Protocolo de Vigilância Epidemiológica de Coqueluche

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GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
SUBSECRETARIA DE VIGILÂNCIA E PROTEÇÂO A SAÚDE
SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILANCIA EPIDEMIOLOGICA AMBIENTAL E SAUDE DO TRABALHADOR
DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
COORDENADORIA DE DOENÇAS E AGRAVOS TRANSMISSÍVEIS
TÍTULO
PÁGINA
PROTOCOLO DE COQUELUCHE
PROTOCOLO DE
VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA DE
COQUELUCHE
Minas Gerais, 2013
1ª edição
1
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TÍTULO
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PROTOCOLO DE COQUELUCHE
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Governador
Antônio Augusto Anastasia
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS
Secretário
Antônio Jorge de Souza Marques
SECRETÁRIO ADJUNTO
Francisco Tavares Junior
SUBSECRETARIA DE VIGILÂNCIA E PROTEÇÃO DA SAÚDE
Subsecretário
Carlos Alberto Pereira Gomes
SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA,
AMBIENTAL E SAÚDE DO TRABALHADOR
Superintendente
Deise Aparecida dos Santos
DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Diretora
Márcia Regina Cortez
COORDENAÇÃO ESTADUAL DE DOENÇAS E AGRAVOS
TRANSMISSÍVEIS
Coordenadora
Janaina Fonseca Almeida
REFERÊNCIA TÉCNICA ESTADUAL EM COQUELUCHE
Luciene Luiz da Rocha
Produção, distribuição e informações: Secretaria de Estado de Saúde de Minas
Gerais
Cidade Administrativa: Rodovia Américo Gianetti, s/nº - Bairro Serra Verde.
Belo Horizonte, Minas Gerais.
CEP: 31630-900 – Telefone: (31)3916-0365
E-mail: [email protected] e [email protected]
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3
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO................................................................................................................ .................................................................4
2.
CARACTERÍSTICAS GERAIS.....................................................................................................................................................4
2.1. Definições e informações úteis.................................................................................................................................................4
3.
ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS............................................................................................................................5
3.1. Manifestações Clínicas .............................................................................................................................................................5
3.2. Complicações ...........................................................................................................................................................................5
3.3. Diagnóstico diferencial.............................................................................................................................................................5
3.4. Diagnóstico laboratorial............................................................................................................................................................6
3.4.1. Diagnóstico específico.....................................................................................................................................................6
3.4.2. Exames complementares..................................................................................................................................................6
4.
TRATAMENTO............................................................................................ ...................................................................................6
4.1. Esquemas terapêuticos e quimioprofiláticos.............................................................................................................................7
5.
6.
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS ..............................................................................................................................................9
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA ...........................................................................................................................................10
6.1. Definição de caso............ .......................................................................................................................................................10
6.1.1. Suspeito..........................................................................................................................................................................10
6.1.2. Confirmado.....................................................................................................................................................................10
6.1.3. Descartado......................................................................................................................................................................11
6.2. Notificação .............................................................................................................................................................................11
6.3. Primeiras medidas a serem adotadas.......................................................................................................................................11
6.4. Situação de surto e epidemia......................................................................................................................................... ..........12
6.4.1. Definição de surto para coqueluche........................................................................................... ....................................12
6.4.2. Definição de casos suspeitos em situação de surto e epidemia.....................................................................................12
6.4.3. Tratamento e quimioprofilaxia em surtos e epidemias.......................................................................... ........................12
6.4.4. Situação especial em surtos ou epidemias ................................................................................................... ..................12
7.
ROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA ..........................................................................................................13
7.1. Identificação do paciente.........................................................................................................................................................13
8.
9.
10.
11.
12.
13.
INVESTIGAÇÃO DE COMUNICANTES .................................................................................................................................13
COLETA E REMESSA DE MATERIAL PARA EXAMES .....................................................................................................14
ANÁLISE DE DADOS...................................................................................................................................................................14
ENCERRAMENTO DE CASOS .................................................................................................................................................14
RELATÓRIO FINAL ...................................................................................................................................................................15
INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE ..........................................................................................................15
13.1. Imunização......................................................................................................... ...................................................................15
13.2. Controle da fonte de infecção.................................................................................... ............................................................16
7.1. Coleta de dados clínicos e epidemiológicos............................................................................................................................13
13.2.1. Medidas gerais para pacientes hospitalizados..............................................................................................................16
13.2.2 Medidas gerais para pacientes não hospitalizados........................................................................................................16
13.2.3 Controle dos comunicantes...........................................................................................................................................17
13.2.4 Quimioprofilaxia......................................................................................................................................................17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................................................................18
ANEXO 1 – Roteiro de investigação epidemiológica..........................................................................................................................19
ANEXO 2 – Ficha de Notificação Epidemiológica (FIE) de Coqueluche.........................................................................................20
ANEXO 3 – Instruções de preenchimento da FIE..............................................................................................................................22
ANEXO 4 – Nota Técnica Conjunta Funed/CDAT-Ses MG n.º 001/13............................................................................................25
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1 - INTRODUÇÃO
A Coqueluche é uma doença conhecida desde 1500. Sydenham, inicialmente, usou o termo pertussis (tosse
intensa) em 1670, sendo inclusive preferível à expressão tosse com guincho, uma vez que há formas clínicas
que não apresentam “guincho”.
A doença faz parte da lista de doenças e agravos de notificação compulsória de acordo com a Portaria n.º 104
de 25 de janeiro de 2011 e Resolução SES/MG n.º 3244.
A notificação compulsória é obrigatória a todos os profissionais de saúde médicos, enfermeiros,
odontólogos, médicos veterinários, biólogos, biomédicos, farmacêuticos e outros no exercício da profissão,
bem como os responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e de ensino,
em conformidade com os arts. 7º e 8º, da Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975.
Deve-se realizar a investigação epidemiológica em até 48 horas após a notificação, avaliando a necessidade
de adoção de medidas de controle pertinentes. A investigação deve ser encerrada até 60 dias após a
notificação. A unidade de saúde notificadora deve utilizar a ficha de notificação/investigação do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação – Sinan encaminhando-a para ser processada conforme o fluxo
estabelecido pela Secretaria Municipal de Saúde.
2 - CARACTERÍSTICAS GERAIS
CID: 10: A37
2.1 Definições e informações úteis
a) Descrição
b) Agente Etiológico
c) Reservatório
d) Modo de transmissão
e) Período de incubação
f)
Período
transmissibilidade
g)
Suscetibilidade
imunidade
h) Diagnóstico
de
e
É uma doença infecciosa aguda, de transmissão respiratória, distribuição universal,
imunoprevenível e de notificação obrigatória. Compromete especificamente o
aparelho respiratório (traqueia e brônquios), e se caracteriza por paroxismos de tosse
seca.
Bordetella pertussis: Bacilo gram-negativo, aeróbio, não-esporulado, imóvel e
pequeno, provido de cápsula (formas patogênicas) e de fímbrias.
O homem é o único reservatório natural. Ainda não foi demonstrada a existência de
portadores crônicos; entretanto, podem ocorrer casos oligossintomáticos, com pouca
importância na disseminação da doença.
Ocorre, principalmente, pelo contato direto de pessoa doente com pessoa suscetível,
através de gotículas de secreção da orofaringe eliminadas por tosse, espirro ou ao
falar. Em casos raros, pode ocorrer a transmissão por objetos recentemente
contaminados com secreções do doente, porém é pouco frequente, pela dificuldade do
agente sobreviver fora do hospedeiro.
Em média, de 5 a 10 dias, podendo variar de 1 a 3 semanas e, raramente, até 42 dias.
Para efeito de controle, considera-se que o período de transmissão se estende de 5 dias
após o contato com um doente (final do período de incubação) até 3 semanas após o
início dos acessos de tosse típicos da doença (fase paroxística). Em lactentes menores
de 6 meses, o período de transmissibilidade pode prolongar-se por até 4 a 6 semanas
após o início da tosse. A maior transmissibilidade da doença ocorre na fase catarral.
A suscetibilidade é geral. O indivíduo torna-se imune nas seguintes situações:
• após adquirir a doença: imunidade duradoura, mas não permanente;
• após receber vacinação básica (mínimo de 3 doses) com Pentavalente, a DTP ou
DTPa: imunidade por alguns anos. Em média, de 5 a 10 anos após a última dose da
vacina, a proteção pode ser pouca ou nenhuma.
Clínico, Clínico Epidemiológico ou Laboratorial.
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3 - ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS:
3.1 Manifestações clínicas: a coqueluche evolui em três fases sucessivas, descritas abaixo:
a) Fase catarral – com duração de 1 ou 2 semanas; inicia-se com manifestações respiratórias e sintomas leves (febre
pouco intensa, mal-estar geral, coriza e tosse seca), seguidos pela instalação gradual de surtos de tosse, cada vez mais
intensos e frequentes, até que passam a ocorrer as crises de tosses paroxísticas. O diagnóstico nesta fase é importante,
pois o tratamento precoce reduz a gravidade da doença.
b) Fase paroxística – geralmente afebril ou com febre baixa. Em alguns casos, ocorrem vários picos de febre no
decorrer do dia. Apresenta como manifestação típica os paroxismos de tosse seca, que se caracterizam por crise de tosse
súbita incontrolável, rápida e curta (cerca de 5 a 10 tossidas, em uma única expiração). Durante esses acessos, o
paciente não consegue inspirar, apresenta protusão da língua, congestão facial e, eventualmente, cianose que pode ser
seguida de apneia e vômitos. A seguir, ocorre uma inspiração profunda através da glote estreitada, que pode dar origem
ao som denominado de “guincho”. O número de episódios de tosse paroxística pode chegar a 30 em 24 horas,
manifestando-se mais frequentemente à noite. A frequência e a intensidade dos episódios de tosse paroxística aumentam
nas 2 primeiras semanas; depois, diminuem paulatinamente. Nos intervalos dos paroxismos, o paciente passa bem. Esta
fase dura de 2 a 6 semanas.
c) Fase de convalescença – os paroxismos de tosse desaparecem e dão lugar a episódios de tosse comum. Esta fase
persiste por 2 a 6 semanas e, em alguns casos, pode se prolongar por até 3 meses. Infecções respiratórias de outra
natureza, que se instalam durante a convalescença da coqueluche, podem provocar o reaparecimento transitório dos
paroxismos.
Em indivíduos não adequadamente vacinados ou vacinados há mais de 5 anos, a coqueluche nem sempre se apresenta
sob a forma clássica acima descrita, podendo manifestar-se sob formas atípicas, com tosse persistente, porém sem
paroxismos e o guincho característico.
Os lactentes jovens (principalmente os menores de 6 meses) constituem o grupo de indivíduos particularmente propenso
a apresentar formas graves, muitas vezes letais. Nessas crianças, a doença manifesta-se através de paroxismos clássicos,
sem guinchos na maioria das vezes, associados à cianose, sudorese e vômitos. Também podem estar presentes episódios
de apneia, parada respiratória, convulsões e desidratação decorrente dos episódios repetidos de vômitos. Esses bebês
exigem hospitalização, isolamento, vigilância permanente e cuidados especializados.
3.2 Complicações
a)Respiratórias – pneumonia por B. pertussis, pneumonias por outras etiologias, ativação de tuberculose latente,
atelectasia, bronquiectasia, enfisema, pneumotórax, ruptura de diafragma.
b)Neurológicas – encefalopatia aguda, convulsões, coma, hemorragias intracerebrais, hemorragia subdural, estrabismo
e surdez.
c)Outras – hemorragias subconjuntivais, otite média por B. pertussis, epistaxe, edema de face, úlcera do frênulo lingual,
hérnias (umbilicais, inguinais e diafragmáticas), conjuntivite, desidratação e/ou desnutrição.
3.3 Diagnóstico Diferencial
Deve ser feito com as infecções respiratórias agudas, como traqueobronquites, bronquiolites, adenoviroses, laringites,
entre outras.
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Outros agentes também podem causar a síndrome coqueluchóide, dificultando o diagnóstico diferencial, entre os quais
Bordetella parapertussis, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia trachomatis, Chlamydia pneumoniae e Adenovírus (1,
2, 3 e 5). A Bordetella bronchiseptica e a Bordetella avium são patógenos de animais que raramente acometem o
homem (exceto quanto imunodeprimidos).
3.4 Diagnóstico Laboratorial
3.4.1 Diagnóstico específico: realizado mediante o isolamento da B. pertussis através de cultura de material colhido de
nasorofaringe, com técnica adequada.
A coleta do espécime clínico deve ser realizada antes do início da antibioticoterapia ou, no máximo, até 3 dias após seu
início. Por isso, é importante entrar em contato rapidamente com a Vigilância Epidemiológica Municipal para
viabilizar a coleta.
3.4.2 Exames complementares: para auxiliar na confirmação ou descarte dos casos suspeitos pelo critério clínico,
podem ser realizados os seguintes exames:
a) Leucograma – no período catarral, pode ocorrer uma linfocitose relativa e absoluta, geralmente acima de 10 mil
linfócitos/mm3. Os leucócitos totais no final dessa fase atingem um valor, em geral, superior a 20 mil leucócitos/mm3.
No período paroxístico, o número de leucócitos pode elevar-se para 30 mil ou 40 mil/mm3, associado a uma linfocitose
de 60% a 80%. Nos lactentes e nos pacientes com quadro clínico mais leve, a linfocitose pode estar ausente.
b) Raio x de tórax – recomenda-se em menores de 4 anos, para auxiliar no diagnóstico diferencial e/ou presença de
complicações. É característica a imagem de “coração borrado” ou “franjado”, porque as bordas da imagem cardíaca não
são nítidas, devido aos infiltrados pulmonares.
O critério clínico pode considerar, além das manifestações clínicas, o resultado do hemograma. Na fase catarral da
doença, os casos exibem um aumento significativo do número de leucócitos (leucocitose) e linfócitos (linfocitose),
podendo chegar a 20.000 e 10.000 células/mm3, respectivamente. Enquanto a presença de linfocitose e leucocitose
conferem forte suspeita clínica de coqueluche, sua ausência não exclui o diagnóstico da doença, devendo ser levado em
conta o quadro clínico e laboratorial individual.
4 - TRATAMENTO
O tratamento e a quimioprofilaxia da Coqueluche, até 2005, tinha como antibiótico preferencial a Eritromicina,
macrolídeo bastante conhecido. ensaios clínicos tenham demonstraram que esse antibiótico é bastante eficaz na
erradicação da B. pertussis da nasofaringe das pessoas com a doença (sintomática ou assintomática) em cerca de 48
horas. O medicamento, quando administrado precocemente (de preferência no período catarral), pode reduzir a
intensidade e duração da doença, bem como o período de transmissibilidade. Entretanto há limitações quanto ao seu
uso: a Eritromicina tem que ser administrada por 7 a 14 dias de 6 em 6 horas. Com isso, há dificuldades na adesão ao
tratamento pelo longo tempo pode apresentar também vários efeitos colaterais: sintomas gastrointestinais, e em crianças
menores de um 1 mês de idade, está associada ao desenvolvimento da Síndrome da Hipertrofia Pilórica, doença grave
que pode levar a morte.
Com o surgimento de novos macrolídeos, que têm perfis mais favoráveis, foram realizados novos estudos clínicos para
verificar a eficácia destas novas moléculas contra a doença. Esses estudos demostraram existir a mesma eficácia da
Azitromicina e da Claritomicina no tratamento ou quimioprofilaxia da coqueluche, quando comparada com a
Eritromicina. A Azitromicina tem posologia de 1 vez ao dia, a ser administrada durante 5 dias e a Claritomicina deve
ser administrada de 12 em 12 horas por 7 dias. Esses esquemas terapêuticos facilitam a adesão dos pacientes ao
tratamento e, especialmente, à quimioprofilaxia dos contatos íntimos. Salienta-se que a Azitromicina permite o
tratamento das crianças menores de um 1 mês de idade.
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OBSERVAÇÃO:
Embora não haja confirmação do uso de Azitromicina associado ao risco de desenvolver a Síndrome de Hipertrofia
Pilórica, a criança deve ser acompanhada pelos profissionais de saúde.
O Guia de Vigilância e Controle de Doenças do Centers for Diseases Control and Prevention nos Estados Unidos, após
extensa revisão em 2005, modificou as recomendações e indicações de antibioticoterapia, priorizando a Azitromicina e
a Claritomicina para o tratamento e quimioprofilaxia da Coqueluche. Em 2011, o Guia de Vigilância da Agência Inglesa
Health Public Protection, foi atualizado, contendo as mesmas orientações recomendadas pelo CDC, após considerar
também a revisão Cochraine, em 2007.
Devido às evidências científicas em relação aos benefícios, tais como a redução dos efeitos colaterais graves e a falta de
adesão à quimioprofilaxia por parte dos contatos à Eritromicina e, de acordo com a disponibilidade, o Ministério da
Saúde passa a definir como droga de escolha, tanto para o tratamento como para a quimioprofilaxia da Coqueluche, a
Azitromicina e, como segunda opção de escolha, a Claritromicina. Nos casos de contraindicação do uso desses
macrolídeos, mantém-se a indicação do uso do Sulfametoxazol+Trimetropin. A Eritromicina ainda pode ser usada,
porém sendo contraindicada em menores de 1 mês de idade e nas situações onde haja intolerância ou dificuldade de
adesão.
Faz-se necessário a procura de atendimento para que o medicamento seja prescrito, em doses adequadas, por
profissionais capacitados.
Situações especiais:
Neonatos
Filho de mãe que não fez ou não completou o tratamento adequado (de acordo com a posologia – apresentada nas
tabelas de Tratamento e Quimioprofilaxia) deve receber quimioprofilaxia.
Gestantes
Em qualquer fase da gestação, a mulher, que atender a definição de caso suspeito em situação de endemia ou que
atender a definição para indicação de quimioprofilaxia, deve receber o tratamento ou quimioprofilaxia, de acordo com
as orientações do item “Esquemas Terapêuticos e Quimioprofiláticos”.
As posologias e antibióticos indicados para tratamento e quimioprofilaxia são as mesmas, de acordo com o tópico 4.1
(Esquemas Terapêuticos e Quimioprofiláticos).
4.1 Esquemas Terapêuticos e Quimioprofiláticos
1º escolha: Azitromicina
Idade
Dose recomedada
< 6 meses
10mg/kg 1x/dia/5 dias – preferido para esta faixa etária
≥ 6meses
10 mg/kg ( máximo de 500 mg) 1 tomada no 1º dia e do 2º ao 5 º dia, 5
mg/k ( máximo de 250 mg) 1 vez ao dia
Adultos
500 mg em 1 tomada no 1º dia e do 2º ao 5ºdias, 250 mg, 1 x ao dia.
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2ª escolha: Claritromicina*
Idade
Dose recomedada
< 1 mês
Não recomendado
1 a 24 meses
≤ 8 Kg : 7,5 mg/kg 2 vezes ao dia/7 dias
3 a 6 anos
125 mg 2 x dia/7 dias
7 a 9 anos
187,5 mg 2x dia/7dias
≥ 10 anos
250 mg 2x ao dia /7 dias
Adulto
500 mg 2 x ao dia /7 dias
*Apresentação de 125 mg/5 ml
3ª escolha: Eritromicina (em caso de indisponibilidade dos medicamentos anteriores):
Idade
Dose recomedada
Não recomendado devido associação com Estenose Hipertrófica de Piloro
< 1 mês
40-50 mg/kg dia dividido 6/6 hs por 7 à14 dias
1 a 24 meses
125mg 6/6 hs/ 7 à 14 dias
2 a 8 anos
250 mg 6/6 hs/7 à 14 dias
> 8 anos
250-500 mg 4x dia/7 à 14 dias
4ª escolha: Sulfametoxazol-Trimetoprin* (SMZ-TMP) – em caso de Intolerância a macrolídeo:
Idade
Dose recomedada
< 2 mês
contra-indicado
≥6 semanas – 5
meses
Sulfametoxazol 120 mg 2x/dia/7 dias
≥ 6 meses – 5 anos
Sulfametoxazol 240 mg 2x/dia/7 dias
6 à 12 anos
Sulfametoxazol 480 mg 2x/dia/7dias
Adultos
Sulfametoxazol 960 mg 2x/ dia/7dias
*Droga alternativa se houver contraindicação de Azitromicina, Claritromicina ou Eritromicina.
Alguns cuidados gerais importantes:
Nos episódios de tosse paroxística, a criança deve ser colocada em lateral ou decúbito de drenagem para evitar a
aspiração de vômitos e/ou de secreção respiratória. Se ocorrer episódio de apneia e cianose, deve-se aspirar
delicadamente a secreção nasal e oral. Nesses casos, há indicação de oxigenoterapia. Deve-se estimular manualmente
a região diafragmática de forma a facilitar as incursões respiratórias e, caso não obtenha resposta, utilizar a
respiração artificial não-invasiva com o auxílio do ambú.
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5 – ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
No Brasil, o cenário epidemiológico da Coqueluche, desde a década de 1990, apresentou importante redução na
incidência dos casos, mediante a ampliação das coberturas vacinais de Tetravalente e DPT. Nessa década, a cobertura
vacinal alcançada era de cerca de 70% e incidência de 10,6/100.000 hab. À medida que as coberturas elevaram-se para
valores próximos a 95 e 100%, no período de 1998 a 2000, observou-se que a incidência reduziu para 0,9/100.000 hab.
Com a manutenção das altas coberturas vacinais, pôde-se observar, na última década, variação da incidência de
0,72/100.000 em 2004, para 0,32/ 100.000 hab., em 2010. Em meados do ano de 2011, observou-se um aumento súbito
do número de casos e, a partir da semana epidemiológica (SE) 30 desse ano, ultrapassou o limite superior esperado ao
se comparar com o período de 2006 a 2010. Em 2012, o número de casos por SE, manteve-se em níveis além do
esperado, fenômeno este ainda em investigação e registrado em outros países. Vale ressaltar que, nos últimos anos,
houve melhora do diagnóstico laboratorial com a introdução de técnicas biomoleculares.
Em 2013 conforme o Gráfico abaixo, o Estado de Minas Gerais registrou um aumento considerável de casos
confirmados de coqueluche em relação ao ano de 2012. Até 34º semana epidemiológica de 2013 foram confirmados 274
casos enquanto que em 2012 nesse mesmo período foram 159, representando um aumento de 54%. Como é de se
esperar a maioria dos casos ocorrem nos menores de 1 ano (cerca de 60% dos casos), uma vez que receberam pouca ou
nenhuma imunidade por não terem completado o esquema básico de vacinação. Mas há registro de casos em outras
faixas etárias: de 1 a 4 anos foram confirmados 55 casos, de 5 a 9 anos foram 15 e de 10 anos em diante foram 45 casos.
(1) Fonte: SINAN/CDAT/DVE/ SVEAST/SVPS/SES-MG
Dados parciais sujeitos a alteração/revisão.
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6 – VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
A coqueluche é uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional e sua investigação laboratorial é
essencial em pelo menos 70% dos casos suspeitos e seus comunicantes, a fim de identificar a circulação da B. pertussis.
Objetivos
• Acompanhar a tendência temporal da doença, para detecção precoce de surtos e epidemias, visando adotar medidas de
controle pertinentes.
• Aumentar o percentual de isolamento em cultura, com envio de 100% das cepas isoladas para o laboratório de
referência nacional, para estudos moleculares e de resistência bacteriana a antimicrobianos.
6.1 Definição de caso
6.1.1
Suspeito:
a) Para pessoas com idade maior ou igual a 06 meses
• Todo indivíduo, maior ou igual a 06 meses de idade, independente do estado vacinal, que apresente tosse há 14 dias ou
mais, associada a um ou mais dos seguintes sintomas:
 tosse paroxística – tosse súbita incontrolável, com tossidas rápidas e curtas (5 a 10), em uma única expiração;
 guincho inspiratório;
 vômito pós-tosse.
• Todo indivíduo, maior ou igual a 06 meses de idade, independente do estado vacinal, que apresente tosse
(independente do tempo) e com história de contato íntimo e prolongado (comunicante íntimo) com caso confirmado
como coqueluche pelo critério laboratorial.
b) Para pessoas com idade menor de 06 meses
• Todo indivíduo, menor de 06 meses de idade independente do estado vacinal, que apresente tosse há 10 dias ou mais,
associada a um ou mais dos seguintes sintomas:






tosse paroxística – tosse súbita incontrolável, com tossidas rápidas e curtas (5 a 10), em uma única expiração;
guincho inspiratório;
vômito pós-tosse;
cianose;
apneia;
engasgo.
6.1.2 Confirmado:
a) Critério laboratorial – todo caso que atenda a definição de caso suspeito de coqueluche e que tenha isolamento de B.
pertussis por cultura ou identificação por PCR.
b) Critério clínico-epidemiológico – todo caso que atenda à definição de caso suspeito e que teve contato com caso
confirmado como coqueluche pelo critério laboratorial, durante o período catarral até 3 semanas após o início do
período paroxístico da doença.
c) Critério clínico – todo caso suspeito de coqueluche
leucócitos/mm3) e linfocitose absoluta (acima de 10 mil
condições:
resultado
de
realizada; inexistência de vínculo epidemiológico (vide
confirmado de outra etiologia.
cujo hemograma apresente leucocitose (acima de 20 mil
linfócitos/mm3), desde que sejam obedecidas as seguintes
cultura
negativa
ou
não
item anterior); após realizado diagnóstico diferencial não
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6.1.3 Descartado
Caso suspeito que não se enquadre em nenhuma das situações descritas anteriormente.
6.2 Notificação
Todo caso suspeito deve ser notificado através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
6.3 Primeiras medidas a serem adotadas:
a) Assistência médica ao paciente
Hospitalização dos casos graves. Crianças com menos de 1 ano quase sempre evoluem para quadros graves. Em outras
idades, a grande maioria dos casos pode ser tratada ambulatorialmente.
b) Qualidade da assistência
Para crianças menores de 1 ano, pode se tornar necessária a indicação de oxigenoterapia, aspiração de secreção
oronasotraqueal, assistência ventilatória não-invasiva, com o auxílio do ambú ou, em casos mais graves, entubação,
com assistência ventilatória invasiva, assim como drenagem de decúbito, hidratação e/ou nutrição parenteral. Nessa
situação, verificar se os casos estão sendo atendidos em unidade de saúde com capacidade para prestar atendimento
adequado e oportuno.
c) Proteção individual para evitar disseminação da bactéria
Os doentes com coqueluche devem ser mantidos em isolamento respiratório durante 5 dias após o início do tratamento
antimicrobiano apropriado. Nos casos não submetidos à antibioticoterapia, o tempo de isolamento deve ser de 3
semanas.
d) Confirmação diagnóstica
Coletar material para diagnóstico laboratorial.
e) Proteção da população
Logo que se tenha conhecimento da suspeita de caso de coqueluche, deve-se desencadear um bloqueio vacinal seletivo
nas áreas onde o paciente esteve no período de transmissibilidade, com vistas a aumentar a cobertura vacinal com a
Pentavalente e reforço com a DTP. Deve-se realizar a quimioprofilaxia conforme indicado no Tópico 13.2.4.
• Investigação
O caso suspeito atendido nas unidades de saúde deve ser imediatamente investigado, a fim de se garantir a coleta
oportuna de material para a realização de cultura de B. pertussis. A ficha de investigação da coqueluche, no Sinan,
contém os elementos essenciais a serem coletados em uma investigação de rotina. Todos os campos dessa ficha devem
ser criteriosamente preenchidos, mesmo quando a informação for negativa. Outros itens e observações podem ser
incluídos, conforme as necessidades e peculiaridades de cada situação.
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6.4 Situação de surto e epidemia:
Em surtos e epidemias, a definição de caso é mais sensível, o que auxilia na identificação e notificação de um número
elevado de suspeitos, os quais necessitam ser acompanhados nesses eventos. O intuito desse acompanhamento é
verificar o desenvolvimento de um ou mais sintomas típicos de coqueluche.
Nessa situação, a definição de comunidade com contato íntimo é modificada, pois se administra a quimioprofilaxia de
maneira mais ampla, comparando com a situação endêmica.
6.4.1 Definição de Surto para a coqueluche
a)
Surto domiciliar: dois ou mais casos em um domicílio, sendo um deles confirmado pelo critério laboratorial e o
segundo por um dos três critérios de caso confirmado (a definição de caso para surto deve ser usada,
especialmente pra detecção rápida da magnitude do surto). Os casos devem ocorrer dentro de um período máximo
de 42 dias).
b) Surtos em instituições: dois ou mais casos, sendo um confirmado pelo critério laboratorial e o outro por um dos
três critérios, que ocorram no mesmo tempo (casos que ocorrerem dentro de um intervalo máximo de 42 dias
entre o início dos sintomas do caso índice) e no mesmo espaço (no mesmo ambiente de convívio), com a
evidência de que a transmissão tenha ocorrido em pelo menos um dos casos, no ambiente institucional. A
definição de surto também deve ser utilizada para o levantamento rápido de possíveis casos suspeitos. Exemplos:
surtos em escolas, creches, ambientes de cuidados de saúde, alojamentos, presídios, etc.
c) Surtos em comunidades: quando o número de casos confirmados, que inclui ao menos um caso confirmado pelo
critério laboratorial, for maior do que o número de casos esperado para o local e tempo, com base na análise de
registros anteriores, realizada a partir de uma série histórica da incidência da doença, em uma determinada
população circunscrita.
6.4.2 Definição de casos suspeitos em situação de surtos ou epidemias:
a) Indivíduos com idade maior ou igual a 6 meses: Todo indivíduo, maior ou igual a 06 meses de idade
independente do estado vacinal, que apresente tosse há 14 dias ou mais.
b) Indivíduos com idade menor de 6 meses: Todo indivíduo, menor de 06 meses de idade independente do estado
vacinal, que apresente tosse há 10 dias ou mais.
Atenção:
Essas definições são para fins epidemiológicos e não para o desencadeamento de profilaxia e tratamento.
Observação: os casos serão confirmados conforme orientação para as situações endêmicas.
6.4.3 Tratamento e quimioprofilaxia em surtos ou epidemias:
Devem receber a quimioprofilaxia todos os comunicantes, com contato íntimo e prolongado com o caso suspeito, que
tiveram exposição face a face a face ± 1 metro do paciente sintomático (amigos próximos, colegas de escola, membros
que moram no mesmo domícilio, namorados, profissionais de saúde, outros pacientes, etc.), dentro de 21 dias do
início dos sintomas dos casos até 3 semanas após o início da fase paroxística.
6.4.4 Situação especial em surtos ou epidemias:
a) Gestante: tratamento de gestante em situação epidêmica: mulheres no último mês de gestação que apresentem
tosse, com duração de cinco dias ou mais devem receber tratamento.
b) Puérpera: caso uma puérpera apresentar tosse por cinco dias ou mais após o período pós-parto, a puérpera e a
criança deverão ser tratadas.
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7- ROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
No Anexo 1 consta o roteiro esquematizado para realizar toda investigação epidemiológica.
7.1 Identificação do paciente
Preencher todos os campos dos itens da ficha de investigação epidemiológica (FIE) relativos aos dados gerais,
notificação individual e dados de residência (Anexos 2 e 3).
7.2 Coleta de dados clínicos e epidemiológicos
a)Para confirmar a suspeita diagnóstica
• Anotar, na FIE, os dados dos antecedentes epidemiológicos e clínicos.
› Observar, com atenção, se o caso notificado enquadra-se na definição de caso suspeito de coqueluche.
› Acompanhar a evolução do caso e o resultado da cultura de B. pertussis.
b)Para identificação da área de transmissão
Verificar se, no local de residência, creche ou na escola, há indícios de outros casos suspeitos. Quando não se identificar
casos nesses locais, interrogar sobre deslocamentos e permanência em outras áreas. Esses procedimentos devem ser
feitos mediante entrevista com o paciente, familiares ou responsáveis, e lideranças da comunidade.
c)Para determinação da extensão da área de transmissão
• Busca ativa de casos.
› Após a identificação do possível local de transmissão, iniciar imediatamente a busca ativa de outros casos, casa a casa,
na creche, escola, local de trabalho e em unidades de saúde.
8 - INVESTIGAÇÃO DE COMUNICANTES
Define-se como comunicante qualquer pessoa exposta a um caso de coqueluche, entre o início do período catarral até 3
semanas após o início do período paroxístico da doença (período de transmissibilidade).
• A investigação de comunicantes deve ser feita na residência, creche, escola e em outros locais que possibilitaram o
contato íntimo com o caso.
• Identificar os comunicantes com tosse.
• Coletar material de nasofaringe dos comunicantes com tosse, a fim de realizar cultura de B. pertussis.
• Verificar a situação vacinal dos comunicantes, considerando doses registradas na caderneta de vacinação e, se
necessário, atualizar o esquema vacinal dos menores de 7 anos com a vacina Pentavalente ou DTP.
• Preencher os campos referentes aos dados dos comunicantes na ficha de investigação da coqueluche.
• Quando confirmado algum caso de coqueluche, manter a área sob vigilância até 42 dias após a identificação do último
caso (período máximo de incubação observado).
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9 - COLETA E REMESSA DE MATERIAL PARA EXAMES
Rotineiramente, deve-se coletar material de nasofaringe dos casos suspeitos e seus comunicantes sintomáticos ou
assintomáticos (máximo de 3 amostras), a fim de identificar a circulação da B. pertussis (as orientações constam no
Anexo 5).
Atenção
Priorizar os casos em que a antibioticoterapia ainda não foi instituída ou que estão em uso de antimicrobiano há
menos de 3 dias.
Em situações de surto de síndrome coqueluchóide, deve-se coletar material de nasofaringe para realização de cultura.
Na impossibilidade de coletar material de todos os casos, o que sobrecarregaria a vigilância e o laboratório, selecionar
uma amostra adequada de pacientes, considerando:
› tempo da doença – coletar espécime clínico de casos em fase aguda da doença, ou seja, com menos de 4 semanas de
evolução;
› tempo de uso de antibiótico – priorizar os casos em que a antibioticoterapia ainda não foi instituída ou que estão em
uso de antimicrobiano há menos de 3 dias;
› distribuição dos casos – coletar casos de pontos distintos, como, por exemplo, diferentes creches, aldeias, salas de
aula, etc.
É de responsabilidade dos profissionais da vigilância epidemiológica e/ou dos laboratórios centrais ou de referência
viabilizar, orientar ou mesmo proceder a coleta de material para exame, de acordo com a organização de cada local. As
orientações para o Estado de Minas Gerais constam no Anexo 4.
É fundamental que a coleta seja feita por pessoal devidamente treinado.
Atenção
Não se deve aguardar os resultados dos exames para instituição do tratamento, desencadeamento das medidas de
controle e de outras atividades da investigação, embora sejam imprescindíveis para confirmar os casos e nortear o
encerramento das investigações.
10 - ANÁLISE DE DADOS
A análise dos dados tem como objetivo proporcionar conhecimentos atualizados sobre características epidemiológicas
no que diz respeito, principalmente, a distribuição da incidência por áreas geográficas e grupos etários, taxa de
letalidade e eficiência dos programas de vacinação, bem como a detecção de possíveis falhas operacionais da atividade
de controle da doença na área. Portanto, quando da ocorrência de surtos, faz-se necessário sistematizar as informações
em tabelas e gráficos, considerando critérios de confirmação do diagnóstico, proporção de casos em vacinados, padrões
de distribuição da doença e cobertura vacinal. A consolidação dos dados, considerando-se as características de pessoa,
tempo e lugar, permitirá uma caracterização detalhada da situação epidemiológica.
11 - ENCERRAMENTO DE CASOS
As fichas de investigação de cada caso devem ser analisadas, considerando-se as seguintes alternativas utilizadas para o
diagnóstico:
a)critério laboratorial – o isolamento da B. pertussis classifica o caso como confirmado;
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b)critério clínico-epidemiológico – o vínculo epidemiológico do caso suspeito com outros casos confirmados de
coqueluche pelo critério laboratorial classifica o diagnóstico como caso confirmado;
c) critério clínico – caso suspeito de coqueluche com resultado de hemograma com leucocitose (acima de 20 mil
leucócitos/mm3) e linfocitose absoluta (acima de 10 mil linfócitos/mm3), com resultado de cultura negativa ou não
realizada, mesmo sem a demonstração de vínculo epidemiológico com outro caso confirmado laboratorialmente, desde
que não se confirme outra etiologia, classifica o diagnóstico como caso confirmado;
d) descartado – caso suspeito não confirmado por nenhum dos critérios descritos anteriormente.
12 - RELATÓRIO FINAL
As investigações de surtos devem ser sumarizadas em um relatório com as principais conclusões, dentre as quais se
destacam:
• se o surto foi decorrente de falhas vacinais;
• ações de prevenção que foram adotadas e quais as que devem ser mantidas, a curto e médio prazos, na área;
• avaliação da magnitude do problema e da adequação das medidas adotadas, visando impedir a continuidade de
transmissão da doença;
• condições do programa de imunização na área, principalmente com referência à manutenção de elevadas e
homogêneas coberturas vacinais, conservação e aplicação da vacina utilizada;
• avaliação da situação da vigilância da doença na área;
• medidas adotados para superar os problemas do programa de imunização, quando pertinentes;
• medidas adotadas em relação à vigilância: busca ativa de casos, definição de fluxo de vigilância para a área, definição
de conduta para identificação e investigação de outros surtos e capacitação de pessoal para coleta e transporte de
material. Quando a doença manifestar-se apenas sob a forma endêmica, a cada final de ano, deve-se elaborar um
relatório contendo informações sobre o desempenho operacional da vigilância epidemiológica, tendência temporal,
distribuição parcial da doença, cobertura vacinal em menores de uma ano e homogeneidade.
13 – INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE
13.1 Imunização
A medida de controle da coqueluche, de interesse prático em saúde pública, é a vacinação dos suscetíveis na rotina da
rede básica de saúde.
A vacina deve ser aplicada mesmo em crianças cujos responsáveis refiram a história da doença. A DTP (tríplice
bacteriana) ou DTPa (tríplice acelular) são recomendadas até a idade de 6 anos (6 anos, 11 meses e 29 dias), sendo que
a vacina combinada Pentavalente (DTP + HB+ Hib) é preconizada para os menores de 1 ano, pelo Ministério da Saúde.
Recomendações para vacinação:
• Rotina: o Ministério da Saúde preconiza a administração de 3 doses da vacina Pentavalente (DTP + HB+ Hib), a partir
de 2 meses de vida, com intervalo de 60 dias entre as doses. Doses subsequentes da vacina DTP deverão ser aplicadas
aos 15 meses (1º reforço) e aos 4 anos de idade (2º reforço).
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ESQUEMA VACINAL PARA CRIANÇAS
Vacina
DTP + HB+ Hib
(Pentavalente)
DTP
Dose
Idade
Intervalo entre as doses
1ª dose
2 meses
8 semanas
2ª dose
4 meses
8 semanas
3ª dose
6 meses
8 semanas
1º reforço
15 meses
2º reforço
4 anos
6 a 12 meses após a 3ª dose
A partir dessa idade, um reforço com a dT a cada 10 anos após a última dose administrada.
Fonte: Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI/MS).
• Casos isolados ou surtos: proceder a vacinação seletiva da população suscetível (vacinação de bloqueio), visando
aumentar a cobertura vacinal na área de ocorrência dos casos.
13.2 Controle da fonte de infecção
13.2.1 Medidas gerais para pacientes hospitalizados:
• Isolamento: recomenda-se isolamento tipo respiratório por gotículas, durante o período de transmissibilidade, a fim de
reduzir o risco de transmissão para outras crianças expostas. Especial atenção deve ser dada aos lactentes, a fim de
evitar o contágio.
• Quarto privativo: enquanto o paciente estiver transmitindo a bactéria. Pode haver compartilhamento com mais de um
paciente com o mesmo diagnóstico. O quarto deve ser mantido com a porta fechada.
• Lavagem das mãos: deve ser feita antes e após o contado com o paciente, após a retirada das luvas, de máscara e
quando houver contato com materiais utilizados pelo paciente.
• Uso de máscara: recomenda-se o uso de máscara comum para todos os que entram no quarto. Após o uso, deve ser
descartada em recipiente apropriado e o indivíduo deve lavar as mãos.
• Transporte do paciente: deve ser limitado ao mínimo possível e, quando realizado, o paciente deverá usar máscara
comum.
• Limpeza e desinfecção: recomenda-se concorrente e terminal dos objetos contaminados com as secreções
nasofaríngeas. A solução indicada é o hipoclorito de sódio a 1%. Após a desinfeção, os objetos devem ser enxaguados
em água corrente. Objetos de metal podem ser desinfetados com álcool etílico a 70%.
13.2.2 Medidas gerais para pacientes não hospitalizados
Os pacientes não hospitalizados devem ser afastados de suas atividades habituais (creche, escola, trabalho):
• por pelo menos 5 dias após o início do tratamento com antimicrobiano;
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• nos casos não submetidos à antibioticoterapia, o tempo de afastamento deve ser de 3 semanas após o início dos
paroxismos.
13.2.3
Controle dos comunicantes
• Vacinação: os comunicantes íntimos, familiares e escolares, menores de 7 anos não vacinados, inadequadamente
vacinados ou com situação vacinal desconhecida deverão receber uma dose da vacina contra a coqueluche e orientação
de como proceder para completar o esquema de vacinação.
• Pesquisa de novos casos: coletar material para diagnóstico laboratorial de comunicantes com tosse.
13.2.4
Quimioprofilaxia:
• Indicações:
* Comunicantes vulneráveis:
- recém-nascido de mãe sintomática respiratória;
- criança menor de 1 ano de idade, com menos de 3 doses de vacina Penta ou Tetravalente ou DTP;
- criança menor de 10 anos de idade, não imunizada ou com imunização incompleta (menos de 3 doses de vacina Penta,
Tetravalente ou DTP);
- mulher no último trimestre de gestação;
- pessoas que trabalham em serviço de saúde ou com crianças;
- pessoas com doenças que levam a imunodepressão;
- pessoas com doença crônica grave.
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Atenção
Dentro do grupo acima, todos os comunicantes sintomáticos (com tosse) identificados, devem ser considerados casos
de coqueluche e deve-se notificar e iniciar o tratamento, independente do resultado laboratorial. Deve-se coletar
material de nasofaringe para cultura/PCR, preferencialmente, antes do início da antibioticoterapia.
NOTA:
Este protocolo é direcionado a profissionais de saúde e visa fornecer informações sobre pontos importantes relacionados
direta ou indiretamente à Vigilância Epidemiológica da Coqueluche. As informações aqui contidas estão sujeitas a
atualizações, bem como quaisquer outras informações relativas ao diagnóstico e/ou condutas ligadas à assistência direta
a doentes e seus contatos, devendo ser sempre conferidos na literatura técnico-científica mais atual.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica.
Guia de vigilância epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento
de Vigilância Epidemiológica. – 7. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009.– Caderno 03, 2010.
2.
Ministério da Saúde, Portaria 535 de 28/03/2012.
3.
Pertussis Testing Vídeo : Collecting a Nasopharyngeal Swab Clinical Specimen (4.12 minutes, date
released : 2/14/2011 : http://www.cdc.gov/pertussis/pubs-tools/audio-video.html. Acesso em 22/08/2013.
4.
VERONESI; Tratado de Infectologia. 3ª ed./ editor científico Roberto Focaccia. – São Paulo: Editora
Atheneu, 2005.
5. Coqueluche :
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1546.
22/08/2013 .
Elaboração e revisão:
Luciene Luiz da Rocha
Gilmar José Coelho
Janaína Fonseca Almeida
José Geraldo Ribeiro
Coordenadoria de Doenças e Agravos Transmissíveis
DVE/SVEAST/SVPS/SES-MG
2013
Acesso
em
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Anexo 1 – Roteiro de Investigação Epidemiológica
Caso suspeito
Assistência médica
Notificação
imediata
Investigação
laboratorial 1
Colher material de nasofaringe
para realizar cultura
Realizar hemograma
2
Preenchimento da
FIE
Encaminhar à Funed
Positivo
Vacinação
seletiva com
Pentavalente ou
DTP, na área de
residência,
escola, creche,
trabalho
Busca ativa de
outros casos na
área de
residência,
escola, creche,
trabalho
Investigação de
comunicantes
Coleta de secreção nasofaríngea de
comunicantes
sintomáticos
e
3
assintomáticos
Negativo
Vínculo epidemiológico
com outro caso
confirmado por
laboratório
Vigilância em
Saúde local
Sintomas sugestivos e resultado
hemograma apresentando leucocitose
(˃ de 20 mil leucócitos/mm3) e
linfocitose (de 60 a 80%)
Verificar situação dos
comunicantes e vacina, se
necessário
Realizar quimioprofilaxia dos
comunicantes conforme
orientações no Guia
Sim
Não
Confirmar 4
Descartar
Encerramento
1
O kit para coleta de material de nasofaringe é fornecido aos municípios pela Regional ou Superintendência Regional de Saúde.
2
Recomenda-se Raio x de tórax em menores de 4 anos, para auxiliar no diagnóstico diferencial e/ou presença de complicações. É característica a
imagem de “coração borrado” ou “franjado”.
3
Para contatos sintomáticos, coletar no máximo três amostras de secreção de nasofaringe para realização de cultura e notificar no Sinan. Quando
não houver contatos sintomáticos , realizar coleta dos contatos íntimos assintomáticos ( no máximo três amostras), aguardar o resultado da cultura.
Se for positiva, notificar no Sinan, no caso de resultado negativo não é necessário notificar.
4
Confirmando algum caso de coqueluche, manter a área sob vigilância por 42 dias.
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Anexo 2 – Ficha de notificação (1ª parte)
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Anexo 2 – Ficha de notificação (2ª parte)
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Anexo 3 – Instruções de preenchimento da FIE (1ª parte)
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Anexo 3 – Instruções de preenchimento da FIE (2ª parte)
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Anexo 3 – Instruções de preenchimento da FIE (3ª parte)
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Anexo 4 – Nota Técnica Conjunta Funed/CDAT (1ª parte)
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Anexo 4 – Nota Técnica Conjunta Funed/CDAT (2ª parte)
26
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
SUBSECRETARIA DE VIGILÂNCIA E PROTEÇÂO A SAÚDE
SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILANCIA EPIDEMIOLOGICA AMBIENTAL E SAUDE DO TRABALHADOR
DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
COORDENADORIA DE DOENÇAS E AGRAVOS TRANSMISSÍVEIS
TÍTULO
PÁGINA
PROTOCOLO DE COQUELUCHE
Anexo 4 – Nota Técnica Conjunta Funed/CDAT (3ª parte)
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GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
SUBSECRETARIA DE VIGILÂNCIA E PROTEÇÂO A SAÚDE
SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILANCIA EPIDEMIOLOGICA AMBIENTAL E SAUDE DO TRABALHADOR
DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
COORDENADORIA DE DOENÇAS E AGRAVOS TRANSMISSÍVEIS
TÍTULO
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PROTOCOLO DE COQUELUCHE
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Anexo 5 – Diagnóstico Laboratorial
De alto grau de especificidade, a cultura para isolamento da Bordetela pertussis da secreção de
nasofaringe é considerada o “padrão ouro”.
1.Coletar o material, preferencialmente na fase aguda da doença, antes de usar antibiótico e no
máximo até 3 dias de uso.
2.Utilizar swab com haste flexível, estéril e alginatado.
3.Retirar o tubo com meio de transporte específico (Regan-Lowe) da geladeira e deixar atingir a
temperatura ambiente.
4.Introduzir o swab em uma narina até encontrar resistência na parede posterior da nasofaringe e
esperar 10 segundos.
5. Retirar o swab da nasofaringe, estriar na superfície inclinada do tubo (+ 2 cm), a seguir introduzir
na base do meio de transporte. O swab deve permanecer dentro do respectivo tubo.
Em condições ideais a probabilidade de crescimento da bactéria é em torno de 60 a 70%. Pode
comprometer o crescimento bacteriano: uso de antimicrobianos; coleta após a fase aguda da
doença (4ª semana).
•
Transporte do material coletado:
1.Encaminhar o material ao laboratório imediatamente após a coleta , em temperatura ambiente
acompanhado da ficha de encaminhamento de amostra, cópia da ficha de investigação
epidemiológica, especificando se o material é do caso ou do comunicante.
2.Na impossibilidade de envio imediato após a coleta, incubar em estufa bacteriológica com
umidade à temperatura de 35ºC a 37ºC por no máximo 48 horas. Encaminhar em seguida, à
temperatura ambiente.
•
Importante:
• Os tubos com meio de transporte não utilizados no mesmo dia devem ser mantidos na geladeira
até o momento da coleta;
• Verificar, sempre, o prazo de validade do meio de transporte antes de utilizá-lo;
• Manter contato com o laboratório para estabelecer rotina quanto ao envio (horário e local de
entrega), fluxo de resultados, avaliação da qualidade das amostras enviadas (SVS/MS, 2009).
Vídeo: http://www.cdc.gov/pertussis/pubs-tools/audio-video.html
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