MOVIMENTO 3D: REFERENCIAL EM ROTAÇÃO INTRODUÇÃO ESTUDO DE CASO Um ventilador em funcionamento está oscilando em torno de um eixo vertical. Uma mosca insuspeita voa em direção ao ventilador e se choca com a ponta de uma das pás quando a pá está na posição vertical. O que acontecerá com a mosca? QUESTÃO No instante em que a mosca se choca com o ventilador, quais são a velocidade e a aceleração da ponta da pá na vertical? DADOS Os dados do presente caso, relativos ao instante em que a mosca se choca com a pá do ventilador, são os seguintes: O ventilador está girando em torno do eixo vertical com velocidade angular dada por Ωf = 0,296 rad/s e aceleração angular 2 dada por dΩf/dt = 0,0419 rad/s ; As pás do ventilador giram à velocidade angular constante ωb = 2π rad/s; O ventilador tem as dimensões mostradas na figura ao lado e está inclinado de 15° acima da horizontal. ABORDAGEM Considerar um sistema móvel de coordenadas, localizado no centro das pás, sistema esse que gira com o ventilador; Usar as equações de movimento em três dimensões para um sistema de coordenadas em translação e rotação; Considerar apenas o instante de tempo em que a mosca se choca com o ventilador. TEORIA SISTEMA DE COORDENADAS TRIDIMENSIONAL EM ROTAÇÃO Anteriormente, o movimento geral para um sistema de coordenadas tridimensional xyz em translação foi examinado. A forma mais geral de analisar o movimento tridimensional requer o uso de um sistema de coordenadas xyz que translade e gire em relação à um sistema fixo XYZ. Esse método é útil para determinar os movimentos de dois pontos em partes separadas de um mecanismo em estudo, ou para determinar o movimento relativo de duas ou mais partículas quando uma delas, ou ambas, estão se movendo. SISTEMA DE COORD. TRIDIMENSIONAL EM ROTAÇÃO (cont.) Como se vê abaixo, seja um corpo rígido que translada e gira em relação a um referencial fixo XYZ, com velocidade angular Ω e aceleração angular dΩ/dt. Vetores de posição rA e rB especificam, em relação a XYZ, a localização do ponto A, que está fixo no corpo rígido, e do ponto B, que pode não estar fixo no corpo rígido e, portanto, pode se mover em relação a A. SISTEMA DE COORD. TRIDIMENSIONAL EM ROTAÇÃO (cont.) A origem do referencial móvel xyz é colocada em A, sendo que esse referencial translada e gira com o corpo rígido. A posição de B em relação a A é dada pelo vetor de posição relativa rB/A. DESCRIÇÃO DO MOVIMENTO – POSIÇÃO Pela equação de posição relativa, os pontos B e A estão relacionados por rB rA rB/A (1) em que rB/A , no sistema móvel xyz, é rB/A = xi + yj + zk (2) uma vez que A está na origem desse sistema coordenado local. DESCRIÇÃO DO MOVIMENTO – VELOCIDADE A velocidade de B no sistema XYZ pode ser determinada pela derivada temporal da equação de posição exposta anteriormente, de modo que rB rA rB/A v B v A rB/A (3) A derivada rB/A pode ser encontrada pela aplicação da equação que determina a derivada de um vetor num sistema móvel, em relação a um sistema fixo (vide unidade anterior). Dessa forma, tem-se rB/A rB/A xyz Ω rB/A v B/A xyz Ω rB/A (4) Substituindo essa equação na anterior, resulta que v B v A Ω rB/A v B/A xyz (5) O termo v B/A xyz é a velocidade relativa de B em relação a A no sistema xyz. DESCRIÇÃO DO MOVIMENTO – ACELERAÇÃO A aceleração de B no sistema XYZ pode ser determinada pela derivada temporal da equação de velocidade anterior, de modo que r Ω r v B/A v B/A (6) v B v A Ω B/A B/A B/A a B aA Ω rB/A Ω r O termo v B/A tem dois componentes, pois sua condição é idêntica à do termo rB/A acima. Tem-se, então, que v B/A v B/A xyz Ω v B/A xyz (7) Como já se sabe, da Eq. (4), que rB/A v B/A xyz Ω rB/A , decorre, das Eqs. (4) e (7) em (6), que r Ω Ω r 2Ω v a aB aA Ω B/A B/A B/A xyz B/A xyz (8) DESCRIÇÃO DO MOVIMENTO – ACELERAÇÃO (cont.) É interessante, embora não seja surpreendente, que as equações da velocidade e da aceleração para referenciais tridimensionais em rotação, a saber, v B v A Ω rB/A v B/A xyz (5) r Ω Ω r 2Ω v a aB aA Ω B/A B/A B/A xyz B/A xyz (8) sejam as mesmas que aquelas equações para o movimento plano, quando escritas em forma vetorial. deve ser tratado com cuidado, pois ele agora não tem Contudo, o termo Ω uma direção constante, como ocorria no movimento plano. Deve, portanto, ser determinado a partir da expressão (vide unidade anterior, Eq. (6)) dA dt dA dt xyz Ω A SOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO De saída, desenha-se o diagrama cinemático no instante de interesse. Como se vê ao lado, o referencial fixo XYZ é colocado no centro da carcaça do motor do ventilador, no ponto em torno do qual o ventilador gira, sendo que o eixo X fica paralelo ao chão. Já a origem do referencial móvel xyz (ponto A) fica no centro das pás do ventilador, com o eixo x perpendicular ao plano de rotação das pás. Esse sistema gira com o ventilador, mas não com as pás. No instante analisado, os eixos X e x são coplanares. SOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO – DADOS A velocidade e a aceleração angulares do ventilador são Ωf 0,296K rad / s 0,0419K rad / s2 Ω f Já a velocidade e a aceleração angulares das pás são ωb 2i rad / s (constante) b α b 0 rad / s2 ω A posição de B em relação a A é dada por rB/A 0,30k m . SOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO – VELOCIDADE A velocidade de B pode ser separada em seus três termos componentes, pois v B v A Ω rB/A v B/A xyz 1 2 3 Recomenda-se que cada termo seja tratado separadamente. Assim sendo, Termo 1) O ponto A sofre rotação em torno de um ponto fixo, portanto v A Ωf rA 0,296K 0,2cos15I 0,2sen15K 0,0572 J m/s Termo 2) Tem-se que Ω rB/A 0,296K 0,30k 0,296 (0,30) sen15J 0,0230J m/s posto que K k sen15J . SOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO – VELOCIDADE (cont.) Termo 3) Dentro do sistema xyz, o ponto B sobre rotação em torno de um ponto fixo, de modo que v B/A xyz ωb rB/A 2i 0,30k 1,885j 1,885J Somando as contribuições de todos os termos acima, resulta que v B 1,851J m/s . SOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO – ACELERAÇÃO Pela equação da aceleração, a aceleração do ponto B é r Ω Ω r 2Ω v a a B aA Ω B/A B/A B/A xyz B/A xyz 1 2 3 4 5 De novo, recomenda-se que cada termo seja tratado separadamente. Termo 1) O ponto A sobre rotação em torno de um ponto fixo, portanto r Ω Ω r aA Ω f A f f A a A 0,0419K 0,2cos15I 0,2sen15K 0,296K 0,296K 0,2cos15I 0,2sen15K a A 0,0169I 0,0081J SOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO – ACELERAÇÃO (cont.) Termo 2) Tem-se aqui que r Ω f B/A 0,0419K 0,30k 0,0419 (0,30) sen15J 0,0033J pois K k sen15J . Termo 3) Nesse caso, também em vista do observado acima, Ωf Ωf rB/A 0,296K 0,296K 0,30k 0,296K 0,0230J 0,0068I Termo 4) Para esse termo, decorre que 2Ωf v B/A xyz 2(0,296K ) ( 1,885J ) 1,1159I tendo v B/A xyz sido obtida no termo 3 da equação de velocidade. SOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO – ACELERAÇÃO (cont.) Termo 5) Por fim, tem-se que, dentro do sistema xyz, o ponto B sofre movimento em torno de um ponto fixo. Dessa forma, a B/A xyz α b rB/A ωb ωb rB/A 0 2 i 2i 0,30k 11,8435k Como k sen15I cos15K , a B/A xyz 11,8435 sen15I cos15K 3,0653I 11,4399K Somando todos os termos acima, resulta que a B 4,1711I 0,0048J 11,4399K m/s2 . Fonte: eCourses Dynamics – Multimedia Engineering Dynamics, K. Grammoll, https://ecourses.ou.edu/cgi-bin/ebook.cgi?doc=&topic=dy&chap_sec=09.0, acessado em 21/11/2016.