VI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 06 A 08 DE OUTUBRO DE 2010 REVISÃO DE LITERATURA FASES DA FERMENTAÇÃO NO PROCESSO DE ENSILAGEM 1Surge, C., 1Silveira, T.F., 1Silva, M.G.B., 1Silveira, J.P.F., 1Lo Tierzo, V., 1Nascimento Junior,N.G. 1Aluno do Programa de Pós-graduação em Zootecnia FMVZ/ UNESP – Botucatu/SP Email: [email protected]; 2 Professor da FMVZ/UNESP – Botucatu/SP, Depto. de Melhoramento e Nutrição Animal Botucatu/SP; 3 Graduanda do curso de Zootecnia – FMVZ/UNESP, Botucatu/SP. INTRODUÇÃO A ensilagem consiste em preservar forragens por meio de fermentação anaeróbica, após o seu corte, picagem, compactação e vedação em silos. O produto final dessa fermentação, denominado silagem, é obtido pela ação de microrganismos sobre os açúcares presentes nas plantas com a produção de ácidos, resultando em queda do pH . A prática da confecção de silagem tem sido cada vez mais comum na produção animal, principalmente em regiões com exploração pecuária mais tecnificada, onde a procura por melhores índices zootécnicos e rentabilidade econômica tem levado grande número de produtores, que utilizam o confinamento, a adotarem sistematicamente essa prática. Outro fator que tem contribuído para o aumento da ensilagem é a integração agricultura-pecuária, entrando a lavoura como forma de reduzir o custo de recuperação ou renovação de pastagem. DESENVOLVIMENTO A silagem se refere a um produto fermentado, sendo que o processo de fermentação pode ser influenciado por: pH, poder tampão, temperatura, massa bacteriana, conteúdo de carboidratos solúveis, matéria seca, nitrogênio, hemicelulose e volume de ar por volume de forragem (Woolford, 1984; Pitt et al., 1985).Características químicas e microbiológicas para silagens de alta qualidade incluem: elevada concentração de ácido lático em relação aos ácidos acético e butírico, baixo pH e baixo conteúdo de amônia. Os ácidos orgânicos funcionam como preservativos para silagem e como energia para ruminantes (McDonald et al., 1991).Em geral, o período de estocagem da silagem pode ser dividido em 4 fases: pré-fechamento, fermentação ativa, fase estável e abertura do silo, sendo cada fase ditada por diversos processos (Rotz e Muck, 1994).A fase de pré-fechamento representa o tempo entre o início do enchimento do silo até seu fechamento. Nessa fase o oxigênio ainda está presente e o processo dominante que afeta a qualidade da forragem é a respiração da planta, geralmente perceptível pela elevação de temperatura da forragem. Dessa forma, a respiração nessa fase não somente poderá causar perdas de MS, como também induzir processos comandados pela temperatura, como é o caso das reações de Maillard, onde aminoácidos e açúcares se complexam, tornando parte do nitrogênio indisponível. Uma vez fechado o silo, a respiração da planta utiliza o oxigênio remanescente em questão de horas (Pitt et al., 1985), assim, quando condições anaeróbias prevalecerem inicia-se a fase de fermentação. Ocorre quebra das células das plantas (plasmólise), as quais VI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 06 A 08 DE OUTUBRO DE 2010 liberam mais quantidades de conteúdo celular, geralmente visualizado por perdas de efluente (contendo carboidratos solúveis e frações nitrogenadas). Enterobactérias e bactérias ácido láticas (BAL) normalmente prevalecem neste ambiente de 1 a 3 dias após o fechamento do silo. Entretanto, uma vez que o pH é reduzido abaixo de 5, a população de enterobactérias declina rapidamente, tornado-se as BAL os principais microrganismos na silagem (Muck, 1991). Esses grupos de bactérias fermentam principalmente açúcares, sendo que as enterobactérias produzem principalmente ácido acético e a BAL produz principalmente ácido lático. Outros produtos desses dois grupos incluem etanol, 2,3-butanodiol, ácido succínico, ácido fórmico e manitol (McDonald, 1991). O crescimento ativo das BAL varia de 1 a 4 semanas, decrescendo o pH para valores entre 3,8 a 5,0, sendo dependente do conteúdo de umidade, poder tampão e conteúdo de açúcares solúveis. Uma vez que a queda do pH seja suficiente para inibir o crescimento microbiano ou ocorra à exaustão de substratos, as BAL tornam-se inativas, e sua população decresce (Muck, 1991). Portanto, pH 3,8 a 4,2 inibe a ação das bactérias, interrompendo os processos de fermentação. Após o término da atividade microbiana, devido ao baixo pH ou ao esgotamento de substrato, inicia-se a fase estável do armazenamento.Quando o silo é aberto a fase anaeróbia é encerrada, iniciando-se o processo de pós-abertura. O oxigênio presente na face do silo poderá entrar na massa de silagem, gerando um substancial crescimento de microrganismos aeróbios, os quais causam aquecimento e perdas de MS, se o manejo de retirada da silagem não for bem feito. O aquecimento inicial é causado por leveduras ou bactérias ácido acéticas, bacilos e fungos, que se desenvolvem posteriormente caso a forragem não seja rapidamente consumida. CONCLUSÃO A qualidade da silagem em qualquer sistema de produção deve ser meta prioritária para eficiência na exploração. O princípio básico para obter-se uma silagem de alta qualidade é utilizar uma forrageira de bom valor nutritivo e manejo adequado durante todas as fases do processo de ensilagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS McDONALD, P. HENDERSON, A.R., HERON, S.J.E. The biocchemistry of silage. 2nd ed. Chalcombe Publ.., Bucks, England. 1991. MUCK, R.E.; PITT, R.E.; LEIBENSPERGER, R.Y. 1991. A model of aerobic fungal growth in silage. 1. Microbial characteristics. Grass Forage Sci. 46:283299. PITT, R.E.; MUCK, R.E. A quantitative model of the ensilage process in lactate silages. Grass forage Sci. 40:279-303. 1985. VI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 06 A 08 DE OUTUBRO DE 2010 ROTZ, C.A., MUCK, R.E. Changes in forege quality during harvest and storege. Agricultural engineer, U.S. Dairy forage Research Center, USDA/Agricultutal Research Service, 206 Farral Hall, Michigan State Univ., Esat Lasing. 1994. WOOLFORD, M.K. The chemistry of silage. P. 71-132. In: The silage fermentation. Marcel Dekker, New York. 1984.