1 Reflexão sobre a classificação de risco para os enfermeiros nos serviços de emergência1 Reflection on the classification of risk for nurses in emergency Reflexíon sobre la clasificacíon de riesgo para las enfermeras en la atención emergencia Tomasi Marina, Ferreira Letticya Alves, Brasileiro Marislei Espíndula. Reflexão sobre a classificação de risco para os enfermeiros no atendimento pré–hospitalar. Revista Eletrônica de Enfermagem do Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição [serial on-line] 2013 jan-jul 4(4) 1-15. Available from: <http://www.ceen.com.br/revistaeletronica>. Resumo Objetivo: descrever a evolução histórica da classificação de risco no atendimento préhospitalar. Materias e metódos: trata-se de um estudo de pesquisa bibliográfica do tipo exploratória com análise reflexiva e descritiva das literaturas disponíveis nos bancos de dados LILACS, Scielo, Ministério da Saúde disponivel em bibliotecas convencionais e visrtuais. Resultado: a classificação de risco foi criada para organizar o atendimento pré hospitalar e dar o destino correto aos usuários diminuindo o tempo de espera e aumentando a satisfação dos profissionais de enfermagem. Com isso os protocolos fazem parte de uma proposta de trabalho em que alternativas foram criadas em cada serviço em seu grau de assistência e responsabilidade e de acordo com a competência para que o trabalho pré-hospitalar seja respeitado de acordo com os graus de sofrimento fisíco e psíquico. Conclusão: o modo reflexivo do estudo é um dos meios de fazer os profissionais de enfermagem revisar o quanto o atendimento pré-hospilar seguidos por protocolos contribui com a agilidade e segrança no atendimento dos pacientes e minimiza a sobrecarga de traballho. Descritores: Classificação de Risco, Enfermeiro, Pré-Hospitalar Summary Objective: The risk classification was created to organize the pre hospital care and give the correct target users by reducing the waiting time and increasing satisfaction of nurses. Thus the protocols are part of a proposal for work in which alternatives were created for each service on your degree of care and responsibility in accordance with the competence to work 1 Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Enfermagem em Emergências e Urgências turma n15, do Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição/Pontifícia Universidade Católica de Goiás. 2 Enfermeiras, especialistas em Emergências e Urgências , e-mail:[email protected] 3 Doutora em Ciências da Saúde – FM-UFG, Doutora – PUC-Go, Mestre em Enfermagem - UFMG, Enfermeira, Docente do CEEN, e-mail: [email protected] 2 prehospital be respected according to the degree of suffering and physico psychic. Materials and Methods: This is a study of literature An exploratory and descriptive with reflective analysis of the literature available in the databases LILACS, SciELO, Ministry of Health available in conventional libraries and visrtuais. Result: The reflective mode of study is one of the means of making nursing professionals review how the prehospital hospilar followed by protocols helps with agility and SECURITY in patient care and minimizes the overhead of work she. Keywords: Classification of Risk, Nurse, Prehospital Resumen Objetivo: La clasificación de riesgo fue creado para organizar el cuidado pre hospital y dar a los usuarios de destino correcto mediante la reducción del tiempo de espera y aumentando la satisfacción de las enfermeras. Así, los protocolos son parte de una propuesta de trabajo en el que se crearon alternativas para cada servicio en su grado de cuidado y responsabilidad de acuerdo con la competencia para trabajar prehospitalaria ser respetados de acuerdo con el grado de sufrimiento físico y psíquica. Materiales y Métodos: Se realizó un estudio de la literatura Una exploratorio y descriptivo, con análisis reflexivo de la literatura disponible en las bases de datos LILACS, SciELO, el Ministerio de Salud en las bibliotecas convencionales y visrtuais. Resultado: El modo reflexivo de estudio es una de las formas de hacer que los profesionales de enfermería revisan cómo el hospilar prehospitalaria seguido de protocolos ayuda con agilidad y seguridad en la atención al paciente y minimiza la sobrecarga de trabajo que ella Palabras clave: Clasificación de Riesgo, enfermera, prehospitalario 1 Introdução Os atendimentos de urgência e emergência tem como consequência componentes da assistência a saúde que se altera em uma das mais problemáticas áreas do Sistema de Saúde1.A procura por atendimento nos Serviços de Emergência e consequentemente a demanda vem aumentando cada vez mais. Dentre os fatores que geram essa sobrecarga, pode-se citar o crescimento desordenado da população, o aumento na incidência de crimes e violência, o aumento significativo de acidentes, doenças cardiovasculares e até a busca de atendimento para problemas simples2. No Brasil as Unidades de Urgência e Emergência, contrariando o que para elas havia sido planejado tornaram-se, principalmente a partir da última década do século passado, as 3 principais porta de entrada no sistema de atenção à saúde, eleitas pela população como o melhor local para a obtenção de diagnóstico e tratamento dos problemas de saúde, independentemente do nível de urgência e da gravidade destas ocorrências3. Os usuários procuram o pronto atendimento com a finalidade de solucionar suas necessidades, sejam elas urgentes ou não, algumas vezes expressas por meio da queixa, de forma inespecífica, que é a forma pela qual as portas do atendimento se abrem para eles. Conforme Marques e Lima (2007)4. A imprensa tem mostrado de forma desabonadora questões referentes à humanização no atendimento a esses usuários. O enfoque é na demora, no atendimento, área física, materiais equipamentos e recursos humanos inadequados de acordo com Andrade ET al. (2009)2. Para organizar o atendimento nos SE e dar o destino correto aos usuários, além de atendê-los conforme os preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado o acolhimento com classificação de risco (ACR)5. Podemos definir a CR como um processo dinamico em que são identificados os pacientes que necessitam de tratamento imediato,de acordo com o potencial de risco,agravos a saude e grau de sofrimento6. Um dos protocolos mais conhecidos e utilizados no Brasil é o de Manchester ou de Acolhimento com Classificação de Risco que classifica a prioridade que o cliente demanda por meio de cores, que e uma ferramenta de avaliaçao em emergência7. Cada um desses eixos possui diferentes áreas, de acordo com a clínica do paciente e os processos de trabalho que nele se estabelecem, sendo que essa identificação também define a composição espacial por dois acessos diferentes1. O AACR é uma tecnologia utilizada pelo MS no sentido de reorientação da política assistencial nos serviços de emergência, articulando os valores de humanização e qualificação da assistência. A classificação de risco está fundamentada em conceitos internacionais estabelecidos pelo protocolo de Manchester, que prevê padrões para o atendimento nas emergências de modo a priorizar o atendimento de acordo com a indicação clínica, com vista a superar os problemas encontrados no modelo tradicional de organização do atendimento por ordem de chegada. O protocolo de Manchester determina a classificação para prioridade de 4 atendimento (de imediato tempo zero a não urgente – máximo de 240 minutos), sendo realizada pela equipe de enfermagem e especialmente pelas enfermeiras8. A construção de um protocolo de classificação de risco a partir daqueles existentes e disponíveis nos textos bibliográficos, porém adaptado ao perfil de cada serviço e ao contexto de sua inserção na rede de saúde, é uma oportunidade de facilitação da interação entre a equipe multiprofissional e de valorização dos trabalhadores da urgência1. Para que o processo de trabalho possa acontecer, são necessárias condições adequadas que incluem desde o ambiente, o pessoal, ao material necessário para o desempenho das atividades(9-10). O processo de trabalho de enfermagem segue a divisão do trabalho baseada no modo operatório, em que o enfermeiro utiliza seu saber como instrumental ideológico de poder. Essa divisão técnica caminha no mesmo sentido da divisão social do trabalho, portanto, um trabalho fracionado e fragmentado(10-11). As funções do enfermeiro de emergência vão desde a escuta da história do paciente, exame físico, execução de tratamento, orientação aos doentes, à coordenação da equipe de enfermagem, aliando conhecimento científico e capacidade de liderança, agilidade e raciocínio rápido e a necessidade de manter a tranquilidade12. As características generalistas do enfermeiro o habilitam a assumir a consulta de enfermagem, classificar e encaminhar os pacientes a área clinica mais adequada, além de supervisionar os membros da equipe de enfermagem , segundo COREN, 2010)13. Nesse contexto, a enfermagem vem atuar na “indissociabilidade entre os modos de produzir saúde e os modos de gerir os processos de trabalho”(1-14), fortalecendo a ideia de integralidade na assistência do indivíduo, tentando amenizar a dificuldade de acesso dos usuários e proporcionando uma boa recepção ao serviço de saúde14. Diante disso, a humanização em SE deve fazer parte de um grande processo dentro de uma instituição. É uma filosofia de trabalho que tem que estar alinhada com as crenças e com os valores do hospital, principalmente porque será o diferencial do atendimento14. Espera-se alcançar com este estudo o aumento da divulgação e a utilização do acolhimento com classificação de risco, e com isso iniciar uma parceria com o serviço de emergência para agilizar o atendimento e a qualidade da assistência. 5 O enfermeiro se insere neste contexto, porque é o profissional indicado pelo MS para o devido andamento do processo de classificação de risco. Deve receber treinamento especifico e utilizar protocolos preestabelecidos, com objetivo de classificar por prioridade clinica e não pela ordem de chegada, reorganizando o fluxo e melhorando o atendimento humanizado15. O enfermeiro que atua na triagem é um protagonista no acolhimento com classificação de risco e, por isso, este profissional deve refletir sobre o desafio de novas tecnologias a fim de mudar o cenário capaz de aprimorar, garantindo a eficácia e resolutividade na assistência de maneira dinâmica e habilidosa16. Durante as leituras dos periódicos surgiu um questionamento. Como esta sendo a implantação da classificação de risco pelo enfermeiro na emergência? A relevância deste tema se torna pertinente uma vez que este estudo irá apresentar subsídios para discutir prováveis reorientações na aplicação dos critérios de classificação de risco pelos enfermeiros, visando à tomada de decisão clinica acurada. Pretende-se, assim, contribuir para qualificação do trabalho e efetividade na tomada de decisões, a fim de, melhorar a assistência em situações de risco e abranger o principio do atendimento humanizado preconizado pelo SUS17. 2 Objetivo Promover uma reflexão sobre a evolução da classificação de risco no Brasil e o papel do enfermeiro em serviços de emergência, conforme a literatura. 3 Materiais e Métodos Trata-se de um estudo de pesquisa bibligráfica tendo como local os banco de dados virtuais LILACS(Literatura Latino Americana),SciELO(Scientific Eletronic Library Online) acessados atraves da BIREME,sendo considerados os artigos publicados após o ano de 2000.Os descritores utilizados foram: classificação de risco, enfermeiro, atendimento préhospitalar. Os artigos foram selecionados, lidos na íntegra e classificados de acordo com a relação com o tema. Os artigos que não tinham ligação com o tema foram descartados. O presente estudo se define pela metodologia desenvolvida por pesquisa bibliográfica a partir de material já elaborado, constituído de livros e artigos científicos18. A revisão integrativa da literatura consiste na construção de uma análise ampla da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como 6 reflexões sobre a realização de futuros estudos. O propósito inicial deste método de pesquisa é obter um profundo entendimento de um determinado fenômeno baseando-se em estudos anteriores. É necessário seguir padrões de rigor metodológico, clareza na apresentação dos resultados, de forma que o leitor consiga identificar as características reais dos estudos incluídos na revisão19. Os dados apresentados foram submetidos á análise de conteúdo. Posteriormente, os resultados foram discutidos com o suporte de outros estudos provenientes de revistas científicas e livros, para a construção do relatório final e publicação do trabalho no formato Vancouver. 4 Resultados e Discussões Nos últimos dez anos ao se buscar as Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais como a LILACS, MEDLINE e SCIELO, utilizando-se as palavras-chave: Classificação de Risco, Enfermeiro, Pré-Hospitalar, encontrou-se 30 artigos publicados entre 2000 e 2011. Foram excluídos 06 artigos ate no exato momento, sendo o ano anterior ao necessário e o assunto não era especifico ao tema proposto, portanto, incluídos neste estudo 26 publicações. 4.1 Triagem e sua transformação / evolução Conforme já visto em várias partes deste artigo, a triagem, e com o passar dos anos foi se tornando classificação de risco, não tem a finalidade de rejeitar ou excluir usuários/paciente, mas sim, de organizar o fluxo de pacientes e selecionar os meios adequados para o diagnostico e tratamento do problema apresentado. A escala de CR iniciouse com 3 categorias e hoje possui 5 categorias a mais usada mundialmente. Em português o termo triagem significa seleção, escolha, separação, portanto, remete a lógica da exclusão20. Triagem em inglês refere-se à uma estratificação de necessidades e deriva do verbo francês trier, que significa classificar, selecionar 21 . Desta forma, no Brasil optou-se por utilizar o termo classificação de risco, pois o mesmo implica na avaliação do paciente e determinação da prioridade de atendimento segundo a gravidade clínica, desconsiderando a lógica de exclusão que advém do conceito de triagem22. 7 No entanto, apesar da recomendação do MS para utilização do termo classificação de risco, muitos profissionais da saúde e autores brasileiros ainda utilizam o termo triagem. Além disso, em âmbito internacional a maioria dos autores desconhece o termo classificação de risco. Portanto, para os leitores deste estudo os dois termos devem ser entendidos como sinônimos23. Neste estudo, apesar de reconhecermos as diferenças conceituais das palavras, adotaremos, que o termo triagem no serviço de emergência não tem a finalidade de rejeitar ou excluir usuários, mas sim, de organizar o fluxo de pacientes no sistema de saúde e selecionar os meios adequados para o diagnóstico e tratamento do problema apresentado. O termo classificação de risco, portanto, ainda é o mais adequado24. Algum tipo de triagem existe desde que o primeiro serviço de urgência foi criado. Os registros mostram que, em 1898, em um hospital de Londres, os pacientes começavam a se amontoar em suas escadas às 8:30 h, mas não podiam entrar antes das 9:00 h. Assim que as portas do hospital eram abertas, a enfermeira começava a questionar os pacientes sobre as queixas que os levaram a procurar atendimento para então encaminhá-los ao clínico ou cirurgião25. Nos Estados Unidos, a triagem foi, inicialmente, utilizada pelos militares para o estabelecimento de prioridades para o atendimento de soldados feridos em campo de batalha. Eram classificados em três categorias: gravemente feridos e considerados não salváveis, feridos que necessitavam de atendimento imediato e feridos que podiam esperar o atendimento com segurança. O objetivo da classificação e da priorização do atendimento era devolver o maior número de soldados o mais rápido possível ao campo de batalha21. Ainda neste país, na década de 50 e no início dos anos 60, houve importantes mudanças na prática médica, a busca da especialização por estes profissionais mudou o cenário dos médicos particulares e da família que passaram a se tornar raros. O atendimento que antes era prestado no ambiente familiar passou a ser dentro de consultórios médicos através de visitas agendadas. Isto causou a busca de atendimento por grande parte da população nos serviços de urgência/emergência, principalmente, nos feriados e finais de semana quando os consultórios se encontravam fechados. A consequência direta destas mudanças foi a superlotação dos departamentos de emergência por usuários com problemas menos graves. Devido a esse movimento, viu-se a necessidade de adotar medidas para organizar o atendimento a esses pacientes com o objetivo de priorizar a assistência aos usuários que demandavam cuidados imediatos21. 8 A experiência da triagem realizada em guerras foi, então, importada para a prática assistencial nos departamentos de emergência dos Estados Unidos com extremo sucesso. O primeiro relato de triagem fora dos campos de batalha foi em 1963 em Yale25. Na Austrália, nos anos 60, não havia classificação, porém existia uma ordem para atendimento. Os pacientes que chegavam de ambulância eram priorizados em relação àqueles que buscavam atendimento caminhando. Estes últimos eram atendidos por ordem de chegada. Em meados dos anos 70, na tentativa de organizar o atendimento de emergência, foi criada no Box Hill Hospital em Melbourne uma escala de classificação com cinco prioridades que depois foi modificada com melhores descritores de urgência e necessidades de cuidados. Esta escala ficou conhecida como Ipswich Triage Scale (ITS)25. Sistemas de triagem com cinco níveis de prioridade também têm sido utilizadas no Reino Unido e no Canadá desde o final dos anos 90. A escala de triagem de Manchester foi desenvolvida pelo grupo de triagem de Manchester e foi implantada nos serviços de emergência do Reino Unido para a organização das portas de entrada das urgências21. Atualmente no Brasil as unidades de emergência têm levado diversas instituições e profissionais de saúde a repensarem estratégias capazes de otimizarem o tempo de espera para atendimento, principalmente na rede do sus16. Alguma estratégia como a classificação de riscos e o acolhimento vem se destacando, pois dão aos clientes uma maior segurança no que diz respeito a um atendimento eficiente e seguro, conforme a gravidade de cada caso. A superlotação dos Serviços de Emergência nos hospitais públicos brasileiros tem trazido preocupação crescente entre médicos, gestores e administradores. A sobre demanda nesses serviços também ocorre em outros países, contudo, na maioria destes, especialmente no primeiro mundo, inúmeras medidas têm sido adotadas para minimizar os riscos para os pacientes que esperam pelo atendimento médico. A triagem estruturada (classificação de risco), talvez seja a mais importante delas, porque permite que pacientes mais graves sejam atendidos primeiro. No Brasil, a prática usual ainda é o atendimento por ordem de chegada dos pacientes, excetuando-se os casos de emergências explícitas. O presente estudo traz uma proposta para implantação de triagem estruturada com classificação de risco nos Serviços de Emergência do Brasil1. A Classificação Estruturada é um processo contínuo e, para ser eficiente, deve ocorrer entre 10 a 15 minutos desde a chegada do paciente ao SE. Deve ser realizada de forma rápida e fundamentada em um instrumento de classificação previamente elaborado em conjunto por 9 médicos e enfermeiros com experiência em SE. Nas situações difíceis de classificar, deve sempre prevalecer o nível maior de classificação e, nos casos necessários, o médico plantonista deve ser consultado sobre o nível mais adequado. Existem algumas situações especiais onde à prioridade clínica cede espaço para a prioridade relativa, por exemplo: idosos desorientados, pacientes agressivos e crises histéricas26. O Protocolo mais utilizado é o de Manchester, um instrumento de apoio que visa à identificação rápida e científica do doente de acordo com critérios clínicos para determinar em que ordem o paciente será atendido, conforme a gravidade do caso. Trata-se de um modelo em que diferentes enfermeiros obtêm os mesmo resultados na análise do paciente, aumentando a agilidade e a segurança nos serviços de urgência27. TABELA 1 – Escala de Manchester Em relação à evolução histórica da Classificação de risco, os autores concordam que, os sistemas de triagem no final dos anos 90 já estavam utilizando cinco níveis de prioridade, as estratégias vem se destacando num atendimento eficiente e seguro. No Brasil a superlotação dos Serviços de Emergência nos hospitais públicos brasileiros tem trazido preocupação crescente entre médicos e administradores. Atualmente no Brasil as unidades têm levado diversas instituições e profissionais repensarem estratégias capazes de aperfeiçoarem o tempo de espera para atendimento, principalmente na rede do SUS28. Os artigos pesquisados indicam que a classificação de risco melhora o fluxo dos pacientes atendidos na emergência e proporciona maior resultado e rapidez nas respostas ao usuário. A capacitação e a reflexão continuada devem ser buscadas, de forma, a aprimorar e 10 manter a padronização de condutas dos profissionais enfermeiros e planejamentos de ações que visem ao aumento da satisfação dos trabalhadores de saúde e dos usuários17. A classificação de risco apresenta hoje um desafio na consolidação de um modelo de atendimento de “porta aberta”, reconhecendo - se mudança nas atitudes dos trabalhadores com maior preocupação com o atendimento humanizado e resposta ás necessidades dos usuários29. 4.2 A inserção do enfermeiro na classificação de risco em serviços de emergência Após a leitura exploratória dos mesmos, foi possível identificar a visão de diversos autores a respeito da classificação de risco na emergência. Souza (2011) e Oliveira (2011) concordam que o enfermeiro é o profissional qualificado para fazer a CR. É importante a habilidade da escuta qualificada, avaliação e registro competem da queixa principal, saber trabalhar em equipe e agilidade para tomar decisões e conhecimento para melhor encaminhamento para o paciente28. Um dos objetivos do programa nacional de humanização (PNH) foi reestruturar o serviço de emergência implantando o Acolhimento com avaliação de classificação de risco (AACR), de modo de atender todos os que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus pedidos e assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar, e dar respostas mais adequadas ao usuário29. Os resultados esperados com a implantação do AACR nas emergências é a diminuição do risco de mortes evitáveis, extinção da triagem por funcionário não qualificado, priorização de acordo com critérios clínicos, obrigatoriedade de encaminhamento responsável do usuário a outro serviço quando houver necessidade, redução de tempo de espera e detecção de casos que se agravarão se o atendimento for postergado, melhoria da assistência nas emergências, redução da ansiedade e o aumento da satisfação dos profissionais e usuários29. A AACR para os enfermeiros foi percebida como um novo modelo de reorganização do serviço e atendimento humanizado prestado pela equipe, percebendo que não significa só a melhor ordenação do atendimento ao usuário, mas também evitar que problemas de saúde sejam agravados29. Segundo artigo, que propôs uma entrevista aos enfermeiros ao inicio de uma implantação de AACR, a percepção dos entrevistados quanto às mudanças para os usuários foi à possibilidade de reforçar as ações educativas no sentindo de informação do que caracteriza o 11 atendimento em emergência e orientação para buscar a rede básica para atendimentos eletivos8. A AACR também possibilita o atendimento ao usuário grave com mais agilidade e humanização, o que se constitui no foco central da assistência a ser prestada em serviços de urgência e emergência. Identificando mudanças positivas como agilidade no atendimento, diminuição da demanda e melhor organização do serviço. Os pontos negativos não foram encontrados, provavelmente devidos á falta de vivencia com os protocolos29. A pesquisa mostrou que os enfermeiros veem na Cr um instrumento muito importante no pronto socorro. Embora nem todos familiarizados com este instrumento, todos os reconhecem como sendo de priorizar o atendimento a pacientes mais graves. A pesquisa tem em vista que a CR é uma área nova e promissora para o enfermeiro, e espera proporcionar uma melhoria na qualidade deste serviço31. 5 Considerações finais A CR mostra se como um desafio para a oferta da assistência que visa diminuir as chances de insatisfação dos usuários e na consolidação de um modelo de atendimento de portas abertas. Verificou- se ao longo do trabalho a importância do enfermeiro na aplicação da classificação de risco, sendo este profissional qualificado, direcionado a avaliação integral do paciente e não apenas ao diagnostico. O enfermeiro de urgência e emergência deve ter a capacidade de articular e direcionar o atendimento ao serviço especializado. Ofertar uma assistência que proporcione atendimento com base nas melhores tecnologia disponíveis, com equipamentos e espaço físico adequados, conjugada ao reconhecimento das necessidades dos usuários e da equipe de saúde, sendo um grande desafio. Recomenda-se a realização de novos estudos no sentido de analisar as contribuições do enfermeiro e seu papel estratégico, podendo assim obter melhor gerenciamento e atendimento ao paciente de forma eficaz e eficiente. 6 Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde. Acolhimento e classificação nos serviços de urgência. 1ª.ed.Brasília;2009.Disponível em: 12 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento_classificaao_risco_servico_urgencia.p df. Acesso em: 15 mar 2011 2. Andrade LM, Martins EC, Caetano JÁ, Soares E, BeserraEP.Atendimento humanizado nos serviços de emergência hospitalar na percepção do acompanhante. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 11, n. 1, p 151-157, 2009. 3. Ferrer MV, Toledo LC. 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