Farmacodinâmica É o que a droga, que com fins terapêuticos nós chamamos de fármaco, efetivamente faz. Quando a gente usa o ácido acetil salicílico, geralmente é para febre e dor. É um inibidor da enzima ciclooxigenase, não seletivo para as lipooxigenases (?). A aspirina consegue controlar os processos febris e inflamatórios porque ela inibe essa enzima, que é o seu alvo farmacológico. Exceto os fármacos que tem a sua ação devido a alterações no potencial, na osmolaridade do meio por exemplo, todos agem sobre um alvo farmacológico. Quando se pensa num fármaco agindo sobre o sistema enzimático, ele pode ser um inibidor da enzima que pensa que ele é o seu ligante, o seu substrato, porém não é, pois o fármaco não é metabolizado por essa enzima. Logo, vai haver a diminuição da formação do produto daquela enzima. É o que acontece com a aspirina e a ciclooxigenase, o ácido acetil salicílico inibe a ciclooxigenase, acetilando-a. O fármaco que age sobre sistemas enzimáticos também pode se comportar como um falso susbtrato. Tanto inibidores enzimáticos quanto falsos substratos vão competir com o substrato normal, porém o falso substrato ele não só entra no sítio ativo da enzima como é metabolizado, porém o que é gerado não é o produto comum da catálise da enzima. Alguns fármacos são administradas sob a forma de pró drogas, que não possuem atividade precisando serem metabolizadas para adquirir atividade. São metabolizadas muitas vezes por enzimas hepáticas, por exemplo pelo sistema P450. Temos então três maneiras diferentes de modular a atividade enzimática: Inibidor da atividade enzimática Falso substrato da enzima Utilizar a atividade enzimática para produzir a droga ativa Canais iônicos, Canais de sódio voltagem dependente. Xilocaína é um anestésico local porque ela bloqueia os canais de sódio voltagem depende, com isso impede a propagação de estímulos algésicos que levam a dor. Então bloqueadores são como rolhas dos canais iônicos, eles não deixam que os canais iônicos funcionem da maneira adequada. Eles se tornam impermeáveis aos íons que passariam normalmente pelo canal no estado aberto. Os canais iônicos podem ser controlados por moduladores, ou seja por drogas que mantenham ele por mais tempo aberto, ou mais tempo fechado, logo temos moduladores positivos e negativos. Transportadores normalmente estão envolvidos no processo de difusão facilitada. Pegam o substrato do lado extracelular e passam para o intracelular, e vice versa. Como eu posso modular a atividade do transportador? Posso ter inibidores, drogas que simplesmente vão inibir o transporte. Drogas que são falsos substratos, que serão transportados para o intracelular mas não possuem a mesma função no compartimento aonde serão entregues. A glicose, por exemplo, tem transportadores específicos. Se eu coloco um análogo da glicose que não é fosforilado pela hexoquinase, essa molécula não estará comprometida com a geração de energia, logo estará sendo um veneno metabólico para a célula, mudando então a atividade final do transportador. O que vai acontecer com o falso susbtrato? Enquanto o transportador estiver comprometido com a passagem do falso substrato, o substrato nativo não vai conseguir passar, tendo assim um meio de competição. Além disso, uma vez dentro da célula, aquele sistema que teria início com o susbtrato não acontecerá, ou acontecerá de forma diferente. A alfa metildopa é um anti hipertensivo porque o nosso organismo, neurônios adrenérgicos acham que a alfa metil dopa é uma molécula de dopa que é convertida em dopamina que é convertida em noradrenalina, só que não é a dopa, então todos os substratos que serão gerados serão alfa metilados, eles não tem a mesma utilidade que os produtos nativos, adrenalina e noradrenalina. Vocês vão ver que a alfa metildopa tem ações farmacodinamicas bastante distintas que a noradrenalina normal, ela tem afinidade por diferentes receptores, o que contribui ainda mais para o seu papel anti hipertensivo. Lembrando então que os falsos substratos agem em duas frentes, a primeira competindo com o substrato normal e a segunda é impedindo que ocorra normalmente os processos biológico subseqüentes. Vamos nos concentrar na aula de hoje nos receptores. Quatro deles são de muita importância para a farmacologia. De maneira suscinta, os fármacos podem ser agonistas ou antagonistas dos receptores. Os agonistas geram a resposta enquanto os antagonistas são capazes de se ligar, mas não de gerar reposta. Canais iônicos regulados por ligantes (Receptores Ionotrópicos) São buraquinhos presentes na membrana da célula que se abrem na presença de um ligante. São proteínas integrais transmembranas com um poro no meio que se abre ou fecha na presença ou ausência do agonista. Os agonistas são capazes de gerar uma mudança conformacional terciária e quaternária do receptor. Só existe estrutura quaternária quando a proteína tem subunidades e ela mostra a relação entre essas subunidades.Esse canal pode gerar despolarização ou hiperpolarização da célula ou do compartimento envolvido. O que vai determinar um ou outro? Depende das concentrações dentro e fora da célula do íon envolvido no canal. Se for de sódio, por exemplo, que está mais concentrado do lado de fora, quando o canal abrir o sódio vai entrar, causando então despolarização. Se for um canal iônico ligante dependente permeável a potássio. Em condições fisiológicas o potássio está mais concentrado do lado de dentro da célula, logo a presença do agonista vai abrir o canal levando a saída de potássio e consequentemente à hiperpolarização da célula. Receptores ionotrópicos não são capazes de agir contra o gradiente de concentração, a saída ou entrada de íons vai sempre depender da concentração dentro e fora da célula. A resposta do receptor é muito rápida, sem gasto energético pois o que ocorre é o efluxo ou influxo de íons a favor do gradiente de concentração. Exemplos: Receptores nicotínicos para acetil colina, Receptores para Glutamato, Receptores para Gaba. Os receptores que estão ligados a atividade quinase, ou tem atividade intrínseca ou se acoplam a enzimas que são quinases. Isso depende de processos tanto de (?) quanto de transcrição gênica. Já os receptores nucleares, também chamados de receptores intracelulares tem seus efeitos quase que exclusivamente dependentes da transcrição gênica. Eles precisam translocar para o núcleo, ou o ligante precisa chegar até o núcleo para que ocorra o efeito esperado. O agonista ou antagonista vai interagir com o receptor na membrana celular, salvo no caso dos nucleares. Uma característica farmacocinética importante do fármaco nesse caso é a lipossolubilidade. Existem também os canais voltagem dependentes que nesse caso não precisam de agonistas para abrir. A interação do agonista com o receptor é apenas uma das maneiras de modular a atividade desses canais iônicos. Outra forma de modulação são os moduladores positivos e negativos: Tanto os moduladores positivos quanto os negativos que serão exemplificados irão modular o receptor GABA A.O receptor GABA A é um canal de cloreto ligante dependente. O cloreto passa por ele e como tem sempre mais cloreto do lado de fora do que do lado de dentro ocorre a entrada de cloreto na célula causando hiperpolarizacao. O GABA A é uma substancia endógena. Moduladores Positivos: Ex: DIAZEPAM O Diazepam é uma substancia exógena, um ansiolítico. Ele interage (se ligando a sítios na estrutura dos canais específicos) nesse canal modulando-o positivamente mesmo não sendo se agonista. Seu mecanismo de ação age fazendo com que esse canal fique mais permeável ao cloreto. Ele não é considerado um agonista desse canal, pois não causa a abertura do canal, apenas faz com que na presença do seu agonista fique mais tempo aberto. Por não ser capaz de agir diretamente na abertura do canal o diazepam constitui uma classe de agente ansiolitico seguros.Essa segurança existe desde que ele não seja usado junto com álcool ou outras drogas psicotrópicas. Diferente do diazepam existem os barbitúricos.Eles são drogas que tem uma faixa terapêutica limitada,ou seja,em doses baixas eles ajudam o GABA A abrir o canal (agem como o diazepam) mas em doses elevadas eles promovem ,mesmo na ausência de agonistas do GABA A,a abertura do canal. Moduladores negativos: São drogas que diminuem o desempenho/facilidade de abertura do canal, levando a uma menor quantidade de cloreto entrando na célula. Esse efeito é contrario ao dos benzodiazepínicos que são moduladores positivos do canal iônico cloreto dependente. Modulador negativo NÃO é antagonista do canal. Resuminho: Gaba +modulador negativo = Menos cloreto entrando Gaba + modulador positivo= Mais cloreto entrando Receptores acoplados a proteína G (Receptores Metabotropicos): Esses receptores têm uma porção extracelular e uma porção intracelular: - Porção extracelular: Responsável pela interação com ligante - Porção intracelular – Porção citosolica Esses receptores são chamados de serpentinas (?) 7 alças,porque eles serpenteiam(?) a membrana plasmática em 7 alças. Nesse caso, a interação do agonista gera uma modificação na estrutura terciaria do receptor (cauda intracelular que estava virada para esquerda vai para direita=desenho do quadro).Isso vai gerar uma exposição do sitio fazendo com que essa cauda do receptor interaja com uma proteína ,que é a proteína G.Essa ptn G esta perto do receptor e ela tem 3 subunidades,alfa beta e gama.A interação da cauda intracelular do receptor com a ptn G faz com que o seguinte fenômeno aconteça : O receptor que é 7 alfa transmembrana quando ativado recruta a ptn G.Nesse recrutamento , a subunidade alfa permanece ligada ao receptor e as subunidades beta e gama(juntas) se soltam da região alfa.Dentro da subunidade alfa existe uma molécula de GDP.A interação dessa subunidade alfa com a cauda do receptor faz com que esse GDP (nucleotídeo difosofatado que esta em estado de repouso) seja trocado por GTP.A partir disso essa molécula alfa passa a ser capaz de interagir com uma grande quantidade de enzimas e outros alvos farmacológicos.Assim ela pode tanto ativar uma outra enzima da vizinhança quanto inibir uma enzima.Essa ativação e inativação enzimática que vai gerar a resposta biológica. Resuminho: - Receptor+agonista = modificação devido à mudança conformacional do receptor - Receptor passa interagir com a molécula de proteína G que tem 3 subunidades: - Beta e Gama – Elas se distanciam e até podem ativar outras enzimas também. - Alfa – Fica com o receptor. Nessa molécula ocorre a troca do nucleotídeo difosfatado (GDP) por um trifosfatado (GTP).Com isso,a alfa não quer ficar perto do receptor e então passa a interagir com outras proteínas que são as enzimas.Essas enzimas que estavam com uma atividade basal passam a ter sua atividade aumentada ou diminuída quando essa subunidade alfa interage com ela.É isso que vai gerar a resposta mediada pelos receptores acoplados a ptn G. Exemplos: Mediador metabólico que utiliza esse tipo de interação: Glucagon O glucagon é o hormônio secretado quando se está com fome. Ele aumenta a atividade lipase fazendo beta oxidação aumentando a concentração de acido graxo livre. O glucagon é o agonista que vai interagir com os receptores acoplados a ptn G, ativando a enzima adenilato ciclase,aumento assim os níveis de AMP cilico,ativando a proteína quinase A,desencadeando uma cascata de fosforilacao e resultando no aumento da lipólise,diminuição da síntese de glicogênio e aumento da quebra de glicogênio liberando glicose 6 fosfato. Como um agonista pode modular negativamente uma resposta biológica? A subunidade alfa pode ativar ou inativar uma determinada enzima. Isso vai depende do tipo de ptn G que se tem.Existem receptores que vão interagir com proteínas G do tipo estimulatoria e outros irão interagir com proteínas do tipo inibitória. Exemplo: Receptor Beta 1 adrenérgico: Essa ativação de beta 1 frente ao agonista adrenalina ou noradrenalina promove a taquicardia.Esse receptor é ligado a ptn G do tipo estimulatorio (PTNGs),ou seja,sua atividade alfa é estimulatoria.Com isso ocorre a estimulação da adenilato ciclase resultando no aumento dos niveis de AMP ciclico nos cardiomiocitos promovendo aumento da atividade da ptn quinase A,aumento na abertura dos canais de cálcio…..o que resulta da taquicardia final. Resuminho: - Classes de Ptn G: Estimulatoria (Ptn Gs) –aumentam os níveis de AMP ciclico porque estimulam a adenilato cilcase Inibitória (Ptn Gi) – diminuem os níveis de AMP ciclico porque inibem a adenilato ciclase Existe também uma terceira classe de proteína G: Ptn Gq A Ptn Gq tem como função ativar a fosfolipase C. Exemplo de PtnGq: Receptores Alfa 1 A noradrenalina age como agonista ativando os receptores alfa 1.Dessa forma ocorre todo o processo já citado antes (subunidade alfa se separa....)cujo resultado final é a ativação da fosfolipase C.A fosfolipase C pega o fosfolipídio de membrana e transforma em ip3 e diacil glicerol no meio extracelular.O ip3 mobiliza cálcio do reticulo sarcoplasmático ,aumentado os níveis de cálcio intracelular e então,promovendo a vasoconstricção. Exemplo ligado a fisiologia: os leitos vasculares que irrigam a musculatura esquelética são ricos em receptores do tipo BG2 adrenérgicos. O que acontece quando se leva um susto? O sangue sai da periferia e vai principalmente para musculatura esquelética pois se tem muito receptor alfa 1 na vasculatura da periferia e muito receptor beta 2 na vasculatura que irriga a musculatura esquelética. Na periferia ela fará vasocontricção pois o receptor alfa 1 está ligado a proteína GP. Já beta 2 está acoplado a proteína GF que aumentam os nucleosídeos cíclicos em células musculares lisas, causando vaso dilatação. Logo, um mesmo agonista (adrenalina) pode levar a respostas totalmente diferentes, dependendo do tipo de proteína acoplada a seu receptor. Obs: agonista muscarinico faz bradicardia pois seu receptor, que está no coração, está acoplada a proteína GI. Qual é a novidade evolutiva dos receptores acoplados à ptn G? É a amplificação do sinal. Uma única molécula de agonista interagindo com um único receptor pode levar a ativação de um série de cascata de ativação. O que aconteceria se uma via dessas estivesse sendo persistentemente ativada? Ex: um descarga adrenérgica; tenho muita noradrenalina. A célula morre? Não. Pq? Ocorrerá a ativação de diversas quinases que fosforilarão outras substancias; a principal quinase ativada é a pKa, que fosforila principalmente proteínas e residos de serina, compostos que estão presentes inclusive em alguns receptores acoplados a proteína G; logo os receptores podem ser fosforilados, o que leva a uma alteração de sua função, perdendo sua capacidade de interagir com a proteína G, o que “desliga” o estímulo, evitando resposta exacerbada. O período de inativação dos receptores é chamado de desensibilização heteróloga (receptores diferentes que recebem agonistas diferentes, mas a ativação de um pode interferir negativamente na ativação do outro. Esse efeito pode ser revertido por fosfatases. A ativação persistente do receptor ativa várias quinases e esse estímulo leva a ativação de uma quinase muito específica: quinase do receptor acoplado a proteína G (GRK). Ela fosforila o receptor, em sítios muito específicos, que está evocando essa resposta. A fosforilação recruta a proteína arrestina que irá reconhecer essa cauda fosforilada do receptor e irá englobá-lo (endocitose do receptor) através da mobilização das proteínas do citoesqueleto. Isso protege o receptor de ser fosfatado, o que prolonga o efeito do agonista. A partir disso, o receptor pode voltar á superfície plasmática ou ser degradado. EX: paciente com insuficiente cardíaca: necessita de um medicamento que aumente a força de contração do coração. Como? Administrando aminas simpaticomiméticas, que são agonistas dos receptores alfa 1. Há uma melhora. Ao aumentar a dose, o paciente passa a não responder ao fármaco. A curva de ação do fármaco é caracterizada como “em sino” (atinge uma atuação máxima e regride). Quando o gráfico (efeito x concentração) que se observa tiver essa característica (curva em sino), o fenômeno que está sendo apresentado é uma desensibilização de receptores acoplados a proteína G, provavelmente desensibilização do tipo homóloga. Então, o que ocorre, em etapas, é o seguinte: 1º passo: fosforilação do receptor 2º passo: externalização do mesmo (?) 3º passo: endocitose do receptor 4º passo: reciclagem do receptor (retorno à membrana) e degradação do receptor. Revendo o que foi falado: Gr aumenta a atividade da adenilato ciclase; Gi diminui a atividade da adenilato ciclase; Gq aumenta a atividade da fosfolipase C. Nesse momento, isso é o que precisamos saber. Existem outros tipos de proteínas G e outros alvos para essas proteínas, mas não discutiremos agora. Receptores acoplados a proteína quinase: proteínas integrais da membrana. - Receptores tirosina quinase: tem na sua cadeia polipeptídica tanto a porção de reconhecimento quanto a porção efetora (que é a tirosina quinase). Ele existe na forma de monômero. Quando o agonista é introduzido ao meio há interação com a porção de reconhecimento. Isso vai fazer com que haja a dimerização (cada uma das subunidades fosforila a outra) - receptor torna-se ativo. O receptor ativo não funciona na forma de monômero, ele tem que dimerizar. A dimerização e a associação com resíduos de tirosina vão fazer com que haja o recrutamento de outras proteínas (podem ser proteínas adaptadoras ou outras quinases), bem como a fosforilação direta de proteínas citoplasmáticas. Esses receptores agem via cascata de fosforilação que podem culminar, então, com a regulação da expressão gênica (aumento ou diminuição da síntese protéica). Exemplo: A insulina é um fator de crescimento, um hormônio anabólico. Temos uma série de outros hormônios com características semelhantes, como alguns fatores de crescimento que estão envolvidos em processos tumorais. Eles agem através desses receptores. No caso dos receptores como o da insulina, o processo descrito acima vai contribuir para a translocação do GLUT-4 (receptor de insulina tem efeitos tanto dependentes da síntese protéica como não-dependentes, como é o caso da translocação do transportador de glicose GLUT-4). O caso do GLUT-4: o GLUT 4 fica dentro de vesículas na célula. Quando tem estimulo, essas vesículas voltam a integrar a membrana plasmática para aumentar a quantidade de transportadores. Esse processo não é dependente de síntese protéica, e sim dependente de uma cascata de fosforilação - mediada pela atividade tirosina quinase - que fez com que essas vesículas voltassem a integrar a membrana plasmática. Esse é um bom exemplo de processo independente da expressão gênica (síntese protéica). Observação: Alguns receptores não se encaixam nos tipos clássicos estudados até agora, mas são bem parecidos com os receptores tirosina quinase. São receptores cuja região de reconhecimento não tem atividade tirosina quinase. Porém, quando o agonista se liga a esse receptor, há recrutamento de uma molécula de tirosina quinase que vai fazer com que haja a ativação dessas cascatas de fosforilação. Exemplos: Receptores para citocinas como IL-6. Receptores intracelulares ou nucleares: existem 3 classes bem estudadas. Todos os receptores nucleares são fatores de transcrição (regulam a transcrição de um gene – interagem com regiões específicas do DNA). Então, uma vez que ele interage com o seu ligante, vai controlar positiva ou negativamente o processo de transcrição gênica. Exemplo: receptor para glicocorticóide, na verdade, receptores para esteróides de uma maneira geral. Substâncias muito lipossolúveis (agonistas, como o colesterol) interagem com os receptores de glicocorticóide – sempre estão localizados no citosol da célula protegido por proteínas chaperonas. Os receptores de glicocorticóide têm uma sequência na região protegida pelas chaperonas que age enviando-os para o núcleo. O que acontece quando o agonista desses receptores interage com eles? Ocorre uma mudança conformacional e isso libera as chaperonas e, então, a sequência fica exposta. O receptor se encaminha ao núcleo e interage com o DNA em regiões específicas denominadas elementos responsivos (na região promotora). No caso do exemplo, elementos responsivos para o glicocorticóide. Esses elementos podem ser tanto positivos quanto negativos. Quando o receptor interage com o elemento responsivo positivo, há aumento da transcrição gênica e ao interagir com o elemento negativo, há diminuição da transcrição. Principal ação clínica dos glicocorticóides: Antiinflamatórios esteroidais – aumenta a síntese de proteínas que tem importante papel na luta contra a inflamação e diminui os níveis de proteínas pro-inflamatorias. O receptor é a vedete da farmacologia, logo, além de saber quais são esses receptores, é importante conhecer quais são os tipos de interações possíveis. Agonistas: O agonista é qualquer substância capaz de interagir com um sitio especifico do receptor e essa interação terá uma resposta. São vários os mecanismos de interação do agonista com o receptor. Tem várias forças moleculares que podem estar envolvidas nesse tipo de interação. Interações iônicas, pontes de hidrogênio, ligação de Van der Waals, interação hidrofóbica, e até mesmo interação covalente. Alguns agonistas interagem de maneira covalente com o receptor, representando assim uma interação difícil de ser clivada. O grau de afinidade vai determinar a interação do agonista com determinado receptor. Uma molécula altamente hidrofóbica vai tentar interagir com alguma porção hidrofóbica de outra molécula. Uma coisa importante, é que a interação do fármaco com o receptor, quando a interação é covalente, obedece a “lei das zonas K” (?? 5:20), A interação é uma interação estática? Não, é uma ligação dinâmica, o agonista liga e desliga toda hora do receptor. Saber disso é importante para entender o conceito de competição. Não se pode pensar que a interação do ligante com receptor é para sempre, pois isso não ocorre, já que ela não é estática e sim dinâmica. A afinidade é a medida da probabilidade do evento. O evento “droga + receptor”, pode ser mais ou menos provável em função da afinidade. Antagonista: O mesmo tipo de raciocínio é usado pra interação antagonista-receptor, a única diferença é que e antagonista não é capaz de provocar uma resposta. Portanto é errado falar que o “Atenolol” provoca bradicardia, pois ele é um antagonista, é um beta bloqueador. O antagonista não faz nada, a função dele é não deixar o agonista fazer. Ele faz isso porque interage direta ou indiretamente com o receptor não deixando que a resposta do agonista seja gerada. Então o agonista é o que interage com o receptor formando um complexo fármaco-receptor e aciona um mecanismo de transdução de sinal. Os antagonistas interagem com o receptor formam um complexo, mas não ativam esse receptor, não deixam que ocorra a transdução do sinal, não gerando a resposta. Existem vários tipos de antagonismo. Antagonismo químico corresponde a interação de determinadas drogas com determinados componentes da dieta. Ela fala de um antibiótico, a Tetraciclina. É um antibiotico que “complexa” na presença de cálcio. Por isso não deve tomar junto com o leite, pois o fármaco precipita e tem uma ação final menor. Isso é um antagonismo químico, quando a alteração da molécula impossibilita o processo mimético ou dinâmico. Antagonismo químico ocorre quando duas substâncias interagem, prejudicando a ação do fármaco. Antagonismo farmacocinetico: é quando um fármaco altera distribuição e/ou absorção de um outro fármaco. Ex. um fármaco ácido pode alterar a absorção de um fármaco alcalino pois altera sua dispersão no fluido intestinal. Antagonismo fisiológico: Interação entre duas drogas cujas ações opostas tendem a anular-se, por atuarem sobre células ou sistemas fisiológicos separados. Ex. noradrenalina (vasoconstritor) histamina (vasodilatador). Antagonismo não competitivo: droga que iniba a atividade da proteína C, assim a cascata de sinalização não será ativada, não se estará interagindo com o receptor, assim, a sinalização estará inibida e não o receptor, a ligação do agonista com o receptor está livre, por isso não é competitivo. No competitivo o antagonista se liga ao sitio do receptor do agonista, seja de maneira transitória (reversível), ou permanente (irreversível). O irreversível interage de forma covalente com o sitio ativo do receptor. Às vezes, esses conceitos se confundem: por exemplo, a anestesia de dentista que não pega. Há um antagonismo farmacocinético, pois a gengiva inflamada é um meio acido e a anestesia é básica, dessa maneira o composto estará muito ionizado prejudicando sua absorção, além disso, ele precisa chegar no seu sitio de ligação por dentro da célula. Dessa maneira, o meio externo prejudica ainda a ligação do fármaco com seu sitio de ligação dentro da célula, sendo esse um antagonismo farmacodinâmico. Gráficos de Afinidade e Efeito Para determinar a interação da droga com o receptor, eu procuro um tecido rico no receptor, faço uma preparação com meu ligante marcado radioativamente, e isso mostra qual concentração de radioatividade tem em cada preparação. A curva mostra a percentagem de ligação do fármaco ao receptor em função da concentração, é uma hipérbole retangular!! Isso mostra que atinge um platô, isso é uma característica básica da interação droga receptor, ou seja a interação é passível de saturação. Não importa se eu coloco mais ligante no meio, vai chegar um ponto que todos os receptores vão estar virtualmente ligados. Essa hipérbole retangular, vira uma sigmóide simétrica. Se eu mudar o eixo do “x”, em vez de ter uma escala linear eu passo a uma escala logarítmica. Simétrica porque a parte de baixo é um espelho da de cima. O que se observou para a ligação fármaco-receptor, pode ser feito para medir seu efeito. Pode mensurar a amplitude de um efeito de acordo com o aumento da concentração de um ligante. Antes só estava avaliando a interação do fármaco com o receptor, então servia para agonista e para antagonista. Agora, o efeito biológico só é possível de mensurar para o agonista, já que o antagonista não é capaz de gerar resposta. De novo eu vejo que o sistema é passível de saturação, o efeito é diretamente relacionado ao número de receptores ativados, ocupados, por isso as curvas de saturação de efeito e de interação são parecidas, pois o efeito é proporcional. Agora se for na presença de um antagonista o gráfico do efeito tangenciaria o eixo “x”, pois não há efeito. Ao colocar o gráfico em “log”, a curva fica sigmóide, mais fácil de visualizar. Mas porque as contas de efeito e de interação são feitas em cima de 50% e não 100%? Isso é feito porque é complicado ver quando a curva chegou no 100%. Quando há um gráfico de ligação fármaco-receptor em função da concentração eu posso determinar a afinidade que aquele fármaco, seja agonista ou antagonista tem pelo receptor. Então nós temos o seguinte fluxograma, o agonista + o receptor, formando o complexo agonista – receptor. Esse complexo não é estável.Quanto maior a afinidade do agonista pelo receptor, maior será a formação do complexo agonista–receptor. Vamos dizer que eu tenha uma proporção de 10 milhões de moléculas ligantes para 1 receptor. Obviamente como eu tenho muito, a probabilidade do receptor ficar vazio diminui quando eu aumento a concentração, mas se a afininidade deles for pequena vai haver formação de complexo mas ele não vai ser tão estável.Uma vez formado o complexo agonista-receptor, haverá um mecanismo efetor que vai gerar uma resposta final. Então aqui eu tenho 2 fármacos agonistas, o que eu posso dizer em relação a eles? A partir dessa curva eu consigo tenho 2 informaçãoes muito importantes. Primeira, um deles é mais eficaz (eficácia é a capacidade de produção de uma resposta). Um é um agonista total (consegue chegar a 100% de ativação), ou seja, ele é capaz de gerar uma resposta máxima. O outro é um agonista parcial, porque não adianta aumentar a concentração que ele nunca vai gerar uma resposta máxima. A efiacácia de um agonista total é sempre igual a 1 porque 100/100 =1 enquanto do agonista parcial vai ser sempre uma fração, menor que 1. A potência, que é a quantidade de fármaco necessária para desncadear uma resposta, está intimamente realcionada com a afinidade do agonista pelo receptor e é medida pelo DE50(acho que é isso). Quanto mais potente for uma droga, menor será o seu DE50. Então quanto mais para esquerda estiver a curva, mais potente é o fármaco. O DE50 é a concentração necessrária para se alcançar 50% da resposta máxima. Uma outra coisa importante: os 50% dessa curva aqui não é igual ao 50% dessa outra porque cada curva tem sua resposta máxima. Vamos falar agora dos antagonistas. Já vimos que eles podem ser competitivos (agem no mesmo sítio de ligação do agonista) e não competitivos (agem em sítios diferentes do agonista ou nas cascatas decorrentes da ativação do receptor). Como antagonismo competitivo reverssível é expresso graficamente? Há o deslocamento da curva para a direita. Em azul, vemos a resposta na presença do agonista. Quando é introduzido um antagonista, só conseguimos perceber o mesmo efeito quando aumentarmos a concentração do agonista. Assim, O DE50 também aumenta. Eu continuo alcançando a resposta máxima, mas isso vai depender do aumento da concentração. No caso de um antagonista competitivo irreverssível na presença de agonista, haverá allteração da potência e alteração da eficácia. Então a curva se desloca para a direita e tem a amplitude diminuída. A amplitude diminui porque não vou mais alcançar a resposta máxima, é como se a célula tivesse menos receptores. Quando eu tenho o agonista na ausência e na presença do antagonista não competitivo vamos observar a diminuição da resposta máxima. A interação está preservada mas a resposta gerada vai ser muito menor e com isso vamos ter diminuiçaõ do efeito máximo. Porém, eu não tenho, necessariamente, diminuição do DE50 porque a afinidade do agonista pelo receptor não foi comprometida, só a amplitude da resposta é menor (só eficácia é alterada). Ela mostra um gráfico de distribuição de um fármaco com o número de indivíduos que responde a cada dose desse fármaco. A moda desse gráfico é, aproximadamente, 10 mg/L (grande parte das pessoas responde bem a um a dose de 10mg/L). Podemos sobrepor esse grafico e obter uma curva sigmóide parecida com as que vimos nas curvas de antagonismo. Então ela compara esse gráfico com outro que mostra a concentração necessaria para causar efeito colateral ou óbito dos pacientes. Com essas duas curvas conseguimos gerar uma constante chamda de índice terapeutico que espressa a distância entre essas duas curvas. O indice terapêutico é calculado dividindo-se a dose necessária para que 50% da população apresente efeitos colaterais pela dose necessária para que 50% da população apresente a resposta esperada desse fármaco. Quanto maior for o indice terapêutico, maior será a distância entre essas curvas e menor será a chance de se observar efeitos colaterais.