Instituto de Educação Tecnológica Carlos Fernando Vasconcellos Ribeiro Cavalcanti Albuquerque Carlos Henrique Loyola Marlene Maria Francisco de Oliveira Rogério Márcio Galantine Sergio Luiz Gomes Santiago GERENCIAMENTO DE ESCOPO COM ÊNFASE EM GESTÃO DE PLEITOS Belo Horizonte, MG Maio/2013 2 Carlos Fernando Vasconcellos Ribeiro Cavalcanti Albuquerque Carlos Henrique Loyola Marlene Maria Francisco de Oliveira Rogério Márcio Galantine Sergio Luiz Gomes Santiago GERENCIAMENTO DE ESCOPO COM ÊNFASE EM GESTÃO DE PLEITOS Trabalho de conclusão de especialização apresentado ao Curso de Gestão Avançada de Projetos do IETEC como requisito parcial à obtenção do título de especialista em Gestão de Projetos Orientador: João Carlos Araújo da Silva Neto Belo Horizonte, MG Maio/2013 3 ONDE ESTÃO A LISTA DE FIGURAS, A LISTA DE ABREVIATURAS????? 4 RESUMO O gerenciamento de escopo é a atividade que pode resultar nas melhores chances de sucesso em um projeto, para tanto, todo um trabalho de levantamento de requisitos, premissas, restrições e exclusões, elaborado de forma sistêmica e precisa deve representar as expectativas do cliente quanto ao produto final. O resultado do trabalho inicial desta atividade deve ser registrado num Termo de Abertura do Projeto – TAP, que será o alicerce do projeto, devendo ter-se como objetivo a blindagem deste de forma a se evitar que solicitações de mudanças possam vir a descaracterizar o objeto. Quando a equipe de projeto passa a obter mais dados, o passo seguinte é explorar os detalhes e firmar conceitos, traduz-se numa Declaração de Escopo que deve ser clara, objetiva, contudo concisa, onde os objetivos necessariamente devem estar perfeitamente delineados, juntamente com os requisitos, as premissas, as restrições, as exclusões e os critérios de aceitação do projeto. Este trabalho é um estudo da elaboração de um escopo bem definido, que permita a melhor condução de um projeto, minimizando as ocorrências de mudanças e, por conseguinte, de pleitos. Dessa forma, o dispêndio de esforço para se estruturar, documentar, aprovar, divulgar e controlar o escopo deve ser o maior possível, caso contrário, os esforços para ajuste do descontrole das metas de entregas do produto dentro das especificações, dos custos, da qualidade, dos prazos, poderá ter um impacto muito superior e negativo no projeto, situação que poderá torná-lo inviável. Palavras-chaves: Gerenciamento de escopo, Monitoramento e Controle de Escopo e Pleitos. Declaração de Escopo, 5 ABSTRACT Scope management is the activity that can result in the best chances of success on a project, to do so, a whole work of gathering requirements, assumptions, limitations and exclusions, elaborate systemically and needs must represent the client's expectations as to the final product. The result of the initial work of this activity should be registered on a Project Chapter - PC, that will be the foundation of the project and should have as objective the armor of this in order to prevent requests for changes could discharacterize the object. When the project team starts to get more data, The next step is explore the details and establish concepts translates in a Scope statement which must be clear, concise, objective, where the goals necessarily must be perfectly outlined, together with the requirements, assumptions, limitations, exclusions and the acceptance criteria of the project. This work is a study of the development of a well-defined scope, allowing the best driving a project, minimizing the occurrence of changes and, consequently, of pleas. In this way, the expenditure of effort to design, document, approve, publish and control the scope must be the highest possible, otherwise the efforts for lack of product deliveries within specifications, costs, quality, deadlines, you may have a much greater impact and negative in the project, situation which may make it impractical. Keywords: Scope Management, scope Declaration and applications. 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 7 2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 10 3 SOLUÇÕES PROPOSTAS ................................................................................. 18 4 PLANO DE PROJETO DE IMPLANTAÇÃO ....................................................... 24 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................. 25 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 26 7 1 INTRODUÇÃO O gerenciamento de projetos propõe processos e boas práticas que devem se traduzir na maximização do aproveitamento da energia dispendida em cada projeto, assim, o conjunto de boas práticas preconizado pelo Project Management Institute PMI e por outros órgãos assemelhados, visa difundir metodologias que, bem aplicadas, promovam a garantia das entregas do objeto dentro dos parâmetros definidos. Dentro do roteiro de boas práticas, numa sequência lógica de desenvolvimento dos projetos, está a definição do escopo do que se pretende entregar/receber. A definição preliminar de escopo de um projeto é o resultado da análise de negócio procedido, ou seja, a ideia estruturada do que fazer deve ser grafada no Termo de Abertura do Projeto – TAP (Project Charter). Conforme definido na NBR: ISO 10.006, Projeto é um processo único, consistindo de um grupo de atividades coordenadas e controladas com datas para início e término, empreendido para alcance de um objetivo conforme requisitos específicos, incluindo limitações de tempo, custo e recursos. Diante da definição de projeto e dos ditames agregados, é perfeitamente dedutível que a definição de escopo é a principal atividade que influenciará no sucesso deste. Segundo o PMBOK, 4ª Edição (2009), o TAC (4.1) é definido no grupo de processos de Iniciação, seguido da Identificação das Partes Interessadas ou Stakeholders (10.1). Na sequência, devem ser executados os processos de planejamento relativos ao escopo – Coletar os Requisitos (5.1), Definir o Escopo (5.2) e Criar a EAP – Estrutura Analítica do Projeto (5.3). (PMBOK, 2009) Da literatura especializada fica tácita a necessidade do emprego do maior esforço possível para que os processos relativos à coleta e definição do escopo e a criação da EAP são os pilares de sustentação para se atingir o sucesso do projeto. Definir o Escopo do Projeto é uma etapa de vital importância. Se não for feita da forma correta, o projeto estará fadado ao fracasso, uma vez que é o escopo que determina o que irá (e não irá) ser feito/produzido/entregue ao termino do projeto. Um escopo mal estruturado levará inevitavelmente a falhas de cronograma e de orçamento, uma vez que os problemas decorrentes da má especificação se farão presentes e a equipe terá que achar caminhos alternativos para a execução do projeto. Por fim, um escopo mal definido resulta em um cliente insatisfeito, uma vez que o mesmo pediu X e recebeu Z, levando a uma insatisfação do executivo, do 8 time do projeto e do gerente. O efeito cascata disso pode ser terrível, como uma caça às bruxas para determinar de quem foi a culpa, quando na verdade a culpa foi do escopo mal definido (SANTOS, Diego Nei, 2009) Figura 1 – Grupos de Processos (PMI) Da Figura 1 – Grupos de Processos (PMI), este trabalho identifica um circuito fechado entre os grupos de processos Planejamento, Execução e Controle (circulo vermelho). Este circuito fechado é alimentado de forma primária pelo grupo de Iniciação, sendo esta alimentação procedida ao grupo Planejamento. A saída do circuito fechado ocorre quando da verificação do atingimento dos objetivos pelo grupo de Controle, derivando para o grupo de Encerramento. (PMBOK, 2009) Destarte, analisando o detalhe do grupo de Planejamento quanto a Escopo – processos 5.1, 5.2 e 5.3 do PMBOK, 2009 – verifica-se que o escopo, além de ser o padrão diretivo do “a fazer”, deve ser realimentado pelos processos do Grupo de Monitoramento e Controle, baseando-se nas aferições das ocorrências do Grupo de Execução, de modo que haja atualização da Declaração de Escopo / EAP. As atualizações e otimizados os dados e as diretivas obtenção do Produto devem ocorrer a cada ciclo de revisão fundamentada e aprovada. Com estas constatações é possível afirmar que o Gerenciamento do Escopo é fundamental para a consecução dos objetivos de cada projeto, pois sem esta gestão o projeto poderá 9 derivar para o caos, não atingindo as metas/parâmetros e, até, podendo chegar a sucumbência, gerando pesados ônus para os patrocinadores. O trabalho ora apresentado se dispõe a analisar as questões relativas à montagem de uma Declaração de Escopo que possa realmente ser uma forte diretiva do projeto, o Controle quanto ao cumprimento do estabelecido na Declaração de Escopo / EAP e das necessidades de ajustes do Escopo e, derivando dos ajustes, pleitos que se mostram necessários para ajuste das condições comerciais e técnicas mais adequadas a consecução do objeto. A Declaração de Escopo, além de ser uma atividade inicial das mais importantes, como já explanado, requer um Gerenciamento de Escopo constante de sorte a manter-se alinhado com as variâncias que normalmente ocorrem ao longo da duração do projeto. O Gerenciamento de Escopo objetiva garantir a execução do objeto dentro das condições estabelecidas na Declaração de Escopo / EAP, estando alinhado com a Gestão de Mudanças. A Gestão de Mudanças trata de ajustes quer de origem externa – partes interessadas, órgãos de controle e licenciamento, etc. – ou internas, representadas por demandas derivadas de necessidades diversas de readequação em função de ocorrências dentro do grupo de processos de Execução, demandas estas tabuladas e registradas no grupo de Monitoramento e Controle. Dentro da análise de pleitos, o trabalho apresenta enfoque diferenciado para pleitos em geral e para o tratamento de reequilíbrio econômico-financeiro de contratos, matérias que analisadas na superficialidade aparentam ser iguais, contudo, o regimento jurídico e as condicionantes processuais são bem distintas, assim necessitando de tratamentos específicos, daí a abordagem diferenciada neste trabalho. No caso de pleitos em geral, o enfoque trazido à baila é o da Gestão de Mudanças em função de necessidades de adequações diversas e/ou solicitações de alterações pelas partes interessadas. No caso de Reequilíbrio Econômico-Financeiro a ênfase abordada neste trabalho esta nos Contratos Administrativos, maior foco de embates. Diante das informações aqui apresentadas, a questão chave é o conjunto de processos que devem ser demandados para se obter uma gestão de escopo mais eficiente e eficaz com minimização da quantidade de pleitos. 10 2 REFERENCIAL TEÓRICO Do Harold Kerzner, Gerenciamento de Projetos - 10ª edição (2011), se extrai do Capítulo 22 - O "NEGÓCIO" DAS MUDANÇAS NO ESCOPO: 22.0 INTRODUÇÃO Pouquíssimos projetos são concluídos de acordo com o plano original. As mudanças no plano resultam do aumento do conhecimento, da necessidade de competitividade ou de mudanças no gosto do cliente/consumidor. Depois que as mudanças são feitas, quase sempre há um aumento significativo no orçamento e/ou um alongamento do cronograma. O processo de recomendação e aprovação das mudanças no escopo pode variar dependendo de o cliente ser ou não interno ou externo à organização. As mudanças de escopo para clientes externos têm sido vistas como uma fonte de lucratividade adicionada sobre os projetos (KERZNER, 2011, p. 583). Do texto acima é tácita a visão que a manutenção do plano original dos projetos “pouquíssimo” ocorre até a conclusão destes. Desta forma, o autor discorre, na literatura citada, as principais causas e efeitos das ocorrências de mudanças durante o desenrolar da execução dos projetos. Também é citada no texto do capítulo 22 desse livro a questão de projetos que são sequência de outros ou alimenta outros, assim, a gestão de mudanças nos antecessores deve atentar para os reflexos internos a si e aos possíveis desdobramentos em relação aos que lhes sucedem, sendo, tão ou mais complexa quanto mais longa for a cadeia de relacionamentos. No texto é visível apenas parte da questão de projetos com sucessores, contudo, questões relacionadas a projetos com relacionamentos laterais, normalmente integrantes de um mesmo programa ou, em estância mais distante, por exemplo, de um mesmo portfólio, também podem, ou não, serem afetados pelas mudanças dos colaterais, sendo necessária a gestão integrada para mitigar possíveis influências entre projetos. Da equipe da Dinsmore Associados, na Palestra Mitigando Fracassos em Projetos de Cézar Meriguetti com a participação de Paul Campbell Dinsmore, Maio/2012, é possível coletar dados contidos na Figura 2- Causas de Fracassos onde, apesar de esta ranqueada como a 3ª causa de fracassos de projetos, a mudança de escopo é responsável por 70% destas ocorrências, contra 76% das falhas de comunicação – 1º lugar no ranking. Destas informações obtidas em 2010, logo recentes, têm-se a magnitude do que representam as mudanças de escopo quanto à sucumbência de projetos. 11 Figura 2- Causas de Fracassos O PMBOK, 4ª Edição (2009), traz os processos que são considerados os de melhores práticas para a obtenção de uma Definição de Escopo bem estruturada e capaz de alicerçar o desenvolvimento do projeto, agregando valor as garantias de atendimento aos requisitos estipulados. Dentre os processos delineados na sequencia, em parte já aposta no capítulo 1 INTRODUÇÃO, estão definidos o que deve ser executado e a sequência de execução, enfim, um delineamento completo para que se atinjam os objetivos quanto uma Definição de Escopo bem estruturada e completa. Na Seção 3 - As áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos, do PMBOK, 4ª Edição (2009), onde estão definidos os processos de gerenciamento de projetos e onde também são definidas as entradas, as ferramentas e técnicas e as saídas de cada área de conhecimento, estas distribuídas em 9 capítulos. Nesta Seção, o Capítulo 4, Gerenciamento de integração do projeto, define os processos e as atividades que integram os diversos elementos do gerenciamento de projetos, onde estão inclusos os seguintes processos: (PMBOK, 2009, p. 71) 4.1 - Desenvolver o termo de abertura do projeto; 4.2 - Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto; 4.3 - Orientar e gerenciar a execução do projeto; 4.4 - Monitorar e controlar o trabalho do projeto; 4.5 - Realizar o controle integrado de mudanças; 4.6 - Encerrar o projeto ou a fase. 12 Dos processos que compõem o Capítulo 4, são estudados neste trabalho o processo 1 e o processo 5 acima listados, respectivamente, Termo de abertura do projeto e Controle Integrado de Mudanças. Estes dois processos estruturam a base conceitual do objeto do projeto e se integram de forma a manterem-na sempre atualizada. Uma base conceitual consistente e atualizada é a melhor garantia de rota para que o produto a ser entregue o seja nas condições primárias de aceitação. Também é o norte que indica ao gestor do projeto, fruto dos processos de monitoramento e controle de mudanças, que o projeto não está sofrendo alterações que o descaracterize e, quiçá, o inviabilize. Via de regra, é praxe e seguro que o Gerente de Projeto e todas as partes interessadas tenham o objetivo de garantir que o TAC seja suficientemente amplo e claro para não necessitar ser modificado caso o projeto venha a sofrer alterações, garantindo a essência do objeto do projeto. Mudanças no TAC (Project Charter) levam ao questionamento de o projeto deve continuar ao ser encerrado e aberto novo projeto. Ainda navegando pelo PMBOK, 4ª Edição (2009), o Capítulo 5 - Gerenciamento do escopo do projeto descreve os processos relativos à garantia de que o projeto inclua todo o trabalho necessário, e apenas o trabalho necessário, para que seja terminado com sucesso. (PMBOK, 2009, p. 103) Este capítulo inclui: 5.1 - Coletar requisitos; 5.4 - Verificar o escopo; 5.2 - Definir o escopo; 5.5 - Controlar o escopo. 5.3 - Criar EAP; Dos três primeiros processos acima listados obtém-se a definição do Escopo do objeto a ser entregue pelo projeto, em especial, a Declaração do Escopo e a representação gráfica desta – EAP do Projeto, principais documento diretivos do projeto. Os dois últimos processos acima listados são parte integrante da Gestão de Escopo, processos estes que fazem parte do Grupo de Monitoramento e Controle e que ocorrem concomitantemente com o Grupo de Execução. O contido no item 1.4.2 Gerenciamento de programas do PMBOK, 4ª Edição (2009) é um alerta importante para as questões de Gerenciamento de Escopo em função da gestão de mudanças, devendo ser observado que: (PMBOK, 2009, p. 10) O gerenciamento de programas se concentra nas interdependências do projeto e ajuda a determinar a melhor abordagem para gerenciá-los. As ações relacionadas a essas interdependências podem incluir: 2 Solução de restrições e/ou conflitos de recursos que possam afetar múltiplos projetos no sistema; Alinhamento da orientação estratégica/organizacional que afeta as metas e objetivos do projeto e do programa e; Solução de problemas e gerenciamento de mudanças em uma estrutura de governança compartilhada (grifo nosso). Do item 2.1.1 Características do ciclo de vida do projeto do PMBOK, 4ª edição (2009), verifica-se que a estrutura genérica do ciclo de vida geralmente apresenta as seguintes características: (PMBOK, 2009, p. 16 e 17) Os níveis de custo e de pessoal são baixos no início, atingem um valor máximo enquanto o projeto é executado e caem rapidamente conforme o projeto é finalizado. A linha pontilhada na Figura 2-1 ilustra este padrão típico. A influência das partes interessadas, os riscos e as incertezas (conforme ilustrado na Figura 2-2) são maiores durante o início do projeto. Estes fatores caem ao longo da vida do mesmo. A capacidade de influenciar as características finais do produto do projeto, sem impacto significativo sobre os custos, é mais alta no início e torna-se 3 cada vez menor conforme o projeto progride para o seu término. A Figura 22 ilustra a ideia de que os custos das mudanças e correções de erros geralmente aumentam significativamente conforme o projeto se aproxima do término. (PMBOK 2009, p. 17) Do item 2.1.2 Relações entre o ciclo de vida do projeto e do produto, é identificado: Como um produto pode ter muitos projetos associados a ele, é possível obter ganhos de eficiência adicionais gerenciando-se todos os projetos relacionados em conjunto. Por exemplo, uma série de projetos distintos pode ser relacionada ao desenvolvimento de um novo automóvel. Cada projeto pode ser distinto, mas ainda assim contribuir com uma entregachave necessária para levar o automóvel ao mercado. A supervisão de todos os projetos por uma autoridade superior pode aumentar significativamente a probabilidade de sucesso. (PMBOK 2009, pág. 18) 4 2.1 DECLARAÇÃO DE ESCOPO Conforme citado por MICHALICK et al no livro Gestão de Projetos Brasil - Conceitos e Técnica, IETEC, 2012, para se gerenciar projetos, é recomendado ao gestor desenvolver alguns processos que o ajudem a ter um escopo bem definido e que possa ser gerenciado de maneira eficiente. Do capítulo 5 - Gerenciamento do Escopo, item 5.2 - Definir o escopo (PMBOK, 2009) figura 3, extrai-se que definir o escopo é o processo de desenvolvimento de uma descrição detalhada do projeto e do produto. “A preparação detalhada da declaração do escopo é crítica para o sucesso e baseia-se nas entregas principais, premissas e restrições que são documentadas durante a iniciação do projeto. Durante o planejamento o escopo é definido e descrito com maior especificidade conforme as informações a respeito do projeto são conhecidas. (PMBOK, 2009, p.112). Figura 3 - Diagrama de fluxo de dados do processo - Definir o escopo As entradas para o processo de definição do escopo (PMBOK, 2009) são: Termo de abertura do projeto; Documentação dos requisitos e Ativos de processos organizacionais. As ferramentas técnicas definidas pelo (PMBOK, 2009) são: Opinião especializada; Análise do produto; Identificação de alternativas e Oficinas. 5 A definição do termo de abertura do projeto, segundo o (PMBOK, 2009), é documentar “as necessidades do negócio, o entendimento das necessidades do cliente, e o novo produto, serviço ou resultado que pretende satisfazer, tais como: Propósito ou justificativa do projeto; Objetivos mensuráveis do projeto e critérios de sucesso relacionados; Requisitos de alto nível; Descrição do projeto em alto nível; Riscos de alto nível; Resumo do cronograma de marcos; Resumo do orçamento” (PMBOK, 2009, p. 77). O guia PMBOK (2009) define no item 4.1 - Desenvolver o termo de abertura do projeto que o Termo de Abertura do Projeto é o documento que formalmente autoriza um projeto ou uma fase e a documentação dos requisitos iniciais que satisfaçam as necessidades e expectativas dos Stakeholders. Para o desenvolvimento do termo de abertura, o PMBOK determina como entradas, a Declaração do trabalho do projeto; Business case; Contrato; Fatores ambientais da empresa e Ativos de processos organizacionais. Como ferramentas técnicas tem-se a opinião especializada e como saída o Termo de abertura do projeto. Abaixo a figura 4, mostra o diagrama de fluxo de dados. Figura 4 - Diagrama de fluxo de dados do processo - desenvolver TAP (PMBOK - 2009) A declaração do trabalho (DT) segundo o PMBOK (2009) é uma descrição narrativa dos produtos e serviços a serem fornecidos pelo projeto. Sendo que para projetos internos, a declaração do trabalho é desenvolvida baseada nos requisitos das necessidades dos negócios, produtos ou serviços e para os externos, ela será recebida do cliente como parte de um documento de licitação ou como parte de um contrato. A DT informa: 6 Necessidades de negócios - baseada numa demanda de mercado, avanço tecnológico, requisito legal ou regulamentação de governo; Descrição do escopo do produto - documenta as características do produto a ser criado pelo projeto, bem como a relação entre os produtos e serviços e necessidade de negócios vinculados ao projeto; Plano estratégico - documenta os objetivos estratégicos da organização, ao qual o projeto deverá estar alinhado. “O Business Case, ou documento semelhante, fornece informações necessárias do ponto de vista de um negócio, para determinar se o projeto justifica ou não o investimento” (PMBOK, 2009, p.75). Este é criado em função de diversos fatores: Demanda de mercado; Necessidade organizacional; Solicitação do cliente; Avanço tecnológico; Um resíduo legal; Impactos ecológicos; Necessidade social (PMBOK, 2009, p. 75 e 76). O contrato é uma entrada se o projeto estiver sendo realizado por um cliente externo (PMBOK, 2009, p. 76). Os fatores ambientais da empresa que podem influenciar o processo de desenvolvimento do termo de abertura do projeto incluem, mas não estão limitados, a: Padrões governamentais ou industriais; Infraestrutura organizacional e Condições do mercado (PMBOK, 2009, p. 76). Os ativos de processos organizacionais que podem influenciar o processo de desenvolvimento do termo de abertura do projeto incluem, mas não estão limitados a: Processos organizacionais padronizados, políticas e definições padronizadas de processos para uso da organização; Modelos (por exemplo, modelo do termo de abertura do projeto) e Informações históricas e base de conhecimento de lições aprendidas (PMBOK, 2009, p. 76). De acordo com o (PMBOK, 2009) a ferramenta e técnica para apoio na avaliação das entradas para elaborar o termo de abertura do projeto é a opinião especializada usada frequentemente para analisar as informações necessárias para desenvolver o 7 termo de abertura do projeto. Tal opinião e especialidade são aplicadas a qualquer detalhe técnico. Documentação dos requisitos, item 5.1.3 (PMBOK, 2009), “descreve como os requisitos individuais atendem às necessidades do negócio para o projeto. Esses podem começar em um alto nível e progressivamente se tornar mais detalhados conforme mais detalhes são conhecidos. Antes das linhas de base serem estabelecidas, os requisitos devem ser não ambíguos (mensuráveis e passiveis de testes), investigáveis, completos, consistentes e aceitáveis para as principais partes interessadas.” (PMBOK, 2009, p. 76). Os ativos de processos organizacionais incluem qualquer um ou todos os ativos relacionados a processos, de quaisquer ou todas as organizações envolvidas no projeto que podem ser usados para influenciar o sucesso do projeto. Esses ativos de processos incluem planos formais e informais, políticas, procedimentos e diretrizes. Os ativos de processos organizacionais também incluem as bases de conhecimento das organizações, como lições aprendidas e informações históricas. Eles podem incluir cronogramas terminados, dados sobre riscos e dados de valor agregado. Normalmente, a responsabilidade por atualizar e adicionar aos ativos de processos organizacionais conforme necessário no transcorrer do projeto cabe aos membros da equipe de projeto. Os ativos de processos organizacionais podem ser agrupados em duas categorias: Processos e procedimentos e Base de conhecimento corporativa (PMBOK, 2009, p. 76). O guia PMBOK (2009), define que declaração do escopo é uma das saídas do item 5.2 - Definição do escopo e uma das entradas do item 5.3 - Criar a EAP e do item Análise Qualitativa de Riscos. A Declaração do Escopo detalha as entregas do projeto e o trabalho necessário para se criar estas entregas. Alguns pontos constantes da declaração do escopo do projeto são fundamentais para o planejamento e monitoramento do projeto, facilitando a elaboração de um planejamento mais detalhado, direciona o trabalho da equipe durante a execução, fornece a linha de base, possibilitando avaliar se as solicitações de mudança ou trabalho adicional fazem parte do escopo do projeto (PMBOK, 2009). O nível de eficiência para controlar o escopo pela equipe de projeto poderá ser avaliado em função do grau e nível de detalhes em que a declaração do escopo define o trabalho. Deve fornecer um entendimento comum do escopo do projeto 8 entre os Stakeholders, podendo conter exclusões explícitas do escopo que podem auxiliar no gerenciamento das expectativas dos Stakeholders. A declaração detalhada inclui, seja diretamente ou por referência a outros documentos, o seguinte: Declaração do escopo do produto. Elabora progressivamente as características do produto, serviço ou nos resultados descritos no termo de abertura do projeto e na documentação dos requisitos. Critérios de aceitação do produto. Define o processo e critérios de aceitação de produtos, serviços ou resultados concluídos. Entregas do projeto. As entregas incluem tanto as saídas que compõem o produto ou serviço do projeto, como os resultados auxiliares, tais como relatórios e documentação de gerenciamento do projeto. As entregas podem ser descritas em nível conciso ou em grande detalhe. Exclusões do projeto. Identifica de modo geral o que é excluído do projeto. Declarar explicitamente o que está fora do escopo do projeto ajuda no gerenciamento das expectativas das partes interessadas. Restrições do projeto. Lista e descreve as restrições específicas associadas com o escopo que limitam as opções da equipe, por exemplo, um orçamento pré-definido ou quaisquer datas impostas ou marcos do cronograma comunicados pelo cliente ou organização executora. Quando um projeto é feito sob contrato, as cláusulas contratuais geralmente serão restrições. Informações sobre as restrições podem ser listadas na declaração do escopo do projeto ou em um registro separado. (PMBOK, p. 115). Premissas do projeto. Lista e descreve as premissas do projeto associadas com o escopo e o impacto potencial dessas premissas se forem provadas falsas. As equipes de projetos frequentemente identificam, documentam e validam as premissas como parte do seu processo de planejamento. Informações sobre as premissas podem ser listadas na declaração do escopo do projeto ou em um registro separado. (PMBOK, p. 116). Ricardo Vargas define que Declaração do escopo preliminar do projeto ou Preliminary Project Scope Statement, é a primeira versão da declaração de escopo do projeto, sendo esta revisada e aperfeiçoada durante os processos de gerenciamento do escopo do projeto, salientando a existência de apenas uma declaração de escopo em um projeto. Afirma que entre as declarações preliminar e final o diferencial está apenas no detalhamento mais apurado na declaração final que será utilizada para fins de controle e planejamento. 9 Normalmente a Declaração de Escopo Preliminar do Projeto contém: Título do Projeto; Nome da pessoa que elaborou o documento; Nome do patrocinador; Nome do gerente do projeto e suas responsabilidades e autoridades; Organograma preliminar; Nome dos integrantes do time de projeto; Descrição do projeto; Objetivo do projeto; Justificativa do projeto; Produto do projeto; Expectativa do cliente/patrocinador; Fatores de sucesso do projeto; Restrições; Premissas; Limites do projeto e exclusões específicas (tudo o que não será adotado pelo projeto); Estrutura analítica do projeto (preliminar); Principais atividades e estratégias do projeto; Principais entregas do projeto; Orçamento básico do projeto; Principais entregas do projeto; Orçamento básico do projeto; Plano de entregas e marcos do projeto; Riscos iniciais do projeto; Requisitos de gerenciamento de configuração e mudanças do projeto; Registro de alterações no documento; Aprovações. (VARGAS, p. 59). O resultado, ou saída, primário do processo definir o escopo é a declaração do escopo do projeto. Esse documento na verdade diz "Eis o que faremos neste projeto" ou "Eis os escopos do projeto e do produto aprovados para este projeto”. O desenvolvimento da declaração do escopo do projeto pode demorar muito e envolver a opinião especializada de muitas partes interessadas e até mesmo de especialistas de fora da organização. Ao definir os requisitos e o escopo, deve-se identificar as áreas em que as pessoas solicitaram um escopo que não foi aprovado para entrar no projeto. Também deve ser esclarecida as áreas em que o escopo poderia facilmente ser incompreendido. É perda de tempo e dinheiro do projeto criar um escopo que não seja necessário ou aprovado. Ainda assim, isso é fácil de acontecer. Um truque para evitar esse problema é identificar na declaração do escopo do projeto o que não está no projeto para deixar claro que tais adições não são permitidas (MULCAHY, p. 154). A declaração do escopo do projeto, juntamente com a EAP e o dicionário da EAP, compõe a linha de base do escopo, que faz parte do plano de gerenciamento do projeto. A declaração do escopo do projeto pode incluir: Escopo do produto; Escopo do projeto; Entregas; Critérios de aceitação do produto; O que não faz parte do projeto; Restrições e premissas (MULCAHY, p. 155). POSSI et al, no livro Gerenciamento de Projetos - Guia do Profissional Fundamentos Técnicos, Vol..3, define para a elaboração do cronograma: 10 Da declaração do escopo podem-se destacar como informações relevantes as datas compromissadas com terceiros ou com as metas estratégicas da empresa. As restrições mais comuns quando o projeto envolve a contradição de terceiros são: Deve terminar até a data..... Deve iniciar na data.... Não deve começar antes da data.... As restrições mais comuns quando o projeto é parte de um contrato são: Deve terminar na data.... Deve iniciar na data.... As restrições mais comuns quando o projeto é interno e representa o atingimento de um programa são: Deve terminar até a data.... Deve iniciar a partir da data.... Essas ilustrações mostram que na montagem do cronograma do projeto essas informações devem ser levadas em conta, e muitas vezes “amarram” a flexibilidade do planejamento obrigando a equipe a usar de todos os recursos e técnicas disponíveis para atender a essas restrições. Por diversas vezes elementos de controle do projeto são apontados na declaração de escopo obrigando a equipe de projetos a promover a inclusão de marcos refletindo esses elementos. Marcos que não fazem parte integrante do planejamento interno, mas passam a ser necessários para acompanhamento de requisitos dos Stakeholders (Marcus Possi et al, p.107). XAVIER, no livro Gerenciamento de Projetos - Como definir e controlar o escopo do projeto define a Declaração do escopo como o anteprojeto do escopo de um projeto. Ela fornece a documentação que servirá de base para a tomada de decisões e para a confirmação ou desenvolvimento de um entendimento comum do escopo entre as partes envolvidas (Stakeholders). Diz ainda que com o progresso do projeto, a declaração do escopo pode necessitar de revisão para acomodar as mudanças aprovadas e deve conter, tanto diretamente como por meio de referência a outros documentos, os seguintes itens: Escopo do Cliente (Requisitos); Principais Entregas do Projeto; Limites do Projeto (Escopo não incluído); Critério de Aceite do Projeto; Principais Estratégias para Condução do Projeto; Restrições e Premissas (Hipóteses) (Carlos Magno S. Xavier, p.93 e 94). A declaração do Escopo deve ser assinada pelo gerente do projeto e pelas principais partes interessadas (Stakeholders), considerados, dessa forma, aqueles com envolvimento direto na alocação de recursos (patrocinador e gerentes funcionais) e no recebimento das principais entregas (cliente) (Carlos Magno S. Xavier, p.95). 11 2.2 MONITORAMENTO E CONTROLE DE ESCOPO Segundo Ivo Michalick Vasconcelos et al, no livro Gestão de Projetos BrasilConceitos e Técnica, IETEC (2012), com relação ao Monitoramento e controle do escopo, um ponto importante é definir e utilizar um processo de acompanhamento da geração do escopo, capturado na forma de suas entregas. Uma técnica amplamente utilizada é a do acompanhamento do avanço físico (no sentido da geração das entregas) do projeto ao longo do tempo. O PMBOK, 4ª Edição (2009) define no item 3.6 - Grupo de Processos de Monitoramento e Controle os seguintes processos, dos quais dois são diretamente vinculados às garantias de escopo: 4.4 - Monitorar e controlar o trabalho do projeto 4.5 - Realizar o controle integrado de mudanças 5.5 - Verificar o escopo 5.5 - Controlar o Escopo; 6.6 - Controlar o cronograma 7.3 - Controlar os custos 8.3 - Realizar o controle da qualidade 10.5 - Reportar o desempenho 11.6 - Monitorar e controlar os riscos 12.3 - Administrar as aquisições 2 Monitorar e controlar o trabalho no projeto é o processo de acompanhamento, avaliação e regulação do progresso para atender aos objetivos de desempenho definidos no plano de gerenciamento do projeto. O monitoramento inclui relatórios de status, medições do progresso e previsões. Os relatórios de desempenho fornecem informações sobre o desempenho do projeto com relação a escopo, cronograma, custo, recursos, qualidade e risco, que podem ser usadas como entradas para outros processos. (PMBOK, 4ª Edição, p. 61) Verificar o escopo é o processo de formalização da aceitação das entregas concluídas do projeto. Inclui a revisão das entregas com o cliente ou patrocinador para assegurar que foram concluídas satisfatoriamente e obter deles a aceitação formal das mesmas. A verificação do escopo difere do controle de qualidade, pois está interessada principalmente na aceitação das entregas, enquanto que o segundo se interessa com a precisão das mesmas e o alcance dos requisitos de qualidade especificados para elas. O controle de qualidade é normalmente feito antes da verificação do escopo, mas os dois processos podem ser executados paralelamente. (PMBOK, 2009, p. 123). 5.4 Verificar o escopo: Verificar o escopo é o processo de formalização da aceitação das entregas terminadas do projeto. (PMBOK, 2009, p. 61) 5.5 Controlar o escopo: Controlar o escopo é o processo de monitoramento do andamento do escopo do projeto e do produto e gerenciamento das mudanças feitas na linha de base do escopo. (PMBOK, 2009, p. 62) Controlar o escopo é o processo de monitoramento do andamento do escopo do projeto e do produto e gerenciamento das mudanças feitas na linha de base do escopo. O controle do escopo do projeto assegura que todas as mudanças solicitadas e ações corretivas ou preventivas são processadas através do processo Realizar o controle integrado de mudanças (PMBOK, 2009, p. 93 a 99). O controle do escopo do projeto é usado também para gerenciar as mudanças reais quando essas ocorrerem e é integrado aos outros processos de controle. As mudanças não controladas são frequentemente chamadas de scope creep. A mudança é inevitável, exigindo, portanto, algum tipo de processo de controle de mudanças. (PMBOK, 2009, p. 125). Enquanto o processo de “Controle de Qualidade” (um dos processos de Gerenciamento da Qualidade do Projeto) está preocupado com a “exatidão do resultado do trabalho", a “Verificação do Escopo” está querendo a “aceitação do mesmo”. (XAVIER, 2005). 3 De acordo com o que se extrai do Guia PMBOK 4ª Edição (2009), para verificação do escopo, como entrada, toma-se por referência o Plano de gerenciamento de projeto, Documentação dos requisitos, Matriz de rastreabilidade dos requisitos e Entregas validadas. O Plano de gerenciamento do projeto integra e consolida todos os planos de gerenciamento auxiliares e linhas de base dos processos de planejamento. O referido plano pode ser conciso ou detalhado podendo ser constituído de um ou mais planos auxiliares, planos esses detalhados conforme requerido no projeto. Uma vez estabelecido o plano de gerenciamento do projeto, mudanças só poderão acontecer, depois de agenciada a solicitação de mudança e a aprovação desta através do processo Realizar o controle integrado de mudanças. (PMBOK, 2009) A linha de base do escopo inclui a Declaração do escopo do projeto que inclui a descrição do escopo do produto, as entregas do projeto e define o critério de aceitação do usuário em relação ao produto, EAP: define cada entrega e a decomposição das entregas em pacotes de trabalho e o Dicionário da EAP: que possui uma descrição detalhada do trabalho e documentação técnica para cada elemento da EAP. (PMBOK, 2009) As linhas de base incluem, mas não está limitada a linha de base do cronograma, linha de base do desempenho de custos e do escopo. O mesmo acontece com os planos auxiliares que incluem, mas não estão limitados, ao Plano de Gerenciamento: do escopo, dos requisitos, do cronograma, dos custos, da qualidade, de melhorias no processo, de recursos humanos, das comunicações, dos riscos e aquisições. (PMBOK, 2009) A Documentação dos requisitos delineia como os requisitos individuais atendem às necessidades do negócio para o projeto, podendo começar em alto nível e progressivamente se tornar mais detalhados conforme mais detalhes são conhecidos no desenvolvimento do projeto. Os requisitos devem ser mensuráveis e passíveis de testes, investigáveis, completos, consistentes e aceitáveis para as principais partes interessadas. A documentação de requisitos pode variar de uma simples lista categorizada por partes interessadas e prioridades a formas mais elaboradas contendo um resumo executivo, descrições detalhadas dentre outras. (PMBOK, 2009) 4 A Matriz de rastreabilidade dos requisitos liga os requisitos às suas origens e os rastreia durante todo o ciclo de vida do projeto. A utilização de uma matriz de rastreabilidade ajuda a garantir que cada requisito adiciona valor de negócio através da sua ligação aos objetivos de negócio e aos objetivos do projeto. Fornece um meio de rastreamento do início ao fim do ciclo de vida do projeto, ajudando a garantir que os requisitos aprovados na documentação sejam entregues no final do projeto. Finalmente, fornece uma estrutura de gerenciamento das mudanças do escopo do produto. (PMBOK, 2009) A Matriz de rastreabilidade dos requisitos inclui, mas não está limitado ao delineamento dos: Requisitos das necessidades do negócio, oportunidades, metas e objetivos; objetivos do projeto; entregas do escopo/EAP do projeto; design do produto; desenvolvimento do produto; teste de estratégia e de cenários e requisitos de alto nível para requisitos mais detalhados. A Matriz de rastreabilidade deve registrar os atributos associados a cada requisito, pois os mesmos auxiliam na definição de informações chaves dos respectivos requisitos. (PMBOK, 2009) Para a entrada Entregas validadas o Guia PMBOK – 4ª Edição (2009) informa que as precisões das referidas entregas foram verificadas e validadas no processo 8.3 Realizar o controle da qualidade. (PMBOK, 2009) Segundo Carlos Magno Xavier – Gerenciamento de Projetos (2005), a verificação do escopo é realizada através de inspeções ou auditorias que verificam os resultados do trabalho e vão assegurar que eles foram completados, realizados correta e satisfatoriamente e estão conforme os requisitos definidos. Toda a documentação dos deliverables, como planos, especificações, documentos técnicos e desenhos, também deve estar completa, para que se possa então, obter a aceitação formal por parte dos stakeholders. Na verificação do escopo as saídas associadas são: Entregas aceitas, Solicitações de mudança e Atualizações dos documentos do projeto. Segundo Carlos Magno Xavier – Gerenciamento de Projetos (2005), o que se pretende é obter a aprovação formal do escopo do projeto por parte de seus interessados. A formalidade da aceitação tem dois objetivos principais: Cuidado na aceitação quando da validação dos produtos e serviços que estão sendo entregues pelo projeto e Documentação para deixar registrado quem aceitou o deliverable permitindo a continuidade do projeto, principalmente a execução das atividades dependentes dessa aceitação. 5 Do Guia PMBOK – 4ª Edição (2009), quanto à verificação do escopo, se extrai: .1 Entregas aceitas As entregas que estão de acordo com os critérios de aceitação são formalmente assinadas e aprovadas pelo cliente ou patrocinador. A documentação formal, recebida do cliente ou patrocinador confirmando a aceitação formal das entregas do projeto pelas partes interessadas é encaminhada ao processo Encerrar o projeto ou fase (4.6). .2 Solicitações de mudança As entregas finalizadas que não foram formalmente aceitas são documentadas, juntamente com as razões para a sua rejeição. Essas podem exigir uma solicitação de mudança visando o reparo de defeitos. As solicitações são processadas para revisão e distribuição no processo Realizar o controle integrado de mudanças (ver Seção 4.5). .3 Atualizações dos documentos do projeto Os documentos que podem ser atualizados como resultado do processo Verificar o escopo incluem quaisquer documentos que definam o produto ou relatem o progresso da conclusão do produto. (PMBOK, 2009, p. 125) Para controlar o escopo, como entrada toma-se por referência o Plano de Gerenciamento do projeto, Informações sobre o desempenho do trabalho, Documentação dos requisitos, Matriz de rastreabilidade dos requisitos e Ativos de processos organizacionais. (PMBOK, 2009) O Plano de gerenciamento do projeto empregado para controlar o escopo é formado pela: Linha de base do escopo que deve ser comparada aos resultados reais para determinar se uma mudança, ação corretiva ou preventiva é necessária, Plano de gerenciamento do escopo.com a descrição como este será gerenciado e controlado, Plano de gerenciamento das mudanças com a definição do processo para gerenciar mudanças no projeto, Plano de gerenciamento da configuração com definição dos itens que requerem controle formal de mudança e o processo para controlar as mudanças desses itens e do Plano de gerenciamento dos requisitos que descreve como as atividades de requisitos serão planejadas, acompanhadas e relatadas e como as mudanças dos requisitos do produto, serviço ou resultado serão iniciadas e como os impactos serão analisados e os níveis de autorização necessários para aprovar tais mudanças. (PMBOK, 2009) Para a entrada Informações sobre o desempenho do trabalho monitora-se o status das entregas, informando se iniciadas, o progresso das mesmas e quais foram concluídas. Para Documentação dos requisitos e Matriz de rastreabilidade dos requisitos usa-se a mesma metodologia apresentada para Verificação de escopo. (PMBOK, 2009) 6 Políticas, procedimentos e diretrizes existentes, formais ou informais, relacionadas ao controle do escopo e Métodos de monitoramento e informação a serem utilizados são Ativos de processos organizacionais que podem influenciar no controle do escopo. (PMBOK, 2009) Para controlar o escopo a ferramenta recomendada é Análise de variação onde se avalia a magnitude da variação a partir da linha de base do escopo. Nessa avaliação deve-se determinar da causa e grau de divergência relativa à linha de base do escopo e a decisão se ações corretivas ou preventivas são necessárias. (PMBOK, 2009) As saídas associadas para Controlar o escopo são: Medições de desempenho do trabalho, Atualizações dos ativos de processos organizacionais, Solicitações de mudança, Atualizações do plano de gerenciamento do projeto e Atualizações dos documentos do projeto. (PMBOK, 2009) As Medições do desempenho do trabalho podem incluir desempenho técnico planejado versus real ou outras medições de desempenho do escopo, devendo ser documentada e comunicada às partes interessadas. As Atualizações de ativos de processos organizacionais podem ser atualizadas considerando as causas das variações, a ação corretiva escolhida e suas razões e outros tipos de lições aprendidas a partir do controle do escopo do projeto. A análise do desempenho do escopo pode resultar numa Solicitação de mudança da linha de base ou de outros componentes do plano de gerenciamento do projeto. Solicitações de mudança podem incluir ações preventivas ou corretivas e reparos de defeitos. Atualizações do plano de gerenciamento do projeto resultam na atualização da linha de base do escopo. Se as solicitações de mudança aprovadas afetam o escopo do projeto, então a declaração deste, a EAP e o dicionário da EAP são revisados e publicados novamente para refletir as alterações aprovadas. Outras atualizações da linha de base. Se as solicitações de mudança aprovadas afetam o escopo do projeto, então as linhas de base dos custos e do cronograma correspondentes são revisadas e publicadas novamente para refletir as alterações aprovadas. 7 Documentação dos requisitos e Matriz de rastreabilidade de requisitos são Documentos que devem ser atualizados. (PMBOK, 2009, p. 128) No artigo técnico “A importância da gestão de escopo em projetos” Ilmário Rocha Brito (2008) afirma que durante a execução de um projeto, é inevitável a ocorrência da solicitação de mudança de escopo do projeto. Um fator crítico de sucesso do projeto é a condução do processo de mudança de escopo do projeto. O processo de controle de mudanças no escopo é o processo responsável por, de forma organizada e controlada, receber a solicitação de mudança, avaliar seus impactos no projeto, obter sua aprovação a quem de direito e refletir as mudanças solicitadas e aprovadas na linha de base do projeto. De acordo com KERZNER & SALADIS no livro Gerenciamento de Projetos Orientado por Valor (2009) é reconhecida a necessidade de mudança em face de situações de percurso que assim o exigem: Seguir um plano de projeto até a conclusão nem sempre será garantia de sucesso, se no decorrer do processo mudanças relacionadas ao negócio forem necessárias, mas nunca implementadas. (KERZNER e SALADIS, 2009, p. 60) 8 2.3 GESTÃO DE MUDANÇAS DE PROJETOS Pela evolução das incertezas em um projeto, conforme já mostrado na Figura 2-2 retirada da 4ª Edição do PMBOK (2009), pode ser afirmado que é natural a ocorrência de algumas solicitações de mudanças ao longo do projeto. Tal afirmativa também pode ser embasada no rito processual normal de um projeto, pois à medida que se dá o avanço em um determinado projeto, algumas premissas adotadas podem se mostrar incorretas, ou incompletas para se atingir o fim ao qual o projeto se propõe. Da mesma forma, algumas oportunidades e riscos se apresentam ao longo do período do projeto, tais como: como novas tecnologias, decisões governamentais ou mudanças no cenário econômico, todas podem forçar o projeto a uma mudança de rumo para que o mesmo se mantenha viável economicamente. Naturalmente, mudanças em projetos causam impactos (DUARTE et al, 2009 e VALERIANO, 2002) e estes precisam ser quantificados e estudados de uma forma global, envolvendo todas as áreas de conhecimento da gestão de projetos para que estes impactos sejam mensurados e todos os envolvidos tenham a mais rigorosa condição de avalia-los. É de suma importância que a mensuração dos impactos seja correta, pois, uma vez decidida a adoção das mudanças e a continuidade do projeto, tais impactos não venham demonstrar resultados nebulosos e nefastos que levem o projeto ao fracasso ou que faça com que os desvios de prazo e custo o torne desinteressante para o stakeholder principal (patrocinador) e/ou para os demais stakeholders interessados no sucesso do projeto e que tenham poder alto poder de interferência. Conforme defendido por Barcaui (2012), mudanças somente devem ser empregadas, seja em projetos ou até mesmo na operação de empreendimentos, se as mesmas forem positivas, isto é, se contribuírem ao resultado final esperado do objeto que sofrerá tais modificações. Coutinho & Garcia (2012) ponderaram que projetos são feitos por pessoas. Isso nos leva a incluir mais uma análise em situações de grandes mudanças em projetos. Kerzner (2003) apresenta uma sequência de comportamentos que as pessoas demonstram frente a situações de mudança. Apesar de seu intuito principal ser mudanças em ambientes corporativos, mudanças de processos e a mudanças de estruturas organizacionais, o estudo também pode ser aplicado à realidade de projetos. A Figura 2-3 extraída do trabalho KERZNER (2003) apresenta uma adaptação do comportamento usual conforme apontado no trabalho. 9 Figura 2-3: Resposta humana a situações de mudança Vários são os motivos apontados para tal comportamento, variando desde acomodação, passando por medo do novo, medo de não ser capaz de realizar o trabalho alterado, até o efeito psicológico de se ter todo um esforço abandonado para realinhar a direção do projeto ou da organização. Em uma corporação, normalmente há tempo suficiente para que o processo de mudança seja implementado de forma paulatina a fim de se ter a interação integral à nova realidade. Porém, devido à natureza temporária de um projeto essa resistência natural à mudança pode fazer com que o projeto não atinja suas principais metas e, assim, perca sua razão de ser. Portanto, é imprescindível que toda mudança seja medida, acompanhada e controlada de forma adequada para que o projeto proceda às entregas definidas e obtenha o sucesso almejado. Analisando-se as diferenças entre uma mudança gerenciada e uma mudança não gerenciada, é evidente que a primeira opção é a mais indicada para se ter um projeto controlado e para se manter um nível baixo de riscos no mesmo. Com o gerenciamento, as pessoas já possuem ciência das possibilidades de mudança antes mesmo da necessidade das mesmas. Isso ajuda a se manter um clima de trabalho no projeto que facilite a condução de mudanças, sem que a equipe técnica do projeto ofereça grandes resistências às mudanças. 10 KERZNER, 2003, apresenta um quadro no qual contrabalanceia uma mudança gerenciada e uma mudança não gerenciada. A Tabela 2-1 apresenta uma adaptação de tal quadro para facilitar o entendimento da discussão do tema. Quando o tempo é investido? Mudança Gerenciada Antes da mudança ocorrer Mudança não Gerenciada Após a ocorrência da mudança Como o esforço é investido? Educação; Comunicação; Orientação; Planejamento; Melhorias; Valor Agregado; Retrabalho; Supervisão; Cobrança; Trabalho extra; Força-tarefa; Quais são os recursos humanos necessários? Stakeholders internos; Fornecedores; Clientes; Gerente Sênior; Funcionários-chave; Tabela 2-1: Diferença de esforço e recursos necessários entre mudanças gerenciadas e mudanças não gerenciadas No gerenciamento de mudanças, é primordial que toda decisão tomada seja registrada, acordada entre as partes interessadas e comunicada aos envolvidos para que sejam aderidas ao projeto. É fortemente recomendado que toda mudança significativa leve à geração de um aditivo contratual, ou algum outro documento com força legal, para justificar a reflexão das novas situações às linhas de base de escopo, custo e prazo do projeto. Conforme defendido pelas boas práticas traçadas no PMBOK (2009), as mudanças devem ser incorporadas ao planejamento do projeto e controladas quanto a todas as áreas de conhecimento. É definido que fica a cargo do responsável pelo projeto (GP) definir como o controle se dará, podendo optar por realiza-la através da análise única de projeto + alteração ou através da análise das duas entidades separadas, mas com gestão integrada. Em um determinado projeto, podem ser traçadas duas funções sempre presentes: contratado e contratante, independentemente se há mais de uma instituição envolvida ou se as relações se dão internamente a uma instituição. A relação entre essas duas entidades deve ser sempre construída de forma a facilitar o sucesso do projeto que é conduzido, o que não tira o mérito de discussões a cargo de responsabilidades em mudanças ou decisões errôneas em projetos. Dessa forma, podem ser afirmadas que mudanças de projeto causadas por erros da contratada devem ter o ônus assumido pela mesma, mas que esta tem o direito de questionar e exigir compensação caso as mudanças sejam oriundas de erros ou decisões da 11 contratante. Para que se tenha uma relação saudável entre contratante e contratada, é fundamental que alguns cuidados sejam tomados. Uma matriz de responsabilidades designando os envolvidos autorizados a aprovar as mudanças em ambas às partes, bem como o nível em que poderão atuar, é fundamental para que se tenha um controle adequado e mais seguro de todas as alterações no projeto. Da mesma forma, é vital que toda evidência que seja gerada, seja registrada e armazenada ao longo do projeto, a fim de garantir provas documentais e disponibilizar argumentos fundamentados para a defesa das partes em discussões sobre as responsabilidades que deverão assumir. Porém, vale ressaltar que todo este cuidado deve ser conduzido de forma honesta e transparente. Tendo em vista a relação contratante-contratada, pode ser afirmado que toda mudança em projetos não causada por erros da contratada deve ser iniciada através de uma solicitação de mudança (change order), contra a qual será apresentada uma reivindicação ou pleito (claim). WIDEMAN,1990, define uma reivindicação e/ou pleito como uma oportunidade de se recuperar os custos de um trabalho dado como perdido ou ainda como uma oportunidade de ressarcimento frente a uma situação onde o pacto contratual assumido ao início do projeto não expressa o ocorrido. Coutinho & Garcia (2012) abordam de forma complementar que uma reivindicação e/ou pleito é um pedido legítimo de compensação adicional de custo e/ou prazo da contratada frente à contratante. WIDEMAN,1990, expressou que uma reivindicação e/ou pleito é válida quando se vê frente a uma ou mais de quatro situações primordiais a seguir: Quando situações previamente acordadas são alteradas, tais como requisitos do projeto, requisitos do produto-fim, escala do projeto, etc.; Quando ocorrem trabalhos extras, seja por serviços acima do preço e prazo combinados ou pela execução de serviços necessários que não eram abrangidos pelo escopo inicial; Quando se tem atrasos causados pela contratante; Quando se tem divergências entre a requisição de tempo extra para o contrato, em função de mudanças nas condições iniciais ou pelos atrasos causados pela contratante. Frente a tais colocações, os envolvidos na gestão de um projeto se veem necessitados de ferramentas e processos para controle de tais situações. Para tal controle, COUTINHO & GARCIA, 2012, propuseram algumas regras a fim de nortear a atuação de um gestor de projetos no que tange à gestão das evidências geradas 12 ao longo da execução de um projeto. As regras propostas estão descritas abaixo, de forma fiel à encontrada no artigo: 1. Determinar quais registros devem ser mantidos, e como; 2. Estabelecer log dos registros, para que eles possam ser encontrados, referidos e/ou acompanhados, sempre que necessário; 3. Estabelecer padrão de referência, listas e codificação de todos os seus contratos. Isso facilita enormemente a gestão, analisando e comparando contratos; 4. Uma vez que os registros tenham sido identificados, garanta que eles são, de fato, criados, mantidos e utilizados para gerir o trabalho; 5. Rever o sistema de registro de tempos em tempos, porque registros têm o “hábito” de crescimento em formas inesperadas, “aparecendo” em partes em locais inconvenientes; 6. Além disso, alguns registros podem se tornar obsoletos ou redundantes, e devem ser analisados, consolidados e descartados; 7. Observar que registros também ocupam espaço e equipamentos. Determinar a vida útil dos diversos componentes, e ter uma abordagem sistemática para a eliminação do registro; 8. Tomar medidas para assegurar a precisão, confiabilidade e, por conseguinte credibilidade dos registros, os quais sem a devida credibilidade podem ser bastante inúteis. Enfim, importante salientar que os registros são em última análise a garantia de recomposição e comprovação dos direitos contratuais surgidos em função de imprevisibilidades ou das inadimplências contratuais e têm um papel de extrema importância, uma vez que as pessoas envolvidas nas relações contratuais podem ser substituídas ao longo do tempo, restando assim os dados coletados durante a execução do contrato. As reivindicações devem ser realizadas sempre que houver mérito por parte da contratada, valendo-se da negociação franca e transparente dos pontos levantados. Dessa forma, é importante levantar que as mesmas devem ser apresentadas de forma anterior à execução das alterações sempre que possível for, a fim de impedir que a contratante seja lesada por custos previamente desconhecidos e por decisões que não levaram em conta os impactos inerentes a uma mudança. Tal raciocínio parte do gráfico apresentado na Figura 2-2. Neste gráfico é possível notar que o 13 custo de mudanças aumenta de forma considerável ao longo do projeto à medida que as incertezas decaem. Isso significa que uma mudança precipitada pode causar um prejuízo significativo caso a alteração não se mostre eficiente, o que pode levar o projeto à inviabilidade financeira e, consequentemente, ao insucesso. Caso o projeto possua um prazo final que não permita o estudo dos impactos de forma anterior à formalização e implantação das mudanças propostas, é indicado que tal estudo seja realizado de forma paralela para que se tenha informações acerca da situação o mais cedo possível, além de ser vital o envolvimento do patrocinador do projeto para que este esteja ciente do risco existente de se realizar uma alteração antes de se conhecer os impactos plausíveis. Vale ressaltar a importância de se ter um processo bem definido para a gestão de mudanças e para a gestão de evidências dentro do projeto, para que todos os stakeholders atinjam seus interesses principais com o sucesso do projeto e que nenhum dos mesmos se sinta prejudicado ou lesado durante a condução do projeto. 14 2.4 GERENCIAMENTO DE ESCOPO – VARIANTES EM FUNÇÃO DO TIPO DE CONTRATO Fatores como as modalidades de contrato podem influenciar na gestão do escopo e afetar a relação entre as partes no que tange as mudanças e pleitos futuros. Modalidade de contratos: Segundo Relatório Técnico nº 99 642-205 www.revistatechne.com.br_Engenharia-civil, - podemos 14 publicado identificar no site atualmente algumas modalidade de contratos praticadas no mercado e suas variantes, a saber: Contrato do tipo Preço Unitário (PU), em que o detalhamento do projeto básico, ou seja, o projeto executivo é elaborado por uma projetista contratada diretamente pelo proprietário do empreendimento e a partir desse segue-se a construção, totalmente guiada pelo projeto. A construtora vencedora da licitação é remunerada pelos serviços executados, de acordo com os preços unitários estabelecidos em sua proposta apresentada na licitação. Internacionalmente é conhecido como Design-Bid-Build (DBB) também conhecida como Engineering - Procurement - Construcion (EPC) (GOMES, 2006). No contrato do tipo Preço Global (PG), o projeto executivo constituise em encargo da entidade executora e é elaborado por uma projetista, que é parte dessa entidade ou subcontratada por ela. A execução da obra é realizada por um preço global fixo, estabelecido na proposta da entidade executora apresentada na licitação, e a remuneração é efetuada de acordo com os termos estipulados no contrato. Internacionalmente é conhecido como Design-Build (DB), ou simplesmente contrato turnkey. Há variantes dessas duas modalidades de contratação. Um terceiro tipo, por exemplo, conhecido como Design-Build-Operate (DBO), é também ocasionalmente utilizado, principalmente em projetos que envolvem concessão de operação, mas nesse tipo de contrato, a parte referente à construção não difere dos contratos por preço global (PG ou DB). A modalidade de contratação DBO assemelha-se a modalidade os contratos tipo Parceria Público Privado - PPP, do setor público com o setor privado. Na modalidade de contratação do tipo preço unitário o proprietário do empreendimento (ou cliente), a empresa de projetista e o construtor estabelecem uma relação de três partes independentes, onde cada parte deve se relacionar com as outras duas conforme figura abaixo: 15 Na forma de contratação do tipo Preço Global (PG ou DB) o proprietário se relaciona apenas com uma parte, que é a entidade executora, formada pela construtora e suas subcontratadas, e pela projetista conforme figura abaixo: Nessa modalidade, o projeto básico elaborado para a licitação e a contratação é mais simplificado, sendo fornecidas apenas as diretrizes principais do empreendimento e as especificações técnicas e de desempenho relevantes, deixando para a entidade executora a escolha de métodos, serviços e materiais, desde que o produto final atenda às especificações técnicas e de desempenho contratadas. A principal vantagem dos contratos do tipo Preço Global (PG ou DB) é que o proprietário tem que se relacionar apenas com a entidade executora, o que simplifica o processo de comunicação entre as partes e a administração dos contratos gerenciados pelo proprietário. Adicionalmente, o processo de licitação 16 pode ocorrer mais cedo na escala do tempo de desenvolvimento do empreendimento, pois uma parte substancial da complementação e detalhamento do projeto será executada pela entidade executora, após a adjudicação do contrato. Esses fatores normalmente reduzem prazos e custos, na fase de prélicitação do empreendimento. Ademais, nessa modalidade é minimizada a ocorrência de longos e custosos litígios e evitam-se negociações sobre mudanças nas condições. Outras vantagens decorrem da interação mais cedo da construtora com a empresa projetista, tais como: apresentação de contribuições ao projeto, identificação e discussão de aspectos de construção etc. A figura a seguir mostra a relação entre os tipos de contrato, os graus de risco correspondentes ao proprietário e à construtora e os custos finais relativos do empreendimento (CIRIA, 1978). Portanto, pela cima exposto, verifica-se que a modalidade de contratação influencia no processo de comunicação, qualidade das informações disponíveis para relacionamento em os principais stakeholders e riscos de custos do projeto. 17 2.5 REEQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO FERREIRA & GUÉRIOS, 2011, através do artigo "Função social" e equilíbrio econômico-financeiro dos contratos, privados e administrativos, expressam a situação realista que se convive no meio do direito em face das necessidades de repactuação dos contratos decorrentes de interferências prioritariamente externas que desequilibram a equação financeira primeira que forjou as condições comerciais iniciais. Tais ocorrências vêm a baila e necessitam serem instruídas de modo completo e consistente, demonstrando o desequilíbrio incorrido, as causas e as consequências que, via de regra, se não repactuadas, inviabilizam a continuidade do objeto contratado. Muito já se investigou, no Brasil, acerca do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de “direito privado” e de “direito público”. Contudo, são praticamente inexistentes as reflexões acerca da “justiça contratual” como conditio sine qua non de validade comum, trazendo a lume – e em cotejo – os contratos privados e os ditos administrativos. Melhor dizendo, ou bem se estuda o Código Civil (Lei nº 10.520/2002) ou a Lei Geral de Licitações (Lei nº 8.666/93), tão-só. (FERREIRA & GUÉRIOS, 2011) 18 3 SOLUÇÕES PROPOSTAS TEMA DECLARAÇÃO DE ESCOPO MONITORAMENTO E CONTROLE DE ESCOPO GESTÃO DE MUDANÇAS DE PROJETOS GERENCIAMENTO DE ESCOPO – VARIANTES EM FUNÇÃO DO TIPO DE CONTRATO REEQUILÍBRIO ECONÔMICOFINANCEIRO ALUNO 19 3.1 DECLARAÇÃO DE ESCOPO A Declaração do Escopo do Projeto detém grande importância no desenvolvimento e controle do projeto, pois se na elaboração da mesma não forem bem avaliadas e consideradas as premissas, restrições, exclusões, dentre outras, poderão ser criadas situações de riscos podendo culminar em prejuízos financeiros e até mesmo na inviabilidade do projeto. Partindo da premissa que a Declaração do Escopo do projeto descreve, em detalhes, as entregas do projeto e todo desdobramento necessário para criar essas entregas, bem como fornece um entendimento comum do escopo do projeto a todos os stakeholders apresentando detalhamento dos principais objetivos do projeto. Considerando que o desenvolvimento de uma declaração do escopo detalhada do projeto, como sendo a base para futuras decisões do projeto, o presente trabalho focará nos pontos fundamentais que influenciam na Declaração de Escopo. Analisar e entender o escopo inclui os requisitos do projeto e produto, critérios, premissas, restrições, exclusões e outras influências relacionadas ao projeto e como cada um será gerenciado ou discutido dentro do projeto. O escopo de um projeto especifica seu produto principal e as entregas (deliveries) ao longo do projeto. O escopo do projeto é descrito como “A soma dos produtos (receptivos = deliverables) e serviços a serem fornecidos como um projeto” (PMI). Isso implica uma decisão clara sobre resultados essenciais, ou seja, a medida na qual o projeto atenderá “necessidades e desejos” e que receptíveis ou produtos desejáveis, mas não essenciais, poderão ser incluídos ou omitidos, resultando em objetivos principais claros, critérios de sucesso, custos da qualidade e duração. (KEELLING, 2005, p. 190). 20 3.2 MONITORAMENTO E CONTROLE DE ESCOPO Saber conduzir as atividades no plano do projeto e montar um sistema de controle que seja compatível com a dimensão e as urgências do projeto é fundamental. Apoiado nesta afirmativa o presente trabalho objetiva nortear profissionais de projeto sobre a importância de definir papéis e responsabilidades distintas no ambiente de projeto, devendo ser assumidos para que ambas as funções – execução e controle possam ser concluídos satisfatoriamente. Também sugerir templates para efetivar o monitoramento e controle do escopo com ênfase em gestão de mudanças, quando ocorrer. É importante afirmar que o gerenciamento do escopo é a base para a construção dos demais processos de gerenciamento de projeto, e que deverá ficar latente para todos os players o limite do projeto, as premissas do projeto, quais os pacotes de trabalhos, quais são as entregas, dentre outras informações. Se não tivermos realizado um bom trabalho para definir o escopo, o seu gerenciamento, traduzido pelo monitoramento e controle será quase impossível o que contribuirá para o insucesso do projeto. 21 3.3 GESTÃO DE MUDANÇAS DE PROJETOS Tendo em vista as dificuldades observadas no mercado brasileiro frente ao gerenciamento de mudanças em projetos e, consequentemente, às reivindicações pertinentes, o presente trabalho se propõe à formatação de um processo base para condução do gerenciamento de pleitos e das mudanças passíveis de ocorrência em projetos. Tal modelo vem oferecer a gestores de projeto mais uma opção para um maior controle e um melhor acompanhamento da evolução de seus projetos frente aos interesses dos stakeholders, à realidade que orbita os projetos e às linhas de base de escopo, de prazo e de custo, todas utilizadas como referência na condução dos mesmos. Tal processo base englobará o gerenciamento de mudanças desde as fases de início de um projeto até seu encerramento, tendo em vista os cuidados necessários e os fluxos pertinentes à aprovação, ao planejamento e à consolidação e adição das mudanças às linhas de base do projeto alterado. 22 3.4 GERENCIAMENTO DE ESCOPO – VARIANTES EM FUNÇÃO DO TIPO DE CONTRATO Fatores relativos a modalidade de contrato podem influenciar na gestão do escopo, a relação entre as partes, as adequações e mudanças e consequentemente os pleitos futuros. Com a diversificação das modalidades de contratação atualmente no mercado; na busca de redução de prazos e custos dos projetos; que alteram as condições de responsabilidades das partes e o fluxo de informações necessárias para o identificação e desenvolvimento do escopo, premissas, exclusões e restrições dos projetos, este trabalho propõe o entendimento dos impactos destas diferentes modalidades de contratação em relação aos pleitos durante o ciclo de vida do projeto. 23 3.5 REEQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO 24 4 PLANO DE PROJETO DE IMPLANTAÇÃO (Cada aluno deve escolher uma das soluções e propor um plano de implantação conforme plano de projeto aprendido no módulo de aperfeiçoamento, contendo: escopo, prazo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicação, riscos e aquisições). 25 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES (Síntese dos objetivos do trabalho e de como foi feito. Conclusões na forma da resposta (s) a questão chave formulada. Recomendações para a prática e/ou teoria. Desenvolvimento individual). 26 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Project Management Institute. Um guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK) - 4ª Edição. Pennsylvania: PMI, 2009. SANTOS, Diogo Nei – 10 Dicas para Definir o Escopo do Projeto. papogp.com/2009/05/26/10-dicas-para-definir-o-escopo-do-projeto/, 2009. KERZNER, H. - Gerenciamento de Projetos - Uma Abordagem Sistêmica para Planejamento, Programação e Controle - 10ª Edição. São Paulo: Blucher, 2011 MERIGUETTI, Cézar e DINSMORE, P - Mitigando Fracassos em Projetos através da Comunicação (abordagem PMI). www.slideshare.net/DAssociates/mitigandofracassos-em-projetos-atravs-da-comunicao-abordagem-pmi-12974264, 2012. VASCONCELOS, Ivo M. M., BOYADJIAN, João C. e outros - Gestão de Projetos Brasil - Conceitos e Técnicas. Belo Horizonte: IETEC, 2012. XAVIER, Carlos Magno - Gerenciamento de Projetos - Como definir e controlar o escopo do projeto. São Paulo: Editora Saraiva, 2005. 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