do
transplante foi de 1,9 anos (DP 1,9). A comparação da QV antes e após o
transplante mostrou diferença significativa em todos os domínios analisados,
demonstrando que o transplante renal teve impacto positivo na QV de pacientes
renais crônicos submetidos a transplante renal. Os fatores sociodemográficos não
influenciaram a qualidade de vida neste grupo de pacientes, indicando que o
transplante foi o principal fator para explicar a melhora na qualidade de vida. Assim,
se aceita a hipótese alternativa do estudo, de que há diferença significativa na
qualidade de vida de receptores de rim antes e após o transplante. Espera-se que os
resultados desse estudo possam contribuir para o desenvolvimento de estratégias
de incentivo ao processo de doação de órgãos e transplante renal.
Descritores: Transplante de rim; Efetividade de Tratamento; Qualidade de vida;
Enfermagem.
vii
ABSTRACT
This study was developed with the aim of analyzing the effectiveness of renal
transplantation on quality of life of kidney recipients in the Rio Grande do Norte State.
This is a descriptive study with longitudinal design, panel type with quantitative
approach to data analysis. The Quality of Life (QoL) of chronic disease kidney
patients before and after kidney transplantation was assessed by the WHOQOL-bref,
The population consisted of patients in pre and post-renal transplantation, the sample
had 63 patients older than 18 years. The study was conducted after approval by the
Research Ethics Committee of the Onofre Lopes University Hospital, Federal
University of Rio Grande do Norte, No. CAAE 0008.0.294.000-10. Data collection
was performed at a referral center for renal transplantation in Rio Grande do Norte,
from May 2010 to May 2013. Data were analyzed using descriptive statistics and
presented in tables and graphs. For statistical analyzes, Microsoft Excel XP and
SPSS 15.0 software were used. The tests used were simple variance (ANOVA), ttest, Mann-Whitney and Wilcoxon test to compare means, and Spearman
correlations. P values <0.05 were considered significant. The demographic data
showed a predominance of people between 18 and 45 years (68.2%) with a mean
age of 39.9 years (SD 12.2), male (63.5%), married (58.7%), with children (51.0%).
Regarding the education level was observed that 49.2% of participants had
completed primary school, and most did not engage in any work activity (90.4%)
during the study period. Hemodialysis was the predominant renal replacement
therapy (96.8%) and the average waiting time for execution of transplantation was
1.9 years (SD 1.9). Comparison of QoL before and after transplantation showed
significant differences in all areas analyzed, demonstrating that kidney
transplantation had a positive impact on QoL in chronic renal patients undergoing
kidney transplantation. Sociodemographic factors did not influence the quality of life
in this group of patients, indicating that transplantation was the main factor to explain
the improvement in quality of life. Thus, the alternative hypothesis of the study was
accept, that there is a significant difference in quality of life before and after kidney
transplant. It is expected that the results of this study may contribute to the
development of strategies to encourage organ donation and kidney transplantation
process.
Descriptors: Kidney transplantation; Effectiveness of Treatment; Quality of life;
Nursing.
viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABTO
Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos
CAPD
Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua
CCPD
Diálise Peritoneal Contínua por Cicladora
CIF
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde.
CNCDO
Comissão De Notificação, Captação e Doação de Órgãos e Tecidos
CMV
Citomegalovírus
DE
Doador Efetivo
DP
Dialise Peritoneal
FAV
Fístula Arteriovenosa
HD
Hemodiálise
HLA
Antígeno Leucocitário Humano
HUOL
Hospital Universitário Onofre Lopes
IR
Insuficiência Renal
IRA
Injúria Renal Aguda
IRC
Insuficiência Renal Crônica
MS
Ministério da Saúde
MTE
Ministério do Trabalho e Emprego
OMS
Organização Mundial de Saúde
OPTN
Organização Nacional de Procura de Órgãos
PD
Potencial Doador
ix
QV
Qualidade de Vida
QVRS
Qualidade de Vida Relacionada à Saúde
RBT
Registro Brasileiro de Transplantes
SBN
Sociedade Brasileira de Nefrologia
SNT
Sistema Nacional de Transplante
SUS
Sistema Único de Saúde
TRS
Terapia Renal Substitutiva
UTI
Unidade de Terapia Intensiva
WHOQOL
World Health Organization Quality of Life
x
LISTA DE FIGURAS
INTRODUÇÃO
Figura 1 - Processo de doação de órgãos e tecidos. Natal/RN, 2013…………
18
ARTIGO 01
Figura 1 - Distribuição dos pacientes submetidos a transplante renal
segundo sexo e comorbidades. Natal/RN, 2013…………………………………
42
xi
LISTA DE TABELAS
ARTIGO 01
Tabela 1 - Distribuição dos pacientes submetidos a transplante renal,
segundo caracterização sociodemográfica. Natal/RN, 2013......................
37
ARTIGO 02
Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica da amostra estudada,
segundo QV pré e pós-transplante renal....................................................
50
Tabela 02 - Comparação entre os domínios antes e após o transplante
renal............................................................................................................
51
ARTIGO 03
Tabela 1 - Distribuição das características sociodemográficas de
pacientes renais crônicos - Natal, RN, Brasil, 2013....................................
62
Tabela 2 - Comparação dos escores médios das questões do domínio
físico, antes e após transplante renal – Natal, RN, Brasil, 2013.................
63
Tabela 3 - Correlações entre as questões do domínio físico e a qualidade
de vida geral antes e após transplante renal – Natal, RN, Brasil,
2013.............................................................................................................
63
xii
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO. ...........................................................................................
14
2
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA.......................................................
24
3
JUSTIFICATIVA..........................................................................................
26
4
OBJETIVOS................................................................................................
27
4.1 Objetivo geral..............................................................................................
27
4.2 Objetivos específicos..................................................................................
27
5
MÉTODO....................................................................................................
28
5.1 Tipo de estudo............................................................................................
28
5.2 Local de estudo...........................................................................................
28
5.3 População e amostra..................................................................................
29
5.4 Instrumento de coleta de dados.................................................................
29
5.5 Procedimentos de coleta de dados...........................................................
30
5.6 Análise dos dados.....................................................................................
31
5.7 Hipóteses de estudo..................................................................................
31
5.8 Procedimentos para avaliação da qualidade de vida................................
32
6
ARTIGOS PRODUZIDOS..........................................................................
34
6.1 Artigo 1......................................................................................................
34
6.2 Artigo 2......................................................................................................
48
6.3 Artigo 3......................................................................................................
59
7
COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E CONCLUSÕES......................................
70
REFERÊNCIAS........................................................................................
77
APENDICES.............................................................................................
80
ANEXOS...................................................................................................
89
14
1 INTRODUÇÃO
Os transplantes de órgãos e tecidos se tornaram uma realidade em nosso
meio, se configurando como uma terapêutica segura para pacientes com doenças
crônicas terminais, graças aos avanços científicos, tecnológicos, organizacionais e
administrativos. No entanto, esses avanços se deparam com uma dificuldade similar,
que é a disparidade crescente entre o número de pacientes em lista de espera e de
órgãos disponíveis para transplante.(1,2)
Segundo dados da Organização Nacional de Procura de Órgãos (OPTN), nos
Estados Unidos da América (EUA), em 2004 morriam em média 17 pessoas por dia
na expectativa de um órgão para transplante, e a cada 12 minutos, uma pessoa
entrava em lista. Esse quadro não se modificou ao longo dos anos e em maio de
2014 haviam 108,393 mil pacientes registrados a espera por um rim no pais.(3)
No Brasil o cenário de acesso aos transplantes também é bastante desigual,
apesar de possuir um dos maiores programas públicos de transplantes de órgãos e
tecidos do mundo, com mais de quinhentos estabelecimentos de saúde cadastrados,
e mais de mil equipes médicas autorizadas junto ao Sistema Nacional de
Transplante (SNT) a realizar transplantes no país. O SNT está presente em todos os
Estados do país, por meio das Centrais Estaduais de Transplantes que cadastraram
até março de 2014 aproximadamente 20.053 pessoas ativas em lista de espera para
transplante de órgãos sólidos. Destas 94 no Estado do Rio Grande do Norte.(4)
Os transplantes são procedimentos de alta complexidade que exigem recursos
materiais e humanos especializados. Assim, além de afinidade e dedicação, os
profissionais necessitam de capacitação técnica de alto nível e educação
permanente para que o transplante tenha maior chance de êxito.(4,5)
A efetividade dos transplantes depende do processo de doação, que é dividido
em etapas interdependentes, e que necessitam ser bem executadas e articuladas
entre si, desde o momento da identificação do Potencial Doador (PD) até o implante
do órgão no receptor, sendo que todo o processo deve se desenvolver em poucas
horas. Esse fato justifica-se pela perda funcional progressiva, resultante da
fisiopatologia da Morte Encefálica (ME) que afeta o funcionamento de todo o
organismo. No entanto, as sistemáticas adotadas têm-se mostrado insuficientes para
sanar as carências existentes, ocasionando menor efetividade dos transplantes. (6,7)
15
Assim, faz-se necessário avaliar a efetividade do transplante renal, bem como,
seus benefícios e resultados para os receptores. A efetividade clínica tem como
objetivo primário avaliar determinada tecnologia em termos de benefício e dano. Em
geral, esses estudos contemplam dados sócio-econômicos, status de escolaridade e
de emprego, co-morbidades, taxa de hospitalização e mortalidade/sobrevivência dos
participantes.(7)
A melhor forma de conhecer a efetividade de um procedimento ou tratamento é
por meio da avaliação da Qualidade de Vida (QV) dos envolvidos. Avaliar a QV de
receptores de órgãos sólidos antes e após o procedimento em diferentes intervalos
de tempo possibilitará uma melhor compreensão dos aspectos que foram
modificados visando o planejamento de intervenções futuras.(7,8)
Em estudo realizado por Sancho e Dain (7), para comparar as formas mais
adequadas de se pesquisar o custo-efetividade das terapias renais substitutivas,
observou-se que em relação ao transplante, a medida de escolha é a sobrevida
ajustada pela QV. Os autores destacam ainda, que o transplante renal foi a terapia
com menor custo monetário, quando comparada as modalidades de diálise.
Santos(8) realizou um estudo com 161 pacientes renais crônicos maiores de 18
anos tratados por hemodiálise, destes 85 em fila de espera e 76 não elegíveis para
transplante de rim. A comparação dos resultados obtidos nos dois grupos revelou
que a QV medida pelo SF-36 foi menor para os pacientes não elegíveis para
transplante, principalmente nos aspectos emocionais e físicos.
Uma pesquisa realizada no Brasil entre 2002 e 2003 para avaliar a sobrevida
de 31.298 pacientes renais crônicos maiores de 18 anos, identificou que a maioria
era do sexo masculino, iniciou o tratamento em hemodiálise e residia na região
sudeste. Quanto à sobrevida observou-se que foi menor em pacientes diabéticos,
idade superior a 55 anos e que faziam diálise peritoneal(9).
Cruz et al(10) estudou a QV de 155 pacientes em diferentes estágios da doença
renal crônica e comparou com 36 indivíduos em Hemodiálise (HD), utilizando o
instrumento de mensuração de QV SF-36. O resultado demonstrou que pacientes
nos estágios iniciais da doença apresentavam escores menores de QV,
especialmente nos aspectos físicos quando comparado aqueles em HD.
O resultado dos estudos desenvolvidos com renais crônicos em diferentes
modalidades de tratamento contribui para o processo de avaliação em saúde desses
16
pacientes. Uma vez que, os resultados favoráveis de uma intervenção em condições
reais e sustentáveis, justificam a sua efetividade(11).
Assim, os resultados positivos motivaram o desenvolvimento dos programas
de transplantes de órgãos simultaneamente em vários países do mundo no final da
década de 1940. No entanto, ainda não havia o conhecimento dos aspectos
imunológicos dos transplantes nesse período. Mas, a melhoria das técnicas
cirúrgicas, cuidados intensivos, descoberta da histocompatibilidade e das drogas
imunossupressoras possibilitaram a efetividade desses procedimentos na prática
médica(3).
Diferente de outros países, a atividade de transplante de órgãos e tecidos,
iniciou-se no Brasil ano de 1964 na cidade do Rio de Janeiro e no ano seguinte, na
cidade de São Paulo, com a realização dos dois primeiros transplantes renais do
país. No entanto, esse tipo de tratamento pouco se difundiu na época, em razão da
baixa sobrevida dos pacientes transplantados(9). Em 1996 o número de transplante
de órgãos sólidos tornou-se significativo, gerando a necessidade de regulamentação
dessa atividade por meio da criação de uma coordenação nacional para o sistema
de transplante. E em 4 de fevereiro de 1997, é que foi publicada a Lei nº 9.434, que
dispõe sobre a retirada de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para
transplante(6).
Em conformidade com essa Lei(6), a obtenção de partes do corpo humano, para
fins terapêuticos ou humanitários, foi estabelecida como obrigatoriamente gratuita,
tanto para doadores vivos quanto falecidos. Para ser um doador vivo a pessoa
precisa estar em boas condições de saúde, ser considerado juridicamente capaz e
concordar voluntariamente com a doação. Para o caso de doação de órgãos entre
cônjuges ou parentes consanguíneos até o quarto grau, ou qualquer outra pessoa, a
doação só pode ser concretizada mediante autorização judicial(6).
Já o doador falecido, é um paciente com diagnóstico confirmado de ME,
estabelecida mediante realização do protocolo de ME regulamentado pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM). Nesse caso, a doação dependerá do consentimento
familiar, ou seja, autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a
linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau. De um único doador falecido
podem ser captados oito órgãos para transplantes, além de tecidos como as
córneas, ossos e pele(12).
17
Para dar celeridade às etapas do processo de doação-transplante no Brasil,
foram inicialmente criadas as estruturas de gestão como o órgão central (Sistema
Nacional de Transplantes) e posteriormente as Centrais de Notificação, Captação e
Distribuição de Órgãos (CNCDO) em cada Estado brasileiro. A CNCDO realizou o
cadastro técnico (lista única em cada Estado) para distribuição dos órgãos e tecidos
doados de forma justa e igualitária, através do Decreto-lei nº 2.268/97(6).
O Ministério da Saúde com o intuito de impulsionar os transplantes no Brasil
criou em 2001, as Comissões Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para
Transplante (CIHDOTT). E em 2005, por meio da Portaria nº 1.752/GM de 23 de
setembro de 2005, determinou a constituição dessa comissão em todos os hospitais
públicos, privados e filantrópicos(5,6). Em virtude do êxito dos transplantes no Estado
de São Paulo, o seu modelo de procura de órgãos por meios das Organizações de
Procura de Órgãos (OPOs), passa a vigorar em todo o país, de acordo com a
Portaria 2600 de 21 de outubro de 2009(1).
Para a efetivação dos transplantes é necessário que todas as etapas do
processo de doação-transplante sejam concluídas. Esse processo é definido como
um conjunto de ações e procedimentos sistematizados e inter-relacionados que se
inicia com a identificação de um PD e se encerra com o transplante. No entanto,
uma das etapas importantes para se mensurar o sucesso dos procedimentos, diz
respeito ao acompanhamento dos resultados(1).
No entanto, cabe ressaltar que o êxito em cada uma dessas etapas é
igualmente importante: identificação e notificação do PD, avaliação do PD,
manutenção do PD, confirmação do diagnóstico de ME, entrevista familiar,
documentação de ME, aspectos logísticos, remoção e distribuição de órgãos e
tecidos, transplante e acompanhamento de resultados(6).
A Figura 1, apresentada a seguir, possibilita a visualização ordenada do
processo de doação-transplante:
18
(13)
Figura 1: Processo de doação-transplante de órgãos. Fonte: ABTO, 2009
.
A disparidade entre o número de doadores e candidatos a um transplante,
reforçam a importância do trabalho dos profissionais para o êxito do processo
doação-transplante. Outro fator importante para o maior aproveitamento dos órgãos
é a possibilidade de utilizar órgãos de doadores limítrofes ou com critérios
expandidos. Ou seja, doadores portadores de enfermidades agudas ou crônicas e
com idade-limite. Nesse caso, a equipe transplantadora deve avaliar criteriosamente
o custo benefício a curto e longo prazo, para o receptor(1,2,13-14).
Para assegurar que a alocação dos órgãos e tecidos doados seja justa para
quem esta na fila de espera foram estabelecidas normas e critérios de distribuição
em todo o território nacional norteados por princípios legais e bioéticos,
fundamentais para a manutenção da credibilidade do SNT. Assim, é realizada a
seleção de receptores a partir do cadastro de pacientes em lista única na CNCDO
de cada Estado(13-14).
No entanto, a distribuição ou alocação obedece ainda à especificidade de cada
órgão, como o tempo de permanência fora do corpo, denominada isquemia fria. No
caso de rins são necessários testes de compatibilidade imunológica ou histológica e
compatibilidade sanguínea entre doador e receptor(4,13).
19
Quanto ao candidato a receber um rim, este deve estar classificado na lista
como paciente “ativo”, ou seja, estar clinicamente bem, em condições de suportar
uma cirurgia, de posse de exames pré-operatórios atualizados, tanto os laboratoriais
quanto de imagem, além de avaliação odontológica e ginecológica(2,13). Mesmo com
todos esses aspectos, o acesso aos transplantes não tem sido equitativo, já que as
dificuldades para fazer os exames prévios para entrar na lista de espera para
transplantes são maiores para os pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), em relação aqueles que pagam pelos exames ou que têm planos de
saúde(2,14).
O transplante de rim é indicado para pacientes portadores de Insuficiência
Renal Crônica com clearance de creatinina igual ou menor que 20 ml/min/1,73m.
Com um clearance nesse nível, o paciente necessita de uma terapia de substituição
da função renal, que pode ser obtida pela filtração artificial do sangue em máquinas
para HD, por meio da Diálise Peritoneal (DP) e ainda pelo transplante renal(9,13).
Os candidatos ao transplante renal conseguem esperar mais tempo por um rim
compatível,
sendo,
comprometimentos
que
essa
severos
da
espera
para
muitos
diálise.
Dentre
os
é
sofrida
quais
se
frente
aos
destacam
o
desenvolvimento de hipertensão, doença óssea, anemia crônica, entre outros(2,8,15).
Quando os órgãos doados não podem ser transplantados no nosso Estado,
devem ser disponibilizados para a o SNT que centraliza a lista única nacional, onde
será realizada a busca por receptores compatíveis nas centrais dos Estados
vizinhos, visando minimizar o tempo de isquemia fria dos órgãos, ou seja, sob
refrigeração. Essa conduta é adotada por todas as centrais de transplante do Brasil
para que não haja desperdício de órgãos (13).
Para a efetivação do transplante é preciso acionar a equipe transplantadora de
cada órgão, informando qual paciente receptor foi classificado segundo o critério de
compatibilidade. Cabe à equipe decidir sobre a utilização desse órgão, uma vez que
o médico é conhecedor do estado atual e das condições clínicas de seu paciente
receptor (4).
No Brasil, o SUS financia todos os tipos de transplantes. Esse fato, aliado às
iniciativas empreendidas no sentido de proporcionar uma remuneração adequada
pelos procedimentos médicos relacionados aos transplantes, propiciou um
crescimento contínuo da atividade. Como resultado, o Brasil passou a deter o maior
20
sistema público de transplante do mundo. Em números absolutos, apenas os
Estados Unidos realizam mais transplantes que o Brasil (9,16).
Atualmente, existem 235 centros cadastrados para transplante renal, 69 para
transplante cardíaco, 89 para transplante hepático, 43 para transplante de pâncreas
e 12 para transplante pulmonar. Quando se trata de enxerto de tecidos, existem 389
centros cadastrados para córnea, 27 para transplante ósseo, 1 de pele e 7 de
válvulas cardíacas (2).
A CNCDO do Rio Grande do Norte (RN) foi criada em 02 de junho de 2000,
sob o decreto Nº 14.919, com o objetivo coordenar a política de transplantes no
Estado. A central é responsável por promover a inscrição de potenciais receptores,
classificá-los e agrupá-los de acordo com as medidas necessárias para facilitar a
localização e a verificação de compatibilidade, comunicar ao SNT as inscrições de
possíveis receptores, e receber notificações de ME que possibilite a retirada de
órgãos e tecidos para transplante.
Atualmente, o RN viabiliza transplantes de rins, córnea e medula óssea. Após a
efetivação
de
um
transplante
de
órgão
sólido,
iniciam-se
cuidados
de
acompanhamento pela equipe de transplante, que vão durar enquanto o enxerto se
mantiver em funcionamento. As equipes multiprofissionais em geral são compostas
por médicos, enfermeiras, nutricionista, psicólogo e assistente social, sendo o
agendamento para o seguimento ambulatorial estabelecido por cronogramas
distintos em função do tipo de órgão transplantado(17).
Dentre
as
significativamente
complicações
mais
a
do
sobrevida
frequentes
órgão
e
que
transplantado
(ou
comprometem
enxerto)
e
consequentemente a qualidade de vida do paciente estão as infecções, que podem
surgir precocemente relacionadas às complicações do próprio procedimento
cirúrgico(8). Esse risco é potencializado pelo uso de dispositivos invasivos, como
sondas, tubos, drenos, cateteres e pelo fato de estar sob o risco de infecção
hospitalar durante a internação. A partir do segundo mês após a cirurgia de
transplante podem surgir as infecções oportunistas que resultam da debilidade do
sistema imunológico do paciente, provocadas pelos medicamentos usados para
evitar a rejeição do enxerto(17).
Por volta do terceiro mês, as infecções são mais ou menos parecidas entre os
diversos tipos de transplantes, sendo as virais as mais frequentes. Uma das mais
comuns é a infecção causada pelo Citomegalovírus (CMV), que, requer urgência no
21
tratamento devido a sua alta letalidade. Em alguns casos as infecções são
provenientes do próprio enxerto, em situações relacionadas tanto ao doador que
pode ser portador do CMV, ou do receptor devido ao seu estado de
imunossupressão(18).
As medicações imunossupressoras evitam a rejeição do órgão transplantado, e
sua dose varia com o tipo de transplante, a origem do órgão que pode ser de doador
vivo ou doador falecido e o grau de compatibilidade entre doador e receptor. Vale
salientar que logo após o transplante se utilizam altas doses de imunossupressores
e estas são gradualmente reduzidas, de acordo com a resposta do paciente ao
tratamento(19).
Assim, todos os membros da equipe multiprofissional devem adotar medidas
convencionais de prevenção de infecção como a lavagem adequada das mãos, o
uso de equipamentos de proteção individual sempre que forem realizar
procedimentos necessários no paciente. Pois, medidas simples respondem pela
redução da taxa de infecção(16).
A partir das referências consultadas em manuais explicativos da Associação
Brasileira de Transplante (ABTO), livros didáticos, revistas, sites, jornais, televisão, e
experiência como enfermeiros de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e clínicas
de HD fez surgir o interesse pelo tema.
A temática da QV vem sendo cada vez mais debatida pelas sociedades
contemporâneas e amplamente estudada em diferentes situações da vida cotidiana.
Entretanto, observa-se um interesse crescente na QV relacionada à saúde, com o
intuito de avaliar a eficiência de tratamentos e procedimentos em diferentes grupos
de indivíduos. Frente a complexidade da temática e a fim de possibilitar uma melhor
compreensão Donabedian(20) ampliou o conceito da qualidade utilizando o que
denominou "sete pilares da qualidade": eficácia, efetividade, eficiência, otimização,
aceitabilidade, legitimidade e equidade.
Com esse entendimento, definiu a eficácia como a capacidade da ciência e da
tecnologia de produzirem melhorias na saúde e no bem-estar. Significa o melhor que
se pode fazer nas condições mais favoráveis, dado o estado do paciente e mantidas
constantes as demais circunstâncias(20).
A efetividade foi definida como a melhoria na saúde, alcançada ou alcançável
nas condições usuais da prática cotidiana. Já eficiência foi considerada a medida do
custo com o qual uma dada melhoria na saúde é alcançada. Se duas estratégias de
22
cuidado são igualmente eficazes e efetivas, a mais eficiente é a de menor custo. A
Otimização torna-se relevante à medida que os efeitos do cuidado da saúde não são
avaliados em forma absoluta, mas relativamente aos custos(20).
A Aceitabilidade é tida como sinônimo de adaptação do cuidado aos desejos,
expectativas e valores dos pacientes e de suas famílias. Depende da efetividade,
eficiência e otimização, além da acessibilidade do cuidado, das características da
relação médico-paciente e das amenidades do cuidado(20).
Por último, a Legitimidade, que foi definida como a aceitabilidade do cuidado da
forma como é visto pela comunidade ou sociedade em geral e equidade é princípio
pelo qual se determina o que é justo ou razoável na distribuição do cuidado e de
seus benefícios entre os membros de uma população. A equidade é parte daquilo
que torna o cuidado aceitável para os indivíduos e legítimo para a sociedade (20).
Concluído todo esse processo faz-se necessário o acompanhamento dos
resultados para verificar sua efetividade e para gerar informações que subsidiem o
planejamento de ações(21). Nesse contexto, o acompanhamento dos resultados pode
ser verificado por meio da avaliação da QV dos receptores de órgãos, buscando
identificar em quais aspectos houve melhorias de acordo com a percepção dos
mesmos. A QV pode ser medida por instrumentos específicos para um grupo
especial de pacientes ou genéricos quando podem ser aplicados a qualquer
indivíduo(22).
Para fins desse estudo adotou-se o conceito de QV desenvolvido pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), que define QV como “a percepção do
indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos
quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações” (WHO, 1995, p. 1403) (23).
O interesse em conceitos sobre "padrão de vida" e "qualidade de vida" foi
inicialmente partilhado por cientistas sociais, filósofos e políticos. Flek et al(24),
ressaltam que o conceito de QV é um movimento dentro das ciências humanas e
biológicas, no sentido de valorizar parâmetros mais amplos como a diminuição da
morbi-mortalidade, análise de intervenções terapêuticas e grau de satisfação do
indivíduo nas várias esferas de sua vida.
Com esta visão, Minayo, Hartz e Buss(25) afirmam que as boas condições de
saúde, os progressos políticos e econômicos, sociais e ambientais influenciam a QV
de forma favorável. Em consonância, Seidl e Zannon(26) reforçam que o construto
23
QV vem se tornando cada vez mais popular e frequentemente associado ao conceito
de indicador social.
O direcionando esses conceitos para o campo da saúde, surgiram desde o
nascimento da medicina social(25). Por esta razão, Gonzales(27) afirma que o mundo
moderno e os grandes problemas enfrentados pela humanidade contemporânea
tornam imprescindível o estudo das condições de vida das comunidades e dos
indivíduos buscando entender e proteger a saúde e a felicidade das pessoas. A
visão desta realidade tem como meta proporcionar uma existência digna, saudável,
livre, feliz e com equidade moral, por meio da interação do homem e seu meio
ambiente.
24
2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA
A despeito do reconhecimento da magnitude das atividades públicas de
transplantes no Brasil, o SNT convive com sérios problemas de natureza gerencial,
da qualidade, da atualização tecnológica dos procedimentos médicos e da garantia
de prestação de tratamento tempestivo e equitativo ao seu público alvo (2).
Outro obstáculo à realização dos transplantes é a escassez de doadores para
atender à crescente demanda de pacientes em lista de espera. A falta de órgãos e
tecidos reflete não apenas a dificuldade de identificar PDs, mas também, de
convertê-los em Doadores Efetivos (DE)(1,2).
A partir da notificação de um PD a CNCDO iniciam-se as ações para a
efetivação do transplante. Sua concretização depende de uma logística e de um
fluxo contínuo de informações entre as equipes de captação e transplante para
viabilizar a chegada do órgão doado ao receptor. Essa etapa do processo depende
do compromisso ético, responsabilidade e precisão de todos os profissionais
envolvidos(1,13,14).
Após a efetivação do transplante, todos os receptores necessitam de
acompanhamento
por
equipes
multiprofissionais,
realização
periodicamente e de um serviço hospitalar de suporte
de
exames
(13,17)
. Em relação ao
acompanhamento dos pacientes submetidos a transplante renal verificou-se a
existência de um centro para o seguimento dos receptores de todo o Estado, que
centraliza os registros de receptores de rim e disponibiliza atendimento ambulatorial
e leitos para internação.
Os transplantes de órgãos são procedimentos complexos, que visam à
manutenção da vida, mas, não basta somente à utilização de recursos tecnológicos
sofisticados, e sim, o resgate e a valorização do paciente enquanto pessoa, que tem
a sua forma singular de pensar, agir e sentir(19).
Nessa perspectiva, a Enfermagem, que lida no seu cotidiano com as ações de
promoção e proteção à saúde, está muito mais próxima dos aspectos relevantes,
como condições materiais, sociais, políticas, culturais de cada sociedade e da
subjetividade individual para a promoção da QV dos seus clientes.
Zimmermann, Carvalho e Mari(30) concordam com essa posição e afirmam
que o desafio em relação a estas vítimas agora é compreender a associação entre
os fatores psicossociais e a sua evolução, por meio da adesão ao tratamento,
25
ajustamento, suporte social e familiar que contribuem positivamente e estão
associados com uma melhor sobrevida. Daí a importância de conhecermos a QV na
sua perspectiva.
Baseada no pressuposto de que o transplante renal melhora a QV dos
pacientes, quando comparada antes e após o procedimento, questionamos: Quais
as características sociais e demográficas dos receptores de rim do Rio Grande do
Norte? Quais os aspectos indicados como relevantes pelos pacientes antes e apóstransplante renal sobre sua qualidade de vida, medidos pelo WHOQOL-bref?
26
3. JUSTIFICATIVA
O processo de doação-transplante é complexo e envolve sentimentos
conflitantes, de tristeza para quem perdeu um familiar e de alegria para quem
recebeu o órgão doado. No entanto, o processo não se encerra com a doação e sim
com a avaliação e acompanhamento dos resultados após a efetivação do
transplante.
Cabe ressaltar que após o transplante renal, os receptores serão avaliados
periodicamente em ambulatório, mesmo com funcionalidade estável do enxerto. O
intervalo entre as consultas é estabelecido de acordo com o tempo de procedimento
cirúrgico e evolução do paciente.
Nesse contexto, a mensuração da QV dos receptores corresponde a uma das
formas de avaliar o resultado dos transplantes. Assim, justifica-se a realização do
presente estudo, com o intuito de mensurar a QV dos receptores de rim no Estado
do Rio Grande do Norte.
Esse assunto ganha relevância frente ao aumento das taxas de incidência e
prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, dentre as quais se destaca a
DRCT, que vem atingindo pessoas cada vez mais jovens em plena fase produtiva da
vida. Sendo o transplante renal a modalidade de terapia renal substitutiva com
menor custo financeiro quando comparada a hemodiálise e diálise peritoneal.
27
4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo Geral
Analisar a efetividade do transplante de rim na qualidade de vida de
receptores no Estado do Rio Grande do Norte.
4.2 Objetivos Específicos
 Caracterizar os pacientes submetidos ao transplante de rim no Rio Grande do
Norte quanto aos aspectos de saúde e sociodemográficos;
 Descrever os aspectos que diferenciam a qualidade de vida dos receptores de rim
antes e após o transplante, medida pelo WHOQOL-bref;
 Analisar o impacto do transplante de rim na qualidade de vida dos receptores de
rim no Rio Grande do Norte;
28
5 MÉTODO
5.1 Tipo de Estudo
Estudo analítico, com delineamento longitudinal do tipo painel e abordagem
quantitativa de tratamento e análise dos dados, tendo como propósito avaliar à
qualidade de vida de receptores de rim no Rio Grande do Norte.
Segundo Polit, Beck e Hungler(31), a pesquisa descritiva tem o propósito de
observar, descrever e explorar aspectos de uma situação e o delineamento
longitudinal do tipo painel é uma investigação elaborada para coletar dados em mais
de um momento no tempo em uma mesma amostra. Seu principal valor reside em
sua capacidade de demonstrar claramente tendências ou mudanças com o passar
do tempo e sequência temporal dos fenômenos na amostra estudada, o que
constitui um critério fundamental para o estabelecimento de causalidade.
O estudo tipo painel costuma provocar mais informações, em virtude do
pesquisador encontrar-se em uma posição para examinar os padrões de mudanças
e as razões para elas, uma vez que as mesmas pessoas são contatadas em dois ou
mais momentos no tempo. Tal estudo é capaz de identificar os indivíduos que
mudaram e os que não mudaram, para posteriormente, isolar as características dos
subgrupos em que ocorreram mudanças(32).
Já o método quantitativo, segundo Richardson et al (32), representa a intenção
de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação
possibilitando uma margem de segurança quanto às inferências. É frequentemente
aplicado nos estudos descritivos, que procuram descobrir e classificar a associação
entre variáveis, bem como, nas que investigam a relação de causalidade entre
fenômenos.
5.2 Local do estudo
A pesquisa foi realizada na unidade hospitalar credenciada pelo SNT para
transplantes de rim no Rio Grande do Norte, que funciona no Hospital Universitário
Onofre Lopes (HUOL). O serviço de referência é credenciado tanto para captação
quanto para transplante de rim. No Estado existem equipes médicas treinadas e
29
credenciadas junto ao SNT para realização de transplantes de órgão sólidos como o
rim, e de tecidos como os de medula óssea e de córneas.
5.3 População e Amostra
A população foi composta por todos os receptores de rim resultantes da
conclusão do processo de doação, ou seja, a remoção e destinação dos órgãos aos
receptores em lista de espera para transplante de rim no Estado do Rio Grande do
Norte. A amostragem foi por acessibilidade de pacientes agendados para
atendimento ambulatorial.
Assim, a amostra foi composta por 63 receptores de rim, que atenderam aos
seguintes critérios de inclusão: ter idade igual ou superior a dezoito anos, por ser
uma exigência do instrumento de avaliação de QV e comparecer as consultas
ambulatoriais para acompanhamento.
Como critérios de exclusão foram adotados os seguintes critérios: evolução
para óbito ou perda do enxerto, ou pacientes que faltaram as consultas
ambulatoriais no período de coleta de dados.
5.4 Instrumento de Coleta de Dados
A coleta de dados foi realizada em dois momentos com o mesmo grupo de
pacientes, sendo a primeira antes do transplante com os candidatos inscritos em
lista de espera para transplante no RN e a segunda após um intervalo mínimo de
três meses de realização do transplante, utilizando o mesmo instrumento. Pois, após
esse período de recuperação espera-se que o receptor já tenha retornado a sua
rotina de vida diária.
Para tanto, utilizou-se um instrumento composto por duas partes, sendo a
primeira, referente aos dados sociodemográficos e clínicos do receptor abrangendo
as variáveis: sexo, idade, escolaridade, renda familiar mensal, ocupação, tempo em
lista de espera, co-morbidades e indicação do transplante.
A segunda parte foi composta por 26 questões referentes à avaliação de
qualidade de vida dos receptores, medida pelo World Health Organization Quality of
Life – Bref (WHOQOL-bref) (APÊNDICE A), que é um questionário com perguntas
fechadas sobre a QV nos Domínios: físico, psicológico, Relação Sociais e meio
30
ambiente. Este questionário é a versão abreviada do instrumento de avaliação de
QV da Organização Mundial da Saúde (OMS), WHOQOL-100, traduzido para a
Língua Portuguesa, no Brasil, e para mais de vinte idiomas.
O WHOQOL-bref é um instrumento genérico, curto, de fácil administração e
compreensão, no formato de 26 questões. Tendo sido traduzido, validado e
adaptado culturalmente para a população brasileira de acordo com metodologia
internacional e aceita pelo grupo de estudos multicêntricos da OMS, no Brasil(24).
Esse instrumento utiliza uma escala do tipo Likert para avaliar a QV dos
sujeitos. Segundo Polit, Beck e Hungler(31) serve para medir atitudes, possibilitando
discriminações entre indivíduos com visões diferentes sobre uma determinada
temática. Cada item varia de 01 a 05, sendo 01 o extremo negativo e o 05 extremo
positivo.
5.5 Procedimentos de coleta de dados
A coleta de dados foi realizada no período de maio de 2010 a maio de 2013,
de segunda a sexta-feira no horário das 07:00 as 17:00 horas no ambulatório de
transplante renal destinado aos pacientes em consultas pré e pós-transplante.
Para que esse processo acontecesse, foram adotados os seguintes
procedimentos: envio de ofício ao diretor do hospital, informando sobre a pesquisa e
solicitando autorização para sua realização e utilização formal do nome da
instituição no relatório final da investigação (APÊNDICE B).
Os pesquisadores se comprometeram, neste ofício, a honrar os princípios
éticos e legais que regem a pesquisa ética e científica em seres humanos,
preconizada na Resolução nº 166 e reformulada pela Resolução nº 466, de 12 de
dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2013).
Após esta autorização, o projeto foi enviado para apreciação do Comitê de
Ética em Pesquisa do HUOL da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Com
a aprovação deste Comitê, iniciamos a primeira etapa da coleta de dados, que se
*
BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP. Normas para pesquisa envolvendo seres humanos
(Resolução
CNS
466/2012
e
outras).
Brasilia,
2013.
(Séries
Cadernos
Técnicos).
Disponível
em:
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf
31
constituiu do pré-teste do instrumento, com o acompanhamento de dois
transplantados, com a finalidade de avaliar a sua aplicabilidade e a necessidade de
modificações.
A segunda etapa foi a coleta dos dados propriamente dita, que se realizou no
HUOL com os mesmos pacientes após transplante de rim. Quanto à entrevista dos
receptores foram seguidos os seguintes passos, apresentou-se o termo de
consentimento livre e esclarecido (APÊNCIDE C), informando que a sua participação
seria voluntária e que poderia sair do estudo a qualquer momento, além de
assegurar o sigilo da sua identidade e informações, quando, então, foi colhida a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Assim, atendeu-se os princípios que regem a Resolução nº 466/12, que
estabelece que toda a pesquisa em que o ser humano for submetido a estudo,
deverá prevalecer o critério de respeito à sua dignidade e a proteção de seus
direitos e bem-estar(33).
5.6 Tratamento Estatístico
Os dados coletados foram inseridos em planilhas do Microsoft Excel XP e
importadas para o Programa Estatístico SPSS versão 15.0, sendo realizada análises
descritiva e inferencial. Para responder aos objetivos do estudo, além de técnicas
básicas de análise exploratória de dados como média, desvio padrão, frequências
absoluta e relativa, foram utilizados os testes de Mann-Whitney e de Wilcoxon para
comparação de médias, teste t e Análise de Variância (ANOVA), além das
correlações de Spearman.
Os parâmetros utilizados para interpretar os coeficientes de correlação (r)
obtidos foram: coeficientes de 0,10 até 0,39 foram considerados fracos, de 0,49 até
0,69 foram considerados moderados e coeficientes entre 0,70 e 1 foram
considerados fortes(34). O valor de p significativo foi estabelecido como < 0,05.

BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP. Normas para pesquisa envolvendo seres humanos
(Resolução CNS 466/2012 e outras). Brasilia, 2013. (Séries Cadernos Técnicos). Disponível em:
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf
32
5.7 Hipóteses de Estudo
Para fins de estudo, foram formuladas as seguintes hipóteses:

Hipótese Nula (H0): não há diferença significativa na qualidade de vida
de receptores antes e após transplante de rim.

Hipótese Alternativa (H1): há diferença significativa na qualidade de vida
de receptores antes e após transplante de rim.
5.8 Procedimentos para avaliação da QV
Para análise da escala de Qualidade de Vida medida pelo WHOQOL-bref, foi
utilizados os procedimentos de aplicação do WHOQOL-100 (SINTAXE WHOQOL100), seguindo os passos definidos pela OMS(23) apresentados a seguir:

Verificou-se se cada uma das 26 questões obteve respostas entre 1-5;

Foram invertidos os valores das questões 3, 4 e 26, por serem
negativamente orientadas (1=5), (2=4), (3=3), (4=2), (5=1);


Esquema para inversão dos escores da escala de atitudes:
Escore Original
1
2
3
4
5
Escore Invertido
5
4
3
2
1
Foram calculados os escores dos Domínios e das questões da qualidade
de vida geral numa escala de 4 a 20 pontos, da seguinte forma: 1 = 4; 2 = 8; 3
= 12; 4 = 16; 5 = 20.

O Domínio Geral compreende as questões 1 e 2, porém é necessário que
as duas estejam respondidas, para que este seja calculado.
33

O Domínio Físico é composto pelas questões 3, 4, 10, 15, 16, 17, 18,
sendo necessária no mínimo seis questões respondidas, para que o Domínio
possa ser calculado;

O Domínio Psicológico é composto pelas questões 5, 6, 7, 11, 19, 26 e
deve ter no mínimo cinco questões respondidas, para que o Domínio seja
calculado.

O Domínio Relações Sociais compreende as questões 20, 21, 22 e deve
ter no mínimo duas questões respondidas.

O Domínio Meio Ambiente compreende as questões 8, 9, 12, 13, 14, 23,
24 e 25 e deve ter no mínimo seis questões respondidas;
Nas 126 entrevistas realizadas neste estudo, não houve ausência de
respostas às questões do WHOQOL-bref.
34
6. ARTIGOS PRODUZIDOS
6.1. ARTIGO 1
O
artigo
“Características
sociodemográfica
e
de
saúde
de
pacientes
submetidos a transplante renal” será enviado para o periódico “Texto & Contexto
Enfermagem”, que possui fator de impacto 0,134 e Qualis B3 da CAPES para a área
de Medicina II.
CARACTERÍSTICAS DE PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE RENAL
Ana Elza Oliveira de Mendonça 1
Gilson de Vasconcelos Torres 2
Resumo
Objetivo: identificar as características de pacientes submetidos a transplante renal. Método:
estudo descritivo, quantitativo, realizado de maio de 2010 a maio de 2013 com pacientes em
acompanhamento ambulatorial pós transplante renal. Resultados: participaram do estudo 63
pacientes, destes 61,9% eram do sexo masculino, compreendidos na faixa etária de 18 a 30
anos (38,1%), procedentes do interior do Estado (57,1%), casados (60,3%), 51,0% tinham
filhos. O grau de escolaridade predominante foi ensino fundamental (49,2%), com renda
familiar mensal de até dois salários mínimos (65,1%). Eram hipertensos (81,8%) e faziam
hemodiálise antes do transplante (98,2%). Conclusão: Conhecer as características dos
pacientes submetidos ao transplante renal é um importante parâmetro para subsidiar o
planejamento de ações de saúde, visando estimular a adesão ao tratamento e minimizar as
taxas de morbi-mortalidade.
Palavras-chave: Perfil de saúde; Transplante de rim; Enfermagem.
CHARACTERISTICS OF PATIENTS SUBMITTED TO KIDNEY
TRANSPLANTATION
Abstract
Objective: To identify the characteristics of patients undergoing kidney transplantation.
Method: descriptive, quantitative study was performed from May 2010 to May 2013, with
ambulatory monitoring after renal transplantation. Results: 63 patients participated in the
1
Enfermeira. Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde CCS/UFRN. Profª. Ms. do
Curso de Enfermagem da UFRN e UNIFACEX. Enfermeira da Unidade de Diálise do Hospital Universitário
Onofre Lopes - HUOL/UFRN. E-mail: [email protected]
2
Enfermeiro. Pós-Doutor em Enfermagem. Profº. Titular Departamento de Enfermagem/ Universidade Federal
do Rio Grande do Norte - UFRN, Pesquisador do CNPq (PQ2). E-mail: [email protected]
35
study, 61.9% of these were male, in the age range 18-30 years (38.1%), from inner cities
(57.1%), married (60,3%), 51.0% had children. The predominant degree of education was
high school (49.2%), with a monthly income of up to two minimum wages (65.1%). Were
hypertensive (81.8%) and were doing hemodialysis before transplantation (98.2%).
Conclusion: the characteristics of patients undergoing renal transplantation is an important
parameter to the planning of health actions and also to stimulate treatment adherence and
minimize morbidity and mortality.
Keywords: Health profile; Kidney transplantation; Nursing.
CARACTERÍSTICAS DE LOS PACIENTES SOMETIDO AL TRANSPLANTE
RIÑÓN
Resumen
Objetivo: Identificar las características de los pacientes sometidos a trasplante renal.
Método: Estudio descriptivo, cuantitativo se realizó de Mayo 2010 a Mayo de 2013, con la
monitorización ambulatoria después del trasplante renal. Resultados: 63 pacientes
participaron en el estudio, el 61,9% de ellos eran varones, en el rango de edad de 18-30 años
(38,1%), desde las ciudades del interior del Estado (57,1%), casados (60,3%), el 51,0% tenían
hijos. El grado de instrucción predominante fue la escuela secundaria (49,2%), con un ingreso
mensual de hasta dos salarios mínimos (65,1%). Eran hipertensos (81,8%) y eran la
hemodiálisis antes del trasplante (98,2%). Conclusión: el características de los pacientes
sometidos a trasplante renal es un parámetro importante para informar a la planificación de
acciones de salud para estimular la adherencia al tratamiento y minimizar la morbilidad y la
mortalidad.
Palabras-clave: Perfil de salud; Transplante de riñón; Enfermería.
INTRODUÇÃO
A Doença Renal Crônica Terminal (DRCT) afeta milhares de pessoas em todo o
mundo, o que tem elevado significativamente o número de pacientes a espera por um
doador.1-2 No Brasil, há disparidade entre o número de órgãos disponíveis e de pacientes em
lista de espera nas diferentes regiões do país, e anualmente são transplantadas apenas 30% das
pessoas que aguardam por um rim.3-4
A escassez de órgãos para transplante nas regiões norte e nordeste do Brasil,
contribuem para o crescimento da população em diálise. Especificamente na região nordeste,
36
estima-se uma prevalência de 357 pacientes em diálise por milhão de população (pmp) em
2011.1-2
Segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), o tempo médio de
espera por transplante renal é de 2,8 anos e o número total de pessoas cadastradas é superior a
30.000 pessoas. O cadastro em lista de espera por um rim é a única opção para os pacientes
renais crônicos que não encontram um doador compatível na família.5
No Brasil, todos os pacientes renais crônicos após três meses de diálise devem ser
avaliados quanto à possibilidade de transplante. No entanto, para manter-se ativo em lista de
espera por um rim, além do cadastro o paciente precisa renovar trimestralmente amostras de
sangue para realização dos testes de compatibilidade, e estar em condições clínicas para
realizar o procedimento cirúrgico.1
A necessidade de compatibilidade entre os tecidos do doador e receptor denominada
histocompatibilidade, configura-se como um dos aspectos mais importantes à efetivação e
sucesso do transplante renal.6 Ainda, outro requisito fundamental no caso de transplante de
órgãos sólidos é a compatibilidade quanto à classificação sanguínea.
A temática dos transplantes se torna relevante frente aos benefícios que proporciona
aos receptores.7-8 Por isso, o transplante renal bem sucedido configura-se como a melhor
opção terapêutica aos portadores de DRCT e contribui para redução dos recursos financeiros
destinados as terapias dialíticas, beneficiando assim toda a toda a sociedade.9
Entretanto, cabe ressaltar que após o transplante se iniciam cuidados importantes
para garantir a sobrevida e o bom funcionamento do enxerto. Dentre eles o acompanhamento
ambulatorial, no qual os pacientes são avaliados por uma equipe multiprofissional e realizam
dosagens sanguíneas periódicas dos imunossupressores, necessários para ajuste da dose e
modificação dos esquemas utilizados em cada serviço. Esses cuidados visam reduzir as taxas
de infecção, internação e rejeição do enxerto após transplante.10-11
37
Tendo em vista a importância do tema, conhecer as características dos pacientes que
se submetem ao transplante de rim torna-se relevante aos profissionais e gestores dos serviços
de saúde. Especialmente aqueles que atuam em unidades de nefrologia, com o intuito de
direcionar suas ações e as reais necessidades dos pacientes, além de contribuir para melhoria
da qualidade assistencial.
Levando em consideração a importância da atuação do enfermeiro na área de
transplantes de órgãos e tecidos, enquanto membro indispensável às equipes de transplante
objetivou-se, identificar as características sociodemográficas de pacientes submetidos a
transplante renal em acompanhamento ambulatorial. Espera-se que os resultados desse estudo
possam contribuir para o desenvolvimento de estratégias de prevenção, promoção e proteção à
saúde desse grupo especial de pacientes.
MÉTODO
Estudo descritivo, com análise quantitativa, desenvolvido no ambulatório de
nefrologia do hospital de referência no Estado do Rio Grande do Norte/RN, Brasil. O estudo
se desenvolveu entre maio de 2010 a maio de 2013 e incluiu 63 pacientes que atenderam aos
seguintes critérios de inclusão: idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos, em
acompanhamento ambulatorial após transplante renal.
Os dados foram coletados em formulário semi-estruturado desenvolvido pelos
pesquisadores, com vistas a identificar as características sociodemográficas (sexo, idade,
procedência, situação conjugal, prole, grau de instrução, situação ocupacional, renda familiar
mensal) em relação ao tempo de espera pelo transplante e presença de comorbidades.
Foram respeitados os preceitos éticos e legais que regem as pesquisas em seres
humanos, uma vez que o projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa do
Hospital Universitário Onofre Lopes, tendo sido aprovado CAAE nº 0008.0.294.000-10.
38
Os dados obtidos foram organizados em planilha eletrônica e exportados para o
software estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0. A análise
estatística foi descritiva e os resultados foram organizados em tabela e gráfico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para apresentação das variáveis de caracterização dos pesquisados submetidos ao
transplante de rim em acompanhamento ambulatorial, optou-se pela distribuição dos
resultados das categorias em número absoluto e percentual, conforme disposição na Tabela 1,
a seguir.
Tabela 1 – Distribuição dos pacientes submetidos a transplante renal, segundo caracterização
sociodemográfica. Natal/RN, 2013.
Variáveis
Sexo
Idade
Procedência
Estado conjugal
Filhos
Grau de instrução
Atividade Laboral
Renda familiar mensal
Total
* Fonte própria da pesquisa
Categorias
Masculino
Feminino
< 30
30 a 45
46 a 60
> 60
Interior
Capital
Solteiro
Casado
Separado
Viúvo
Não
Sim
Não alfabetizado
Ensino fundamental
Ensino médio
Ensino superior
Não
Sim
< 2 Salários
2 a 6 Salários
> 7 Salários
n
39
24
24
19
18
2
36
27
19
38
4
2
31
32
6
31
21
5
57
6
41
20
2
63
%.
61,9
38,1
38,1
30,1
28,6
3,2
57,1
42,9
30,2
60,3
6,3
3,2
49,0
51,0
9,6
49,2
33,3
7,9
90,4
9,6
65,1
31,7
3,2
100,0
39
A idade dos pacientes submetidos a transplante renal variou de 18 a 64 anos, com
uma média de 39,9 anos, e desvio padrão de 12,3 anos. Quanto à idade predominaram os
adultos jovens compreendidos na faixa etária de 18 a 45 anos (68,2), seguida por 46 a 60 anos
e mais de 60 anos.
Pesquisa12 realizada com 107 pacientes em hemodiálise na região sudeste do Brasil,
obteve como resultado uma média de idade de 51,1 anos e desvio padrão de 14,3 anos, e em
relação ao sexo também prevaleceu o masculino (62,6%), assemelhando-se aos achados do
presente estudo.
Quanto à procedência observou-se que a maior parte dos pacientes era do interior do
Estado. Isso se justifica, por ser o Hospital Universitário Onofre Lopes o único serviço da
referência da rede pública de saúde a disponibilizar por meio de convênio com o Sistema
Único de Saúde (SUS), atendimento ambulatorial pré e pós-transplante, unidade especializada
para internações hospitalares, procedimentos cirúrgicos e diagnósticos de alta complexidade a
esses pacientes no Estado do Rio Grande do Norte.
Para tanto, o serviço conta com uma equipe multiprofissional especializada,
responsável pelo seguimento dos transplantados renais, composta por enfermeiros, psicólogo,
assistente social, farmacêutico, nutricionista e médicos especialistas em nefrologia e urologia.
Dados semelhantes em relação à procedência foram encontrados em pesquisa com
pacientes renais em hemodiálise no Estado do Rio Grande do Norte, em que a maioria dos
pesquisados eram oriundos de cidades do interior (79,3%).7
Em relação à situação conjugal a maioria dos participantes era casada, seguidos de
solteiros, separados e viúvos. Quanto à prole, os dados foram semelhantes para presença e
ausência de filhos (51,0% tinham filhos e 49,0% não tinham). Resultados similares foram
encontrados em estudos13-14 com pacientes em hemodiálise, onde mais da metade eram
casados ou viviam em união estável (67,7%) e a maioria tinha filhos (81,2%).
40
O grau de escolaridade predominante entre os pesquisados foi o ensino fundamental,
seguido por ensino médio, não alfabetizado e com ensino superior. Estudo13 realizado com
pacientes em hemodiálise também encontrou dados semelhantes em relação ao grau de
escolaridade no qual a maioria dos pesquisados tinha ensino médio (48,6%).
Em relação à situação ocupacional, 90,4% dos participantes disseram não estar
trabalhando, e 9,6% disseram que sim, destes 100% eram do sexo masculino. Esse achado se
deve em parte a política de atenção ao pacientes renais, considerando as limitações impostas
pela doença e pela terapia dialítica, garantirem o direito pelo plano de seguridade nacional
inicialmente ao auxílio doença e posteriormente a aposentadoria.
Estudos13-16 realizados com pacientes renais crônicos submetidos à terapia dialítica
revelam resultados semelhantes no tocante à situação ocupacional, em que 80,0% dos
pesquisados eram aposentados e 6,7% tinham um trabalho.
Em outro estudo,16 9,3% dos entrevistados referiram alguma atividade de trabalho,
sendo apontadas como dificuldades para manter-se no emprego o tempo necessário para o
tratamento hemodialítico e a rejeição do mercado de trabalho a pacientes que dependem dessa
terapia.
Estudo12 que comparou a qualidade de vida de pacientes renais em hemodiálise e
após transplante, observou-se que aproximadamente 80,0% daqueles submetidos a transplante
renal têm condições de retornar às suas atividades profissionais após três meses de
afastamento para tratamento de saúde, enquanto o índice para os pacientes que permaneceram
em tratamento dialítico ficou abaixo de 30,0%.
A renda familiar mensal variou de um a dez salários mínimos, sendo a renda mais
prevalente entre os pesquisados de até dois salários mínimos e a menos frequente a de 7 a 10
salários (3,2%). Dados semelhantes foram encontrados com relação à renda familiar mensal
41
de pacientes em hemodiálise no Estado do Rio Grande do Norte, com predomínio da renda de
até dois 02 salários mínimos (62,9%).12
Resultados divergentes foram observados em estudo16 realizado com pacientes renais
crônicos na região sudeste do Brasil, onde a renda familiar mensal variou entre 1 e 38 salários
mínimos, no entanto, semelhante aos achados neste estudo a renda predominante foi entre um
e três salários mínimos para 41 (38,3%) pessoas.
As modalidades de terapias de substituição da função renal são divididas em diálise e
transplante renal. A diálise pode ser obtida por meio da filtração do sangue em circuito
extracorpóreo, denominada hemodiálise (HD) ou utilizando o revestimento da cavidade
abdominal para filtração, denominada diálise peritoneal.17
Quanto à modalidade de tratamento dialítico, observou-se que a maioria dos
pesquisados 96,8% realizava hemodiálise três vezes por semana, enquanto 3,2% realizava
diálise peritoneal. Esta modalidade de diálise requer treinamento, sendo este realizado apenas
na capital do Estado.
Considerando o tratamento dialítico que substitui parcialmente a função renal, os
pacientes inscritos em lista para transplante de rim, podem esperar por muitos anos, já que o
tratamento mantém as escórias nitrogenadas em níveis compatíveis com a vida e remove o
excesso de líquido da corrente sanguínea.1,17
O tempo de permanência em tratamento dialítico variou de 1 a 28 anos, média de 5,2
e desvio padrão de 4,6 anos. A maioria dos pesquisados se enquadrou no intervalo de três a
seis anos, seguida por àqueles que estavam em diálise por tempo inferior a três anos, sete a
dez anos de tratamento e os que tinham tempo superior a dez anos. Esse resultado também foi
encontrado em outro estudo,4 que apontou como tempo em diálise mais prevalente o
compreendido entre zero a quatro anos em 53,3% dos pesquisados.
42
O tempo de espera pelo transplante renal variou de um a dez anos, com média de 1,9
anos (DP 1,9), sendo o intervalo mais predominante de até um dois anos (77,8%). Cabe
ressaltar que a inscrição para lista de espera é realizada em um único serviço em todo o
Estado, dessa forma, pacientes residentes no interior apresentam dificuldades para se
cadastrarem na Central de Transplantes do Rio Grande do Norte no período de 90 dias após
ingressarem em terapia dialítica.
Frente a esses achados, indica-se a importância de encaminhar precocemente
pacientes que ingressam em terapia dialítica para a realização do cadastro em lista única para
transplante renal, tendo em vista que o tempo em diálise pode influenciar negativamente na
identificação de um doador compatível e no tempo de sobrevida do órgão transplantado.12,18-19
Após a inscrição em lista o paciente iniciará o acompanhamento ambulatorial e
deverá realizar uma série de exames laboratoriais e de imagem que compõem o prontuário
pré-transplante. Sendo necessárias para a ativação do seu cadastro na fila de espera, ou seja,
para ser considerado apto ao transplante além dos exames, avaliações odontológicas,
ginecológica, cardiológica e psicológica.1
A análise dos dados da Figura 1, referente à ocorrência de outras doenças, revela que
do total de pacientes que participaram da pesquisa (63 pacientes), 82,6% eram hipertensos,
destes 47,6% do sexo masculino e 35,0% feminino. A segunda morbidade predominante foi o
diabetes mellitus (12,6%) e a terceira a dislipidemia (4,8%).
43
Figura 1 – Distribuição dos pacientes submetidos a transplante renal segundo sexo e
comorbidades. NATAL/RN, 2013.
De acordo com a Figura 1, a hipertensão foi a comorbidade com percentuais mais
elevados em ambos os sexos, no entanto para os indivíduos do sexo masculino os valores
foram superiores aos femininos em todas as enfermidades avaliadas nesse estudo. Ou seja, os
percentuais de homens com diabetes e dislipidemia foram duas vezes mais elevados quando
comparado às mulheres.
Pesquisa desenvolvida na região nordeste do Brasil com 215 transplantados renais,
identificou que 182 (84,6%) eram hipertensos. A prevalência de doenças cardiovasculares
após transplante de rim se deve ao desenvolvimento prévio de hipertensão arterial, diabetes e
dislipidemia.20
Os profissionais de saúde devem atentar para melhorias na assistência à saúde dos
pacientes renais em terapia dialítica, já que a condição clínica e o desenvolvimento de
comorbidades pode inativar o paciente em lista provisoriamente ou mesmo impedi-lo
definitivamente de realizar o transplante renal.3,18-19
CONCLUSÃO
44
De acordo com os dados, foi possível identificar que pouco mais da metade dos
transplantados renais era do sexo masculino, a maioria procedente do interior do Estado, com
idade entre 18 e 45 anos, casados e com filhos. O grau de instrução prevalente foi ensino
fundamental. A maior parte dos avaliados não exercia atividade laboral e tinha renda familiar
mensal de até dois salários mínimos.
A modalidade de tratamento dialítico para a quase totalidade dos pesquisados antes
do transplante foi a hemodiálise, houve predomínio de pacientes com tempo permanência de
três a seis anos e variação de 1 a 28 anos nessa terapia. Apesar de haver pacientes com muitos
anos em tratamento dialítico, o tempo de inscrição em lista para transplante renal prevalente
foi de pacientes com tempo de até dois anos, sugerindo haver uma lacuna entre o início da
terapia dialítica e o ingresso na lista para transplante renal no grupo pesquisado.
Com isso, aponta-se a necessidade de novos estudos para conhecer a motivação dos
pacientes que se encontram em terapia dialítica para o transplante renal e os desafios para
manter-se ativos na lista única para transplantes, bem como as características desses
pacientes. Pode-se assim estabelecer uma assistência individualizada, visando minimizar as
taxas de morbidade e mortalidade de pacientes em diálise.
Acredita-se que tais achados sejam relevantes para o estabelecimento de prioridades
e formulação de estratégias no que diz respeito à saúde dos pacientes renais, contribuindo para
o desenvolvimento de ações educativas e de incentivo a doação de órgãos e tecidos de
pacientes em morte encefálica para aumentar a oferta de órgãos.
45
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48
6.2 ARTIGO 2
O artigo “Mudanças na qualidade de vida após transplante renal e fatores relacionados”
foi aceito pelo periódico “Acta Paulista de Enfermagem”, que possui fator de impacto 0.142 e
Qualis B3 da CAPES para a área de Medicina II.
Mendonça AE, Torres GV, Salvetti MG, Alchieri JC, Costa IK
APE-2014-0065
Mudanças na qualidade de vida após transplante renal e fatores relacionados
Ana Elza Oliveira de Mendonça1
Gilson de Vasconcelos Torres1
Marina de Góes Salvetti1
Joao Carlos Alchieri1
Isabelle Katherinne Fernandes Costa1
Submetido
17 de Abril de 2014
Aceito
26 de Maio de 2014
1Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse à declarar.
Autor correspondente
Gilson de Vasconcelos Torres
Av. Senador Salgado Filho, 3000, Natal, RN, Brasil. CEP: 59078-970
[email protected]
49
Resumo
Objetivo: Identificar as mudanças na qualidade de vida após a efetivação do transplante renal e verificar a
influência dos fatores sociodemográficos na percepção da qualidade de vida.
Métodos: Trata-se de estudo descritivo com desenho longitudinal. Os dados foram coletados em local
privado utilizando a versão abreviada do instrumento World Health Organization Quality of Life (WHOQOLbref), adaptado e validado para língua Portuguesa por meio do Grupo WHOQOL.
Resultados: Observou-se neste estudo o predomínio de pacientes adultos jovens com idade até 35 anos
(50,8%) e idade média de 38,9 anos (DP=12,9). Os fatores sociodemográficos não influenciaram a
percepção de qualidade de vida dos pacientes. A qualidade de vida melhorou significativamente em todos
os domínios. As maiores mudanças foram observadas na qualidade de vida geral, domínio físico e domínio
relações sociais. O domínio que demonstrou a menor variação após o transplante foi o domínio meio
ambiente.
Conclusão: Este estudo avaliou o impacto da efetivação do transplante renal na qualidade de vida de
pacientes com doença renal crônica. Os resultados indicaram que o transplante teve impacto positivo na
percepção de qualidade de vida desses pacientes.
Introdução
Os avanços tecnológicos e científicos nos transplantes possibilitaram milhares de procedimentos
que beneficiaram receptores de órgãos e tecidos em todo mundo. O transplante beneficia pacientes que
necessitam de órgãos sólidos, tecidos e células por meio do desenvolvimento e melhoria das técnicas
cirúrgicas, avanços, equipamentos e medicamentos imunossupressores necessários para essa terapia.(1) Na
última década houve aumento significativo do número de transplantes renais realizados e na lista de
candidatos a transplante.(2)
Em algumas situações, esses procedimentos se configuram como o único recurso para
manutenção da vida.(1) No entanto, essa opção de tratamento nem sempre está disponível para aqueles que
aguardam um transplante de órgão, já que o transplante requer uma doação.(2-4) De acordo com o Registro
Brasileiro de Transplantes, em Junho de 2013, haviam 22.187 pacientes cadastrados na lista de espera para
transplante de órgãos sólidos. Desses, 19.913 (89.75%) aguardavam transplante renal.(5)
O transplante renal requer compatibilidade entre os tecidos, que é obtida por meio da tipagem de
antígenos de leucócitos humanos (HLA). O paciente com doença renal crônica, enquanto aguarda por um
doador, tem outras formas de terapia de substituição renal (TSR) que permitem a manutenção da vida e
justificam o número crescente de pacientes cadastrados em lista de espera por um transplante renal.(3,4)
50
A insuficiência renal (IR) e a complexidade do tratamento são problemas sérios de saúde pública
em todo o mundo e tem encargos sociais e financeiros resultantes do aumento das taxas de pacientes
jovens com disfunção renal.6) Assim, dimensionar a qualidade de vida (QV) após o transplante renal é um
assunto relevante para muitos indivíduos em diálise no Brasil, distribuídos em 696 centros cadastrados na
Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).(7)
O transplante renal é a melhor opção terapêutica para pacientes com doença renal crônica. O
procedimento cirúrgico é relativamente simples e após o transplante são necessárias ações importantes tais
como o uso de medicamentos imunossupressores e o acompanhamento ambulatorial.(8) Com isso, para
esses pacientes o gerenciamento clínico, a avaliação dos resultados do tratamento e o impacto na QV
constituem questões importantes.
O objetivo deste estudo foi identificar as mudanças na qualidade de vida após a efetivação do
transplante renal e verificar a influência dos fatores sociodemográficos na percepção da qualidade de vida.
Métodos
A população foi constituída por pacientes com insuficiência renal crônica que recebiam
tratamento ambulatorial em um centro de referência para transplante renal no nordeste do Brasil. Foram
incluídos 63 pacientes maiores de 18 anos de idade. Os dados foram coletados em duas fases para avaliar a
percepção dos receptores de rim antes e após o transplante. Na primeira fase entrevistou-se os candidatos
ao transplante cadastrados na lista de espera. A segunda fase foi realizada após o transplante, respeitando
o intervalo mínimo de três meses; tempo necessário para adaptação e retorno do paciente a suas atividades
diárias. Todos os pacientes foram informados dos objetivos do estudo, e aqueles que concordam em
participar assinaram termo de consentimento.
Trata-se de estudo descritivo, com desenho longitudinal realizado de Maio de 2010 a Maio de
2013 em uma população de pacientes com doença renal crônica que recebiam tratamento ambulatorial. O
estudo foi conduzido no único hospital público estadual que realiza transplante renal e oferece assistência
especializada para essa população.
Os dados foram coletados em local reservado utilizando a versão abreviada do World Health
Organization Quality of Life WHOQOL-bref adaptado e validado para língua Portuguesa por meio do Grupo
WHOQOL.(9) Esse instrumento inclui 26 questões de múltipla escolha que avaliam a percepção da QV por
meio de duas questões gerais pertinentes a saúde e QV e aos domínios físico, psicológico, relações sociais
e ambiente.(10) As respostas aos itens avaliados são distribuídas em uma escala Likert variando de 1 a 5, e
quanto mais próximo de 5 melhor a QV. A soma dos escores obtidos em cada domínio varia de 4 a 20.
Este instrumento é de fácil entendimento e sua confiabilidade foi testada em pacientes com doença renal
51
obtendo índice Alpha de Cronbach de 0,88, dado que confirma sua aplicabilidade neste grupo de
pacientes.(11)
Os dados foram organizados em planilhas eletrônicas (Microsoft Office Excel®) e
posteriormente exportados ao SPSS versão 17,0 para serem categorizados, processados e analisados por
meio de estatísticas descritivas e analises univariadas. Realizou-se a análise de variância simples (ANOVA),
o teste t e o teste Mann-Whitney. O nível de significância estabelecido foi de p< 0,05.
O desenvolvimento do estudo atendeu as normas nacionais e internacionais de ética em pesquisa
envolvendo seres humanos.
Resultados
Participaram do estudo 63 pacientes. O perfil sociodemográfico dos entrevistados revelou
predominância de homens (61,9%), idade média de 38,9 anos (DP=12,9), casados (60,3%) e com filhos
(51,8%). A maioria dos participantes tinha até 8 anos de escolaridade e no período do estudo 90,4% deles
não exerciam atividade de trabalho. Nesse grupo de pacientes a hemodiálise foi a TSR mais comum
(96,8%) e em média o tempo em lista de espera para transplante foi de 1,9 anos (Tabela 1).
Tabela 1. Associação entre as variáveis sociodemográficas e qualidade de vida pré e póstransplante
QV geral
Variáveis sócio-demógraficas
Pré-transplante Pós-transplante
n(%)
Valor de p
Teste de Mann Whitney
Sexo
Masculino
Feminino
39(61,9)
24(38,1)
0,920
0,769
Idade
< 35 anos
> 35 anos
32(50,8)
31(49,2)
0,692
0,066
Estado civil
Solteiro
Casado
25(39,7)
38(60,3)
0,470
0,446
Filhos
Sim
Não
32(51,8)
31(49,2)
0,195
0,494
Escolaridade
< 08 anos
38(60,3)
0,989
0,257
52
> 08 anos
25(39,7)
TSR*
< 05 anos
> 05 anos
31(49,2)
32(50,8)
0,776
0,717
49(77,8)
14(22,2)
0,693
0,264
Tempo em lista de espera
< 2 anos
> 2 anos
*
Terapia de substituição renal
A análise dos fatores sociodemográficos relacionados à QV geral antes e após o transplante
mostraram que esses fatores (sexo, idade, estado civil, filhos, escolaridade, tempo em diálise e
tempo em lista de espera) não influenciaram a percepção de QV dos pacientes.
Para análise dos dados, o escore médio dos domínios e desvio padrão (DP) foram
calculados nas duas fases (antes e depois do transplante) com objetivo de comparação. A análise
dos escores mostraram que a QV melhorou significativamente em todos os domínios. A maior
mudança foi observada na QV geral, nas questões que avaliam a satisfação geral com a QV e com
a saúde. O domínio que mostrou menor variação após o transplante foi o domínio meio
ambiente (Tabela 2).
Tabela 02. Escores de qualidade de vida antes e após o transplante renal
Questões gerais e
domínios
WHOQOL-BREF**
Median Score (SD)
Antes do
transplante
Após o
transplante
Valor de ANOVA
QV geral
8,57 (2,01)
17,65 (1,78)
<0,001*
0,038*
Domínio físico
9,94 (2,10)
17,41 (1,78)
<0,001*
0,032*
Domínio psicológico
12,71 (1,90)
17,70 (1,66)
<0,001*
0,064
Domínio das relações sociais
12,70 (2,95)
17,27 (1,83)
<0,001*
0,035*
p
Teste t
Domínio ambiental
11,98 (2,14)
14,39 (2,24)
<0,001* 0,694
* p<0.05; **WHOQOL-BREF= World Health Organization Quality of Life Bref
Apesar do teste t de Student ter mostrado diferença significativa na comparação dos
escores médios em todos os domínios da QV, observou-se que a QV geral (p=0,038), o domínio
53
físico (p=0,032) e domínio das relações sociais (p=0,035) mostraram variância significativa, o que
reforça a melhora na QV nestes aspectos após o transplante renal.
Discussão
Neste estudo observou-se predomínio de pacientes adultos jovens com idade até 35 anos
(50,8%) e média de idade de 38,9 (DP=12,9), revelando uma estatística preocupante devido ao
desenvolvimento precoce da doença renal de rápido progresso em indivíduos jovens e
economicamente ativos. Resultados diferentes foram observados em pesquisa que avaliou 107
pacientes com doença renal crônica e que apresentou média de idade um pouco mais elevada,
com 51,1 anos.(12)
Neste estudo houve predomínio de participantes casados (60,3%) e com filhos (51,8%).
Resultados similares foram encontrados em estudos envolvendo pacientes com doença renal nos
quais mais da metade dos pacientes eram casados ou viviam em relacionamento estável (61,7%), e
a maioria tinha filhos (81,2%).(13,14)
A maior parte dos entrevistados tinha menos de 8 anos de estudo (60,3%). Resultado
diferente foi observado em estudo com pacientes em hemodiálise no sudeste do Brasil, no qual
grande parte dos participantes (48,6%) tinha ensino médio completo.(12) A diferença do nível
educacional observado neste estudo reflete a desigualdade e os diferentes níveis do
desenvolvimento humano nas diversas regiões do Brasil.
Em relação à ocupação, 90,4% dos participantes não estavam trabalhando durante o
período do estudo. Pesquisas com pacientes submetidos à diálise devido a doença renal crônica
mostraram resultados similares em relação a ocupação (80,0% dos pacientes eram aposentados e
apenas 6,7% trabalhavam).(13,15,16) Em outro estudo, apenas 9,3% dos participantes relataram
alguma atividade de trabalho, sendo identificado nos relatos a dificuldade de encontrar equilíbrio
entre o trabalho e o tempo requerido na hemodiálise.(12) Estudo que comparou a QV de pacientes
renais em diálise e pacientes pós-transplante relatou que aproximadamente 80% daqueles
submetidos a transplante renal estavam dispostos a retornar sua atividade profissional três meses
após a o transplante, enquanto o índice para pacientes que estavam em tratamento de diálise foi
menor que 30%.(8)
As abordagens para terapia de substituição da função renal são divididas em diálise e
transplante renal. A diálise pode ser obtida por filtragem do sangue no circuito extracorporal, a
chamada hemodiálise (HD) ou por meio de aplicação na cavidade abdominal, a chamada diálise
peritoneal. O transplante renal é um das modalidades disponibilizadas recentemente para paciente
54
com doença renal crônica que consiste na substituição da função renal por meio de implante de
rim saudável.(17)
No Brasil há cerca de 100.000 pacientes em diálise e a HD é o tratamento mais utilizado
para substituição da função renal.(7) A elevada prevalência de HD foi confirmada neste estudo já
que 96,8% dos participantes realizavam hemodiálise três vezes por semana enquanto apenas 3,2%
realizavam diálise peritoneal. A hemodiálise substitui parcialmente a função renal, portanto, os
pacientes cadastrados na lista para transplante renal podem esperar por muitos anos, já que o
tratamento mantêm os compostos de nitrogênio em níveis compatíveis com os de um individuo
saudável e remove o excesso de liquido da corrente sanguínea.(4,18)
A maioria dos pacientes são mantidos por cinco ou mais anos em diálise (50,8%).
Resultados divergentes foram encontrados em outro estudo que apontou intervalo de tempo
prevalente de 1 a 5 anos na maioria das diálises.(19) Em razão desses achados, enfatiza-se a
necessidade do encaminhamento precoce de pacientes em diálise para cadastramento em lista de
espera para transplante renal, já que o tempo de diálise pode influenciar negativamente a
identificação de um doador compatível e também o tempo de sobrevida do órgão
transplantado.(8)
A percepção da QV geral dos pacientes antes e após o transplante não foi influenciada por
fatores sociodemógraficos, confirmando achados de outro estudo que correlacionou fatores
demográficos e QV após o transplante renal.(20)
A comparação entre o escore médio dos domínios de QV antes e após a efetivação do
transplante mostrou melhora significativa na QV geral e em todos os domínios avaliados,
mostrando o impacto positivo do transplante renal na percepção dos pacientes. A melhora foi
mais significativa nos domínios de QV geral, saúde física e relações sociais. Resultados similares
foram observados em estudo que comparou pacientes que receberam um rim com aqueles em
lista de espera para transplante.(21)
Estudo que avaliou as questões relacionadas à saúde e QV em 262 receptores de rim
mostrou que o componente físico foi influenciado pela presença de comorbidades tais como
hipertensão e diabetes, além de fatores como nível de creatinina e hematócrito, condições que
melhoram após o transplante.(22)
O domínio de relações sociais avalia o grau de satisfação com o tempo gasto com a família
e amigos, além do suporte recebido deles. Esse domínio mostrou aumento significativo no escore
médio após o transplante. Estudo que avaliou pacientes em hemodiálise indicou que o domínio
de relações sociais foi considerado muito relevante para pacientes renais em razão da necessidade
de cuidado e dependência de suporte durante o curso da doença.(2,4) Outro estudo mostrou que as
55
relações sociais influenciaram a percepção da QV, afetando a saúde, bem-estar e percepção de
suscetibilidade ao progresso da doença, que se configuram como um espaço de troca de
experiências, desenvolvimento do potencial e de proteção social.(23)
O domínio psicológico reflete os resultados do transplante tais como medos e emoções dos
pacientes, demostrando percepções e estratégias de enfrentamento do individuo em situações de
sofrimento.(24) Os aspectos emocionais devem ser considerados como indicadores importantes de
saúde e QV em pacientes com doença renal crônica devido ao estilo de vida imposto pela
doença, tratamento e progressão dos sintomas que com o tempo limitam as atividades diárias e
causam efeitos emocionais negativos na percepção de QV.(22,24-26) Outros estudos mostraram que
os fatores psicológicos tendem a melhorar após o transplante.(21,25)
Apesar do domínio meio ambiente ter apresentado o menor escore comparado aos outros
domínios de QV, ele também mostrou diferença significativa antes e após o transplante,
indicando melhoria nesse aspecto. O resultado pode ser explicado em parte pelas condições de
segurança e moradia dos participantes que geralmente não mudam após transplante. Estudo que
avaliou a QV de pacientes renais utilizando o WHOQOL-bref obteve resultados similares em
relação ao domínio meio ambiente com menor escore quando comparado aos outros domínios.(9)
Os resultados deste estudo indicaram que os pacientes que realizaram transplante renal
mostraram melhora na QV em todas as dimensões avaliadas por meio do WHOQOL-bref
quando comparado com a QV antes do transplante, confirmando os achados de outros
estudos.(3,8,25)
Este estudo contribui para literatura sobre a QV de indivíduos com doenças renais crônicas
submetidos a transplante renal. Estudo recente que examinou a influência das questões
relacionadas à saúde e QV em pacientes submetidos a transplante renal mostrou que os escores
de QV foram capazes de predizer a mortalidade e as falhas do enxerto, independente dos fatores
sociodemográficos e de risco clinico, indicando a importância da avaliação da QV neste grupo de
pacientes.(27)
Conclusão
Este estudo examinou o impacto do transplante renal na qualidade de vida de pacientes
com doença renal crônica. Os resultados indicaram que o transplante teve um impacto positivo e
modificou a percepção da QV nesses pacientes. Todos os domínios de QV mostraram melhora
após o transplante, especialmente em relação à percepção geral de QV. Os fatores
sociodemográficos não influenciaram a qualidade de vida neste grupo de pacientes indicando que
o transplante foi o principal fator para explicar a mudança na qualidade de vida.
56
Colaborações
Mendonça AEO; Torres GV; Salvetti MG; Alchieri JC e Costa IKF declaram que colaboraram na
concepção do projeto, análise e interpretação dos dados, redação do artigo e revisão critica
relevante do conteúdo intelectual e aprovação da versão final a ser publicada.
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Transplantation;2013;95(5):740-49.
Transplantation:
A
12-Year
Follow-Up
Study.
59
6.3 ARTIGO 3
O artigo “Análise dos aspectos físicos da qualidade de vida de receptores de rim” será
enviado ao periódico “Revista da Escola de Enfermagem da USP”, que possui fator de
impacto 0.387 e Qualis B3 da CAPES para a área de medicina II.
ANÁLISE DOS ASPECTOS FÍSICOS DA QUALIDADE DE VIDA DE RECEPTORES
DE RIM
ANALYSIS OF PHYSICAL ASPECTS OF THE QUALITY OF LIFE OF KIDNEY
RECEIVERS
ANÁLISIS DE LOS ASPECTOS FÍSICOS DE LA CALIDAD DE VIDA DE LOS
RECEPTORES DE RIÑÓN
1. Ana Elza Oliveira de Mendonça. Enfermeira. Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação
do Centro de Ciências da Saúde - PPGCCS; Departamento de Enfermagem da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte/UFRN.
2. Marina de Góes Salvetti. Enfermeira, Pós-doutoranda em Enfermagem do Departamento de
Enfermagem da UFRN, bolsista CAPES.
3. Gilson de Vasconcelos Torres. Enfermeiro. Professor doutor do Programa de PósGraduação do Centro de Ciências da Saúde - PPGCCS; Departamento de Enfermagem da
UFRN.
Resumo
Objetivou-se analisar a influência do domínio físico na percepção de qualidade de vida geral
de receptores de rim e identificar quais os principais fatores físicos que influenciam a
qualidade de vida desses pacientes. O estudo foi longitudinal exploratório, desenvolvido com
63 pacientes renais crônicos, avaliados antes e após transplante renal, utilizando a escala de
qualidade de vida proposta pela Organização Mundial de Saúde. Observou-se melhora
significativa nos aspectos físicos da qualidade de vida depois do transplante renal.
Correlações significativas foram observadas entre aspectos físicos e a qualidade de vida geral.
Concluiu-se que o transplante renal promoveu melhora em todos os aspectos físicos da
qualidade de vida. Os fatores que apresentaram correlação mais forte com a qualidade de vida
geral antes do transplante foram a capacidade para o trabalho e a dor. Após a efetivação do
transplante a percepção sobre necessidade de tratamento foi o fator que apresentou correlação
mais forte com a QV geral.
Descritores: Transplante de rim; Qualidade de vida; Atividades Cotidianas; Dor.
60
Abstract
This study aimed to analyze the influence of the physical domain in the perception of overall
quality of life of kidney recipients and identify the main physical factors that influence the
quality of life of these patients. The longitudinal study was exploratory, developed with 63
chronic renal failure patients evaluated before and after renal transplantation, using the scale
of quality of life proposed by the World Health Organization. Significant improvements were
observed in physical aspects of quality of life after renal transplantation. Significant
correlations were observed between physical aspects and overall quality of life. It was
concluded that renal transplantation promoted improvement in all physical aspects of quality
of life. The factors that had the strongest correlation with overall quality of life before
transplantation were the ability to work and pain. After kidney transplantation the perception
of requiring treatment was the factor with the strongest correlation with overall QoL.
Descriptors: Kidney Transplantation; Quality of Life; Activities of Daily Living; Pain.
Resúmen
Este estudio tuvo como objetivo analizar la influencia de aspectos físicos en la calidad de vida
en general de receptores de riñón e identificar los principales factores físicos que influyen en
la calidad de vida. Estudio longitudinal exploratorio, con 63 pacientes con insuficiencia renal
crónica evaluados antes y después del trasplante renal, empleando la escala de calidad de vida
propuesto por la Organización Mundial de la Salud. Una mejora significativa en los aspectos
físicos de calidad de vida después del trasplante renal. Se observaron correlaciones
significativas entre aspectos físicos y calidad de vida en general. Se concluyó que trasplante
renal promueve la mejora en todos los aspectos físicos de la calidad de vida. Los factores que
tuvieron la correlación más fuerte con la calidad de vida en general antes del trasplante fueron
la capacidad de trabajar y el dolor. Tras la finalización de trasplante las percepciones de
necesidad de tratamiento fue el factor con correlación más fuerte con calidad de vida en
general.
Descriptores: Transplante de Riñón; Calidad de Vida; Actividades Cotidianas; Dolor.
INTRODUÇÃO
A avaliação da Qualidade de Vida (QV) em pacientes com doenças crônicas não
transmissíveis possibilita a identificação de aspectos que influenciam a percepção desses
indivíduos sobre a sua própria existência e sobre modificações impostas pelas doenças e
tratamentos.(1,2) No contexto da Doença Renal Crônica Terminal (DRCT), o transplante renal
bem sucedido vem se configurando como uma modalidade terapêutica que aumenta as
chances de um retorno a rotina de vida anterior ao aparecimento da doença.(3)
61
A mensuração da QV é um importante parâmetro para avaliar o benefício real das
terapias disponíveis aos portadores de DRCT. Tendo em vista que o transplante não
representa a cura para esses pacientes, que permanecem classificados como doentes renais
crônicos. Assim, cabe ressaltar que o tempo de sobrevida do enxerto renal está associado ao
acompanhamento do paciente por profissionais especializados e adesão ao tratamento.(1,4)
A QV é um dos termos com maior expressão multifatorial o que justifica as suas
várias definições. Nesse estudo, optou-se por adotar a definição de qualidade de vida (QV)
proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), definida como a “percepção do
indivíduo sobre a sua posição na vida, dentro do contexto dos sistemas de culturas e valores
nos quais está inserido e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações”. (5)
Em geral, os instrumentos de mensuração de QV são avaliados á partir dos domínios
físico, psicológico, social e meio ambiente.(3) O domínio físico da QV inclui a percepção do
indivíduo em relação à dor física, fadiga, sono, atividades cotidianas, dependência de
tratamento e capacidade de trabalho.(5) Estudos realizados com pacientes em tratamento
dialítico revelam mudanças na QV, principalmente nos domínios físico e social.(3,4)
As modificações no estilo de vida impostas pela doença renal e dependência do
tratamento dialítico podem desencadear alterações no comportamento, como diminuição da
autoestima, da libido e outras alterações neuropsiquiátricas, que muitas vezes passam
despercebidas. Há ainda, outros fatores que podem promover mudanças no comportamento,
em geral relacionadas aos sintomas físicos associados à uremia, como a anorexia, fadiga e
distúrbios do sono, comuns em pacientes com doença renal crônica.(6,7)
Considerando que os aspectos relacionados à QV de pacientes renais antes e após
transplante ainda são pouco estudados e que as alterações físicas pós-transplante podem
exercer impacto importante sobre a percepção da QV desses pacientes, o presente estudo teve
como objetivo analisar a influência do domínio físico na percepção de qualidade de vida geral
de receptores de rim e identificar quais os principais fatores físicos que influenciam a
qualidade de vida desses pacientes.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo analítico, longitudinal, realizado em um centro transplantador
do estado do Rio Grande do Norte, Brasil. A amostra do estudo foi composta por 63 pessoas
com DRCT, obtida por conveniência. Foram incluídos pacientes de ambos os sexos, com
62
idade superior a 18 anos, cadastrados em lista de espera para transplante renal. Foram
definidos como critérios de exclusão a não efetivação do transplante ou a falência do enxerto.
A coleta de dados foi realizada de maio de 2010 a maio de 2013 em duas fases distintas,
utilizando o instrumento da organização Mundial da Saúde World Health Organization
Quality of Life (WHOQOL-Bref) composto por 26 perguntas, duas gerais que avaliam a
percepção sobre a QV e a saúde, e as demais distribuidas em quatro domínios: físico,
psicológico, relações sociais e meio ambiente. As respostas obtidas dos pesquisados foram
preenchidas numa escala do tipo Likert que varia de 01 a 05, onde 01 é o extremo negativo
(0%) e 05 o positivo (100%).(5)
A primeira etapa da pesquisa constou de entrevistas com pacientes renais crônicos em
tratamento dialítico cadastrados em lista de espera por um rim de doador falecido, em
acompanhamento ambulatorial pré-transplante. A segunda etapa foi realizada com os mesmos
pacientes após a realização do transplante de rim bem sucedido, respeitando-se o intervalo
mínimo de três meses, por corresponder ao tempo necessário à adaptação do paciente ao novo
estilo de vida e retorno as atividades cotidianas.
Na primeira etapa foi realizada entrevista com 89 pacientes renais crônicos em
acompanhamento ambulatorial pré-transplante. No entanto destes, apenas 63 conseguiram
efetivar o transplante e constituiram a amostra do presente estudo. Cabe ressaltar, que para a
realização da segunda etapa, respeitou-se um intervalo mínimo de três meses após a
efetivação do transplante.
Neste estudo utilizou-se um formulário com dados sociodemográficos e de saúde, a
questão sobre qualidade de vida geral do WHOQOL-Bref (Como você avaliaria sua qualidade
de vida?) e as questões do domínio físico do instrumento WHOQOL-Bref (Em que medida
você acha que sua dor (física) impede você de fazer o que você precisa?; O quanto você
precisa de algum tratamento médico para levar sua vida diária?; Você tem energia suficiente
para seu dia-a-dia?; Quão bem você é capaz de se locomover?; Quão satisfeito(a) você está
com o seu sono?; Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade de desempenhar as
atividades do seu dia-a-dia?; Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade para o
trabalho?). Para uniformidade dos dados foi feita inversão dos valores das questões referentes
à dor e necessidade de tratamento do domínio físico por serem negativamente orientadas.
A pesquisa foi desenvolvida após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital
Universitário Onofre Lopes da UFRN, CAAE nº 0008.0.294.000-10. Os dados obtidos foram
digitalizados em planilha do Microsoft-Excel e importados para SPSS versao 20.0. A análise
dos dados foi realizada por meio da estatística descritiva, teste de Wilcoxon para comparação
63
de médias e Correlações de Spearman. Os parâmetros utilizados para interpretar os
coeficientes de correlacao (r) obtidos foram: coeficientes de 0,10 até 0,39 foram considerados
fracos, de 0,40 até 0,69 foram considerados moderados e coeficientes entre 0,70 e 1 foram
considerados fortes.(8) O valor de p significativo foi estabelecido como < 0,05.
RESULTADOS
A análise dos dados sociodemograficos mostrou predominio de pessoas entre 18 e 45
anos (68,2%), com idade média de 39,9 anos e Desvio Padrão (DP) de 12,2, do sexo
masculino (63,5%), casados (58,7%) e com filhos (51,0%). Quanto ao grau de escolaridade
observou-se que 49,2% dos participantes tinham ensino fundamental completo e a maior parte
não desenvolvia nenhuma atividade laboral (90,4%) no período de realização do estudo. A
hemodiálise foi a terapia renal substitutiva predominante (96,8%) e o tempo médio de espera
pela efetivação do transplante foi de 1,9 anos (DP 1,9), conforme Tabela 1.
Tabela 1. Distribuição das características sociodemográficas de pacientes renais crônicos Natal, RN, Brasil, 2013.
Variáveis
Faixa etária
n (%)
< 30
31 a 45
46 a 60
> 60
24
19
18
2
(38,1)
(30,1)
(28,6)
(3,2)
Sexo
Masculino
Feminino
39 (61,9)
24 (38,1)
Estado conjugal
Solteiro
Casado
Separado
Viúvo
19
37
5
2
Filhos
Sim
Não
(30,2)
(58,7)
(7,9)
(3,2)
32 (51,0)
31 (49,0)
Grau de instrução
Não alfabetizado
Ensino fundamental
Ensino médio
Ensino superior
Atividade laboral
Não
Sim
57 (90,4)
6 (9,6)
Hemodiálise
61 (96,8)
Terapia Renal Substitutiva
6
31
21
5
(9,6)
(49,2)
(33,3)
(7,9)
64
Diálise Peritoneeal
<2
2a4
5a7
8 a 10
Tempo em lista
2 (3,2)
44
13
4
2
Total
(69,8)
(20,7)
(6,4)
(3,2)
63 (100)
O Domínio Físico do WHOQOL-Bref compreende 07 facetas: dor e desconforto,
energia e fadiga, locomoção, sono e repouso, atividades da vida cotidiana, dependência de
medicações ou tratamentos e capacidade de trabalho.(4) Na amostra estudada os escores
médios do domínio físico variaram de 9,94 (DP 1,78) antes do transplante renal a 17,41 (DP
1,78) após a efetivação do transplante.
Ao analisar a variação dos escores das questões que compõem o domínio físico da
qualidade de vida antes e após o transplante renal verificou-se melhora significativa em todos
os aspectos analisados, com redução do impacto da dor, redução da percepção sobre
necessidade de tratamento, melhora da energia, melhora da satisfação com o sono, melhora da
capacidade de locomoção, da capacidade de desempenhar tarefas do dia a dia e melhora da
capacidade para o trabalho (Tabela 2).
Tabela 2. Comparação dos escores médios das questões do domínio físico, antes e após
transplante renal – Natal, RN, Brasil, 2013.
Qualidade de Vida
Pré-transplante
Pós-transplante
Domínio físico
média (DP)
média (DP)
p-valor*
Impacto da dor
3,48 (0,82)
1,52 (0,59)
<0,001
Necessidade de tratamento
3,97 (0,44)
2,46 (0,80)
<0,001
Energia
2,54 (0,74)
4,32 (0,64)
<0,001
Locomoção
2,87 (1,08)
4,43 (0,69)
<0,001
Sono
2,51 (0,93)
4,63 (0,49)
<0,001
Atividades
2,49 (0,76)
4,57 (0,59)
<0,001
Trabalho
2,43 (0,86)
4,49 (0,64)
<0,001
*Teste Wilcoxon
65
A avaliação da correlação entre as facetas do domínio físico e a percepção geral de QV
medidas pelo WHOQOL-Bref, antes e após o transplante renal estão dispostas na Tabela 03, a
seguir.
Tabela 3. Correlações entre as questões do domínio físico e a qualidade de vida geral antes e
após transplante renal – Natal, RN, Brasil, 2013.
Qualidade de Vida Geral
Domínio físico
Impacto da dor
Pré-transplante
Pós-transplante
- 0,401** (p= 0,001)
- 0,145
(p= 0,257)
Necessidade de tratamento
- 0,265*
(p= 0,036)
- 0,425**
(p= 0,001)
Energia
0,296*
(p= 0,018)
0,334**
(p= 0,008)
Locomoção
0,162
(p= 0,205)
0,335**
(p= 0,007)
0,336** (p= 0,007)
0,209
(p= 0,100)
0,315*
0,230
(p= 0,070)
0,293*
(p= 0,020)
Sono
Atividades
Trabalho
(p= 0,012)
0,510** (p< 0,001)
*<0,05 **<0,01 Correlação de Spearman
A análise das correlações antes do transplante renal mostrou correlação positiva e
fraca entre a QV geral, energia, sono e capacidade para atividades do dia a dia. Observou-se
correlação positiva e moderada entre a QV geral e a capacidade para o trabalho. Correlação
negativa e moderada foi observada entre a QV geral e impacto da dor nas atividades.
Correlação negativa e fraca foi observada entre a QV geral e a percepção sobre necessidade
de tratamento. A percepção sobre a capacidade de locomoção não apresentou correlação com
a QV geral antes do transplante (Tabela 3).
Correlações positivas e fracas foram observadas entre a QV geral e as questões sobre
energia, locomoção e capacidade para o trabalho após o transplante renal. Correlação negativa
e moderada foi observada entre a QV geral e a necessidade de tratamento médico após o
transplante renal (Tabela 3). As questões sobre o impacto da dor, satisfação com o sono e
capacidade para realizar atividades do dia-a-dia não apresentaram correlação com a QV geral
após o transplante.
DISCUSSÃO
66
A comparação do escore médio do domínio físico da QV antes e após o transplante
renal indicou aumento significativo da qualidade de vida neste domínio, indicando que a
efetivação do transplante promoveu aumento dos escores do domínio fisico da QV segundo o
WHOQOL-Bref dos pesquisados. Este achado pode ser explicado pela melhora em todos os
aspectos que englobam o domínio fisico. A redução de sintomas como dor e fadiga e a menor
dependencia de tratamento facilitam a retomada das atividades cotidianas após o transplante.
A melhora do padrão do sono, a facilidade na locomoção e a melhora na capacidade para o
trabalho e atividades do dia-a-dia também contribuem para a melhor percepção de QV geral
observada após a efetivação do transplante renal.
Estudos realizados com pacientes em diálise relatam que o domínio físico influencia
negativamente a QV e que os resultados após transplante renal bem sucedido são percebidos
de forma positiva, confirmando os achados do presente estudo.(1,3,9,10)
Ao comparar as correlações entre os aspectos físicos e a QV geral antes do transplante
renal nota-se que a correlação mais forte foi observada entre a percepção de capacidade para o
trabalho e a QV geral, indicando que os pacientes que sentiam maior capacidade para o
trabalho apresentavam escores mais elevados de QV geral antes do transplante.
Correlação negativa e moderada foi observada entre o impacto da dor nas atividades e a
QV geral antes do transplante, indicando que os pacientes que sentiam maior impacto da dor
apresentavam pior QV geral, o que era esperado. Vale dizer que não se observou correlação
significativa entre dor e QV geral após a efetivação do transplante, sugerindo que a dor foi
minimizada, passando a não influenciar de modo negativo a percepção de QV geral desses
pacientes.
Um estudo prospectivo realizado com pacientes em hemodiálise avaliados no início e
após seis meses de tratamento, utilizando o instrumento Medical Outcomes Study-Item ShortForm Health Survey (SF-36), identificou associação entre os aspectos físicos e QV
relacionada à saúde. Os resultados revelaram que dor e fadiga foram considerados fatores
preditores independentes que influenciaram negativamente a QV no grupo estudado.(11)
Em consonância, estudo realizado com pacientes submetidos à hemodiálise com vistas a
identificar a capacidade funcional por meio da Escala de Severidade da Fadiga (FSS), revelou
que dor e prejuizo na vitalidade foram indicados como itens que mais interferiram na QV na
amostra estudada.(12)
Outro estudo destacou que a dor é um sintoma comum em pacientes renais crônicos,
especialmente naqueles em hemodiálise. De acordo com pesquisa desenvolvida no Canadá
que avaliou 205 pacientes em hemodiálise, a prevalência de dor foi de 50%, tendo causas
67
diversas, dentre as quais se destacaram a neuropatia e doença vascular periférica (50,5%),
relacionadas com maior intensidade de dor entre os pesquisados.(13)
Correlação negativa e fraca foi observada entre a necessidade de tratamento e a QV
geral antes do transplante, indicando que os pacientes que apresentavam maior necessidade de
tratamento possuíam pior QV geral. No entanto, após o transplante essa variável apresentou
correlação negativa, moderada e significativa com a QV geral, indicando que os pacientes que
sentiam menor necessidade de tratamento médico apresentavam maiores escores de QV geral,
caracterizando-se como o fator que mais influenciou a QV geral nesta fase.
Estudo desenvolvido na China com 150 transplantados renais alerta para o fato de que
após a efetivação do transplante são necessários cuidados e avaliação clínica contínuas, para
reduzir os riscos de rejeição do enxerto e de infecção devido ao uso de drogas
imununossupressoras.(14) Apesar de necessitarem de acompanhamento clínico após a
efetivação do transplante, os pacientes não necessitam mais da hemodiálise, o que faz com
que esses pacientes se sintam mais livres e com menor necessidade de tratamento médico.
As correlações positivas fracas encontradas entre a percepção de QV geral e as
variáveis energia, sono e capacidade para atividades do dia-a-dia indicam que antes do
transplante os pacientes que sentiam mais energia para as atividades diárias, maior satisfação
com o sono e maior capacidade para as atividades do dia-a-dia apresentavam melhor
qualidade de vida geral. A capacidade para o trabalho, antes do transplante, apresentou
correlação positiva, moderada e significativa, demonstrando que quanto maior a capacidade
para o trabalho maior a QV geral.
Pesquisa desenvolvida no sul do Brasil avaliou 40 pacientes em hemodiálise e
demonstrou que a falta de energia, associada à insônia durante a noite e a dependência de
medicação e tratamentos, teve impacto negativo na QV e a capacidade para o trabalho desses
pacientes.(15) Outro estudo(16) desenvolvido com 150 transplantados renais observou-se que a
fadiga interfere na capacidade para o autocuidado desses pacientes. Esses achados corroboram
com os resultados do presente estudo, demonstrando que as facetas avaliadas pelo domínio
físico do WHOQOL-Bref se correlacionam com a percepção geral de QV antes do
transplante.
A análise das correlações após o transplante mostrou que as variáveis energia para as
atividades do dia-a-dia, capacidade de locomoção e capacidade para o trabalho apresentaram
correlações positivas e fracas com a QV geral. Embora essas correlações tenham sido fracas
elas indicam que após o transplante estes fatores influenciaram a QV geral. A satisfação com
68
o sono e a capacidade para realizar atividades do dia-a-dia não apresentaram correlação com a
QV geral após o transplante.
Resultados opostos foram observados em pesquisa desenvolvida no sul do Brasil com
60 receptores de rim acompanhados durante o primeiro ano. O seguimento desses pacientes
demonstrou que a percepção de QV após transplante renal foi influenciada pela qualidade do
sono no grupo estudado.(17)
CONCLUSÕES
A qualidade de vida de pacientes renais crônicos foi influenciada de modo
significativo pelos aspectos físicos antes e após o transplante renal. Observou-se melhora
significativa em todos os aspectos físicos da QV na comparação antes e após transplante
renal, evidenciando percepção mais positiva da QV após o transplante.
A correlação negativa e moderada entre o impacto da dor nas atividades e a QV geral
antes do transplante, indicando que os pacientes que sentiam maior impacto da dor
apresentavam pior QV geral. Já após o transplante não se observou correlação significativa
entre dor e QV geral, sugerindo que a dor foi minimizada, passando a não influenciar de
modo negativo a percepção de QV geral desses pacientes.
As facetas avaliadas no domínio físico que apresentaram maior correlação com a QV
geral antes do transplante foram capacidade para o trabalho e dor. Após a efetivação do
transplante a percepção sobre necessidade de tratamento foi o fator que apresentou maior
correlação com a QV geral.
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em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3521797/
15. Takemoto AY, Okubo P, Bedendo J, Carreira L. Avaliação da qualidade de vida em
idosos submetidos ao tratamento hemodialítico. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2011 [citado
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http://seer.ufrgs.br/index.php/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/18553/12769
70
16. Weng LC, Dai YT, Huang HL, Chiang YJ. Self-efficacy, self-care behaviours and quality
of life of kidney transplant recipients. J Adv Enfermagem. 2010; 66:828-38.
17. Alvares J, Almeida AM, Szuster DAC, Gomes IC, Andrade EIG, Acurcio FA, et al.
Fatores associados à qualidade de vida de pacientes em terapia renal substitutiva no
Brasil. Ciência e Saúde Coletiva [Internet]. 2013 [citado 2013 setembro 20]; 18(7):1903-10.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v18n7/05.pdf
71
7. COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E CONCLUSÕES
A pesquisa “Análise da efetividade do transplante renal na qualidade de vida
dos receptores no estado do Rio Grande Do Norte”, foi desenvolvida a partir de um
anteprojeto inicial em 2010, onde foi levantada a questão da importância do
seguimento de pacientes submetidos a transplante renal no Rio Grande do Norte.
Isso aconteceu em virtude da doutoranda ser professora de graduação em
Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - RN, da Disciplina de
Atenção Integral, e observar o cuidado oferecido no Hospital aos pacientes
provenientes de todo o Estado, principalmente enquanto acompanhava alunos no
setor de hemodiálise e na unidade de transplante renal. As conversas com os
pacientes e o relato dos profissionais sobre as expectativas em relação ao
transplante, a angustia da espera por um doador e o número reduzido de
transplantes por falta de doadores, nos motivaram a realizar a pesquisa. (Vale
ressaltar que atualmente, no Estado do RN foi implantado a Organização de Procura
de órgãos e com isso houve aumento na captação de órgãos e tecidos).
Após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUOL em 2010 a
pesquisadora realizou um treinamento com estudantes da Graduação em
Enfermagem que se dispuseram a participar da pesquisa, através da Pró-reitoria de
Extensão da UFRN.
Na primeira etapa da pesquisa foram entrevistados pacientes em lista de
espera para transplante de rim. Na segunda etapa, foi feito o seguimento de
pacientes cadastrados em lista para transplante de rim no RN, e após três meses de
efetivação do transplante foram novamente avaliados por meio do WHOQOL-bref.
Por estar estudando os mesmos pacientes, em dois momentos distintos, optou-se
por avaliar a influencia das variáveis sociodemográficas, e os aspectos da QV
influenciados pelo transplante renal.
Algumas metas, como caracterizar os pacientes em acompanhamento
ambulatorial no centro de referência para transplante renal no Estado do RN,
analisar o impacto da efetivação do transplante na QV dos receptores e a correlação
entre as variáveis sociodemográficas e a percepção geral de QV, e verificar a
influencia dos aspectos físicos da QV na percepção dos pacientes antes e após
transplante renal, foram alcançados.
72
A doutoranda está inserida em um grupo de pesquisa da UFRN, e orienta
Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) dos estudantes da graduação em
Enfermagem da UFRN.
Essa pesquisa foi muito gratificante, pois proporcionou a pesquisadora o
crescimento intelectual no tema, já que houve a oportunidade de aprimorar o
conhecimento no contexto local e buscar o que existe de novo em pesquisas,
através de leituras e participação em eventos e produção de artigos científicos.
Relatório de Trabalhos Produzidos
Ana Elza Oliveira de Mendonça
2014 –
1. O Artigo “Changes in Quality of Life after kidney transplantation and related
factors” na Revista Acta Paulista de Enfermagem. Autores: Ana Elza Oliveira de
Mendonça, Gilson de Vasconcelos Torres, Marina de Góes Salvetti, João Carlos
Alchiere; Isabelle Katherine Fernandes da Costa.
(Artigo Aceito. Revista B3 Qualis de Medicina II).
2. O Artigo: “Análise dos aspectos físicos da qualidade de vida de receptores de
rim.” A ser enviado a Revista de Enfermagem da USP. Aguardando tradução para
Inglês. Autores: Ana Elza Oliveira de Mendonça, Gilson de Vasconcelos Torres,
Marina de Góes Salvetti. (Artigo a ser enviado. Revista B3 Qualis de Medicina II).
3. O artigo: “Característiccas de pacientes submetidos a transplante renal”. Ana
Elza Oliveira de Mendonça, Gilson de Vasconcelos Torres”.
(Artigo a ser enviado. Revista B5 Qualis de Medicina II).
4. O Artigo: “Donation of organs and tissues for transplantation procedure:
reflections on their effectiveness” na Revista Enfermagem da UFPE. Izaura Luzia
Silvério Freire, Ana Elza Oliveira de Mendonça, Bruno Araújo da Silva Dantas,
Micheline da Fonseca Silva, Andréa Tayse de Lima Gomes, Gilson de Vasconcelos
Torres. (Artigo aceito. Revista B5 Qualis de Medicina II).
5. O Artigo: “Perfil sociodemográfico e clínico de idosos submetidos à hemodiálise”.
Ana Elza Oliveira de Mendonça, Jessicleide da Guia Dantas, Débora Azevedo de
Andrade, Camila Tedeschi, Gilson de Vasconcelos Torres.
2013 –
1. O Artigo: “Performance of the nurse in organizations seeking organs for
transplant”. Ana Elza Oliveira de Mendonça, Izaura Luzia Silvério Freire, Quinidia
Lúcia Duarte de Almeida Quithé de Vasconcelos, Rhayssa de Oliveira e Araújo,
Isabelle Christine Marinho de Oliveira, Gilson de Vasconcelos Torres.
2. O Artigo: “Morte encefálica e cuidados na manutenção do potencial doador de
órgãos e tecidos para transplante”. Izaura Luzia Silvério Freire, Ana Elza Oliveira de
73
Mendonça, Vamilson Oliveira de Pontes, Quinídia Lúcia Duarte de Almeida Quithé
Vasconcelos, Gilson de Vasconcelos Torres.
3. O Artigo: “Transplante de órgãos e o gerenciamento de enfermagem”. Ana Elza
Oliveira de Mendonça, Izaura Luzia Silvério Freire, Gilson de Vasconcelos
Torres.
4. O Artigo: “Atribuições do técnico de enfermagem durante a sessão de
hemodiálise”. Artigo Publicado no PROTENF - Programa de Atualização.
MENDONÇA, Ana Elza Oliveira de, BRITO, Francisca Iris, TORRES, Gilson de
Vasconcelos.
5. O Artigo: “Infection of central venous catheter and the non-compliance of
protocols in the intensive care unit”. BARRETO, Analúcia Filgueira Gouveia, DIAS,
Thalyne Yuri de Araújo Farias, COSTA, Isabelle Katherinne Fernandes, MELO,
Gabriela de Sousa Martins, MENDONÇA, Ana Elza Oliveira de, TORRES, Gilson
deVasconcelos.
6. O Artigo: ”Perfil de pacientes em lista de espera para transplante renal”. Gilson
de Vasconcelos Torres, Ana Elza Oliveira de Mendonça, Ingrid Gurgel Amorim,
Isabelle Christine Marinho de Oliveira, Rodrigo Assis Neves Dantas, Izaura Luzia
Silvério Freire.
7. O Artigo: “Ações do técnico de enfermagem nas situações de urgência com
paciente em falência cardíaca. FREITAS, Marcelo Bessa de, MENDONÇA, Ana Elza
Oliveira de , TORRES, Gilson de Vasconcelos.
1. O Trabalho: “Transfusão sanguínea em pacientes renais durante hemodiálise em
um hospital de grande porte”. Publicado em Anais do 11º Congresso Internacional
da Rede Unida, 2014, Fortaleza. Revista Interface Comunicação, Saúde, Educação,
2014. COSTA, JE; CABRAL, AMF; SIMPSON, CA; MENDONCA, AEO; SILVA, RSC;
SILVA, NRC; TIBURCIO, MP; MIRANDA, FAN; TORRES, GV; ISOLDI, DMR.
2. O Trabalho: “Cuidados após biópsia percutânea do enxerto em transplantados
renais”. Apresentado no Congresso Nacional de Ciências da Saúde – CONACIS,
2014. Julliana Fernandes de Sena, Ana Elza Oliveira de Mendonça, Sara Priscila
Constantino de Castro, Gilson de Vasconcelos Torres.
3. O Trabalho: “Transplante de órgãos: contribuição do idoso”. Publicado nos
ANAIS do III Congresso Internacional de Envelhecimento Humano (CIEH) 2013, v.
1, n. 1. Campina Grande, 2013. Ana Elza Oliveira de Mendonça, Izaura Luzia
Silvério Freire, Gilson de Vasconcelos Torres.
4. O Trabalho: “Prevalência de disfunção do enxerto em receptores de rim”.
Apresentado no XII Congresso Luso-Brasileiro de Transplantes. A.E.O. Mendonça,
I.L.S. Freire, G.V. Torres, K.L.F. Azevedo, M.G. Pereira. Ana Elza Oliveira de
Mendonça, Izaura Luzia Silvério Freire, Gilson de Vasconcelos Torres.
5. O Trabalho: “Fragilidades no processo de captação, doação e transplante de
órgãos e tecidos”. Apresentado no XII Congresso Luso-Brasileiro de Transplantes.
74
Ana Elza Oliveira de Mendonça, Izaura Luzia Silvério Freire, Magda Maria Barbosa
da Silva, Rose Fernandes da Silva, Xenia Alves Freire, Gilson de Vasconcelos
Torres.
6. O Trabalho: “Diagnóstico de morte encefálica e doação de órgãos: relato de
caso”. Apresentado no XII Congresso Luso-Brasileiro de Transplantes. Ana Elza
Oliveira MENDONÇA, Izaura Luzia Silvério FREIRE, Quinidia Lúcia Duarte Almeida
Quithé VASCONCELOS, Gilson Vasconcelos TORRES.
7. O Trabalho: Perfil de pacientes em lista de espera para transplante renal.
Publicado nos Anais do II Seminário Internacional: Tecendo redes na Enfermagem e
na saúde. Gilson de Vasconcelos Torres, Ana Elza Oliveira de Mendonça, Ingrid
Gurgel Amorim, Isabelle Christine Marinho de Oliveira, Rodrigo Assis Neves Dantas,
Izaura Luzia Silvério Freire.
8. O Trabalho: “Doação e transplante de órgãos e tecidos: o que sabem os
estudantes de enfermagem?”. Publicado nos Anais do II Seminário Internacional:
Tecendo redes na Enfermagem e na saúde. ARAÚJO, Rhayssa de Oliveira,
FREIRE, Izaura Luzia Silvério, VASCONCELOS, Quinídia Lúcia Duarte de Almeida
Quithé de, MENDONÇA, Ana Elza Oliveira de, SALVETTI, Marina de Góes,
TORRES, Gilson de Vasconcelos.
9. O trabalho: “Morte encefálica e doação de órgãos: compreensão dos
profissionais de enfermagem”. FREIRE, Izaura Luzia Silvério; TORRES, Gilson de
Vasconcelos. MENDONÇA, Ana Elza Oliveria de; MELO, Gabriela de Sousa
Martins; SOUSA, Núbia Maria Lima de; MENEZES, Luzia Clara Cunha de.
2012 1. O Artigo: “Nursing care of the potential donor of organs after brain death:
integrative review”. MENDONÇA, Ana Elza Oliveria de; LIBERATO, Samilly;
FREIRE, Izaura Luzia Silvério; DANTAS, Rodrigo Assis Neves; TORRES, Gilson de
Vasconcelos.
2. O Artigo: “Identifying risk factors for chronic renal insufficiency in the group
friends of the heart”. ARAÚJO, Aíla Marôpo; MENDONÇA, Ana Elza Oliveira de;
RODRIGUES, Maísa Paulino; TORRES, Gilson de Vasconcelos.
3. O Artigo: “Process of organ donation for transplantation: comparative analysis
between laws”. FREIRE, Izaura Luzia; FREIRE, Igor; MENDONÇA, Ana Elza
Oliveira de, SOUZA, Nilba de Souza; VASCONCELOS, Quinídia; TORRES, Gilson
de Vasconcelos.
1. O Trabalho: “Atuação do enfermeiro na prevenção de IRC: relato de
experiência”. Publicado nos Anais do V Congresso Luso-Brasileiro de nefrologia.
Freire XA, Ana Elza Oliveira de Mendonça, Gilson de Vasconcelos Torres.
4. O Trabalho: “Caracterização de crianças e adolescentes submetidos a
transplante renal no Rio Grande do Norte”. Publicado nos Anais do IV Congresso
Internacional de Saúde da Criança e do Adolescente. Diana Gonçalves de Lima
Dantas, Ana Elza Oliveira de Mendonça, Rodrigo Assis Neves Dantas, Izaura Luzia
75
Silvério Freire, Fabiana Quintanilha, Edna Maria Dantas Oliveira, Francisco de
Cássio de Oliveira Mendes, Gilson Vasconcelos Torres.
2011 1. O Trabalho: “Repercussões sistêmicas da lesão cerebral irreversível”. Publicado
em Anais do XIV Congresso da Academia Brasileira de Neurocirurgia, no Jornal
Brasileiro de Neurocirurgia. Ana Elza Oliveira de Mendonça, Rodrigo Assis Neves
Dantas, Izaura Luzia Silvério Freire, Samilly M. Dantas Liberato, Emeline Noronha
Vilar de Souza, ENV, Daniele Vieira Dantas, Gilson Vasconcelos Torres.
2. O Trabalho: “Prevenção de insuficiência renal crônica associada à hipertensão
arterial sistêmica e diabetes mellitus: revisão de literatura”. Publicado nos Anais do
Congresso Internacional de Ciências da Saúde, meio ambiente e educação –
CIEPESMA. SILVA, DDN, ARAÚJO, AM, MENDONÇA, AEO, FREIRE, ILS, COSTA,
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Enfermagem em Nefrologia. MENDONÇA, AEO; POLINS, BRG; FREIRE, ILS;
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Publicado nos Anais do XIII Congresso Paulista de Enfermagem em Nefrologia.
MENDONÇA, AEO; QUINTANILHA, F; MEDEIROS, RA; POLINS, BRG; TORRES,
GV.
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Publicado nos Anais do XIII Congresso Paulista de Enfermagem em Nefrologia.
MENDONÇA, AEO; SANTOS, SCLC; MEDEIROS, RA; QUINTANILHA, F; FREIRE,
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Publicado nos Anais do XIII Congresso Paulista de Enfermagem em Nefrologia.
MENDONÇA, AEO; MENDES, FCO; FREIRE, ILS; DANTAS, RAN; SOUZA, NL;
TORRES, GV.
7. O Trabalho: “O Trabalho: “Insuficiência Renal Crônica em Pacientes
Cadastrados no Programa Hiperdia do Rio Grande do Norte”. Publicado nos Anais
do XIII Congresso Paulista de Enfermagem em Nefrologia. ROCHA, CCT;
MENDONÇA, AEO; DANTAS, DGL; POLINS, BRG; TORRES, GV.
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Mellitus e Doença Renal Crônica Submetido à Hemodiálise. Publicado nos Anais do
XIII Congresso Paulista de Enfermagem em Nefrologia. CUNHA, ALC; DANTAS,
DGL; MENDONÇA, AEO; DANTAS, RAN; DANTAS, DV; TORRES, GVT.
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pacientes em diálise no SUS no Brasil. Cad. Saúde Pública. 2012; 28(3): 415-24.
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78
11. Carvalho ALB, Souza MF, Shimizu HE, Senra IMVB, Oliveira KC. A gestão do SUS e
as práticas de monitoramento e avaliação: possibilidades e desafios para a
construção de uma agenda estratégica. Ciênc. saúde coletiva. 2012; 17(4): 901-11.
12. Conselho Federal de Medicina. Resolução n. 1.480. Diário Oficial da União, Brasília.
1997.
13. Diretrizes Básicas para Captação e Retirada de Múltiplos Órgãos e Tecidos da
Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Coordenação geral Walter Antonio
Pereira. São Paulo: ABTO - Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, 2009.
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14. Westphal GA, Filho MC, Vieira KD, Zaclikevis VR, Bartz MCM, Wanzuita R, et al.
Guidelines for potential multiple organ donors (adult). Part I. Overview and
hemodynamic support. Rev Bras Ter Intensiva. 2011; 23(3): 255-68.
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idosos submetidos ao tratamento hemodialítico. Rev Gaúcha Enferm. 2011; 32(2):
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Oficial da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos. Ano XIV – n. 2 Janeiro/Dezembro 2008.
17. Sousa SR, Galante NZ, Barbosa DA, Pestana JOM. Incidência e fatores de risco
para complicações infecciosas no primeiro ano após o transplante renal. J. Bras.
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ciencias de la salud. Rev Cubana Salud Pública. 2002; 28.
28. Pereira AW, Fernandes RC, Soler RC. I Reunião de diretrizes para captação e
retirada de múltiplos órgãos e tecidos da associação brasileira de transplantes de
órgãos. São Paulo: Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. 2003.
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Qualidade de vida e tratamento hemodialítico: avaliação do portador de insuficiência
renal crônica. Rev. Eletr. Enf. 2009; 11(4): 785-93.
30. Zimmermann PR, Carvalho JO de, Mari JJ. Impacto da depressão e outros fatores
psicossociais no prognóstico de pacientes renais crônicos. Revista de Psiquiatria Rio
Grande do Sul, set./dez. 2004, 26(3): 312-8.
31. Polit DF, Beck CT, Hungler BP. Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem:
métodos, avaliação e utilização. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
32. Richardson RJ. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.
33. Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP.
Normas para pesquisa envolvendo seres humanos (Resolução CNS 196/1996 e
outras). Brasilia, 2000a. (Séries Cadernos Técnicos).
34. Dancey CP, Reidy J. Estatística sem Matemática para Psicologia: usando SPSS
para Windows. Porto Alegre, Artmed, 2006.
80
APÊNDICES
81
APÊNDICE – A
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
PARTE – 1 – DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS
1. SEXO:
1( ) Masculino
2( ) Feminino
2. IDADE:________anos
3. PROCEDÊNCIA________________________________ ESTADO____________
4. ESTADO CONJUGAL:
1( ) Solteiro 2( ) Casado
5. PROLE:
1( ) Não
3( ) Separado 4( ) Viúvo
2( ) Sim, quantos? _________________________
6. GRAU DE INSTRUÇÃO:
1( ) Não Alfabetizado
2( ) Fundamental Incompleto
3( ) Fundamental Completo
4( ) Médio Incompleto
5( ) Médio Completo
6(
7(
8(
9(
) Superior Incompleto
) Superior Completo
) Pós-Graduação Incompleta
) Pós-Graduação Completa
7. ENCONTRA-SE TRABALHANDO:
1( ) Não
2( ) Sim
8. RENDA FAMILIAR MENSAL:
1( ) Até 2 salários mínimos mensais
2( ) 3 a 6 salários mínimos mensais
3( ) 7 a 10 salários mínimos mensais
4( ) 11 ou mais salários mínimos mensais
09. TEMPO (meses/anos) DE TRATAMENTO DIALÍTICO:
HD______________________ DP ________________
10. TEMPO EM LISTA PARA TRANSPLANTE (em meses):
__________________________________________________________________________________
82
11. CO-MORBIDADES: (coexistência de transtornos ou doenças):
14.1 (
14.2 (
14.3 (
14.4 (
14.5 (
14.6 (
) Diabetes mellitus
) Hipertensão arterial
) Dislipidemia
) Obesidade
) Infecção, especificar:____________________________________
) Outra, espedificar:______________________________________
PARTE – 2 – DADOS REFERENTES A AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
WHOQOL – bref
Instruções
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e
outras áreas de sua vida. Por favor responda a todas as questões. Se você não tem certeza
sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe
parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha.
Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos
perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas
semanas. Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia ser:
nada
Muito
pouco
médio
muito
completa
mente
Você recebe dos
outros o apoio de
1
2
3
5
que necessita?
Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos
outros o apoio de que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o
número 4 se você recebeu "muito" apoio como abaixo.
Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio.
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor
resposta.
Questões Gerais - Parte A
muito
Nem ruim
muito
Ruim
boa
ruim
nem boa
boa
Como você avaliaria
1
sua qualidade de
1
2
3
4
5
vida?
nem
muito
satisfeito
muito
insatisf
Insatisfeito
satisfeito
nem
satisfeito
eito
insatisfeito
83
2
Quão satisfeito(a)
você está com a sua
saúde?
1
2
3
4
5
Domínios – Parte B
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas
semanas.
Muito
Mais ou
extrema
nada
bastante
pouco
menos
mente
Em que medida você
acha que sua dor
3
(física) impede você
1
2
3
4
5
de fazer o que você
precisa?
O quanto você
precisa de algum
4
tratamento médico
1
2
3
4
5
para levar sua vida
diária?
O quanto você
5
1
2
3
4
5
aproveita a vida?
Em que medida você
6
acha que a sua vida
1
2
3
4
5
tem sentido?
O quanto você
7
consegue se
1
2
3
4
5
concentrar?
Quão seguro(a) você
8
se sente em sua vida
1
2
3
4
5
diária?
Quão saudável é o
seu ambiente físico
9
1
2
3
4
5
(clima, barulho,
poluição, atrativos)?
As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de
fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.
Muito
completa
Nada
Médio
muito
pouco
mente
Você tem energia
1
suficiente para seu
1
2
3
4
5
0
dia-a- dia?
1
Você é capaz de
1
2
3
4
5
1
aceitar sua
84
1
2
1
3
1
4
aparência física?
Você tem dinheiro
suficiente para
satisfazer suas
necessidades?
Quão disponíveis
para você estão as
informações que
precisa no seu dia-adia?
Em que medida você
tem oportunidades
de atividade de
lazer?
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de
vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.
muito
nem ruim
muito
Ruim
bom
ruim
nem bom
bom
Quão bem você é
1
capaz de se
1
2
3
4
5
5
locomover?
nem
Muito
satisfeito
Muito
insatisf
Insatisfeito
Satisfeito
nem
satisfeito
eito
insatisfeito
Quão satisfeito(a)
1
você está com o seu
1
2
3
4
5
6
sono?
Quão satisfeito(a)
você está com sua
1
capacidade de
1
2
3
4
5
7
desempenhar as
atividades do seu
dia-a-dia?
Quão satisfeito(a)
1
você está com sua
1
2
3
4
5
8
capacidade para o
trabalho?
Quão satisfeito(a)
1
você está consigo
1
2
3
4
5
9
mesmo?
2
Quão satisfeito(a)
1
2
3
4
5
85
0
2
1
2
2
2
3
2
4
2
5
você está com suas
relações pessoais
(amigos, parentes,
conhecidos,
colegas)?
Quão satisfeito(a)
você está com sua
vida sexual?
Quão satisfeito(a)
você está com
o apoio que você
recebe de seus
amigos?
Quão satisfeito(a)
você está com
as condições do
local onde mora?
Quão satisfeito(a)
você está com o
seu acesso aos
serviços de saúde?
Quão satisfeito(a)
você está com
o seu meio de
transporte?
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
As questões seguintes referem-se a com que frequência você sentiu ou experimentou certas
coisas nas últimas duas semanas.
muito
Algumas
Frequentem
nunca
frequente
sempre
vezes
ente
mente
Com que freqüência
você tem
sentimentos
2
negativos tais como
1
2
3
4
5
6
mau humor,
desespero,
ansiedade,
depressão?
86
APÊNDICE B
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
Campus Universitário Br 101, Lagoa Nova – Natal/RN – CEP: 59072-970,
Fone/fax: (84)3215-3196. Email: [email protected]
Ilmo Sr Dr.José Ricardo Lagreca de Sales Cabral.
Diretor do Hospital Universitário Onofre Lopes.
O Centro de Ciências da Saúde da UFRN conta atualmente, no seu Programa
de Pós-Graduação, com o Curso de Doutorado em Ciências da Saúde. Nesse
contexto, doutoranda Ana Elza Oliveira de Mendonça está realizando uma pesquisa
intutlada “Análise da efetividade de transplantes de rim na qualidade de vida de
receptores no Estado do Rio Grande do Norte”, necessitando, portanto, coletar
dados que subsidiem este estudo junto a essa instituição.
Assim sendo, solicitamos a vossa valiosa colaboração, no sentido de autorizar
tanto o acesso da referida doutoranda para a realização da coleta de dados, como a
utilização do nome da instituição no relatório final da investigação. Salientamos que
os dados coletados serão mantidos em sigilo e utilizados tão somente para
realização deste trabalho.
Na certeza de contarmos com a compreensão e empenho dessa
coordenação, agradecemos antecipadamente.
Natal, _____ de _____________de 2010.
______________________________
Ms Ana Elza Oliveira de Mendonça
(Doutoranda)
( ) Concordamos com a solicitação
solicitação
______________________________
Prof. Dr. Gilson de Vasconcelos Torres
(Orientador)
( ) Não concordamos com a
________________________________
Dr.José Ricardo Lagreca de Sales Cabral.
87
APÊNDICE C
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
Campus Universitário Br 101, Lagoa Nova – Natal/RN – CEP: 59072-970,
Fone/fax: (84)3215-3196.
Email: [email protected]
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
ESCLARECIMENTOS
Estamos convidando você para participar de uma pesquisa que pretende
identificar como o sujeito percebe a sua qualidade de vida antes de realizar o
transplante e comparar os resultados após três meses utilizando o mesmo
instrumento.
A qualidade de vida na visão do sujeito antes e após transplante é da maior
importância para direcionar a avaliação e intervenção do enfermeiro, visando
melhorar o desempenho profissional e os cuidados de enfermagem.
Para atingir nossos objetivos, vamos utilizar o instrumento da Organização
Mundial de Saúde, chamado WHOQOL-bref é um instrumento validado e traduzido
para a língua portuguesa contendo 26 questões, sobre vários aspectos da sua vida.
Caso sinta-se constrangido poderá deixar de responder qualquer pergunta. Esse
questionário será preenchido inicialmente na própria unidade de internação onde
ocorrerá a realização do transplante e posteriormente durante a consulta de
enfermagem no ambulatório de acompanhamento pós-transplante.
A sua participação deve ser voluntária, você não será pago por consentir
participar dessa pesquisa, porém você poderá ser ressarcido, isto é, reembolsado,
se gastar alguma coisa comprovadamente referente à pesquisa. Você também
poderá ser indenizado se algum dano acontecer com você e se for comprovado que
esse dano foi decorrente da pesquisa.
Além disso, você pode desistir de participar da pesquisa em qualquer
momento sem que nenhum prejuízo possa afetar você. Todas as informações
obtidas são confidenciais, utilizando todos os princípios que regem a Resolução do
Conselho Nacional de Saúde n. 196/96 (BRASIL, 2000).
88
Esta pesquisa terá o acompanhamento e assistência de Ana Elza Oliveira de
Mendonça Enfermeira, COREN-RN: 63.733, aluna do Curso de Doutorado em
Ciências da Saúde da UFRN, e do Prof. Dr. Gilson Vasconcelos Torres, membro do
Comissão de Pesquisa e Pós-Graduação do Centro de Ciências da Saúde/UFRN.
Se você tiver alguma dúvida em qualquer momento dessa pesquisa deve ligar
para o telefone (84) 3215-3777 e falar com o Prof. Dr. Gilson Vasconcelos Torres,
responsável por esse trabalho.
A autorização para o desenvolvimento de todos os passos, anteriormente
apresentados, serão considerados a partir da assinatura do impresso de
consentimento.
TERMO DE CONSENTIMENTO
Declaro que estou suficientemente esclarecido sobre o que essa pesquisa
deseja fazer e que consinto de forma voluntária a fazer parte da mesma.
Pesquisador Responsável: Gilson Vasconcelos Torres
Campus Universitário Br 101, Lagoa Nova – Natal/RN – CEP: 59072-970,
Fone/fax: (84)3215-3196. E-mail: [email protected]
Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes, Avenida
Nilo
Peçanha,
620 - Petrópolis - Natal/RN - 59.012-300
Natal,
RN,
Brasil,
fone/fax: xx (84) 32023719 R2 /32154250, e-mail: [email protected]
Natal, _____ de _____________de 2010.
_____________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou representante legal
dactiloscópica
Impressão
____________________________________________________
Prof. Dr. Gilson Vasconcelos Torres – Pesquisador Responsável
89
ANEXOS
90
ANEXO - A
Apreciação Comitê de Ética – HUOL
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