UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA VIÇOSA-MG-BRASIL Novo Plano de Estudos “Populações microbianas e perfil fermentativo em silagens de alfafa tratadas com inoculantes microbianos e enzimáticos” Odilon Gomes Pereira Junho/2008 1. Resumo Denomina-se silagem o produto de uma fermentação anaeróbia controlada de determinada forragem verde, armazenada em uma estrutura denominada silo, enquanto que ensilagem refere-se ao termo utilizado para definir o conjunto de operações destinadas ao enchimento do silo (corte, picagem, transporte, compactação etc). O processo de produção de silagem envolve a acidificação da massa ensilada pelos produtos da fermentação (ácidos orgânicos, principalmente ácido lático) de açúcares presentes na planta. A acidificação é o resultado natural do metabolismo de bactérias presentes na cultura, por ocasião da colheita. Os tipos e as quantidades de ácidos dependem do conteúdo de umidade da cultura na época da ensilagem e da população relativa de diferentes espécies de bactérias presentes na cultura, conhecida como microflora epifítica (Wilkinson et al., 2003). O processo de ensilagem é complexo, devido ao grande número de microrganismos envolvidos, e pode ser considerada uma metabiose, ou seja, ocorre o desenvolvimento simultâneo e sucessivo de microrganismos de diversos gêneros e espécies, que dependem principalmente do pH, do potencial de oxirredução e do tipo e quantidade de substratos presentes no meio. Uma adequada acidificação é essencial para o êxito de preservação da massa ensilada, especialmente quando a concentração de umidade da cultura é relativamente alta, devido à acidez prevenir o desenvolvimento de microrganismos deterioradores, que são menos tolerantes às condições ácidas do que as bactérias produtoras do ácido lático (BAL) (Woolford, 1984; McDonald et al., 1991). Embora a produção de silagem seja um processo natural, iniciado pela população microbiana epifítica presente nas plantas por ocasião da colheita, inoculantes comerciais para silagem, consistindo de culturas puras ou mistas de BAL homoláticas são frequentemente adicionadas pelos produtores por ocasião da ensilagem, visando favorecer a fermentação homolática e garantir uma silagem de alta qualidade (Bolsen et al., 1996). Assim, objetiva-se, com esse estudo, quantificar a população microbiana de silagens de alfafa tratadas com dois inoculantes microbianos e um enzimático usando-se meios de culturas seletivos. Serão realizadas, também, análises da composição bromatológica (FDN, FDA e PB) e do padrão fermentativo das silagens. 2 2. Introdução e Justificativa: A utilização de forragens conservadas, principalmente na forma de silagem, é uma alternativa viável, para que se possa garantir o fornecimento de forragem de alta qualidade, durante o período de escassez de alimentos. Neste contexto, as culturas de milho e sorgo têm se destacado como as espécies mais utilizadas no processo de ensilagem, por sua facilidade de cultivo, altos rendimentos e, especialmente, pela qualidade da silagem produzida. O potencial de uma planta para ensilagem é dependente do teor original de umidade, que deve situar-se próximo a 70%, do conteúdo de carboidratos solúveis (acima de 8% na MS) e do baixo poder tampão, que não deve oferecer resistência à redução do pH para valores entre 3,8 e 4,0 (McCullough, 1977). Os parâmetros mais utilizados na avaliação da qualidade da silagem são os teores de ácidos orgânicos (lático, acético e butírico), nitrogênio amoniacal e pH. No entanto, o teor adequado de matéria seca, antes da ensilagem, é um fator importante para que ocorra uma boa fermentação no silo (Ashbell e Weinberg, 2003), evitando fermentações indesejáveis. Além disso, a matéria seca está intimamente ligada à maturidade da planta, e, à medida que ocorre seu amadurecimento, menor será o teor de nitrogênio não protéico, proteína bruta e digestibilidade in vitro da matéria seca das silagens (Snyman e Joubert, 1996). O pH indica, geralmente, se a fermentação foi adequada ou não (Fisher e Burns, 1987). Os valores adequados situam-se entre 3,8 e 4,2, sendo que, acima desse valor, há a indicação de fermentação butírica (McDonald et al., 1991). O ácido lático é produzido pelas bactérias dentro do silo, as quais têm como principal substrato os carboidratos solúveis (Weinberg e Muck, 1996), cujo aumento é responsável pela redução dos valores de pH, das concentrações de ácido butírico e de nitrogênio amoniacal (Langston et al., 1962). Portanto, pode-se inferir que o processo de ensilagem é complexo devido aos vários fatores que se relacionam, como a espécie vegetal utilizada e suas características físicoquímicas, tanto quanto a variação da microflora epifítica entre espécies vegetais, das condições climáticas, da condução das operações de ensilagem, da extensão do período de conservação e do manejo do fornecimento da silagem após a abertura do silo. Além disso, envolve mudanças bioquímicas dos substratos, devido à ação de vários grupos de microrganismos. Desta forma, o conhecimento da microflora pode auxiliar na compreensão 3 das interações que possam ocorrer dentro e fora do silo, podendo tornar-se mais um parâmetro para avaliação da qualidade de silagens. Deve-se salientar que a ensilagem tem como principal objetivo maximizar a preservação original dos nutrientes encontrados na forragem fresca, durante o armazenamento, com o mínimo de perdas de matéria seca e energia. Para tal, é necessário que a respiração da planta e sua atividade proteolítica, bem como a atividade clostrídica e o crescimento de microrganismos aeróbios, sejam limitados. Além do manejo adequado, a planta ao ser colhida deve apresentar um teor de umidade ideal para a ocorrência de uma compactação ótima da massa ensilada e manutenção dos nutrientes, bem como o teor de carboidratos solúveis necessita ser suficiente para promover uma boa fermentação. Os substratos disponíveis para a fermentação são usados por microrganismos que utilizam rotas metabólicas diferenciadas, com a consequente produção de ácido lático, principal produto da fermentação de bactérias láticas, ou de outros produtos, tais como etanol e CO2, que são indesejáveis, tanto pela perda de energia no processo fermentativo da silagem (característica de silagens pobres em proteína), quanto por ser um composto neutro para a nutrição do ruminante (Van Soest, 1994). Portanto, uma população adequada de bactérias láticas é necessária para garantir uma boa produção de ácido lático, promovendo uma redução mais rápida no pH, inibindo a atividade de microrganismos deletérios à silagem, como enterobactérias, bactérias clostrídicas e outros. Neste contexto, os inoculantes comerciais, consistindo de culturas puras ou mistas de BAL homoláticas, são frequentemente adicionados pelos produtores, por ocasião da ensilagem, visando favorecer a fermentação homolática e garantir uma silagem de alta qualidade (Bolsen et al., 1996). Estes inoculantes são produtos seguros, fáceis de serem manuseados, não corrosivos e não poluentes, sendo considerados produtos naturais (Filya et al., 2000). Em contraste às bactérias homoláticas, que melhoram principalmente o início do processo de ensilagem, um novo microrganismo de silagem, o Lactobacillus buchneri, tem sido bem sucedido na melhoria da estabilidade aeróbia de silagens. O Lactobacillus buchneri foi aprovado para uso nos Estados Unidos em 2001 e, em 2003, reivindicou-se o título de “melhorador” de estabilidade aeróbia de silagens, reivindicação esta que nenhum outro fabricante de inoculante de silagem pode fazê-la legalmente (Kung Jr., 2006). 4 O estudo da flora epifítica ou flora original das plantas, segundo Pahlow (1989), tem revelado resultados altamente variáveis quanto à composição e ao número de microrganismos. Estes parâmetros estão sujeitos aos fatores ambientais, os quais são influenciados pela localização geográfica, onde os estudos estão sendo conduzidos. Deste modo, os fatores climáticos e a composição das plantas irão interferir diretamente nos vários complexos bioquímicos e processos microbiológicos que transcorrem desde o momento da colheita da forragem até o fornecimento da silagem ao animal. Portanto, pesquisas de identificação da flora epifítica da forrageira são essenciais, antes da recomendação do uso de inoculantes microbianos (Pahlow, 1989; Pitt, 1990). Pahlow (1989), na Alemanha, observou que a população lática epifítica encontrada em plantas de milho variou de 5 x 103 a 1 x 107 unidades formadoras de colônia por grama de forragem fresca (ufc/g). Para que as BAL dos inoculantes obtenham êxito, estas devem superar a população epifítica de BAL da forragem ensilada, tornando-se a população dominante. Neste contexto, segundo Mahanna (1993), taxas de inoculação da ordem de 105 células viáveis/g de forragem seriam suficientes para que a população de bactérias produtoras do ácido lático seja dominante no processo de fermentação. No entanto, este mesmo autor comenta que a aplicação excessiva de bactérias láticas não é recomendada, pois promoverá uma rápida fermentação, de modo que o material ensilado conservará suas características nutritivas por um período bem menor após a abertura do silo, se comparado à silagem devidamente inoculada. O uso de aditivos microbianos representa uma importante ferramenta, pois contribui para a redução da proteólise enzimática, advinda do rápido decréscimo do pH dentro do silo, favorecendo a produção de grandes quantidades de ácido lático, o que representa uma possibilidade de ocorrer maior recuperação da matéria seca ensilada (Henderson, 1993). As BAL da microflora epifítica são essenciais para fermentação da massa ensilada, conforme já destacado. Entretanto, nenhum grupo varia tanto, em número, quanto este, indo do limite de detecção (101) a 105 UFC g-1 forragem, na alfafa, 106, em gramíneas perenes, e 107, em milho e sorgo (Pahlow et al., 2003). A população de BAL, na cultura a ser ensilada, encontra-se em baixo número, aumentando consideravelmente ente a colheita e a ensilagem. Isto se deve à reativação de células dormentes e não culturáveis de BAL, 5 durante o processo de picagem (Woolford, 1984; McDonald et al., 1991), ocorrendo mudanças substanciais na população de espécies individuais de BAL. Já as enzimas são aditivos relativamente novos quando comparados aos inoculantes bacterianos sendo que a maioria das enzimas utilizadas nos aditivos para silagem é produto microbiano, tendo atividade enzimática. Aditivos enzimáticos são produtos contendo uma variedade de proteínas que auxiliam em certas reações bioquímicas na silagem. As classes mais comuns de enzimas nestes produtos são as celulases, hemicelulases e amilases. Os aditivos à base de enzimas podem conter um único complexo enzimático, uma combinação de complexos enzimáticos e uma combinação desses complexos com bactérias do ácido lático (Kung Jr., 2002). Os principais objetivos das enzimas são: 1) reduzir o teor de fibra da silagem e 2) proporcionar açúcar extra para fermentação. Naquelas espécies que apresentam baixo conteúdo de açúcar, as enzimas poderiam aumentar os produtos da fermentação, favorecendo a produção de ácido lático e redução do pH (Muck e Bolsen, 1991; Muck e Kung Jr., 1997). Isto ocorre principalmente em leguminosas e gramíneas ensiladas com 60-75% de umidade, uma vez que, nessas silagens, o menor pH e os produtos adicionais da fermentação poderiam inibir leveduras e fungos, resultando em melhor estabilidade aeróbia (Muck e Kung Jr., 1997). Embora esses aditivos já sejam utilizados a algum tempo, algumas questões a respeito da interação de inoculantes microbianos e enzimáticos e os efeitos desta interação sobre o perfil fermentativo e a população microbiana em silagens de alfafa ainda não estão respondidas. Portanto, objetiva-se com o presente estudo avaliar a população de batérias produtoras do ácido lático, enterobactérias, fungos e leveduras e o perfil fermentativo (ácidos lático, acético e butírico e pH e nitrogênio amoniacal), bem como o teor de FDN e FDA em silagens de alfafa tratadas com dois inoculantes microbianos e um enzimático. 6 3. Síntese da Bibliografia de Referência ASHBELL, G.; WEINBERG, Z.F. 2003. Silage from tropical cereals and forage crops. http://www.fao.org/ag/agp/agpc/gp/silage/html/paper7.htm BOLSEN, K.K.; ASHBELL, G.; WEINBERG, Z.G. Silage fermentation and silage additives: review. Asian-Australian J.Anim. Sci., 9, p.483-493, 1996. CAI, Y. Identification and Characterization of Enterococcus Species Isolated from Forage Crops and Their Influence on Silage Fermentation. Journal of Dairy Science, Vol. 82, No. 11, p.2466-2471, 1999 CAI, Y.; KUMAI, S.; OGAWA, M. et al. 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Por ocasião da ensilagem, será feita a aplicação de dois inoculantes bacterianos e de um enzimático, segundo recomendações dos fabricantes, com auxílio de um pulverizador de 500ml de capacidade. No tratamento controle (sem aditivo), será aplicado a mesma quantidade de água a ser usada nos tratamentos com aditivados. Adotar-se-á um arranjo fatorial 4x5 (três aditivos e um controle x cinco períodos de fermentação), no delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro repetições. Os períodos de fermentação serão: 0; 2; 4; 7 e 60 dias. 5.1. Análises laboratoriais O teor de MS da forragem e das silagens será determinado por meio de secagem em estufa de ventilação forçada a 60o C por 48 h. Essas amostras serão moídas em moinho tipo “Willey”, com peneira de 1 mm e armazenadas para posteriores análises laboratoriais. Nas amostras moídas serão efetuadas determinações de FDN e FDA segundo Van Soest e Robertson (1985). O nitrogênio total será determinado pela pela combustão da amostra (Leco CNS 2000 Analyzer, Leco Corporation, St. Joseph, MI). Amostras da forragem fresca e das silagens (25g) serão homogeneizadas em 225 mL de uma solução estéril por 1 min. O pH dessa mistura será registrado imediatamente em pegâmetro. Em seguida, será realizada a filstragem dessa mistura em papel de filtro Whatman 54 para obtenção do extrato aquoso. Amostras do extrato aquoso 9 serão diluídas sucessivamente a analisadas para bactérias do ácido lático (BAL), enterobactérias, leveduras e fungos, utilizando-se meios de culturas seletivos para cada grupo microbiano. O número de BAL será determinado pelo plaqueamento em Agar Rogosa (Oxoid). As placas serão incubadas a 32oC por 48h. O número de enterobactérias será determinado pelo plaqueamento em Violet Red Bile Glucose Agar (Oxoid), em sobrecamada. As placas serão incubadas 36oC por 18h. Leveduras e fungos serão determinados pelo plaqueamento em Malt Extract Agar (Oxoid), o qual será acidificado com ácido lático 85%, na concentração 0.5vol/vol, após a autoclavagem. As placas serão incubadas a 32oC por 48h. Uma porção do extrato aquoso será acidificada com ácido sulfúrico 50%, para reduzir o pH deste e em seguida armazenada em freezer. Nesse extrato serão efetuadas determinações dos ácidos lático, acético e butírico em HPLC, segundo Muck & Dickerson (1998). No extrato aquoso também serão determinados nitrogênio amoniacal (Chaney e Marbach, 1962) e carboidratos solúveis em água (Nelson, 1944). 5.2. Análises Estatísticas Os dados referentes ao perfil fermentativo e a composição bromatológica serão analisadas utilizando-se o programa estatístico SAS (1999). Na comparação dos fatores qualitativos será utilizado o teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, para a comparação das médias. 6. Plano de Trabalho e Cronograma de Execução Durante o estágio, planeja-se desenvolver as seguintes atividades: - Preparar amostras de silagens de alfafa para quantificação da população microbiana; - Preparar meios de cultura seletivos para quantificação da população microbiana; - Preparar amostras para determinações da composição bromatológica, bem como aquelas referentes ao perfil fermentativo (pH, nitrogênio amoniacal e ácidos orgânicos); - Realizar as análises laboratoriais acima relatadas; e, - Revisão de literatura e redação do relatório. 10 Além das atividades acima, o estágio proporcionará oportunidades para acompanhamento de outros projetos desenvolvidos com silagens na Delaware University, bem como, acompanhar o funcionamento de outros equipamentos. Cronograma de execução Ano Atividade Mês J - Ensilagem -Preparação de meios de culturas e F M A M J J A S O N D X X X X X X quantificação das populações microbianas; - Análises bromatológicas, de pH e ácidos 2008 X X X X orgânicos; - Tabulação dos dados e análises X X estatísticas; - Redação do relatório. X 7. Forma de Análise de Resultados A área de microbiologia de silagens e sua relação com o perfil fermentativo da massa ensilada, tem despertado grande interesse entre os pesquisadores que trabalham com conservação de forragens. Como resultado desse estágio, esperamos nosso aprimoramento com técnicas relacionadas a quantificação microbiana em silagens, bem como, oportunidade para conhecimento de novas técnicas relacionadas ao assunto, possibilitando assim oportunidade para intensificação de pesquisas com microbiologia de silagens em condições tropicais, onde estudos desta natureza ainda são bastante escassos. Esperamos ainda, que o presente estágio nos proporcione condições para ajustes e, ou, inserções de 11 novos procedimentos metodológicos nos projetos desenvolvidos em nosso programa de pós-graduação, para que possamos entender melhor a dinâmica de microrganismos e o processo de fermentação de silagens produzidas com forrageiras de clima tropical. Além da formação pessoal, estágios desta natureza também proporcionam oportunidade para fortalecimento do nosso programa de pós-graduação e inserção do mesmo em nível internacional. 12