SOROR IMPERATORE: A IDEALIZAÇÃO DE MARCIANA NO PANEGÍRICO DE TRAJANO Alex Aparecido da Costa Renata Lopes Biazotto Venturini Resumo: Este artigo pretende apontar aspectos da idealização de Marciana, irmã do imperador romano Trajano, feita por Plínio, o Jovem em sua obra intitulada Panegírico de Trajano. Durante o Alto Império o regime do Principado, cuja característica principal era a concentração de poder nas mãos do imperador, convivia ainda com as instituições republicanas. Essa situação ambígua demandava uma constante busca de equilíbrio entre a nova realidade política e as tradições caras à ordem senatorial que governara Roma durante a República. A imagem feminina ilustrada por Plínio respondia tanto à orientação ditada pela filosofia estoica, que preconizava o controle das paixões e a elevação moral, quanto às ideias de virtus e mos maiorum, que concentravam as virtudes exigidas do homem político e o apego aos valores ancestrais que fundamentavam a grandeza de Roma. A representação de Marciana no Panegírico de Trajano emerge dos moldes conservadores tradicionais que ditavam o comportamento feminino em harmonia com a realidade contemporânea. Dessa forma, agregava à figura do príncipe a imagem do pater familias ideal e transferia sua capacidade ao universo político, onde estava habilitado a governar segundo os mesmos valores que eram exigidos pelas camadas sociais que o apoiavam. Palavras-chave: Estoicismo, virtus, mos maiorum. 1 SOROR IMPERATORE: A IDEALIZAÇÃO DE MARCIANA NO PANEGÍRICO DE TRAJANO Introdução Durante o Alto Império Roma viveu sob a égide dos imperadores, cujo caráter absoluto de seu poder era ocultado sob o conceito de princeps. O príncipe era em tese o primeiro cidadão, o mais apto para governar o império, mas como na realidade seu poder e autoridade originavam-se muitas vezes de sua preeminência militar, de sua fortuna e prestígio pessoal o regime utilizou-se em certos períodos de intensa propaganda para ilustrar a figura do príncipe como dotado das capacidades físicas éticas e morais necessárias à função. Durante o governo de Trajano, Plínio, o Jovem atuou como conciliador entre o Senado e o príncipe, isto era necessário, pois o primeiro era composto de membros ciosos dos valores que o aproximava das tradições da antiga República enquanto o segundo controlava o novo regime do Principado que despojara os senadores das prerrogativas que outrora detinham. Também senador, amigo pessoal do príncipe e funcionário da administração imperial Plínio, em seu Panegírico de Trajano ilustrou a ótica do imperador, sobretudo a ideologia de um grupo senatorial de conciliação permanente entre a cúria e o príncipe, buscando legitimar a política do César e orientar os interesses senatoriais. Na obra em questão a imagem de Trajano é apresentada como de um imperador cioso das tradições ancestrais, clemente, moderado, virtuoso e de uma grande elevação moral, correspondentes aos conceitos de mos maiorum, virtus e na filosofia estoica. E ao lado disso, como a aristocracia romana valorizava o casamento e a família, ambos de caráter sagrado onde predominava o poder paterno (GRIMAL, 1986) como forma de prover as famílias de herdeiros legítimos a família essa instituição tinha também uma importância muito grande na propaganda imperial, pois ao homem a boa condução de sua casa era primordial para o bom desempenho dos serviços prestados ao estado. Por isso Plínio, no Panegírico oferece na imagem de Marciana como uma figura que reforça a de Trajano como homem virtuoso. Como já dissemos, a propaganda imperial buscava oferecer modelos exemplares, por isso nos propomos, com uma leitura embasada na bibliografia especializada sobre o tema, analisar o discurso de Plínio para compreender como ele construiu a imagem da irmão do imperador e entender em que medida ela é tributária da época, das instituições e das ideias em que o autor e a obra estavam inseridos. A condição da mulher romana Os estudos sobre o tema apontam que, tradicionalmente, a mulher romana quando solteira vivia sob a tutela do pai, e na falta deste um parente do sexo masculino é que tinha autoridade sobre ela, quando se casava ela deixava esta para trás apenas para sujeitar-se à do marido. Um texto escrito no final da República oferece uma ideia do poder do marido sobre a esposa: 2 Rômulo manteve as mulheres em grande e sábia modéstia, graças ao estabelecimento de uma única lei, (que a todas as outras superava como mostraram os fatos), a qual estipulava que uma mulher casada, conforme a união sagrada do matrimônio, devia participar de todos os bens do marido e de todas as coisas santas (DIONÍSIO DE HALICARNASSO, Antiguidades romanas, apud PINSKY, p. 113, 2009). Tradicionalmente os romanos justificavam esta condição da mulher porque sua concepção do sexo feminino supunha a ideia de imbecilitas mentes e infirmitas sexus, esses conceitos respectivamente atribuíam uma leviandade mental e uma enfermidade característica da mulher em oposição ao homem (THOMAS, 1990). Ao encontro disso a historiografia moderna afirma que No interior da casa familiar, a mulher, que a lei considera, ao longo de toda sua existência, como um ser inferior, passando da autoridade paterna à autoridade do marido e, depois, se enviuvar, à do seu filho mais velho, espera-se que viva uma vida de devoção, de obediência e de trabalho (GRIMAL, 1986, p. 33). Essa diferenciação tradicionalmente fazia com que a sociedade romana assentada em bases compostas por famílias gravitasse em torno do pater (FUNARI, 1993) dele dependia as relações jurídicas e políticas da família no fórum (GRIMAL, 1991) e era ele quem presidia o culto doméstico (COULANGES, 1998) sua virtus e sua pietas o capacitavam para essas funções enquanto na mulher eram valorizados apenas as qualidades inerentes ao âmbito doméstico (FUNARI, 1993), dentre as quais era importante que a esposa sempre agradasse o marido, pois o contrário seria uma grave subversão à ordem natural que governava a sociedade (ROULAND, 1997). Nesse sentido é interessante a lembrança da história de Coriolano retirada de Tito Lívio por Grimal (1991) que a considera meio legendária. Seja como for, Coriolano, um romano dos primeiros tempos da República, a despeito de ter sido vitorioso foi exilado e como vingança organizou um exército e sitiou Roma, delegações senatoriais e sacerdotais enviadas a ele em vão não o demoveram, o que somente veio a ocorrer sob os protestos de sua mãe e principalmente de sua esposa. Grimal (1991) acrescenta uma passagem de Tito Lívio onde este afirma que os romanos não invejaram essa proeza feminina, pois naquele tempo este sentimento não atingia as glórias alcançadas, o que nos leva a uma interpretação segundo a qual “Tito Lívio sente confusamente que o procedimento das mulheres e mais ainda seu sucesso eram “indecentes”, contrários à ordem moral, e apresentavam um caráter quase monstruoso” (GRIMAL, 1991, p. 204). Assim como Tito Lívio sente um deslocamento da ordem natural quando a história romana aponta sucessos femininos onde os homens falharam Catão, o Velho, por sua vez deplora a tolerância dos homens para com suas esposas e era severo quando, investidos de alguma magistratura, os homens usavam o poder delegado pelo povo romano em suas conquistas amorosas (GRIMAL, 1991). Portanto, a mulher romana desde a fundação da cidade vivia sob um estatuto moral e jurídico que a sujeitava completamente ao homem. Era considerada parte dos bens do marido e de intelecto e físico inferior, sua vida deveria ser dedicada completamente a casa e à felicidade do marido, e quando atuava fora desse âmbito, superando os homens ou desviando-os de seus deveres eram fontes de constrangimento 3 da ordem patriarcal. Mas ainda que as ideias permanecessem ao longo dos tempos os comportamentos inexoravelmente transformaram-se conforme Roma ultrapassava suas fronteiras municipais conquistando a Itália e após todo o Mediterrâneo. Alföldy (1989) afirma que após as vitoriosas guerras contra Cartago as estruturas sociais e econômicas romanas se tornaram mais complexas, o enriquecimento e os hábitos orientais introduzidos na cidade criaram um gosto pelo luxo que escandalizava a rusticidade tradicional, pois As vitórias alcançadas pelos romanos sobre os reinos da Grécia, no século II antes de nossa era, transformaram, de forma profunda e inevitável, o seu tipo de vida; contudo essa transformação não deixou, por sua vez, de se reflectir no sistema de todo o Estado: as antigas crenças, os princípios directores dos homes no poder, todo o ideal de cidade foram postos em causa, e talvez não seja exagerado afirmar que a história do mundo se modificou no dia em que os gregos ensinaram aos seus conquistadores a arte de jantar melhor (GRIMAL, 1986, p. 12-13). Esses novos comportamentos eram estigmatizados principalmente em relação às mulheres. Nesse sentido trazemos novamente a figura de Catão, o Velho, com seus protestos “contra aquilo que ele considerava uma decadência, proibindo uma ou outra prática que se estava a instalar, restringindo a quantidade de joias que as mulheres usavam, regulamentando a ementa dos banquetes ou o preço dos escravos” (GRIMAL, 1986, p. 13). Essas reações revelam o apego às tradições, que aos romanos pareciam muito mais violadas, devido principalmente à velocidade com que as transformações advindas da expansão e os consequentes processos de aculturação se operavam modificando os hábitos. Assim as inovações entravam em choque com a memória dos tempos em que Roma era uma cidade fechada em si (GRIMAL, 1986). Dessa forma, conforme encaminhamo-nos para os últimos séculos da República o tecido moral que cobria os comportamentos romanos começa a se esgarçar. De acordo com Grimal (1991), durante o século II a. C. as obras de Plauto e Terêncio já refletiam a diminuição do poder do marido, nessa época o casamento tradicional cai em desuso e passa a ter lugar o casamento sine manu, (CARCOPINO, 1990) no qual a mulher permanecia sob a tutela paterna, tinha controle de bens, poderia receber heranças e com o divorcio o dote não ficaria retido com seu ex-marido. Outra afirmação de Alföldy (1989) diz que após as guerras contra Cartago algumas famílias aristocráticas de Roma ganharam preeminência excepcional e passaram a compor a chamada nobilitas, um grupo exíguo que concentrava o poder. Nesse cenário Grimal (1991) aponta a participação política de Cornélia, a mãe dos tribunos Tibério e Caio Graco, segundo o autor a viúva de Tibério Semprônio Graco formou em torno de si um círculo de conciliação entre os semprônios e os cornélios. Nesse sentido o afrouxamento da tradição abriu espaço para a atuação feminina nos assuntos políticos de Roma, e se nos exemplos citados por Grimal (1991) poucas mulheres são exemplares aos romanos como o foi Cornélia e a maioria influenciou na política por meio de envenenamentos e agindo como amantes de líderes facciosos, não devemos esquecer que os homens a muito usavam da violência para defender interesses pessoais, e para isso não precisamos ir longe, pois o assassinato de Tibério e Caio, filhos de Cornélia é um claro exemplo. Mas prevalecia, juntamente com as demais 4 mudanças, o juízo de que a liberdade gozada pelas mulheres era um dos sintomas da decadência moral em que mergulhavam, é que os romanos faziam analogias segundo as quais ao declínio da República correspondia os desvios dos costumes ao passo que à glória das primeiras conquistas eram creditadas aos hábitos austeros de outrora (GRIMAL, 1986). Plínio, o Jovem: instituições e ideias de sua época Para compreendermos as intenções da obra de Plínio, o Jovem, precisamos conhecê-lo, assim teremos uma ideia das condições em que ela foi produzida, pois “antes de extrairmos um significado substancial dos documentos literários, é preciso especificar as características que envolvem sua constituição” (VENTIRUNI, 2011, p. 175). O autor do Panegírico de Trajano, mais famoso, porém pelas suas Cartas, um conjunto epistolar privado endereçado “a indivíduos que fazem parte do círculo social de Plínio, como senadores, governadores de províncias, equestres, funcionários municipais, ou ainda, seus familiares” (VENTURINI, 2011, p. 176). Como se vê Plínio fazia parte da parcela privilegiada de Roma e sua circulação nos meios senatoriais é um indicativo importante de que suas ideias faziam parte dos valores apreciados por essa ordem muito ciosa dos costumes ancestrais da República da qual ela fora retora. Sua trajetória política vincula-se de forma estreita com a organização política e social do Principado. Nascido na Itália setentrional em 62 d. C. Plínio era de origem equestre, uma das ordens superiores da sociedade romana (ALFÖLDY, 1989) imediatamente inferior à ordem senatorial. Era composta por indivíduos enriquecidos originariamente em atividades comerciais que posteriormente asseguravam sua posição adquirindo terras. Chastagnol (1992) chama a atenção para essa característica da ordem equestre lembrando que Plínio era oriundo da “burguesia” municipal de Como, sua cidade natal. A fortuna de Plínio, o Jovem era constituída de propriedades rurais espalhadas pela Itália, às quais eram muito bem administradas por ele (HARVEY, 1987). Foi advogado, profissão na qual demonstrou talento oratório, em relação a sua carreira política foi tribuno militar, questor, cargo que significou sua ascensão à ordem senatorial, mas para essa elevação ao ordo senatorius concorreu também a sua adoção por parte de seu tio, Plínio, o Velho, adoção que lhe rendeu terras além das herdadas de seu pai e irmão mais velho. Seu patrimônio foi aumentado também por seus três casamentos (CHASTAGNOL, 1992). Plínio foi também pretor, tribuno da plebe (SOUZA, 2010) prefeito do tesouro, curador do Tibre, augur e governador da Bitínia entre 111 d. C e 113 d, C., provável data de sua morte. A vida política de Plínio guarda um episódio que ilustra a relação de apoio imperial para com os cavaleiros. Por recomendação do imperador Domiciano, de quem era secretário, ele se torna seuir dos cavaleiros com 27 anos, antes de exercer a questura (CHASTAGNOL, 1992). O apoio imperial recebido por Plínio lhe permitiu pular etapas obrigatórias do cursus honorum e galgar as magistraturas mais altas. De fato Plínio era um indivíduo a serviço do império e como sob o governo de Trajano ele alcança o cargo máximo de cônsul ele encontra o ensejo adequado no dia de sua posse para agradecer o príncipe que o indicara para o cargo, faz isso por meio do 5 Panegírico de Trajano que é também um discurso de propaganda imperial no qual Trajano é apresentado com príncipe ideal. A obra em questão trata-se originalmente de uma gratiarum actio, espécie de discurso pronunciado ao senado habitualmente por um romano na ocasião de sua ascensão ao consulado. No ano 100 d. C. Plínio, o Jovem alcançou essa posição, e em primeiro de setembro pronunciou a gratiarum actio diante do senado endereçando-a também ao Imperador Trajano (DURRY, 1972). O texto do Panegírico que temos em mãos para nosso estudo é na verdade uma edição revista de sua alocução ao Senado (HARVEY, 1987), nela Plínio acrescentou várias partes, tornando o texto original três ou quatro vezes mais extenso (DURRY, 1972). Ao Panegírico devemos o conhecimento dos primeiros anos do governo de Trajano e muitos detalhes das instituições que o cercavam. O Panegírico de Trajano assinala na história do Alto Império as relações entre a cúria e o Principado, oferece-nos o conhecimento dos primeiros anos do governo de Trajano e muitos detalhes das instituições que o cercava (DURRY, 1972). Coloca Plínio diante de Trajano: o senador que após desempenhar várias funções administrativas é recompensado com a mais alta magistratura romana e o príncipe que reconhece o apoio recebido pela ordem senatorial e eleva um de seus elementos ao mais distinto cargo da extinta República. Mais que mero agradecimento, o Panegírico apresenta momentos de aconselhamento e de elogios sinceros de Plínio a Trajano que, assumindo o poder após um período conturbado, foi por seu governo tido como um novo Augusto. No interior do Panegírico de Trajano, assim como nas Cartas Plínio, o Jovem “exalta a virtude encontrando respaldo no mos maiorum (tradição), e na moderação estoica e demonstra as afinidades entre a aristocracia e o estoicismo” (VENTUIRNI, 2011, p. 180). Vejamos então o que são essas ideias filosóficas morais e políticas que orientavam a aristocracia senatorial durante o Alto império. Presente na mentalidade romana desde os tempos da República o estoicismo se infiltrou na cultura e no pensamento dos romanos. Assim como muitas outras influências helênicas absorvidas por Roma a filosofia estoica teve origem grega. Tal corrente filosófica Aconselha o homem a viver de acordo com a natureza obedecendo à ordem dos acontecimentos que exprimem a vontade de Deus e, desse modo, o estoicismo desenvolve-se como um materialismo e como um racionalismo ético (BRUN, 1986, p. 32). Colhida de Zenão esta definição importa por ser retirada do fundador da escola estoica, mas tal filosofia ainda viajará no espaço, no tempo e na mentalidade de seus propagadores antes que a encontremos atuando na formulação da figura do príncipe ideal durante o período do Alto Império. Sintetizando o texto de Brun (1986), voltemos um rápido olhar para essa jornada. No século III a. C. Atenas ainda guarda seu brilho intelectual característico, mas está abalada pela perda de sua primazia política ocasionada pela conquista de Alexandre, o Grande, cujo império, após sua morte, é disputado por seus generais. O período helenístico não é apenas um tempo de difusão cultural, é também uma época de conturbação política e mental. Nesse cenário surgiu o estoicismo como opção filosófica para ordenar a vida dos homens e reconciliá-los com a natureza. O estoicismo antigo 6 restringiu-se à Grécia da terceira centúria antes de nossa era, teve como fundador Zenão de Cício que chega à Atenas em 314 a. C. vindo do Chipre, ao lado do fundador despontam nesse período os nomes de Cleanto e Crisipo. Com o estoicismo médio do século II a. C. a escola estende-se a Roma por intermédio de Panécio que a adapta ao gosto latino. Nessa época Roma impunha-se por todo o lado graças às suas legiões e aos seus juristas que faziam reinar a Pax Romana; as consciências que tinham necessidade de uma moral pessoal encontraram no humanismo universalista dos estoicos uma doutrina capaz de responder às suas aspirações. [...] Com ele [Panécio] o estoicismo inflectiu para um humanismo da razão, óptimo para seduzir os romanos, homens de acção; a doutrina estoica perde seu rigor e Panécio faz prova de um ecletismo que o leva a utilizar ao mesmo tempo obras de discípulos de Aristóteles e da Nova Academia (BRUN, 1986, p. 21). Após esse sucesso de adaptação à realidade romana chegamos ao estoicismo da época imperial que se deterá apenas nos seus aspectos relativos à moral que “ensinar-nos-á como se devem praticar nossos actos” (BRUN, 1986, p. 75). Esta última etapa da escola estoica tem lugar a partir do início de segundo século da era cristã, vindo no bojo de um clima favorável ao desenvolvimento filosófico proporcionado pelos Antoninos após as perseguições dos Julio-Claudios e dos Flávios que sucederam o século de ouro de Augusto (ENGEL, 1978). O estoicismo imperial atua em ligação com a evolução da noção de Estado e das estruturas sociais, que colocam em questão a atitude do indivíduo. Para os estoicos o dever se liga à aceitação do destino, à liberdade e à resignação. Neste caso, o acento é colocado no aspecto humanista desta tendência filosófica. A influência estoica nos meios dirigentes desde o último século da República fez considerar os filósofos como defensores da liberdade diante da escalada do poder pessoal. Todavia, a oposição dos filósofos aos imperadores teve um caráter mais moral do que político, e a resignação os conduzia mais à abstenção do que à resistência política. As ideias morais estoicas penetraram em espaços variados: entre as classes populares, intelectuais e aristocráticas, sobretudo no Senado, que era a imagem concreta, o lugar de afirmação para a ordem social que seus membros representavam com suas famílias. Os senadores eram grandes proprietários formando o estrato social privilegiado devido ao nascimento, a formação intelectual e a riqueza fundiária. Em sinergia com o estoicismo na mentalidade romana atuavam as noções de virtus e mos maiorum. A primeira é tratada por Pereira (1987), como um valor fundamentalmente romano, remete-nos ao homem direito que elenca em ordem de importância a res publica, a família, posicionando em último lugar a si mesmo, tratavase de um “conjunto de qualidades que o homem político poderia e deveria reunir no exercício da vida pública” (VENTURINI, 2011). Nesse sentido a virtus exprimia-se no modo de atuação a serviço do Estado e também Como uma forma elementar e difusa do pensamento político, expressão de uma classe, mas fundada sobre um sentimento muito preciso de seus deveres e de seus direitos. Sociedade rural, militar, religiosa, onde as estruturas familiares são essenciais. Sociedade para qual a política pode se reduzir a prática de certas virtudes, e essencialmente daquilo que será chamado precisamente, em Roma, de virtus (NICOLET, 1964, pp. 22-23). 7 A segunda, ainda de acordo com a mesma autora, refere-se à observância dos costumes dos antepassados como base da grandeza do Estado romano. Na época imperial o apelo ao mos maiorum estará representado em tendências republicanas dos senadores, que diante da impossibilidade da restauração da República reclamarão ao menos os seus valores, pois segundo Alföldy (1989) desde os primeiros séculos da República o respeito ao mos maiorum era entendido pelos aristocratas romanos como a forma de dar continuidade à grandeza de Roma fazendo a manutenção das instituições políticas, sociais e religiosas, e quando Roma, a partir do século II a. C., passou a sofrer transformações estruturais após as guerras contra Cartago foi ainda o mos maiorum que forneceu coesão à sociedade diante do crescente antagonismo das diferentes camadas sociais. Como nossas leituras do Panegírico de Trajano apontam para uma importante presença da filosofia estoica e das noções de virtus e mos maiorum na idealização da figura do príncipe ideal, seguiremos essa orientação para analisarmos a parte da obra que Plínio, o Jovem dedica à imperatriz Plotina. A idealização de Marciana na visão pliniana Antes de buscarmos as resposta para a questão que propomos convém apresentarmos a situação em relação ao matrimônio e à mulher durante o Alto Império, pois apesar do apelo ao mos maiorum é durante este período e não sob a República que Plínio escreveu sua obra, e se ele evocava os costumes ancestrais o fazia em reação àqueles contemporâneos seus. No início do novo regime, Augusto, seu fundador, imbuído em seu projeto restaurador que fazia parte da ficção da permanência da República sob o Principado, pretendeu estabelecer uma revalorização da instituição do matrimônio entre a aristocracia romana. De acordo com Rouland (1997), as medidas de Augusto buscavam recompor as famílias senatoriais dizimadas pelas guerras civis, por isso instituiu penalidades fiscais aos casais inférteis e aos celibatários enquanto premiava as mulheres que dessem à luz ao menos três filhos. Essa revalorização do casamento tem raízes nos estatutos antigos. Como dissemos acima o casamento era o lugar onde deveriam nascer os filhos legítimos que herdariam as honras das famílias senatoriais, o amor livre deveria ser reprimido, pois as crianças dele nascido não tinham a condição legal exigida. Por isso as uniões onde era rígida a moral conjugal traduziam-se em virtude (ROULAND, 1997), pois a renovação da elite era um serviço que deveria ser prestado à sociedade pelos cidadãos que após as desordens das guerras civis deviam fazer um exame de consciência e retornarem aos hábitos virtuosos de outrora (GRIMAL, 1986). E nesse sentido é significativo a conservação da estátua de Cornélia por parte de Augusto (GRIMAL, 1991) Podemos entender o seu exemplo se pensarmos que ela vivera sob o início das convulsões republicanas e mesmo assim conservou-se uma esposa virtuosa que orgulhosamente recusou o pedido de casamento do rei Ptolomeu VIII (BOWDER, 1980), o que não convinha a uma orgulhosa aristocrata de Roma cujos valores execravam a monarquia. 8 Mas essa política de Augusto não teve êxito e suas leis não tiveram influência suficiente para reavivar a moral conjugal, ele próprio não seguia os preceitos que pregava, era infiel e casou mais de uma vez em busca de alianças políticas e mesmo Lívia que foi sua esposa por até sua morte foi por ele tomado do marido (GRIMAL, 1991). E após Augusto os exemplos dos príncipes mostram o fracasso de seu projeto, os interesses privados de esposas, filhos e dos próprios governantes faziam da casa imperial um exemplo que os cidadãos não deveriam seguir (ENGEL, 1978), mesmo porque a fusão da vida particular com o cargo máximo exercido por eles colocava por terra a noção de virtus que pressupunha o serviço do estado em primeiro plano. Durante os governos que antecederam a dinastia Antonina os romanos parecem viver sob o que Engel (1978), chamou de mal do século, que demandou uma busca de equilíbrio entre o gozo das conquistas e decadência dos costumes que vinham em seu bojo. Mas se na época de Plínio a ordem senatorial ainda reclama os valores da República ela já reconhece a muito que no plano político não retornará. Resignados no estoicismo os senadores esperam que o príncipe não se deixe seduzir pelo poder e não façam seus governos declinarem em tiranias, mas como isso não deixa de ocorrer eles conspiram e por vezes assassinam os imperadores que segundo seus critérios abusam do poder. É o que ocorre com Domiciano, perseguidor de elementos da cúria e dos estoicos. Em seu lugar o Senado coloca Nerva, que idoso, nomeia Trajano como seu sucessor (GRIMAL, 1993). Oriundo da Hispânia Trajano é o primeiro provincial a alcançar a posição de imperador. Em um período de restauração senatorial (HOMO, 1950) essa singularidade era um sinal positivo, pois diante da decadência de Roma a integridade moral de homens oriundos das famílias provinciais era bem vinda para comandar o império (GRIMAL, 1986). Em suma exigia-se um príncipe de moral elevado para governar o império e a despeito das reais qualidades de Trajano, as quais não podemos recuperar, seu valor como governante será idealizado por Plínio, o Jovem no Panegírico de Trajano, e como nas sociedades patriarcais a dignidade masculina é atestada pelo comportamento principalmente pelo comportamento das mulheres de sua família ele não deixou idealizar também a figura de Marciana. Ao falar dela Plínio ressalta a forma reservada com que o imperador a tratava: “Sem dúvida o que tu mostras ao público é admirável, mas o que tu resguarda em teus muros não é menos” (PLINE LE JEUNE, Panégyrique de Trajan, 83, 2), aqui temos logo de início a exaltação do homem que mantém as mulheres da família no recato e na segurança do lar. Plínio deixa clara essa necessidade de reserva, pois fala necessidade de evitar “todo contágio de vícios” (PLINE LE JEUNE, Panégyrique de Trajan, 8, 2), isso aponta para uma realidade que não condizia com os valores propostos na obra, dos quais o príncipe e sua família deveriam manter-se distanciados para servirem de exemplo. E a ideia de no Panegírico Plínio apresentar um modelo é reforçada pela necessidade de todos ao redor do príncipe serem também exemplares, o que nas palavras de Plínio foi feito por Trajano apesar de ser “mais difícil se comportar como responsável dos outros do que de si mesmo, mas é louvável que, sendo perfeito, tu tenhas tornado todos ao teu redor semelhantes a ti” (PLINE LE JEUNE, Panégyrique de 9 Trajan, 83, 3). A correta postura da irmã de Trajano descrita por Plínio por sua vez ia ao encontro da ideia do homem que exibe sua capacidade política também na administração de sua casa, nesse sentido Plínio afirma que Quanto a tua irmã, como ela faz lembrar que ela é tua irmã! Como encontramos nela seu caráter aberto, tua franqueza, tua candura; se a comparamos a tua esposa, somos levados a perguntar o que vale mais para viver virtuosamente, uma boa educação ou um nascimento feliz. (PLINE LE JEUNE, Panégyrique de Trajan, 84, 1). O trecho aponta que junto com sua família o príncipe deveria servir de modelo, Engel (1978) lembra que o comportamento do príncipe deveria ser exemplar, e isso devia ocorrer não apenas enquanto príncipe, mas também enquanto cidadão, pois se o princeps era o primeiro entre os cidadãos é porque tinha preeminência moral para isso sem deixar de ser um entre os demais. E os elogios a Marciana ressaltam nela a virtude, a elevação moral e a moderação e o convívio harmônico com sua cunhada. Nada favorece mais as querelas que a disputa, entre as mulheres especialmente: além disso elas nascem sobretudo da vida em comum, é alimentada pela igualdade, se exaspera pela inveja cujo resultado é o ódio. (PLINE LE JEUNE, Panégyrique de Trajan, 84, 2) Ela é apresentada como uma mulher virtuosa, e isso concorre para o benefício da imagem do príncipe, por isso Plínio ressalta a singularidade da relação dentre as mulheres da casa do imperador: “tanto mais admirável deve parecer que entre duas mulheres, sob o mesmo teto, e de igual classe não haja nenhuma luta , nenhuma rivalidade”. (PLINE LE JEUNE, Panégyrique de Trajan, 84, 3). A atitude diante da figura do imperador parece querer respaldar um modelo de atitude da mulher romana frente ao pater famílias, modelo este tão padronizador que suprime a individualidade das mulheres sob a autoridade de Trajano. Elas se admiram mutuamente, mutuamente elas se resignam, e como todas as duas te amam carinhosamente entendem que pouco lhes importa saber qual das duas tu amas mais. Todas duas têm o mesmo ideal, a mesma regra de vida e não há nada que te permita ter a impressão que elas sejam duas. (PLINE LE JEUNE, Panégyrique de Trajan, 84, 4). Vemos nesse trecho a ênfase sobre os valores ancestrais e a ausência de vaidades pessoais tanto em Marciana quanto em Plotina, mulher de Trajano, essa imagem corresponde a daquelas mulheres da época do Principado que Aspiravam a compartilhar plenamente as preocupações do marido, a mostrar-se dignas de seus ancestrais e, de modo mais geral, do nome romano. Para elas o amor assumia outra fisionomia. Já não era, como nos tempos antigos, obediência, respeito, auto anulação, mas tornava-se estima, dedicação, às vezes companheirismo, até cumplicidade (GRIMAL, 1991, p. 270). Apesar de o autor apresentar uma transformação do casamento em relação à época da República permanece a dedicação da mulher ao pater familias e em relação ao companheirismo ele não afirma ser uma regra, mas na passagem do Panegírico essa atitude é destacada. Por que Plínio assim procede? Esclarece-nos Veyne (2010). Segundo ele a conciliação entre os cônjuges é celebrada sem ser colocada como norma, e os desencontros do casal são menos tolerados. Essa visão do matrimônio, segundo o 10 autor, é uma busca de aproximação com o estoicismo, no qual a perfeição matrimonial é um dever. Segundo ele essa busca não levou senão à ilusão, afirma isso levando em consideração que nos discursos de Plínio sobre a vida conjugal é exaltada a amizade entres os esposos e prevalece o tom sentimental, virtuoso e exemplar. De fato é o que vemos no Panegírico, que segundo os argumentos de Veyne (2010) enquadra-se na propaganda de uma nova moral conjugal, na qual a amizade entre marido e mulher ganha importância, no entanto o autor duvida que na prática a condição feminina no casamento tenha melhorado significativamente. Os argumentos de Veyne (2010) corroboram a ideia de que o discurso de Plínio era uma idealização em consonância com a mentalidade senatorial envolvida pela filosofia estoica. Mentalidade esta que não podia dispor da austeridade ancestral que exalta a humildade da mulher, seja ela esposa ou irmã como no caso do Panegírico onde são apresentadas por Plínio como um monólito em homenagem a Trajano. Elas pensam somente em te imitar, em seguir teu exemplo. Assim todas duas têm a mesma moral tendo a mesma que tu. Daí essa simplicidade, daí essa segurança que nada perturba. Quero dizer que elas jamais correm o risco de perderem sua classe, elas que nunca a abandonaram. (PLINE LE JEUNE, Panégyrique de Trajan, 84, 5). Como negar nesta passagem a presença de uma concepção antiga da família romana no qual ao marido compete controlar as mulheres como parte de seus bens e segundo sua vontade que por sua vez alinha-se aos costumes ancestrais elogiados por Dionísio de Halicarnasso (apud PINSKY, 2009)? É que a mesma simplicidade do príncipe convém às mulheres de sua família, que agem sempre em consonância com as atitudes do pater famílias, pois segundo Plínio O Senado lhes fez a oferta do título de Augustas; elas o recusaram assim como também tu recusou por muito tempo o título de Pai da Pátria, ou talvez porque elas valorizem mais serem chamadas tua esposa e tua irmã que Augustas (PLINE LE JEUNE, Panégyrique de Trajan, 84, 6). Nesta última passagem vemos reforçada novamente a concepção ideal da mulher submissa que em consonância com a moderação estoica então em voga recusa a pompa dos título, preferindo a austeridade. E isso é o que tornará tanto Marciana quanto sua cunhada modelos de comportamento para as mulheres romanas contemporâneas. Mas qualquer que seja a razão que as tenha feito adotar tal reserva, elas são tanto mais dignas de em nossos corações serem e passarem por Augustas ainda que não portem o título. Pois o que há de mais honrado para as mulheres que colocar as verdadeiras honras, não na pompa dos títulos, mas nos juízos de opinião, e se tornarem iguais aos mais grandes títulos, mesmo no momento em que elas os recusam? (PLINE LE JEUNE, Panégyrique de Trajan, 84,7, 8). Prezando a simplicidade como valor a ser exaltado e admirado, e Plínio a finaliza ressaltando a importância do respeito às tradições próprias do mos maiorum que lhes competiam, pois, conforme já citado, da mulher romana “espera-se que viva uma vida de devoção, de obediência” (GRIMAL, 1986, p. 33), não só ao pater famílias, mas a todos os valores ancestrais que fizeram a grandeza de Roma. Considerações finais 11 Na época do Alto Império os príncipes governantes construíram sobre si uma centralização administrativa e militar até então nunca vista em Roma, entretanto essa inovação guardava traços assentados em bases da antiga República. Ocupando cargos tradicionais de maneira arbitrária, porém consentida pelo Senado, que era o estrato social preeminente durante o período republicano, o príncipe ocupava uma posição ambígua diante das tradições. No passado os romanos haviam derrubado a monarquia e as famílias mais poderosas constituíram a chamada ordem senatorial. Entre seus membros ela dividia as magistraturas, que eram os cargos políticos importantes, colegiados e com duração limitada, formavam um sistema que pretendia evitar o poder pessoal ao qual a expansão romana inexoravelmente levou. Diante do Senado e do povo cioso das tradições o príncipe precisava envolver seu poder incondicional com o manto da virtus e do mos maiorum. Durante o governo de Trajano coube a Plínio, o Jovem, com seu Panegírico, ilustrar a figura do imperador de forma condizente com essas ideias morais e políticas, e ao tratar da irmã do imperador apresentou-a nos moldes exigidos pelos valores ancestrais. Sendo o primeiro cidadão Trajano e Marciana deviam ser mostrados como exemplares para todos os romanos, essa foi a proposta de Plínio que não deixou incluir aspectos do estoicismo, que era a filosofia que predominava na aristocracia, na representação modelar dos cônjuges imperiais. Ao final deste trabalho cabe a nós refletirmos acerca desse apego dos romanos aos valores antigos e sua necessidade de principalmente neles encontrar segurança e justificativas para guiarem sua existência. É que valores há muito tempo estabelecidos configuram-se em marcos perenes que fundamentam poderes e modos de dominação que por sua ancestralidade acabam por se justificarem automaticamente, romper com eles é a mesma coisa que violar um sistema natural que ordena o mundo. Mas é uma tarefa impossível evitar as transformações e o desafio que se coloca incessantemente diante a humanidade é adaptar-se ao novo sem deixar de ser aquilo que o passado ajudou a construir no presente para ser constantemente reformulado e desfeito. REFERÊNCIAS I – Fonte impressa PLINE LE JEUNE. Panégyrique de Trajan. Texte établi et traduit par Marcel Durry. Paris: Les Belles Lettres, 1972. II – Bibliografia ALFÖLDY, Géza. A história social de Roma. Lisboa: Presença, 1989. BOWDER, Diana. Quem foi quem na Roma antiga. São Paulo: Art Editora, 1980 BRUN, Jean. O Estoicismo. Lisboa: Edições 70, 1986. CARCOPINO, Jérôme. Roma no apogeu do império. São Paulo: Companhia das Letras, 1990 12 CHASTAGNOL, André. 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