O SIGNIFICADO INTERPESSOAL E O II PLANO NACIONAL DE REFORMA AGRÁRIA Carina Aparecida Lima de Souza (IFTO) [email protected] Este trabalho propõe uma investigação sobre a constituição de trocas de significados, ligações sociais, no texto de apresentação do II Plano Nacional de Reforma Agrária (II PNRA), de 2004. É um texto institucional brasileiro, elaborado como parte de políticas públicas relacionadas à reforma agrária. Destaca-se que a análise gramatical desse texto pode relacionar o comportamento linguístico a certos papéis sociais. Para tanto, esse trabalho se baseia nos pressupostos teórico-metodológicos da linguística sistêmico-funcional (HALLIDAY & MATTHIESSEN, 2004) e da análise de discurso crítica (FAIRCLOUGH, 2003). Ao se considerar a oração como troca – metafunção interpessoal (HALLIDAY E MATTHIESSEN, 2004) –, constata-se que a gramática disponibiliza recursos para a interação entre as pessoas através da língua. Por sua vez, a parte da oração que desempenha a metafunção interpessoal é chamada sistema de modo. Nesse sistema, a oração se organiza em dois componentes básicos: modo e resíduo. No excerto analisado, constata-se que os atores sociais apresentadores do II PNRA, interagem através, principalmente, do uso de orações para a troca de informações. No caso, ocorrem "declarações" sobre o II PNRA e dessas declarações interessa o modo (sujeito e finito). Os primeiros resultados sugerem que o enfoque analítico balizado nesses componentes, além de permitir uma reflexão sobre valores constituídos em políticas públicas, leva à discussão sobre o funcionamento de documentos institucionais do Brasil. É proposto um modelo de reforma agrária específico, teoricamente, a partir de textos institucionais e por isso devem ser investigados. Ainda, no corpus analisado, parece que as escolhas linguísticas revelam um padrão cultural recorrente em muitas interações de origem "institucional": há produção de muitos documentos, mas parece "natural" a não operacionalização ou a má operacionalização deles.