III SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Data: 23 a 25 DE OUTUBRO DE 2014 VIABILIZAÇÃO DE UM PRODUTO ALIMENTÍCIO PARA VEICULAR FÁRMACOS EMPREGADOS EM TRATAMENTO DE DOENÇAS CRÔNICAS. 1 2 2 FRANCISCO, Amanda O ; CECCONI, Liris C ; SILVA, Alexsandro M . 1 Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, [email protected] 2 Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP. Palavras-chave: medicamentos. Adesão à medicação. Formulação de São medicamentos. Paulo, Estabilidade SP. de Introdução As intensas transformações sociais, econômicas, políticas e culturais ocorridas no mundo, desde a metade do século passado, modificaram as características das populações, incluindo seu perfil epidemiológicos e aumento das taxas de morbimortalidade por problemas crônicos de saúde, fazendo com que aumentasse o consumo de medicamento de uso crônico, dos quais geralmente envolvem algumas tomadas no dia conferindo uma dificuldade de adesão, principalmente a aqueles que estão iniciando o tratamento. A não adesão a tratamentos farmacológicos tem sido um grande desafio aos profissionais da saúde. É um problema complexo a ser resolvido. Devido a essa problemática, recentemente há diversos estudos para encontrar as causas e possíveis soluções. Como por exemplo, a otimização dos horários de tomada do medicamento e desenvolvimento de novas formas farmacêuticas, para que o médico ou paciente tenha mais opções na administração do fármaco. Há estudos que afirmam que quanto maior numero de tomadas e esquemas terapêuticos também são parte da problemática de adesão e encontraram evidencias que tratamentos de duas doses diárias é melhor cumprido que de três doses diárias e assim consequentemente. Por isso, profissionais da área de farmácia tem estudado cada vez mais o desenvolvimento de novos meios de administrar os medicamentos, propondo para que o tratamento seja mais eficaz. Objetivo Elaborar um produto alimentício doce tipo “beijinho”, contendo ácido ascórbico e verificar a sua estabilidade durante o armazenamento de 28 dias, sob refrigeração e à temperatura ambiente. Metodologia Preparou-se a formulação do doce “beijinho”, cujos ingredientes foram: leite em pó, açúcar e leite condensado. O ácido ascórbico foi o princípio ativo escolhido para avaliar a estabilidade na formulação proposta. Os ingredientes secos foram misturados até completa homogeneização. O leite condensado foi incorporado em quantidade suficiente para umedecer e aglomerar todos os ingredientes. A mistura de todos os ingredientes até a completa homogeneização levou dois minutos. O ácido ascórbico, como princípio ativo, foi incorporado em concentração de 20, 100 e 200 mg por 1 g de doce tipo “beijinho’’. Foram pesadas unidades de 5 g e armazenados em temperatura ambiente e temperatura de refrigeração. Foi utilizada a técnica de titulação por iodometria para determinar a concentração de ácido ascórbico durante o armazenamento por 28 dias. O doseamento de ácido ascórbico foi feito em duplicata no tempo 0, 7, 14 e 28 dias. Os resultados obtidos foram tratados estatisticamente, usando o teste t student. Resultados e Discussão De acordo com os resultados dos doseamentos, obteve-se uma perda de ácido ascórbico no doce tipo “beijinho” no início do processo (tempo 0), exceto na amostra de 20 mg de ácido ascórbico/g. Verificou-se a perda de 10,08% e 17,44%, nas amostras com 100 e 200 mg de ácido ascórbico/g. A perda de ácido ascórbico foi proporcional ao aumento da sua concentração no Realização III SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Data: 23 a 25 DE OUTUBRO DE 2014 produto. A perda inicial de ácido ascórbico pode ser explicada pela incorporação inadequada dos ingredientes. O tempo de mistura não foi suficiente para deixar o produto homogêneo. Por outro lado, a concentração de ácido ascórbico se manteve constante durante o período de armazenamento de 28 dias, tanto sob refrigeração como à temperatura ambiente, com discretas oscilações. Vale ressaltar que não foi adicionado aditivo antioxidante na preparação. As amostras armazenadas sob refrigeração apresentaram uma concentração ligeiramente maior do que as à temperatura ambiente, durante o tempo de armazenamento. Isso pode estar relacionado à desidratação dos doces tipo “beijinho” no período estudado. Pois, o aspecto sensorial dos mesmos mostrou-se diferente do original: a maciez e o brilho se perderam, apresentando-se mais duro e opaco. As amostras se revelaram diferentes estatisticamente, sob as condições de armazenamento. Pode-se observar que o produto contendo 100mg de ácido ascórbico/g, armazenado à temperatura ambiente, apresentou-se mais estável do que os demais. A concentração de ácido ascórbico permaneceu estável até 21 dias de estocagem. Diante dos resultados, sugere-se que a incorporação dos princípios ativos seja feita de outro modo para minimizar a sua perda. Caso seja necessário, poderia usar algum coadjuvante tecnológico para facilitar a incorporação dos ingredientes e diminuir a perda do princípio ativo e evitar a sua desidratação. Conclusão O desenvolvimento de uma nova forma farmacêutica deve ser feito pensando em melhorar a adesão do paciente ao tratamento farmacológico, facilitando a individualização da dosagem, ajustada à necessidade de cada paciente. A incorporação de um fármaco em um doce facilitaria a adesão, proporcionando uma efetividade maior do tratamento farmacológico. Porém, deve-se realizar mais testes e ensaios físico-químicos para garantir a integridade e a concentração terapêutica do fármaco no produto final. Referências Bibliográficas AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Farmacopéia Brasileira. 5 ed. Brasília, 2010. GUSMÃO, Josiane Lima de; MION JUNIOR, Décio. Adesão ao tratamento: conceitos. Revista Brasileira de Hipertensão, São Paulo, v. 13, n. 1, p.23-25, jan. 2006. Disponível em: <http://www.deciomion.com.br/medicos/artigos/artigos_decio/Adesao_ao_tratamento_wwwdeciomion-com-br.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2014. LEITE, Silvana Nair; VASCONCELLOS, Maria da Penha Costa. Adesão à terapêutica medicamentosa: elementos para a discussão de conceitos e pressupostos adotados na literatura. Revista Ciência & Saúde Coletiva, Itajaí, v. 8, n. 3, p.775-782, jul. 2003. 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