Estudo transversal ou survey ou inquérito ou cross sectional Definição: Estudo observacional de um grupo de indivíduos em um único momento; Permite conhecer a distribuição de características de uma população em uma determinada época (descritivo); Permite investigar associações entre fatores de exposição e desfechos (analítico) No geral, o grupo é escolhido aleatoriamente a partir de uma característica comum – geográfica, demográfica ou ocupacional - a quem quero inferir meus resultados. Tabela de Contingência Análise A análise dos dados considera que a coleta foi feita em um único momento. Pode-se estabelecer associações mas não pode-se dizer que são causais. Medida de freqüência do evento - prevalência Medidas de Associação: Razão de Prevalências; Razão de Chance de Prevalências 1 Para cada não fumante com DC há dois fumantes com a doença A prevalência de DC em fumantes é o dobro da prevalência em não fumantes. RP>1 – exposição é fator de risco RP<1 – exposição é fator de proteção RP=1 exposição não influência a prevalência do desfecho Ameaças à validade interna 1. VIESES Ocorrem por erros sistemáticos do estudo, distorcendo a relação entre exposição e desfecho (o viés não existe na base populacional, depende da condução do estudo) Vieses de seleção – erro na forma de selecionar os participantes Vieses de informaçao – erro na forma de medir/coletar as variáveis (aferiçao) Influência da Temporalidade • Exposição desfecho • Doenças crônicas – qual 1º? • Mudança de hábitos pós-diagnóstico Viés de sobrevida seletiva • > sobrevida – super-representada • < sobrevida – sub-representada 2. CONFUNDIMENTO Ocorre quando os resultados de uma associação entre exposição e desfecho podem ser imputados, total ou parcialmente, a um terceiro fator não levado em consideração; este terceiro fator é o fator de confundimento. A variável de confundimento está sempre associada à exposição e ao desfecho, podendo mascarar um efeito existente ou ser responsável por um efeito inexistente. O confundimento é um fenômeno que ocorre na base populacional e pode ser previsto e controlado. É um outro fator que, independente da exposição, é risco ou proteção para o desfecho 2 Controle da validade interna Vieses: Não há como resolver na análise. A condução do desenho do estudo deve ser cuidadosa para evitálos. Pode-se avaliar a direção e a magnitude do viés e as possíveis influências no resultado. Confundimento: Pode-se controlar a análise (tentando ajustar o resultado) Análise estratificada Análise multivariada Regressão linear Regressão logística Inferência estatística e precisão do estudo p-valor Qual probabilidade de um resultado, a partir de uma amostra aleatória, acontecer ao acaso? Para haver significância estatística: O p-valor deve ser inferior a 0,05 (5%) ou outro valor pré-fixado pelo investigador Intervalo de confiança Qual a faixa de valores do resultado, numa probabilidade de 95%? Para haver significância estatística: o IC de uma razão não pode incluir o 1 Vantagens: • Facilidade de execução com baixo custo relativo • Simplicidade analítica • Capacidade de geração de hipóteses • Alto potencial descritivo (planejamento em saúde) Desvantagens: • • Vulnerabilidade a vieses Baixo poder analítico (em geral, inadequado para testar hipóteses causais) 3 Estudo de coorte Observa-se um determinado grupo de pessoas através do tempo e Comparam-se as expostas a um determinado fator de risco/proteção e as não expostas objetivando estabelecer possíveis associações entre a exposição e o desfecho nos dois grupos Finalidades Avaliação de etiologia; Avaliação da história natural da doença; Estudo de impacto de fatores prognósticos – marcadores; Estudo de intervenções diagnósticas; Estudo de intervenções terapêuticas/preventivas Desenhos – Subtipos Concorrente (follow-up) Concorrente (follow-up): A observação e o estudo têm início ao mesmo tempo - fixa - dinâmica 4 Não-concorrente (coorte histórica) Não-concorrente (coorte histórica): A observação começa com a exposição mas o estudo só têm início quando o desfecho já ocorreu - fixa Análise Obs: é baseada na mesma tabela de contingência exemplificada a cima Medida de freqüência do evento - incidência Medidas de Associação: Risco Relativo In (incidência na população total)= a+c/a+b+c+d Risco Relativo = incidência de casos em expostos sobre incidência de casos em não expostos = (a/a+b)/(c/c+d) Quantas vezes a incidência da doença é maior em expostos em relação a não expostos Quantas vezes maior é a probabilidade de um exposto adoecer, em relação ao não exposto RR=2. Para cada não exposto doente há dois expostos doentes – FATOR DE RISCO RR= 0,5. Para cada não exposto doente há 0,5 exposto doente – FATOR DE PROTEÇÃO RR=1. Para cada não exposto doente há um exposto doente – exposição não é fator de risco nem de proteção Inferência estatística e precisão do estudo São iguais ao estudo transversal, p<0,05 e IC 95% que não contenha o 1. Medidas de efeito Lembrando que... Ie (incidência em expostos)= a/a+b Iē (incidência em não expostos)=c/c+d 1. Risco Atribuível (RA) - Quantos casos a mais da doença decorreram do fator? RA = Ie-Iē 5 É o número de casos entre expostos atribuídos exclusivamente à exposição. Só pode ser utilizada em estudos de coorte ou estudo experimentais, onde se pode estimar de forma mais precisa a incidência da doença 2. Risco Atribuível Percentual (RAP) - Proporcionalmente, em quanto foi aumentada a incidência da doença? RAP= (Ie-Iē / Ie )*100 É o percentual de casos expostos atribuídos exclusivamente à exposição Ameaças à validade interna Vieses: O viés é um erro sistemático oriundo da estratégia adotada no desenho ou na condução do estudo. Podem ser: • de seleção Quando indivíduos têm diferentes probabilidades de serem incluídos/perdidos na amostra do estudo, no que se refere à exposição, em referência à população de estudo. A verdadeira associação exposição/desfecho pode ser distorcida. • de informação ou classificação ou aferição Erro sistemático de mensuração de um evento (exposição ou desfecho), quando os resultados podem ser imputados à maneira como as variáveis são conceituadas ou medidas. Confundimento: ocorre quando os resultados de uma associação entre dois fatores podem ser imputados, total ou parcialmente, a um terceiro fator não levado em consideração; este terceiro fator, que está presente na base populacional, é a variável de confundimento. A variável de confundimento é um fator de risco (ou proteção) para o desfecho, independente da exposição. Está sempre associada à exposição e ao desfecho, podendo mascarar um efeito existente ou ser responsável por um efeito inexistente. A existência de fatores de confundimento torna os grupos não-comparáveis. Controle da validade interna Vieses: Não há como resolver na análise. A condução do desenho do estudo deve ser cuidadosa para evitálos. Pode-se avaliar a direção e a magnitude do viés e as possíveis influências no resultado. Confundimento: Pode-se controlar No desenho (tentando evitar) – restrição e pareamento Na análise (tentando ajustar o resultado) • estratificação • análise multivariada Vantagens Estabelece relação temporal entre exposição e doença Produz medidas diretas de risco Permite exame de exposições raras Permite exame de vários desfechos Bom poder analítico Desvantagens • • • • Necessidade de acompanhamento completo – tempo e custo Vulnerável a perdas Necessidade de indivíduos e/ou dados disponíveis Não é eficiente para estudo de desfechos raros 6 Caso Controle Parte do conjunto de casos já diagnosticados da doença em estudo; Ao mesmo tempo seleciona outro grupo: controle – não afetado pelo agravo em estudo; Compara-se os dois grupos em relação aos fatores de exposição para se obter informações acerca da relação causa efeito. Tipos de Casos Incidentes mais demorado maior custo Prevalentes difícil determinar se a característica em estudo está relacionada ao prognóstico ou à sua causa influência da duração da doença (estão vivos e ainda doentes)- mistura de fatores etiológicos e prognósticos modificação de hábitos por causa da doença Fonte de casos Base hospitalar registros médicos: hospitais, consultórios, seguradoras… registros de doenças Inquéritos de base populacional mais caros evita-se vieses de seleção devido a caracteristicas de serviços Definição dos Controles Os controles devem ser vistos como uma amostra da população que produziu os casos uma vez que são selecionados para estimar a frequência da exposição nessa população Hospitalar Vantagens Facilidade de identificação Maior disponibilidade 7 Sujeitos aos mesmos fatores de seleção que fizeram com que os casos procurassem determinados serviços de saúde – evita viés de seleção Mais cooperativos – diminui viés de não participação Cuidados Atenção – um hospital pode ser referência para uma doença e não para outra – populações diferentes ! Cuidado ao selecionar as doenças dos controles hospitalares – exposição nos controles (os controles têm maior probabilidade de serem expostos a múltiplos fatores de risco que a população em geral). Escolher mais de uma doença para a seleção dos controles População em geral • Pode-se obter um controle aleatoriamente na população, mas isso dificulta e encarece o estudo; Vizinhos • Escolher um vizinho é uma alternativa mais fácil, porém anula algumas associações, como com fatores associados ao local de moradia, saneamento, por exemplo. Parentes e companheiros Associação Se a proporção de expostos ao fator for: – maior entre os casos – é possível que se trate de um fator de risco – maior entre os controles - é possível que se trate de um fator de proteção Análise Odds Ratio = (a/c)/(b/d) Quando a doença é rara, a razão de chance de doença (OR) e o risco relativo (RR) são semelhantes Odds Ratio Quantas vezes maior é a chance de um doente ser exposto, em relação ao não doente OR = 2 - a chance de um doente ser exposto é duas vezes a chance de um não doente ser exposto OR = 0,5 - a chance de um doente ser exposto é a metade da chance de um não doente ser exposto OR = 1 - a chance de um doente ser exposto é a mesma chance de um não doente ser exposto Inferência estatística e precisão do estudo São iguais ao estudo transversal, p<0,05 e IC 95% que não contenha o 1. Ameaças à validade interna Vieses Viés de Seleção Quando o grupo de controles não é composto por uma amostra representativa da população que deu origem aos casos. Os casos têm maior probabilidade de serem expostos do que a população de estudo, pela seleção? Os controles têm maior probabilidade de serem expostos do que a população de estudo, pela seleção? 8 Viés de informação Erro sistemático de aferição de um evento, quando os resultados podem ser imputados à maneira como as variáveis são conceituadas ou medidas. Viés de informação não diferencial Definição inadequada das variáveis: seja quanto ao que deve ser considerado “caso” de doença ou de “exposição” ao fator de risco, seja quanto à conceituação precisa das demais variáveis. Ex: má definição de consumo de cafeína Baixa validade dos instrumentos de coleta de dados (instrumento não apropriado para a mensuração). Ex: Má calibração da balança. Maior ênfase na procura dos dados em um dos grupos ou em determinados segmentos da população. Ex: BPN maior cuidado na aplicação do questionário. Viés de memória: quem tem um evento traumático tem maior tendência a se lembrar dos acontecimentos. Ex: filho nasce com baixo peso e mãe lembra mais o consumo de café. Confundimento Ocorre quando os resultados de uma associação entre dois fatores podem ser imputados, total ou parcialmente, a um terceiro fator não levado em consideração; este terceiro fator é a variável de confundimento. a variável de confundimento é um fator de risco (ou proteção) para o desfecho, independente da exposição. a variável de confundimento está sempre associada à exposição e ao desfecho, podendo mascarar um efeito existente ou ser responsável por um efeito inexistente. Ex: Baixo Peso e cafeína – Confundimento: fumo; pré-natal; renda. Controle de confundimento Delineamento PAREAMENTO • Parear significa alocar controles (sujeitos) semelhantes aos casos para comparação; RESTRIÇÃO 9 • Seleção de casos e controles considerando o atributo de interesse. Ex: sexo feminino, faixa etária especifica Análise • Através da estratificação • Através da regressão logística Vantagens • • • úteis quando se está diante de uma doença de baixa incidência e longo período de latência; permitem a avaliação de diferentes fatores que possam estar atuando separada ou conjuntamente na etiologia da doença; Requerem, comparativamente, um número menor de indivíduos. Mais barato e mais rápido que coorte. Desvantagens As informações se referem a eventos passados. Validação da informação é difícil ou impossível; As taxas da doença em expostos e não expostos não podem ser determinadas: não podem estimar taxas de incidência diretamente; Não é adequado para avaliação de efeito terapêutico ou profilático de medicamentos – casos tenderão sempre a utilizar mais medicamentos; Apenas um desfecho por estudo. 10 Estudos de Intervenção São estudos em que o investigador determina o fator a que os indivíduos serão expostos: O investigador realiza uma intervenção Exposição = intervenção •um fator de proteção (vacina, ação educativa...) •um tratamento (medicamento, cirurgia...) Fármaco ou vacina em estudo Intervenção População de estudo Amostra (critérios de elegibilidade) Alocação randomizada t0 Fármaco padrão ou Placebo Desfecho (+) Desfecho (-) t’ Desfecho (+) Controle Desfecho (-) ENSAIOS CLÍNICOS RANDOMIZADOS (Randomized Controled Trials - RCT): São estudos experimentais – o investigador introduz e controla/modula a exposição São estudos prospectivos (sempre) Parte-se de um único grupo de pessoas (definidas por critérios de elegibilidade) que são “alocadas” de forma aleatória a dois grupos diferentes: Experimental – recebe a intervenção em teste Controle – não recebe a intervenção (pode receber: nada, placebo ou tratamento padrão) POPULAÇÃO: •Critérios de elegibilidade •Podem ser mais estritos – garantem maior adesão, menos perdas (ensaios exploratórios - eficácia) •Podem ser mais abertos – garantem maior generalização (ensaios pragmáticos - efetividade) RANDOMIZAÇÃO: É a alocação aleatória dos indivíduos aos grupos de comparação, geralmente realizada através de uma tabela de números aleatórios. Garante a comparabilidade dos grupos – todos os indivíduos têm a mesma probabilidade de estar no grupo exposto ao fator profilático ou terapêutico em teste ou ao grupo controle. Garante a seleção não enviesada dos participantes – não há auto-seleção nem interferência do investigador Sucesso depende de: 1. Geração adequada de um seqüência imprevisível (porém reprodutível) •Ocultamento (concealment) – desconhecimento da seqüência de randomização até o momento da alocação - É importante para evitar manipulações da alocação que podem comprometer a comparabilidade dos grupos. •Num ensaio clínico bem conduzido, a decisão de incluir ou não um paciente no estudo deve anteceder a sua randomização. Os participantes e a equipe de campo não sabem, com antecedência, a que tratamento a próxima pessoa será alocada. 2. Tamanho da amostra 11 Caso o tamanho da amostra seja insuficiente, os grupos podem não ficar comparáveis, sendo necessário controlar fatores de confundimento TIPOS DE INTERVENÇÃO: •Fármacos •Vacinas •Procedimentos cirúrgicos •Estilo de vida – dieta, atividade física •Via de administração e dose •Grupos de comparação – mais de um procedimento sendo avaliado •Escolha da comparação – fármaco ou procedimento padrão, placebo •Ensaio aberto ou cegado MASCARAMENTO - Ensaios abertos (open trial) vs. ensaios cegos ou mascarados (blind or masked): A intervenção e a verificação dos resultados podem ser dissimuladas, com o uso de placebos e técnicas de mascaramento, para não influenciar o indivíduo, os profissionais examinadores, o avaliador. Procedimento simples (só o paciente) Procedimento duplo cego (paciente e equipe de campo) Procedimento triplo cego (paciente, equipe de campo e responsável pela análise dos dados) PLACEBO: •Técnica especial de mascaramento (cegamento) •Os pacientes do grupo controle recebem um tratamento similar em formato, gosto, doses, via de administração porém sem função farmacológica ou terapêutica. •Os pacientes ficam “cegados” em relação à exposição (não sabem se é a intervenção em teste ou uma intervenção inócua biologicamente) •O placebo permite melhor definição do efeito da intervenção teste, mas nem sempre pode ser usado. •Retira a subjetividade do paciente (por também estar sendo “tratado” – efeito placebo) e do investigador DESFECHO EM ENSAIOS CLÍNICOS: •Evento clínico – caso de doença, óbito, recaída, internação, capacidade funcional •Evento biológico – tamanho do tumor, número de lesões •Evento laboratorial – contagem de células, parâmetros bioquímicos AMEAÇAS À VALIDADE INTERNA: Confundimento É um outro fator que, independente da exposição, é risco ou proteção para o desfecho Viés de seleção erro na seleção dos participantes do estudo é minimizado pela escolha aleatória dos participantes, mas pode ocorrer: perda seletiva e não-cooperação Viés de informação erro na coleta dos dados do estudo pode ocorrer quando o desfecho é aferido diferentemente nos 2 grupos de comparação, mas é minimizado se houver mascaramento ANÁLISE DOS RESULTADOS: Quanto ao tipo Análise por intenção de tratamento – para manutenção dos grupos tal qual foram formados pela randomização Análise por protocolo - com os que de fato completaram o tratamento A ÉTICA NO ENSAIO CLÍNICO: Questões: •garantia de que a relação risco/benefícios do tratamento proposto é favorável. •conhecimento por parte do paciente das possibilidades de intervenção •só fazer uso de placebo na ausência de tratamentos convencionais •inclusão ao acaso dos participantes do estudo nos grupos exposto e controle •Uso de termo de consentimento informado Fluxograma de participação 12 Fluxograma de participação Avaliados quanto à elegibilidade (n=) Recrutamento Randomizados Alocação Seguimento Análise Alocados para intervenção em teste (n) Receberam/ não intervenção (n) (dar razões) Total de excluídos (n) s/ critérios inclusão (n) Recusa (n) Outras razões (n) (n) Alocados para intervenção convencional ou placebo (n) Receberam/ não a intervenção (n) (dar razões) Perda seguimento (razões) (n) Descontinuidade (razões) (n) Perda seguimento (razões) (n) Descontinuidade (razões) (n) Aferição do desfecho Aferição do desfecho Analisados (n) Excluídos da análise (razões) (n) Analisados (n) Excluídos da análise (razões) (n) COMO SABER SE O TRATAMENTO VALEU A PENA? ATRAVÉS DO CÁLCULO DA MEDIDA DE ASSOCIAÇÃO: Tabela de Contingência: Grupo Caso Não caso Total Expostos a c a+c b d b+d a+b c+d a+b+c+d (grupo Não expostos experimental) (grupo controle) Total 13 MEDIDA DE ASSOCIAÇÃO - RISCO RELATIVO: Ie= (ou RT) Ine= (ou Rc) Casos entre expostos a Total de expostos (casos e não casos) a +b ____________________ Casos entre não expostos c Total de não expostos (casos e não casos) c+d Ex: RR = 16/150 = 0,11 = 0,47 35/150 0,23 Exposição é fator de proteção COMO CONHECER A EFICÁCIA DO TRATAMENTO? ATRAVÉS DO CÁLCULO DAS MEDIDAS DE EFEITO: •Quantos casos a menos da doença ocorreram com o tratamento? •Proporcionalmente, em quanto foi reduzida a incidência da doença? •Quantas pessoas preciso tratar para evitar um caso da doença? •Redução absoluta do risco •Redução relativa do risco •Número necessário para tratar As medidas de efeito encontradas indicam em que medida o efeito observado se deveu à exposição 1) Redução Absoluta do Risco - RAR. A RAR é a diferença entre a incidência de casos entre os controles e a incidência de casos entre os tratados RAR = Ine - Ie RAR = Rc - Rt Descreve a magnitude da mudança em termos absolutos Ex: Pacientes com psicose, em tratamento para evitar recaída. Risco de recaída terapia padrão (Rc)= 40% ou 0,4 Risco de recaída com terapia nova (Rt) =30% ou ou 0,3 Redução absoluta do risco (RAR)= 40–30 = 10% Ocorreram 10 casos a menos a cada 100 pacientes tratados. 2) Redução Relativa do Risco (RRR) Traduz o percentual da redução da incidência de casos no grupo tratado, comparado com a incidência de casos no grupo controle. RRR= Incidência de Casos no Grupo Controle (Rc) - Incidência de Casos no Grupo Tratado (Rt) / Incidência de Casos no Grupo Controle (Rc) * 100. RRR = (Ine – Ie / Ine) * 100 = RAR / Ine * 100 Ex: Pacientes com psicose, em tratamento para evitar recaída. Redução absoluta do risco (RAR)= 40–30 = 10% Redução relativa do risco (RRR) = (40-30)/ 40 *100 = 25% A redução de recaída pelo tratamento novo foi 25% 14 RAR = 40% - 30% Pacientes com sicose Recaída Recaída Sim Não Expostos (tratamento 30 70 100 Não expostos (tratamento padrão) 40 60 100 Total 70 130 200 Total = 10% RRR = 10%/40% = 25% Trat novo vs padrão experimental) 3) Número Necessário Para Tratar (NNT) O NNT traduz o número de pacientes que são necessários tratar para evitar um caso (de doença, morte, etc). Medida de custo/benefício NNT = 1/ (Ine – Ie) = 1 / RAR (utilizar o RAR em sua forma decimal). Ex: NNT = 1 / 0,10= 10 preciso tratar 10 pacientes com psicose com com terapia nova para evitar um caso de recaída. MEDIDAS COMPARATIVAS: •Em alguns ensaios clínicos, simplesmente comparam-se os resultados do grupo tratamento e do grupo controle, sem calcular medidas de associação: •Variáveis dicotômicas – comparação de proporções •Variáveis contínuas – comparação de médias, medianas •O teste de significância será realizado de acordo com o tipo de variável VANTAGENS DA RCT: O tratamento e os procedimentos são decididos a priori e uniformizados na sua aplicação. Os grupos (de estudo e controle) têm grande chance de serem comparáveis em termos de variáveis de confundimento (se o tamanho da amostra for grande). A cronologia dos acontecimentos é determinada sem equívocos: existe a certeza de que o tratamento é aplicado antes de aparecerem os efeitos. A qualidade dos dados sobre a intervenção e os efeitos pode ser de excelente nível, já que é possível proceder à sua coleta no momento em que os fatos ocorrem. Os resultados são expressos em coeficientes de incidência, a partir dos quais são calculadas as medidas de associação. Muitos desfechos clínicos podem ser investigados simultaneamente. Alta credibilidade como produtor de evidências científicas. DESVANTAGENS DA RCT: Por questões éticas, muitas situações não podem ser experimentalmente investigadas, como os efeitos de viroses na gravidez sobre recém-nascidos. Exigência de população estável e cooperativa: para evitar grandes perdas de seguimento e recusas de participar. Grupo investigado pode ser altamente selecionado, não-representativo, devido à múltiplas exigências quanto às características de inclusão e exclusão dos participantes no estudo. Alguns participantes deixam de receber um tratamento potencialmente benéfico, ou são expostos a um procedimento maléfico. Impossibilidade de ajustar o tratamento (dose, duração, etc.) em função das necessidades de cada indivíduo. Requerem estrutura administrativa e técnica de porte razoável estável, bem preparada e estimulada, para levar a bom termo um projeto complexo, minucioso e usualmente caro. 15 Análise de Sobrevida QUE DESENHO DE ESTUDO? Coorte No geral, dinâmica CARACTERÍSTICAS: Estudo de dados relacionados ao tempo até a ocorrência de um determinado evento de interesse. O tempo inicial e o tempo final do estudo são pré-definidos. Mas podem não ser iguais para todos os participantes do estudo – o que é mais usual. Estimar a sobrevida de um grupo populacional desde um determinado tempo T até a ocorrência de algum evento (doença, morte...) Verificar em um conjunto de indivíduos, vivos em um determinado tempo T, quantos sobreviverão a um tempo T + T. tempo Indivíduos seguidos Ocorrência do evento T T + T Exemplos: • Qual a probabilidade de um paciente sobreviver por mais de dois anos após o diagnóstico de insuficiência cardíaca chagásica estágio D da ACC/AHA • Qual o risco de um paciente diagnosticado com IC chagásica estágio D vir a falecer em até 90 meses após o diagnostico? • Qual o tempo mediano de sobrevida? QUE EVENTOS PODEMOS ANALISAR? Morte, cura, recrudescimento de uma doença pós-terapia, desmame, etc... O evento ou fenômeno é considerado como uma falha, por representar em geral uma experiência negativa. DADOS CENSURADOS: O dado é censurado para um indivíduo quando não se conhece o status do desfecho durante o tempo do estudo. Causas de censura: - Estudo termina - Perda do seguimento (mudou-se...) - Morte (ou outro evento) por outras causas FUNÇÃO DE SOBREVIDA – S(T): S(t) - Probabilidade do indivíduo sobreviver além de um determinado tempo t. S(t) = 1 para T = 0 S(t) = 0 para T = • Qual a probabilidade de um paciente sobreviver por mais de dois anos após o diagnóstico IC chagásica grau B? Exemplo: 1. 23 indivíduos portadores de IC são acompanhados 2. Entram no estudo em momentos diferentes 3. Total de tempo de acompanhamento: 240 meses 4. Dois estágios: C e D 5. No momento 0 (entrada de cada paciente no estudo), a sobrevida é de 100%, todos estão vivos 6. S(t) = 1 para T = 0 7. Se acompanharmos o grupo por um longíssimo tempo, a sobrevida chegará a 0%, todos terão morrido 8. S(t) = 0 para T = 9. 7. Se acompanharmos por +/- tempo curto, teremos um percentual sobreviventes entre 0 e 100. 16 FUNÇÃO DE SOBREVIDA - ESTIMAÇÃO DE KAPLAN-MEIER: É uma abordagem para estimar a função de sobrevida Os tempos observados da coorte definem os valores de t em relação aos quais a sobrevida é avaliada A estimação de KM é uma estimação de tábua de vida Com números de tempos (t=intervalos) igual ao número de eventos na coorte. Assegura que os degraus são os menores possíveis Os problemas com os abandonos são minimizados • Incorpora à análise os indivíduos que saíram do estudo (final do tempo de acompanhamento) e sobreviveram – incorporado à população exposta ao risco no tempo imediatamente anterior à saída desses indivíduos. • Permite que cada indivíduo contribua com seu tempo total e exato de seguimento. • Neste método, as variáveis devem ser analisadas isoladamente ou por estratificação. Exemplo: 1) 2) • Qual a probabilidade de um paciente diagnosticado com IC estágio D semanas do diagnostico? E de um paciente em estágio C? • Qual a mediana de sobrevida para cada um dos estágios? sobreviver após 23 3) Me ans and Medians for Surviva l Time a estágio D C Overall Estimate 22.708 67.864 43.233 Std. Error 4.385 18.315 10.087 Mean 95% Confidence Interval Lower Bound Upper Bound 14.114 31.303 31.967 103.760 23.462 63.003 Estimate 23.000 44.000 27.000 Std. Error 11.427 19.399 4.909 Median 95% Confidence Interval Lower Bound Upper Bound .603 45.397 5.978 82.022 17.379 36.621 a. Estimation is limited to the largest survival time if it is censored. 17 TESTE DE IGUALDADE DAS DISTRIBUIÇÕES DA SOBREVIDA - LOG RANK: Exemplo: Overall Comparisons Log Rank (Mantel-Cox) Chi-Square 5.700 df 1 Sig. .017 Tes t of equality of s urvival dis tributions for the different levels of estágio Estágio da IC. Para avaliar se as curvas são estatisticamente equivalentes, ou seja, se a sobrevida do grupo C é diferente do grupo D, utiliza-se o método de comparação de curvas de sobrevida pelo teste log-rank. FUNÇÃO DE RISCO - HAZARD FUNCTION: Se a cada instante morrem muitas pessoas, no final do tempo T + T menos pessoas sobreviveriam, assim a sobrevivência depende do potencial instantâneo de ocorrência do evento, denominado “Hazard Function”. Quanto maior a Hazard Function menor a sobrevida e vice-versa. Exemplo: • Qual o risco de um paciente diagnosticado com IC estágio D vir a falecer em 23 semanas após o diagnostico? E de um paciente em estágio C? • Qual a mediana de sobrevida para cada um dos estágios? Sobrevida = probabilidade (0 - 1) Hazard = taxa (medida de densidade de incidência) (0 - ) 18 H (t) S(t) REGRESSÃO DE COX (HR): Estima o efeito conjunto de variáveis individuais na mortalidade, e portanto na sobrevida dos indivíduos. Interpretação da hazard ratio: HR = 1 (não há relação entre a exposição e o tempo de sobrevida) HR= 5 (os indivíduos expostos têm uma Hazard 5 vezes a harzard dos não expostos) HR= 0,2 ou 1/5 (os indivíduos expostos têm uma hazard 1/5 da hazard dos não expostos - a exposição é protetora) MÉTODOS DE ANÁLISE DE SOBREVIDA: 1- Kaplan- Meier - análise bivariada ou estratificada: Calcula a probabilidade de sobrevida acumulada. 2- Regressão de Cox - análise multivariada (regressão múltipla): Permite avaliar o impacto de vários fatores prognósticos no tempo de ocorrência do desfecho. Exemplo: Em um estudo de sobrevida pós-cirurgia para câncer de mama, foi avaliada a sobrevida em meses. Figura 1 – comparação entre o grupo com linfonodo negativo e positivo Figura 2 – comparação entre grupo > 40 anos e até 40 anos 19 Problema 1 Testes diagnósticos •Paciente chega com queixa de “dor aguda no joelho” e aponta para o joelho direito, que se encontra edemaciado. •Em pacientes que apresentam quadro agudo de dor e edema articular, a identificação (diagnóstico) e o tratamento precoce da artrite séptica podem reduzir morbidade e mortalidade. •Será que este paciente tem artrite séptica? •O que pode me ajudar a responder esta questão? O QUE É UM TESTE DIAGNÓSTICO? Exames realizados em laboratório ou imagem (hemograma completo, bioquímica do líquor, RX, ultrasonografia) Conjunto de sinais e sintomas Anamnese Questionários O QUE ESTES ESTUDOS MOSTRARAM? •Dor articular •Sensibilidade: 85% (IC95% 78%-90%) •História de edema articular •Sensibilidade: 78% (IC 71%-85%), •Febre •Sensibilidade: 57% (IC 52%-62%) •Contagem leucocitária sangue – •Sensibilidade de 75% e especificidade 55% •Contagem leucocitária líquido sinovial – •Sensibilidade de 50% e especificidade de 88% DE ONDE VEIO ESTA INFORMAÇÃO? •Como avaliar se um teste diagnóstico é bom? •Quais as características que um teste deve ter? •Estudos de teste diagnóstico – como são feitos? Margaretten et al. Does this adult patient have septic arthritis? JAMA. 2007;297(13):1478-88 OBJETIVO: Avaliar a acurácia do exame clínico/anamnese e exames laboratoriais rápidos para o diagnóstico de artrite bacteriana. MÉTODOS: Comparação de sinais clínicos e laboratoriais de 6242 pacientes, usando como padrão ouro a cultura sinovial ou hemocultura. CARACTERÍSTICAS DO TESTE: • Teste positivo na presença da doença • Teste positivo na ausência da doença • Teste negativo na presença da doença • Teste negativo na ausência da doença Diagnosticada a partir de outro teste: o Padrão Ouro 20 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UM TESTE DIAGNÓSTICO: Possíveis Resultados de um Teste Diagnóstico para Identificar status Doença: DOENÇA(padrão-ouro) PRESENTE TESTE AUSENTE TOTAL + a Verdadeiro positivo b Falso positivo a+b - c Falso negativo d Verdadeiro negativo c+d TOTAL a+c b+d a+b+c+d Possíveis Resultados de um Teste Diagnóstico para Identificar status Doença DOENÇA(padrão-ouro) PRESENTE TESTE AUSENTE + a Verdadeiro positivo b Falso positivo - c Falso negativo d Verdadeiro negativo TOTAL a+c b+d Possíveis Resultados de um Teste Diagnóstico para Identificar status Doença DOENÇA(padrão-ouro) PRESENTE TESTE AUSENTE + a Verdadeiro positivo b Falso positivo - c Falso negativo d Verdadeiro negativo TOTAL a+c b+d 21 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA LEUCOMETRIA NO DIAGNÓSTICO DE ARTRITE SÉPTICA: SENSIBILIDADE (S): Artrite séptica diagnosticada por cultura do líquido sinovial (teste ouro) Leucometria sinovial PRESENTE AUSENTE + 8 Verdadeiro positivo 17 Falso positivo - 8 Falso negativo 123 Verdadeiro negativo 16 130 Total Sensibilidade= 8/16=50% É a proporção de verdadeiros positivos entre todos os doentes. Expressa a probabilidade de um teste dar positivo na presença da doença Avalia a capacidade do teste identificar a doença quando ela está de fato presente S a ac ou VP VP FN Indica o percentual de doentes detectados pelo teste ESPECIFICIDADE (E): Artrite séptica diagnosticada por cultura do líquido sinovial (teste ouro) Leucometria sinovial PRESENTE AUSENTE + 8 Verdadeiro positivo 17 Falso positivo - 8 Falso negativo 123 Verdadeiro negativo 16 140 Total É a proporção de verdadeiros negativos entre todos os sadios. Expressa a probabilidade de um teste dar negativo na ausência da doença. Avalia a capacidade de o teste afastar a doença quando ela está ausente. • Indica o percentual de sadios detectados pelo teste E d ou bd VN FP VN INDICADORES DO DESEMPENHO DO TESTE - SENSIBILIDADE X ESPECIFICIDADE: •Um teste muito sensível raramente deixará de diagnosticar indivíduos com a doença. •Um teste muito específico raramente classificará como doente um indivíduo sem a doença. 22 Sensibilidade Especificidade Verdadeiros Negativos (d) Verdadeiros Positivos (a) Total de sadios (b+d) Total de doentes (a+c) PARA QUE USAR UM TESTE SENSÍVEL? • Rastreamento de doenças • Quando a penalidade de deixar um doente sem diagnóstico é muito alta • Início do processo diagnóstico - afastar hipóteses diagnósticas PARA QUE USAR UM TESTE ESPECÍFICO? • Para confirmar um diagnóstico • Quando a penalidade de considerar um sadio como positivo é muito alta Problema 2: •O paciente chega com a queixa de dor no joelho e traz um resultado de líquido sinovial: •Contagem de leucócitos > 50.000 •Qual a probabilidade de que este paciente tenha realmente artrite séptica? Ou seja: •Qual a probabilidade de um resultado positivo pertencer realmente a um paciente doente? •Qual a probabilidade de um resultado negativo pertencer realmente a um paciente sadio? •A probabilidade de predizer a doença, dado os resultados do teste diagnóstico, é o valor preditivo do teste. VALOR PREDITIVO: •Depende das características do teste e da prevalência da doença na população. Probabilidade pré-teste: •É a prevalência da doença no grupo em questão. P= a+c a+b+c+d •Exprime a probabilidade de haver a doença, antes de se fazer o teste (pode ser atribuída pelo médico). Probabilidade pós-teste: •É o valor preditivo. Avaliação do desempenho de um teste diagnóstico: Possíveis Resultados de um Teste Diagnóstico para Identificar status Doença DOENÇA(padrão-ouro) PRESENTE TESTE + TOTAL a Verdadeiro positivo c Falso negativo AUSENTE b Falso positivo d Verdadeiro negativo TOTAL a+b c+d a+b+c+d 23 Possíveis Resultados de um Teste Diagnóstico para Identificar status Doença DOENÇA(padrão-ouro) PRESENTE TESTE AUSENTE a Verdadeiro positivo c Falso negativo + - TOTAL b Falso positivo d Verdadeiro negativo a+b c+d TOTAL a+b+c+d VALOR PREDITIVO POSITIVO (VPP): É a proporção de verdadeiros positivos entre todos os indivíduos com teste positivo. Expressa a probabilidade de um paciente com o teste positivo ter a doença. VPP a ab ou VP VP FP Artrite sépitica diagnositicada por cultura do líquido sinovial (teste ouro) PRESENTE 8 + Verdadeiro positivo Leucometria sinovial - 8 Falso negativo AUSENTE 17 Falso positivo 123 Verdadeiro negativo 25 VPP=8/25=32% 131 VPN=123/131=94% VALOR PREDITIVO NEGATIVO (VPN): É a proporção de verdadeiros negativos entre todos os indivíduos com teste negativo. Expressa a probabilidade de um paciente com o teste negativo não ter a doença. VPN d cd ou VN VN FN Artrite séptica diagnosticada por cultura do líquido sinovial (teste ouro) PRESENTE Leucometria sinovial 8 + Verdadeiro positivo - 8 Falso negativo AUSENTE 17 Falso positivo 123 Verdadeiro negativo 25 VPP=8/25=32% 131 VPN=123/131=94% VALOR PREDITIVO: •Quanto mais sensível o teste, melhor seu VPN, isto é, maior a segurança de que um paciente com resultado negativo não tenha a doença. •Quanto mais específico o teste, maior seu VPP, ou seja, maior a segurança de que um indivíduo com resultado positivo tenha a doença. •Quanto maior a prevalência da doença, maior o VPP e menor o VPN. •Quanto menor a prevalência da doença, maior o VPN e menor o VPP. VALOR PREDITIVO - RESUMINDO: VPP: Mede a probabilidade de um teste positivo ser de um doente Mede a probabilidade pós- teste Quanto maior a prevalência maior o VPP Quanto maior a especificidade, maior o VPP 24 VPN: Mede a probabilidade de um teste negativo ser de um sadio Quanto menor a prevalência, maior o VPN Quanto maior a sensibilidade, maior o VPN CONTRABALANÇO ENTRE SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE NO DIAGNÓSTICO DE DM USANDO VARIÁVEL CONTÍNUA): Nível glicêmico sensibilidade especificidade 1-especificidade 70 98.6 8.8 91.2 80 97.1 25.5 74.5 90 94.3 47.6 52.4 100 88.6 69.8 30.2 110 85.7 84.1 15.9 120 71.4 92.5 7.5 130 64.3 96.9 3.1 140 57.1 99.4 0.6 150 50 99.6 0.4 160 47.1 99.8 0.2 170 42.9 100 0 180 38.6 100 0 190 34.3 100 0 200 27.1 100 0 COMO DETERMINAR O PONTO DE CORTE? Medidas Contínuas Valor de Corte para Teste Positivo Proporção Sadios Doentes VN VP FN FP Glicemia de jejum Valor de Corte para teste positivo Proporção Doente VN Proporção Sadio Sadio Doente VN TP VP Aumento da especificidade Diminuição da sensibilidade FN FP FN Glicemia de Jejum FP Glicemia de Jejum Aumento da sensibilidade Diminuição da especificidade 25 CURVA ROC: Acurácia da glicose sanguínea 2h pós prandial como teste diagnóstico para DM – Fletcher. Epidemiologia Clínica 3a ed pg 61 120 100 80 60 40 20 0 0 20 40 60 80 100 Acurácia do teste: área sob a curva de ROC ACURÁCIA OU VALIDADE: É a proporção de acertos de um teste diagnóstico, ou seja, a proporção entre os VP e VN em relação aos resultados possíveis. É a soma dos resultados verdadeiros sobre o total: A = a+d a+b+c+d teste positivo teste negativo TOTAL Doentes Não doentes TOTAL a b a+b c d c+d a+c b+d a+b+c+d ARTICULANDO AS INFORMAÇÕES: •Não existe teste diagnóstico com sensibilidade e especificidade = 100 % •O clínico não pode se basear em apenas um teste para diagnosticar uma doença. TESTES MÚLTIPLOS: Os testes múltiplos aumentam a qualidade do diagnóstico. Podem ser feitos: • em paralelo • em série Testes em paralelo (“ou”): São utilizados: • quando há urgência de um diagnóstico • quando os testes disponíveis tem baixa sensibilidade ou dificuldade de acesso • faz aumentar a sensibilidade e diminuir a especificidade (corre-se o risco de tratar pacientes que não têm a doença) • faz aumentar o VPN e diminuir o VPP Testes em série (“e”): São utilizados quando não há urgência, quando o teste é invasivo ou caro • deve-se usar primeiro o de maior sensibilidade / mais barato / menos invasivo. • o teste mais específico só é realizado se o anterior for positivo • faz aumentar o VPP 26 Revisão Sistemática e Meta-análise REVISÃO TRADICIONAL X REVISÃO SISTEMÁTICA: •Abrangente (vários enfoques)/ superficial •Busca bibliográfica segundo critério do autor •Seleção dos artigos segundo critério do autor •Extração dos dados de forma não explicitada •Sumarização heterogênea •Análise não quantitativa •Busca bibliográfica segundo critérios definidos •Seleção dos artigos segundo critérios de inclusão/exclusão e critérios de qualidade •Extração dos dados de forma padronizada •Sumarização dos dados em forma de tabelas e gráficos •Análise (medida sumário)** •Focada (hipótese) /aprofundada REVISÃO SISTEMÁTICA: Revisão de estudos através de uma estratégia que limita o viés na reunião sistemática, avaliação crítica e síntese de todos os estudos relevantes sobre um tópico específico. META-ANÁLISE**: Análise que combina e integra os resultados de estudos independentes, considerados homogêneos. Tem como propósito explicar possíveis inconsistências entre eles e calcular uma medida-sumário de seus resultados. ETAPAS (DE UMA REVISÃO SISTEMÁTICA OU META-ANÁLISE): a) Formular a pergunta (a partir de hipóteses): H (artigo 2): o baixo peso ao nascer aumenta o risco de distúrbios metabólicos na vida adulta H: (artigo 3)atividade física na escola reduz obesidade em adolescentes. b) Definir critérios de inclusão e de exclusão de estudos (a partir da hípótese) Desenho: ensaios clínicos, estudos observacionais Participantes: sexo, idade, características clínicas Exposição: dose, duração Desfecho: doença, morte, cura, tempo Tipo de artigo incluído na revisão H (Artigo 2): o baixo peso ao nascer aumenta o risco de distúrbios metabólicos na vida adulta H (Artigo 3) - atividade física na escola reduz obesidade em adolescentes. c) Identificação de estudos •Bases eletrônicas (através de palavras-chave): •Medline •Embase •Lilacs •Cochrane •Referências bibliográficas de artigos •Especialistas, congressos, simpósios •Busca manual de artigos d) Seleção de estudos •segundo critérios de inclusão/exclusão •pela avaliação da qualidade do estudo Identificação dos estudos – busca: Fluxograma de seleção de estudos: 27 Avaliação de qualidade: e) Extração da informação •formulário para extração de dados •mínimo de 2 investigadores (Recomendação do International Committee of Journal Editors) •Instrumentos específicos (checklists):avaliar itens metodológicos e validade: •CONSORT (Consolidated Standards of Reporting Trials) – www.consort-statement.org •STROBE (STrengthening the Reporting of OBservational studies in Epidemiology) - ww.strobe-statement.org •STARD (Towards Complete and Accurate Reporting of Studies on Diagnostic Accuracy) - www.consortstatement.org/Initiatives/newstard.htm f) Análise: •escolha da medida de associação (RR, OR, DIFERENÇA) •construção de tabelas* / gráficos ** •explorar fontes de heterogeneidade •cálculo de medida-sumário** g) Interpretação dos resultados •força da evidência •relevância para pacientes: benefícios x riscos Apresentação de tabelas: 28 Cálculo de medida-sumário: META-ANÁLISE: •O efeito da intervenção / tratamento é calculado como uma média ponderada dos efeitos de cada estudo. •Os pesos são o inverso da variância do efeito do tratamento/intervenção de cada estudo (que está associado com o tamanho da amostra). •Ao combinar estudos homogêneos,a meta-análise aumenta o número de observações, e o poder estatístico de detectar os efeitos. •Quando se lida com estudos conduzidos em circunstâncias distintas, os resultados diferentes podem contribuir para a melhor compreensão do fenômeno que se deseja investigar. Exemplo: Anticoagulantes e IAM Risk ratio (95% CI) Study % Weight 1 0.23 (0.03,1.75) 0.2 2 0.57 (0.20,1.66) 0.3 3 1.35 (0.74,2.45) 0.6 4 1.22 (0.67,2.24) 0.7 5 1.01 (0.55,1.85) 0.8 6 0.70 (0.53,0.92) 4.1 7 0.46 (0.25,0.83) 1.2 8 0.78 (0.48,1.27) 1.4 9 2.38 (0.65,8.71) 0.1 10 1.05 (0.48,2.28) 0.4 11 0.96 (0.33,2.80) 0.3 12 0.90 (0.63,1.28) 2.3 13 2.57 (0.34,19.48) 0.1 14 0.61 (0.42,0.89) 2.7 15 0.28 (0.03,2.34) 0.1 16 1.16 (0.84,1.60) 2.2 17 0.81 (0.26,2.51) 0.2 18 0.85 (0.54,1.34) 19 0.51 (0.33,0.78) 20 0.88 (0.62,1.25) 2.7 21 0.83 (0.75,0.91) 32.3 22 0.77 (0.70,0.84) 43.9 Overall (95% CI) 0.80 (0.75,0.85) .030012 1 1.3 2.1 33.3199 Risk ratio HETEROGENEIDADE: •Heterogeneidade clínica. Estudos diferem quanto a: participantes (idade, severidade), intervenção (dose), acompanhamento, desfecho. Odds ratio (95% CI) Study % W eight 1 0.10 (0.02,0.46) 2 0.17 (0.01,3.82) 1.2 3 0.23 (0.10,0.52) 11.7 4 0.37 (0.15,0.96) 5 0.48 (0.22,1.06) 9.1 6 0.48 (0.23,1.01) 10.2 7 0.55 (0.08,3.59) 1.5 8 0.56 (0.13,2.34) 2.5 9 0.56 (0.23,1.34) 6.8 10 0.59 (0.27,1.30) 8.1 11 0.96 (0.40,2.28) 5.2 12 1.00 (0.29,3.50) 2.4 13 1.03 (0.39,2.71) 4.0 14 1.07 (0.45,2.54) 4.9 15 1.12 (0.28,4.54) 1.8 16 1.20 (0.29,4.91) 1.8 17 1.36 (0.62,2.99) 5.3 18 1.38 (0.36,5.34) 1.8 19 2.37 (1.34,4.19) 7.9 Overall (95% CI) 0.76 (0.61,0.93) .007758 1 6.5 7.2 128.901 Odds ratio Intervalos de confiança de alguns estudos não englobam os riscos relativos observados por outros estudos •Heterogeneidade estatística. Variação entre os resultados dos estudos é maior do que a esperada ao acaso. 29 MANEJO DA HETEROGENEIDADE: A presença da heterogeneidade não é um problema para a meta-análise, mas uma oportunidade para investigar por que o efeito da intervenção / tratamento varia em diferentes circunstâncias. Possibilidades: Não combinar resultados - explicar causas da heterogeneidade. Combinar estudos usando efeitos aleatórios - conhecer um efeito médio. ANÁLISE DE SUBGRUPO: •Apresentar os resultados para subgrupos previamente determinados (hipótese) De pacientes De intervenções De desfechos VIESES EM ESTUDOS DE REVISÃO SISTEMÁTICA: Vieses de seleção: 1. Viés de Publicação: Ocorre quando estudos inteiros, ou parte de seus dados, não são publicados em função do resultado obtido. Tal decisão tende a produzir um predomínio de publicações com resultados positivos, aumentando a probabilidade de que um resultado falso-positivo. Pode ser avaliado graficamente (gráfico de funil) 2. Viés de Idioma: Os estudos são identificados, mas excluídos em função da língua. A situação mais freqüente é a exclusão de artigos publicados em outro idioma, que não o inglês, em meta-análises publicadas em inglês. Gráfico funil para avaliar viés de publicação: Vieses de informação: 1. Viés de extração Ocorre quando estudos são avaliados de forma não padronizada, permitindo heterogeneidade na extração dos dados. Pode ser minimizado com a adoção de instrumentos validados. 2. Viés do investigador Ocorre quando o investigador conhece os autores e pode ficar sugestionado. Pode ser minimizado ocultandose a identificação do artigo (avaliação mascarada). REVISÃO SISTEMÁTICA E META-ANÁLISE: Essenciais para: • a tomada de decisões na medicina clínica •o planejamento e a administração da área da saúde •a definição de políticas e programas a serem implementados •o estabelecimento de estratégias de pesquisa mais adequadas aos estudos etiológicos. 30