ressuscitação cardiopulmonar de alta qualidade por um time de

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RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR DE ALTA QUALIDADE POR
UM TIME DE RESPOSTA RÁPIDA EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE
NÍVEL SECUNDÁRIO DO DISTRITO FEDERAL.
RESUSCITATION HIGH QUALITY CARDIOPULMONARY FOR A QUICK RESPONSE
TIME IN A HOSPITAL PUBLIC SECONDARY FEDERAL DISTRICT
Adna Sandriele Oliveira de Lima Medeiros¹, Amanda Silva Franco¹, Ataul Moura Guimarães¹,
Matheus Luan Queiroz Alves da Cunha¹, Fernando Henrique Costa Lemos¹, Karina Mezalira¹, Lucas
Rodrigues de Oliveira¹, Luciano Santos Sampaio 1, Mayane Santana de Oliveira 2, Julisse Marcela
Nepomuceno Aragão 3 Luciano Morais da Cruz4, Eunilson Alves de Lima Júnior5, Márcia Silva de
Oliveira6, Glayson Carlos Miranda Verner7
Abstract  the care of in-hospital cardiopulmonary arrest
(PCR) according to the latest guidelines of cárdiopulmonar
resuscitation (CPR) should be performed by rapid response
teams (RRT). to evaluate the effectiveness of the strategy of
CPR for a TRR in a secondary hospital in obtaining any kind
of return of spontaneous circulation (ROSC). controlled trial,
non-randomized (intervention, I; control, C) of patients who
developed PCR admission/admission into clinical
emergencies between Aug-nov/2015. included 149
individuals [1:14 (8./6f.); C: 135 (76./59f.). Analysis until 90
days identified: incidence of 182 ´ PCR (PCR 1.51/day; C:
1.64/patient; I: 2.07 PCR/patient); prevalence (41.7%) night;
asystole and HEART SOUNDS evenly distributed in I;
recurrence of any type of ROSC in I (i: 2.23 vs. C). the
greatest recurrence of PCR ´ s in I suggest greater
effectiveness of interventions, what is there to be explored at
the end of the study.
Index Terms  Cardiopulmonar Resuscitation, Impact,
Rapid Response Teams, Intervention.
INTRODUÇÃO
A parada cardiorrespiratória (PCR) consiste na cessação das
atividades respiratória e circulatória efetivas, e mesmo em
condições de atendimento ideal é responsável por
morbimortalidade elevada, sendo um evento que sofre ação
de diversas variáveis [1]. O atendimento à PCR deve ser
rápido, eficiente e baseado nas melhores evidências
científicas para que o paciente que sofreu o evento tenha um
melhor prognóstico [2]. Quando esta ocorre em ambiente
hospitalar, torna- se mais fácil e rápida a aplicação do suporte
básico (SBV) e avançado de vida (SAV), porém a literatura
demonstra ainda que o início das manobras de reanimação
cardiopulmonar (RCP) nos diversos departamentos e
enfermarias de um hospital pode exceder vários minutos e,
diferentemente do que ocorre nas unidades de terapia
intensiva e emergências, onde o paciente se encontra
monitorado, esse tempo encontra-se demasiadamente
aumentado nos leitos não-críticos e em centros diagnósticos e
ambulatoriais [3]. Estudo realizado [4] mostra que a cada
minuto sem RCP reduz-se a probabilidade de sobrevida em
10%. Em relação aos ritmos de PCR, assistolia e a atividade
elétrica sem pulso (AESP) são os ritmos mais frequentes em
ambiente hospitalar, com índice de retorno à circulação
espontânea (return of spontaneus circulation – ROSC, ou
retorno da circulação espontânea) de 55%, graças a
1
Medical students by the Integrated Faculty of Central Plateau (FACIPLAC). SIGA Special Area, no. 02, 72460-000, East Sector, Gama/DF, Brazil.
Mayane Santana de Oliveira, Nurse, Nursing Supervisor of Adult Ready Supply of the Regional Hospital Gama/DF, Brazil, Quadra 01, Central Sector,
772405-901, Gama/DF, Brazil.. Specialist in management systems and health services. [email protected].
3
Julisse Marcela Nepomuceno Aragão, Nurse Emergency Room by the Education and Research Foundation in Health Sciences – FEPECS/DF, Brazil.
[email protected].
4
Maxwell Trindade Ferreira , Rescuer, Gama/DF, Brazil..
5
Eunilson Alves de Lima Júnior, Doctor, Coordinator of the Clinical Unit of the Regional Hospital Gama, Quadra 01, Central Sector , 772405-901, Gama/DF,
Brazil. [email protected]
6
Marcia Silva de Oliveira, Biomedical, Full Professor of the Integrated Faculty of Central Plateau (FACIPLAC). SIGA Special Area, no. 02, 72460-000, East
Sector, Gama/DF, Brazil. Full Professor of the Paulista University (UNIP) – Campus Brasília. SGAS Block 913, s/n, 70390-130, Asa Sul. Brasília/DF, Brazil.
Full Researcher of the Center for Studies in Education and Health Promotion, University of Brasilia – NESPROM/UnB. Campus Universitário Darcy Ribeiro
s/n, set 07, room 34, 70.910-900, Asa Norte. Brasília/DF, Brazil. [email protected].
7
Glayson Carlos Miranda Verner, Anesthesiologist and emergency physician at Regional Hospital Gama, Quadra 01, Central Sector , 772405-901, Gama/DF,
Brazil. [email protected].
2
DOI 10.14684/SHEWC.26.2016.110-114
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identificação e intervenção precoces, o que difere do
atendimento extra-hospitalar. Porém a despeito desta elevada
taxa e dos avanços tecnológicos, a sobrevida de pacientes que
evoluem para PCR dentro do hospital continua com poucas
alterações e ainda com baixos valores [5]. Outros estudos
preconizam que todo hospital deve ter um programa de RCP
próprio que avalie o desempenho deste atendimento
regularmente [7]. Para Girotra, & Cols [6], no ambiente
hospitalar, os esforços para a melhoria do atendimento à PCR
incluíram o uso de códigos de simulação de rotina, a discussão
dos casos pós RCP, a realização de atendimento precoce por
profissional não médico, e a melhoria da qualidade dos
registros. Estas ações poderiam melhor ser aplicadas por meio
de um Time de Resposta Rápida (TRR) em RCP [9].
Outras características destes TRR incluem: (a) ser um
grupo multidisciplinar (profissionais
médicos, de
enfermagem e de fisioterapia), (b) profissionais altamente
treinados em atendimento de RCP, (c) atuam, por um
determinado período, exclusivamente no atendimento de
PCR´s (“código azul”) ou a manifestações que a antecedem
(“código amarelo”). Na equipe, seus profissionais são
responsáveis pela pronta avaliação, triagem e tratamento dos
pacientes com sinais de descompensação clínica em qualquer
dependência hospitalar, excluindo unidades de terapia
intensiva.
Os sistemas de alertas (“código
amarelo”) são
representados por escores, prestando-se a avaliarem a
gravidade dos pacientes e a determinar o seu provável risco
de evolução à uma PCR, destacando-se, entre estes o escore
MEWS (Modified Early Warning Score - Escore de Alerta
Precoce Modificado). Trata-se de um sistema de alerta muito
utilizado em função de sua grande acessibilidade e facilidade
de execução por se basear apenas em critérios clínicos e de
sinais vitais do indivíduo. Destarte, a resposta ao tratamento
instituído está relacionada à precocidade da intervenção.
Alinhado a este entendimento, constitui-se, em 2015, a
primeira experiência piloto para avaliação da estratégia TRR
em RCP no contxento de um hospital público do Distrito
Federal, Brasil, o HRG CPR Team. A experiência inovou não
apenas pelo seu pioneirismo, por desenvolvê-lo por meio de
um ensaio clínico (Brasilia CPR Study ou BCPRS Clinical
Trial) no mais adverso do contexto de pesquisa (as
emergências cardiovasculares), mas também por conter em
sua composição acadêmicos de medicina e socorristas
voluntários da comunidade (HRG CPR Rescuers) trabalhando
com profissionais de saúde (médicos, enfermereios outros
profissionais da enfermagem). Estes acadêmicos pertenceram
a uma liga acadêmica de uma universidade local de Brasília DF que foram selecionados a partir de sucessivas avaliações
teórico-práticas em ambiente especializado de treinamento
sob simulação realística. Além do mais, todos os membros do
time receberam capacitação e atualização em SBV e SAV
realizados pelo Serviço Móvel de Atendimento de Urgência
local do Distrito Federal e por entidade credenciada pela
American Heart Association-AHA (Grupo de Resgasta e
Emergência).
A par do epigrafado e da realidade vivenciada pelo
serviço de saúde público brasileiro, mormente suas
emergências, questionam-se que impactos poderia haver ao se
constituir, em uma de suas unidades de atendimento
hospitalar, uma equipe para a observação, avaliação e
implementação de um programa qualificado de registros e
cuidados de alta qualidade em atendimento a RCP? Mais
ainda, um TRR criado e mantido a um baixo custo e um
cenário de escassez de recursos humanos e tecnológicos. O
objetivo do presente estudo foi avaliar a eficácia da estratégia
do TRR em RCP de alta qualidade no atendimento a PCR
manifestada em um serviço de emergências clínicas em um
hospital público de nível secundário no Distrito Federal,
sendo considerado a obtenção de qualquer tipo de retorno da
circulação espontânea (ROSC) o desfecho principal.
O desfecho era caracterizado pela obtenção de elevação
súbita e sustentada da capnografia, acompanhada de pulso
palpável, independente do tempo de suas durações. Entre os
desfechos secundários, objetivou-se conhecer a incidência da
PCR e de sua recorrência, a mortalidade no evento, o período
do dia em que o evento era mais frequente, dados
demográficos da população em estudo e impacto de
comorbidades. Para tanto, fora constituído um grupo de
gestão (Brasilia CPR Group), um projeto de educação e
capacitação (Brasilia CPR Project), e um projeto de pesquisa
(BCPRS), resultando numa equipe composta de 36 membros
(médicos, 2; enfermeiro, 1; residente de enfermagem, 1;
técnicos de enfermagem, 2; acadêmicos de medicina, do 4°8° período, 25; socorristas voluntários, 4), capacitados e
certificados em atendimento à RCP, e treinados nos
protocolos criados para o estudo.
OBJETIVO
Primariamente, caracterizar a experiência BCPRS Clinical
Trial). Entre os subrogados, identificar a incidência do evento
PCR na unidade em estudo; descrever o sistema de
atendimento local à urgência/emergências quanto ao evento
em estudo; caracterizar a população atendida e demais
variáveis secundárias
METODOLOGIA
Em atendimento à resolução 466/2012 do Conselho Nacional
de Saúde (CNS) que reza sob pesquisa com seres humanos,
encaminhou-se, acompanhado da solicitação de faculdade de
aplicação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE em regime de urgências extremas) o projeto ao Comitê
de Ética em Pesquisa da Fundação de Ensino e Pesquisa em
Ciências da Saúde (CEP-FEPECS), obtendo-se autorização à
sua realização (Parecer n° 5553/15).
Na fase experimental, a casuística arrolou
convenientemente, em quatro meses (agosto a novembro/15),
indivíduos que manifestaram PCR à admissão ou durante a
internação nas unidades (enfermarias e pronto socorro) da
Clínica Médica (CM) da instituição em estudo. Excetuando
pela alocação não randômica, o desenho da pesquisa seguiu a
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metodologia CONSORT2010 indicada para estudos de
intervenção. A não aleatorização se justifica pelo
impedimento legal de atuação diária da equipe médica do
TRR durante a pesquisa. Porém, diuturnamente todos os casos
de PCR foram acompanhados por um observador do TRR
(P6), também responsável pelos registros dos dados. Diante
de um paciente acometido de PCR, o grupo intervenção (HRG
CPR Team) aplicava
procedimento padronizados em
protocolos. Estes incluíram sistema de ativação, padronização
de condutas de intervenção, uso de drogas e dispositivos,
cuidados pós-RCP, tidos como garantidores de maior
qualidade da RCP.
Já ao grupo controle (Hospital, H), era promovida RCP
de acordo com o plantonista médico e a equipe de
atendimento, dado que não havia um protocolo assistencial
formalizado na instituição. Tendo como objetivo desfecho
primário a obtenção de qualquer tipo de ROSC, os grupos
seguiram independente ao longo do estudo. Para a coleta de
dados, utilizou-se o questionário manuscrito In-Hospital
Utstein Style, com adaptações (Adapted Utstein Style
Register by Brasilia CPR Study, AUSRe-BCPRS), sugeridas
em sua revisão por Perkins et al., e pela Diretriz Brasileira de
Ressuscitação Cardiopulmonar (Sociedade Brasileira de
Cardiologia, 2013). Todos os pacientes incluídos no estudo
receberam manobras de RCP, exceto aqueles em que
expressamente havia a ordem de não ressuscitar (“Do Not
Attempt Resuscitations”, DNAR) ou que a equipe assistente
de alguma forma a considerasse fútil. Os resultados, nesta
fase, receberam tratamento estatístico descritivo.
Dentro da estratégia TRR, cada membro do HRG CPR
Team era designado como player (P), havendo o P1, P2, P3,
P4, P5 e P6. Cabia ao P1, médico, coordenar de forma
harmonizada intervenções sobre o paciente; executar
manobras médicas exclusivas; promover monitorização
mecânica e fisiológica com meta no controle da qualidade do
atendimento; executar e supervisionar condutas e
procedimentos protocolados. Ao P2, socorrista, promover
condições ideais (posicionamento do paciente, rolagem,
imobilização, retirada de vestes e indumentárias que
prejudicassem as intervenções ou representassem riscos aos
pacientes) à aplicação de massagem cardíaca externa de alta
qualidade (MCE-aq). Além disso, era função deste também
alternar com o P3 na realização da MCE-aq. O P3 era o
elemento da equipe que executava exclusivamente MCE-aq,
zelando pela recomendação de seu caráter de
“ininterruptibilidade”, regularidade de frequência e
profundidade, entre outros. O P4 exclusivamente manipulava
as
pás
do
dispositivo
de
monitorização/desfibrilação/cardioversão (DCE) sobre o
tórax do paciente, executando protocolos de monitorização e
segurança quando da liberação de choques sobre o mesmo. O
P5 era o incubido de promover várias intervenções, tais como
venóclise, colheita de sangue para exames complementares,
administração de fármacos, carregamento e liberação de
choques, quando indicados, pelo DCE. Por fim, o P6 era o
membro do time que não participa diretamente do
atendimento, mas que registrava, nos termos de um glossário
especificamente protocolado, no AUSRe-BCPRS, todas as
informações sobre a PCR e a RCP promovidas por ambos os
grupos. PCR.
Antecedendo a PCR, alguns pacientes foram avaliados
pelo Modified Early Warning Score (MEWS), um escore que
avalia fatores que prenunciam um PCR, adotado dentro da
estratégia “codigo amarelo”.
RESULTADOS
No período da pesquisa, 149 pacientes manifestaram PCR,
dos quais 136 (91,3%) foram atendidos pelo grupo controle,
e 13 (8,7%), pelo HRG CPR Team. Em 93 participantes
(62,4%) promoveram-se RCP e nos restantes, 56 (37,5%),
não. As manobras foram promovidas sobre 84 pacientes
(61,7%) do grupo H e em 9 (69,2%) do grupo intervenção.
Considerando toda a população do estudo, houve 232 eventos
de PCR [206 (88,8%), no H; 26(11,2%), no HRG CPR Team].
Considerando a população de pacientes efetivamente
reanimados, ocorreram, nestes, 176 eventos de PCR
[154(87,5%), no H; 22(12,5.%), no HRG CPR Team],
havendo algum tipo de ROSC em 89 eventos de PCR (50,5%)
[75 (84,2%), no H; 14(15,7%), no HRG CPR Team],
resultando, então, em uma taxa de sucesso de 48,7% no grupo
H, e de 66,6%, no HRG CPR Team, o que representa uma
taxa de sucesso pelo menos 1,36 vezes maior neste. Nos
reanimados pelo H, 63% não eram idosos (>65 anos),
enquanto nos reanimados no HRG CPR Team, 57%. Do total
de participantes, 57% pertenciam ao gênero masculino e 42%
ao sexo feminino. Em relação ao grupo intervenção, houve
uma distribuição muito próxima entre os gêneros dos
participantes [6 (46,1%), masc; 7 (53,9%), fem.)],
diferentemente do que ocorreu com o tipo de arritmia de
apresentação da PCR [5 (56%) assistolias; 3 (33%), AESP; 1
(11%), FV)] e o local, na instituição, da ocorrência do evento
[23 (88,5%), na unidade de cuidados intermediários do pronto
socorro; 2 (7,7%), na enfermarias de observação de pronto
socorro; 1 (3,8%), nas enfermarias clínicas]. Em relação ao
lugar de manifestação da PCR em pacientes do grupo H, esta
ocorreu predominantemente na unidade de cuidados
intermediários do pronto socorro [181 (87,9%)], em
detrimento às enfermarias de observação do pronto socorro
[19 (9,2%)] e das outras enfermarias clínicas da instituição
[6(2,9%)].
Ainda, outras análises preliminares dos primeiros 90 dias
revelam que das 182 PCR´s manifestadas no período, 76
(42%) ocorreram à noite, 57 (31%) à tarde e 49 (27%) no
período da manhã; uma incidência de 182 PCR´s (1,51 PCR/
dia; C: 1,64/ paciente; HRG CPR Team: 2,07 PCR/ paciente);
percentual elevado dos pacientes em idade ainda produtiva e
com comorbidades crônicas (insuficiências cardíacas/renal.
Entre as comorbidades mais encontradas nos grupos,
hipertensão arterial sistêmica (HAS) (C, em 60% dos
reanimados e 90% nos não reanimados; HRG CPR Team,
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57% dos reanimados e 50% nos não reanimados) e diabetes
mellitus (DM)(C, em 36% dos reanimados; HRG CPR Team,
28% dos reanimados), foram as mais prevalentes. Em
seguida, foram observados pneumonia (33%, nos reanimados;
29%, nos não reanimados); acidente vascular encefálico
(19%, nos não reanimados; 54%, nos não reanimados);
insuficiências renais agudas ou crônicas (29%, nos
reanimados; 45%, nos não reanimados); doenças relacionadas
ao aparelho cardiovascular, tais como insuficiência cardíaca e
infarto agudo do miocárdio (27%, nos não reanimados; 20%,
nos não reanimados); doenças respiratórias, como doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e/ ou asma (9%, nos
reanimados; 39%, nos não reanimados); histórico de
neoplasia (39%, nos reanimados; 9%, nos não reanimados);
presença de fatores de risco, tais como etilismo (62% da
população) e tabagismo (53%, da população).
Ao final do estudo, foram identificados 5 pacientes
sobreviventes (3% dos participantes; 5% dos reanimados),
com média de idade de 53,4 anos.
DISCUSSÃO
A Instituição onde a experiência foi implementada faz parte
da rede de hospitais de nível secundário da rede pública de
serviços da SES-DF. Possui 55 leitos clínicos no pronto
socorro e 65 leitos na unidade de internação da CM. Uma das
metas propostas no estudo foi de abranger por completo estes
setores, os quais têm seus leitos distribuídos geofísicamente
de maneira particular, havendo leitos de internação e
observação de diversos níveis de complexidade distribuídos
entre dois andares.
Os resultados apresentados pela experiência sugerem a
viabilidade da instalação de um TRR permanente na
instituição, dado que, em relação à meta tempo de resposta,
esta foi satisfatória (<5 minutos) em 98% dos pacientes, aos
quais foram ofertados RCP-aq. O curto tempo para se iniciar
RCP é um dos principais determinantes da eficácia das
intervenções. Chama atenção que além da variável tempo,
sobressaem-se ainda a pregressa condição clínica da vítima
como fator determinante de prognóstico, influenciando, de
monta, os resultados da RCP intra-hospitalar. Pacientes com
doenças de base gravíssimas e descompensadas impactam não
só na sobrevivência do paciente, mas também nos resultados
da instituição, chamando a atenção para que sejam
monitorados os eventos e sua população atendida.
Tortolani e cols. analisando 512 RCP´s intra-hospitalares
verificaram que a mortalidade hospitalar era de 100% quando
o paciente tinha idade acima de 68 anos, a PCR ocorria na
unidade de emergências, em assistolia, em casos que se
utilizavam o desfibrilador, a intubação traqueal, ocorria
administração de mais de um medicamento por via
endovenosa, ou gotejamento de mais de um inotrópico ou
vasopressor. Quando o paciente não apresentava nenhuma
dessas características, a mortalidade era de 35,7%. Em relação
à idade, a prevalência de uma média de idade menor entre os
sobreviventes da amostra (53,4 anos) corrobora estudo [13]
que associou a característica pessoal maior idade ao óbito
hospitalar.
Estudos [11]-[12]-[13] citam melhores resultados de
TRR´s atuando em laboratórios de hemodinâmica,
provavelmente pelo fato de a principal causa determinante da
PCR nesses casos ser uma arritmia primária, em
contraposição ao serviço de hemodiálise e emergência, do
hospital deste estudo supracitado, que obtiveram os piores
resultados do TRR. Condizente com a literatura, em relação
ao ritmo letal apresentado ao momento da PCR intrahospitalar, compareceram a assistolia e a atividade elétrica
sem pulso (AESP), considerados de difícil reversibilidade e
preditores de uma condição clinica deteriorante dos pacientes
que os apresentam. Com isso os resultados positivos se
limitaram, muitas vezes, ao sucesso imediato da
reversibilidade de uma PCR.
A literatura estimula a utilização de escores que
funcionem como preditores da ocorrência intra-hospitalar de
uma PCR. No estudo, adotou-se Modified Early Warning
Score (MEWS), um escore validado internacionalmente e
usualmente aplicado. Nele, são aferidos e julgados os critérios
clínicos de: frequência respiratória, frequência cardíaca,
pressão arterial, temperatura corporal e nível de consciência.
Segundo Tavares e cols., o escore MEWS tem uma fidedigna
relação com o índice de gravidade real do paciente e a
aplicabilidade deste método como “triagem" para um
provável atendimento pelo TRR é valida. Neste estudo, que
adotou este escore, limitações relacionadas à logística (área
física dispersa; numerário de leitos etc), ao tamanho da equipe
time etc, sua aplicação foi interrompida ao final do primeiros
mês, fazendo com que apenas o “código” azul seguisse seu
curso.
Ao se comparar a taxa de sucesso nos grupos (HRG CPR
Team, 66,6%; H, 48,7%%), parecer que o sucesso da
estratégia TRR seja em função de uma maior eficácia das
intervenções padronizadas no protocolo em relação àquelas
não uniformizadas aplicadas pelas equipes do H,
corroborando com os estudos de [13]-[14], que apontam a
estratégia TRR como impactante sobre melhoria da qualidade
assistencial. Este conclusão há de ser avaliada por métodos
associativos [15]. O TRR tem a vantagem de fornecer o
registro detalhado de uma PCR e seu tratamento no momento
de sua instalação, bem como apresentar melhores taxas de
sucesso nas RCP que grupos não padronizados de
ressuscitação, como faz sugerir os resultados deste trial. A
iniciativa demonstrou a necessidade da adoção na instituição
e um programa regular e qualificado de treinamento em RCP,
criação e adesão a protocolos pertinentes, adoção de um
sistema mais adequado e integrado de registros, envolvendo,
inclusive, toda a cadeia de eventos que envolvem uma PCR.
Limitações deste estudo devem ser consideradas. O
caráter não randômico do arrolamento limita conclusões. A
predominância de alguns tipo de comorbidades mais graves,
objeto de estudos complementares, poderá ter influenciado
nos resultados. A não tão manifesta predisposição dos líderes
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113
de RCP no grupo H em insistentemente investir em um
indivíduo manifestando PCR, pode ser suspeitada como
responsável pela menor taxa de ROSC no controle, o que
carece de melhores estudos; os resultados deste trabalho se
limitam a instituições e pacientes com mesmo perfil, o que
pode ocorrer em grande parte na rede de hospitais
componentes do sistema de saúde distrital. Apesar da boa
representatividade da amostra, o curto período de tempo do
estudo (quatro meses), também pode ser suspeitado de ser
alterador dos resultados.
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[9]
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CONCLUSÕES
O benefício da implementação de um TRR em RCP pode não
estar associado apenas à intervenção precoce, mas também à
habilidade adquirida pela equipe no reconhecimento rápido de
sinais e sintomas de deterioração clínica. Este estudo piloto
observou na estratégia HRG CPT Team um menor tempo para
início das manobras de RCP e um atendimento de maior
qualidade, surgindo mair taxa de sucesso em vistas de uma
incidência aumentada no número de ROSC´s atingidos, o que
precisa de análies complementares.
Demonstrou, ainda, um grande contingente de pacientes
graves em unidades e leitos comuns ou de baixa
complexidade na instituição. Tanto nas enfermarias, quanto
no pronto socorro da CM, foram identificados pacientes que
chegaram ao serviço extremamente debilitados, fazendo com
que a maioria destes embora alcançasse ROSC, estes não
foram sustentados, culminando com o óbito do indivíduo.
Embora possa haver forte probabilidade de que tenha ocorrido
aumento na incidência de ROSC devido a atuação do TRR,
além de redução da mortalidade hospitalar e da mortalidade
associada pela implementação do time, as limitações do
estudo não permitem fazer tal afirmação.
Análises apresentadas neste material, são insuficientes
para permitir afirmar correlação entre a implementação do
HRG CPR Team e resultados em mortalidade. Assim, é
esperado que o treinamento contínuo da equipe, a maior
disponibilidade de recursos e a atualização dos
conhecimentos associada ao aprimoramento de técnicas e dos
TRR em RCP continuem trazendo benefícios para o
atendimento dos pacientes acometidos de PCR .
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XVI Safety, Health and Environment World Congress
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