Exercício Físico e MicroRNAs: Novas Fronteiras na Insuficiência

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Artigo de Revisão
Exercício Físico e MicroRNAs: Novas Fronteiras na Insuficiência
Cardíaca
Physical Exercise and MicroRNAs: New Frontiers in Heart Failure
Miguel Morita Fernandes-Silva1,2, Vagner Oliveira Carvalho1, Guilherme Veiga Guimarães1, Fernando Bacal1,
Edimar Alcides Bocchi1
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo-INCOR1, São Paulo, SP;Hospital Cardiológico Costantini2, Curitiba, PR, Brasil
Resumo
Embora recentemente tenha sido questionado o impacto
do exercício na sobrevida de pacientes com insuficiência
cardíaca, o treinamento físico melhora a qualidade de vida, a
capacidade funcional, a inflamação, a função autonômica e a
função endotelial. Nos últimos anos, vem crescendo o interesse
em um grupo de pequenos RNAs não codificadores de proteína
chamados microRNAs.
Estudos têm demonstrado que a expressão dessas moléculas
se modifica em diversas condições patológicas, como a
hipertrofia miocárdica, a isquemia miocárdica e a insuficiência
cardíaca, e, quando ocorre melhora clínica, elas parecem se
normalizar. Com o potencial de aplicabilidade prática, já foram
identificados marcadores que poderão ser úteis na avaliação
diagnóstica e prognóstica da insuficiência cardíaca, como o
miR-423-5p. Além disso, resultados de estudos experimentais
indicam haver possíveis efeitos terapêuticos dos microRNAs.
Implicados na regulação da expressão genética durante o
desenvolvimento fetal e no indivíduo adulto, os microRNAs
aumentam ou diminuem no coração em resposta a estresse
fisiológico, injúria ou sobrecarga hemodinâmica. Assim, o
estudo do comportamento dessas moléculas no exercício físico
vem trazendo informações importantes quanto aos efeitos
dessa modalidade terapêutica e representa uma nova era no
entendimento da insuficiência cardíaca.
Esta revisão tem por objetivo integrar as evidências sobre
microRNAs na insuficiência cardíaca com maior relevância no
estudo do exercício físico.
Introdução
Diversos avanços no entendimento da fisiopatologia da
Insuficiência Cardíaca (IC) permitiram desenvolver novas
modalidades terapêuticas, ou até mesmo otimizá-las com
consequente aumento na sobrevida. Apesar disso, a IC ainda é
uma condição com elevada mortalidade e morbidade, sendo
a principal causa de internação por doença cardiovascular
no Brasil1.
Apesar de evidências recentes questionando o impacto do
exercício na sobrevida2, o treinamento físico melhora a qualidade
de vida3, a capacidade funcional4, a inflamação5, a função
autonômica4 e a função endotelial4. Os mecanismos envolvidos
nesse fenômeno ainda não estão totalmente esclarecidos. Nos
últimos anos, vem crescendo o interesse em uma área de pesquisa
que envolve aspectos relacionados à resposta do organismo ao
exercício em âmbito genético, em que os microRNAs parecem
exercer um papel fundamental.
Está cada vez mais evidente que os microRNAs têm um
papel crítico em diversos processos biológicos, e as pesquisas em
neoplasias e doenças cardiovasculares vêm sendo o principal foco
na medicina translacional. Estudos recentes avaliaram a expressão
de diversos microRNAs em hipertrofia miocárdica, infarto do
miocárdio e insuficiência cardíaca, e isso permitirá melhorar o
entendimento da fisiopatologia dessas condições clínicas, além de
ter seu uso promissor no diagnóstico e prognóstico das principais
doenças cardiovasculares6,7. Ainda, possibilidades de mimetizar
microRNAs com sua expressão reduzida, ou de antagonizar
aqueles cuja expressão aumentada teria uma relação causal com
determinada patologia, representam um potencial terapêutico e
um novo paradigma no manejo das doenças cardíacas.
Implicados na regulação da expressão genética durante o
desenvolvimento fetal e no indivíduo adulto8,9, muitos desses
microRNAs aumentam ou diminuem no coração em resposta
ao estresse fisiológico, injúria ou sobrecarga hemodinâmica10. O
estudo do comportamento dessas moléculas no exercício físico
representa, portanto, um grande potencial de novas descobertas
dessa modalidade terapêutica na IC.
Esta revisão tem por objetivo integrar as evidências sobre
microRNAs na insuficiência cardíaca com maior relevância no
estudo do exercício físico.
MicroRNAs
Palavras-chave
Exercício, microRNAs, insuficiência cardíaca / fisiopatologia.
Correspondência: Miguel Morita Fernandes da Silva •
Avenida Enéas de Carvalho Aguiar , 44, Bloco I, 1° Andar,
Bairro Cerqueira Cesar, CEP 05403-000, São Paulo, SP – Brasil
E-mail: [email protected], [email protected]
Artigo recebido em 29/09/11; revisado recebido em 25/10/11;
aceito em 03/11/11.
459
Em resposta a estímulos externos, como o exercício físico, a
expressão dos genes pode ser modulada mediante diferentes
mecanismos, entre eles o silenciamento gênico mediante
pequenos RNAs, incluindo os chamados microRNAs (miRNAs)11.
Os miRNAs, descritos inicialmente em 1993 ao ser estudado o
desenvolvimento de nematódeos12, são caracterizados como um
grupo de pequenos RNAs, não codificadores de proteínas, com
aproximadamente 19-25 nucleotídeos de extensão. Diferindo
Fernandes-Silva e cols.
Exercício e microRNA na IC
Artigo de Revisão
da ampla gama de RNAs codificados pelo genoma humano, essa
variedade de RNA tem se destacado por sua singular habilidade
de modular uma enorme e complexa rede regulatória de
expressão dos genes13.
Atualmente sabe-se que, em geral, os miRNAs são sintetizados
a partir de genes específicos ou de determinadas regiões gênicas
que não estão associadas à produção de proteínas (introns)11. O
processo de maturação dos miRNAs envolve uma complexa via
metabólica que se inicia no núcleo e se estende até o citoplasma
celular (fig. 1). O primeiro passo para a maturação do miRNA é
a transcrição de uma longa fita de miRNA primário (pri-miRNA)
a partir de um determinado gene14. O pri-miRNA é clivado por
um complexo enzimático chamado Drosha, liberando regiões
precursoras, chamadas pre-miRNAs, que irão formar os miRNAs
distintos15. No citoplasma, após serem exportados do núcleo
pela exportina-516, o pre-miRNA é clivado pela enzima Dicer,
formando um RNA de dupla fita com aproximadamente 22
nucleotídeos17. As duas fitas são então separadas, porém, apenas
uma delas irá potencialmente atuar como um miRNA funcional,
enquanto a outra geralmente é degradada18.
Em sua forma madura, os miRNAs, com o auxílio de um
complexo enzimático denominado Complexo de Indução do
Silenciamento do RNA (RISC), se ligam ao RNA mensageiro
(RNAm)-alvo. Essa ligação impossibilita que os ribossomos
consigam acessar a informação genética contida nos RNAm,
acarretando na diminuição da síntese proteica do gene-alvo19,20.
De modo geral, a função dos miRNAs é servir como um
componente de reconhecimento para o complexo enzimático
de silenciamento RISC, uma vez que eles se ligam ao RNAm,
identificando-o como um alvo. A complexidade da regulação da
expressão proteica pelo miRNA é ilustrada pelo fato de que um
único miRNA pode regular centenas de genes-alvo distintos, e
por outro lado, cooperam no controle de um único gene-alvo12,13.
Mais de 700 miRNAs humanos já foram identificados e
parece haver 150 a 200 expressos no coração10. Esse número
tende a crescer ainda mais, devido ao recente desenvolvimento
de tecnologias de sequenciamento e métodos de predição
computacional19,20.Embora as funções biológicas dos miRNAs
não estejam totalmente compreendidas, acredita-se que 30%
a 60% dos genes codificadores de proteína sejam regulados
pelos miRNAs11.
Estudos mostraram que apesar de os miRNAs serem
expressos em diversos tipos celulares, miRNAs específicos
são sintetizados exclusivamente em determinados tecidos ou
grupos de células19,20.
Fig. 1 – Esquema representativo da biogênese e mecanismo de ação dos microRNAs em células de mamíferos. mRNA - RNA mensageiro; miRNA - microRNA; RISC
- Complexo de indução do silenciamento do RNA. Adaptado de Oliveira-Carvalho V e cols., Arq Bras Cardiol.2012;98(4):362-70.
Arq Bras Cardiol 2012;98(5):459-466
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Fernandes-Silva e cols.
Exercício e microRNA na IC
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MicroRNAs e insuficiência cardíaca
Nos últimos anos, tem se demonstrado que diversos miRNAs
se expressam de maneira específica em algumas condições
cardiovasculares. Especialmente, observa-se uma expressão
diferenciada na hipertrofia, na isquemia miocárdica e na
disfunção endotelial.
A IC sistólica é caracterizada por remodelamento e dilatação
ventricular parecendo haver ativação de um programa genético
fetal que desencadeia alterações patológicas no miocárdio
associadas com disfunção ventricular progressiva21. No coração
de pacientes com IC em estágio avançado, foi encontrado um
padrão de expressão do miRNA muito similar ao encontrado
nos corações fetais21. Além disso, em um estudo22 avaliando
indivíduos com miocardiopatia dilatada, isquêmica e valvar
(estenose aórtica), o perfil de expressão foi diferente conforme
a etiologia da IC, e a assinatura do miRNA foi capaz de predizer
o diagnóstico com uma acurácia de 70%.
Quatro famílias de miRNAs são altamente expressos no
coração: miR-1, miR-133, miR-208 e miR-499. A família
miR-1 representa 40% de todo o miRNA expresso no
coração, enquanto o miR-208 é o único conhecido como
cardiacoespecífico. A tabela 1 contém alguns miRNAs e seus
possíveis efeitos biológicos no coração adulto.
O miR-1 está diminuído na hipertrofia miocárdica, e estudos
in vitro23 e in vivo24 indicam haver uma relação causal, em que
a redução desse miRNA é uma condição necessária para o
aumento da massa celular25. Experimento em ratos26 demonstrou
que uma das alterações mais precoces observadas após uma
sobrecarga pressórica ao coração é a redução do miR-1, antes
mesmo do aumento na massa cardíaca. O miR-1 está reduzido
no ventrículo hipertrófico de indivíduos com acromegalia26 e
estenose aórtica22 com fração de ejeção preservada.
Por outro lado, a expressão do miR-1 tem achados
divergentes na IC. Enquanto alguns autores22,27,28 observaram
redução do miR-1 na cardiomiopatia dilatada isquêmica e
não isquêmica, outros21,29 observaram aumento. Han e cols.25
sugerem a possibilidade de que o miR-1 esteja reduzido na
hipertrofia, mas volta ao normal ou acima do normal quando
evolui para IC.
A família do miR-208 é restrita ao coração e é composta
pelos miRs-208a e -208b, os quais são codificados nos
introns dos genes da cadeia pesada de miosina (MHC) α e β
respecitivamente30,31. Interações desses miRNAs com os genes
da MHC estão implicadas no desenvolvimento de hipertrofia
em adultos.
Outros miRNAs também apresentam expressão diferenciada
na hipertrofia e na isquemia miocárdica. Alguns exemplos
estão descritos na tabela 2.
Modificações na expressão do miRNA em resposta a
alterações cardíacas funcionais também já foi demonstrada.
Em um estudo interessante29, foram avaliados os perfis de
RNAm e do miRNA em 10 corações tratados com dispositivo
de assistência ventricular esquerda (DAVE), 17 corações de
indivíduos com IC não tratados com DAVE e 11 controles
(sem IC). Nos corações dos indivíduos com IC sem DAVE,
foi encontrado aumento significativo na expressão de 28
miRNAs, enquanto naqueles tratados com DAVE, 20 desses
miRNAs estavam completamente normalizados, e os outros
8 apresentavam uma tendência a normalização.
Estudos experimentais32 têm demonstrado que é possível
reverter um fenótipo, através da inibição de determinado
miRNA que tem sua expressão aumentada nessa condição. Isso
pode ser realizado pela administração de um oligonucleotídeo
anti-miRNA, que age como inibidor competitivo do miRNA em
questão e é chamado antagomiR. Recentemente, Montgomery
e cols.33 demonstraram que a administração de um antagomiR
anti-miR-208a foi capaz de prevenir a hipertrofia miocárdica,
o remodelamento cardíaco e a letalidade por IC em ratos
Dahl (sensíveis ao sal) submetidos a uma dieta hipersódica.
O estudo sugere fortemente que os efeitos desse antagomiR
foram decorrentes da redução dos níveis de miR-208a. Esse
resultado estabelece não somente uma correlação causal
desse miRNA no mecanismo da hipertrofia, mas também
traz uma aplicação terapêutica bastante promissora na
reversão do remodelamento. No entanto, em ratos adultos,
Tabela 1 - Exemplos de microRNAs e seus efeitos biológicos no coração adulto
microRNA
Efeito biológico
miR-208a
Regula produção da αMCH31/ induz a hipertrofia33
miR-208b
Regula produção da βMCH31
miR-499
Induz hipertrofia33
miR-1
Inibe hipertrofia60
miR-133a
Inibe hipertrofia24
miR-126
Papel na regulação da função endotelial61/inibe expressão da VCAM-162
miR-210
Reduz apoptose na célula isquêmica42
miR-92a
Inibe a neovascularização pós IAM63
miR-29
Inibe a fibrose61
miR-21
Aumenta a fibrose61
MCH – cadeia pesada de miosina; VCAM – molécula de adesão cellular vascular; IAM – infarto agudo do miocárdio.
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Exercício e microRNA na IC
Artigo de Revisão
Tabela 2 - Expressão de alguns microRNAs na hipertrofia cardíaca e na isquemia miocárdica25
Condição clínica
microRNAs com expressão aumentada
microRNAs com expressão reduzida
miR-208b
miR-133
miR-21
miR-1
miR-23a
miR-30c
miR-1
miR-92a
Hipertrofia cardíaca
Isquemia miocárdica
miR-133
miR-199a
miR-21 (fibrose)
miR-21 (viabilidade celular)
miR-210
miR-29
miR-126
miR-320
-
miR-494
o perfil miR-208a/α-MHC é predominante, e quando ocorre
uma sobrecarga pressórica, há um desvio da produção de α
para β-MHC30,31. Já em humanos, o papel desse mecanismo
na hipertrofia ainda precisa ser esclarecido, já que essa
espécie não é capaz de inverter as isoformas de MHC, além
de o β-MHC já ser a forma predominante, juntamente ao
miR-208b31. Além disso, modelos experimentais devem ser
observados com cautela na extrapolação dos seus dados, já
que eles são artificiais e podem não mimetizar com precisão
as condições clínicas observadas em humanos10.
MicroRNA como biomarcador na insuficiência cardíaca
Para que haja uso disseminado do miRNA como
biomarcador na insuficiência cardíaca, a sua determinação
deve ser simples e confiável, dispensando, preferivelmente, a
necessidade de realização de um procedimento invasivo como
a biópsia. Embora a pesquisa dos miRNAs no tecido e células
venha ocorrendo a algum tempo, somente recentemente é
que vem se descobrindo a existência de uma série destes
miRNAs no sangue circulante. Mitchell e cols.34 demonstraram
em pacientes com câncer de próstata que miRNAs circulantes
específicos do tecido poderiam ser detectados no plasma.
Os mecanismos pelos quais eles são liberados são incertos,
mas postula-se que seja por meio da secreção dentro de
microvesículas chamadas exossomos 35. Não se sabe se
isso ocorre com outros miRNAs, mas características como
especificidade e estabilidade no plasma tornam-no bastante
promissor como marcador de lesão tecidual36.
aguda. Dentre os 108 miRNAs que apresentaram diferença
significativa entre os grupos, foram selecionados 16 e validados
em um grupo maior, incluindo 30 pacientes com IC, 20 que
tinham dispneia por outras causas que não a IC, e um terceiro
grupo de 39 indivíduos saudáveis. Nessa coorte de validação,
o aumento do miR-423-5p foi um forte preditor do diagnóstico
de IC em um modelo de regressão logística, incluindo idade
e sexo. Os mecanismos pelos quais existe aumento nesse
marcador em pacientes com IC ainda é desconhecido. Se
isto é decorrente de lesão celular e consequente liberação
do mesmo no plasma, ou se está relacionado a uma via
secretória específica de determinada célula ainda precisa ser
esclarecido41. Em outro estudo7, concentrações plasmáticas
do miR-126 apresentaram correlação inversa com os níveis de
peptídeo natriurético cerebral (BNP). No entanto, a amostra
de pacientes foi heterogênea e os critérios de definição de
IC não foram muito bem estabelecidos. Mais estudos ainda
são necessários para definir o papel desses miRNAs como
biomarcadores na IC.
MicroRNA e exercício
Os miRs-208a, -208b e -499 são específicos do
cardiomiócito e foram avaliados no diagnóstico de condições
que provocam lesão miocárdica. Observou-se um aumento
acima de 1.000 vezes no IAM6,37-39 dos miRs-208b e -499.
Nessa condição, eles refletem injúria tecidual e morte celular.
Além disso, o miR-208a apresentou acurácia diagnóstica
semelhante à troponina, com a vantagem de ser detectado
mais precocemente no plasma6.
Exercício físico, gestação e o próprio crescimento do
indivíduo são estímulos para o crescimento fisiológico do
coração. Em meados do século XIX, descrições referentes ao
chamado “coração de atleta” tinham conotação deletéria8.
Mais recentemente, os diversos benefícios do treinamento
físico na sobrevida e os efeitos maléficos da inatividade
tornaram essa modalidade terapêutica obrigatória no
tratamento de pacientes com doenças cardíacas, incluindo
aqueles com disfunção ventricular sistólica, os quais já
apresentam aumento patológico dos volumes e massas
ventriculares. Seus benefícios na capacidade funcional podem
ser explicados pelos efeitos na função endotelial, resistência
vascular periférica e modificações na estrutura da musculatura
esquelética, embora não tenha sido demonstrado melhora
significativa na fração de ejeção do ventrículo esquerdo.
No intuito de determinar qual(is) miRNA(s) poderiam ser
biomarcardores na Insuficiência Cardíaca (IC), Tijsen e cols.40
compararam o perfil de expressão dos miRNAs no plasma de
12 indivíduos saudáveis com 12 pacientes admitidos por IC
O estudo dos microRNAs pode gerar hipóteses quanto
aos mecanismos pelos quais o exercício físico interfere
na fisiopatologia da IC. Interessante notar que as vias de
sinalização que levam a hipertrofia decorrente do estímulo
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Exercício e microRNA na IC
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fisiológico, como exercício, são diversas daquelas que
provocam a hipertrofia patológica e, consequentemente,
podem desencadear expressão diferente nos miRNAs8. O
pré-condicionamento isquêmico e sua relação com o miRNA
já começou a ser avaliada em estudos experimentais42.
Ao analisar as respostas individuais do treinamento físico,
dúvidas são levantadas quanto às razões da variabilidade de
seus resultados. Há indícios de que a adaptabilidade fisiológica
ao exercício tenha um paralelo com a expressão genética43.
Entretanto, a complexidade da interação genética limita a
identificação de genes individuais que possam explicar essa
variabilidade44. Além disso, a sua expressão se modifica de
acordo com o estímulo que o organismo recebe e é nesse
aspecto que o estudo dos miRNAs tem um papel promissor.
O músculo esquelético também é um órgão que apresenta
uma elevada plasticidade, capaz de alterar o fenótipo em
resposta a uma sobrecarga mecânica45. Estudos experimentais
permitiram identificar mudanças no perfil muscular
esquelético de miRNAs específicas do exercício aeróbico e
do exercício resistido46 (tab. 3).
Há vários miRNAs presentes no músculo esquelético, e
os miRs-1, -133a, -133b e -206 compreendem 25% deles,
sendo muitas vezes referidos como “miomirs”47. Em indivíduos
saudáveis,esses quatro miomirs diminuem significativamente
após 12 semanas de treinamento aeróbico48, indicando que eles
se ajustam rapidamente ao nível de atividade física. Interessante
notar que esses níveis voltam aos valores basais após 14 dias
da sua interrupção. Quando avaliada a resposta a uma única
sessão de exercício, foi encontrado aumento na expressão
dos miR-1 e -133a somente antes do período de treinamento.
Com relação a exercício resistido, o ganho em massa
muscular também é altamente variável entre os indivíduos.
Essa variabilidade é acompanhada por diferenças no
comportamento dos miRNAs. Um estudo47 que analisou
biópsias do músculo vasto lateral de 56 homens submetidos
a treinamento resistido por 12 semanas encontrou que a
expressão do miR-378 reduziu e a do miR-478 aumentou,
ambos significativamente, somente naqueles que responderam
pouco ao treinamento. Além disso, houve uma forte correlação
entre a variação na expressão do miR-378 com o ganho em
massa magra. Já os miomirs miRs-1 e -133 não se modificaram
com o exercício resistido.
Com relação aos níveis de miRNAs no sangue circulante,
Baggish e cols.49 estudaram o comportamento de miRNAs
que foram previamente implicados na angiogênese (miR20a, miR-210, miR-221, miR-222, miR-328), inflamação
(miR-21, miR-146a), contratilidade muscular cardíaca e
esquelética (miR- 21, miR-133a) e adaptação muscular
á hipóxia e isquemia (miR-21, miR-146a, e miR-210).
Os resultados deste e outros estudos envolvendo o
comportamento dos miRNAs no exercício em humanos
estão resumidos na tabela 4.
O estudo dos miRNAs pode contribuir também no
entendimento dos efeitos do exercício na resposta imune,
cujos mecanismos ainda não estão esclarecidos. Por exemplo,
a partir da análise de citocinas, observou-se que ambas
as vias pro-inflamatórias e anti-inflamatórias são ativadas
após exercício estenuante50. Estudando o comportamento
de neutrófilos no sangue periférico51 após uma sessão de
exercício, foi possível observar alteração no perfil de expressão
dos miRNAs, sugerindo que esses contribuem para alterações
na expressão genética de células imunocompetentes52.
Até o momento da publicação desta revisão, não
temos conhecimento de estudos que tenham avaliado o
comportamento dos miRNAs em resposta ao treinamento
físico especificamente em pacientes com IC.
Perspectivas
Muito já foi descoberto quanto aos efeitos do
treinamento físico na IC. Além da melhora na capacidade
funcional e na sobrevida, evidências tem demonstrado
outros resultados positivos dessa terapia, como aumento
nas células progenitoras endoteliais circulantes53, efeitos
anti-inflamatórios e no endotélio, com modificações nos
níveis de interleucinas-1β54, -654,55, -1056, fator de necrose
tumoral α e seus receptores 1 e 2 e da proteína C reativa56,
óxido nítrico sintase induzível (iNOS) 54, molécula de
adesão intracelular solúvel (sICAM)55, adiponectina57,58,
peptídeo natriurético cerebral (BNP) 59 e outros (fig. 2).
Surge, portanto, uma promissora ferramenta de avaliação
prognóstica e diagnóstica de tratamento na IC, que
permitirá ampliar os conhecimentos dos efeitos do exercício
físico nesses pacientes, indo mais a fundo nos mecanismos
moleculares, com a vantagem de refletir de maneira
Tabela 3 - Efeitos do exercício físico na expressão de diversos microRNAs em estudos experimentais
microRNA
Correlação com o exercício físico
População estudada
Tipo de amostra
Ref
miR-1, -107, -161
Aumento após 90 minutos de exercício aeróbico
exaustivo (agudo)
Ratos C57BL/6J
Músculo esquelético
Safdar e cols.64
miR-23
Redução após 90 minutos de exercício aeróbico
exaustivo (agudo)
Ratos C57BL/6J
Músculo esquelético
Safdar e cols.64
Redução em 50% após sobrecarga funcional muscular
Ratos C57BL/6J
Músculo esquelético
McCarthy e cols.65
Redução após 4 semanas de treinamento aeróbico e
aumento após 5 dias de imobilização
Ratos C57BL/6
Músculo esquelético
Aoi e cols.66
miR-27a e -27b
Elevação após treinamento aeróbico
Ratos Wistar
Tecido cardíaco
Fernandes e cols.67
miR-143
Redução após treinamento aeróbico
Ratos Wistar
Tecido cardíaco
Fernandes e cols.67
miR-1 e -133a
miR-696
463
Arq Bras Cardiol 2012;98(5):459-466
Fernandes-Silva e cols.
Exercício e microRNA na IC
Artigo de Revisão
Tabela 4 - Efeitos do exercício físico na expressão de diversos microRNAs em humanos
microRNA
Correlação com o exercício físico
População estudada
Tipo de amostra
Ref
miR-133a
Redução após 7 dias de repouso
12 homens jovens
saudáveis
Biópsia do vasto
lateral
Ringholm e cols.68
Aumento após 90 dias treinamento aeróbico
10 homens atletas
Plasma
Baggish e cols.49
miR-146, -222
Aumento no exercício agudo antes e após treinamento
aeróbico por 90 dias
10 homens atletas
Plasma
Baggish e cols.49
miR-21, -221
Aumento no exercício agudo antes, mas não após
treinamento aeróbico por 90 dias
10 homens atletas
Plasma
Baggish e cols.49
miR-20a
Aumento com treinamento aeróbico, mas não modifica no
exercício agudo; Sua variação tem correlação linear com a
mudança no VO2 pico
10 homens atletas
Plasma
Baggish e cols.49
miR-146
Correlação linear com o VO2 pico*
10 homens atletas
Plasma
Baggish e cols.49
Redução aguda após exercício único resistido (8 séries, 10
repetições) nos jovens
`12 homens saudáveis
Biópsia do vasto
lateral
Drummond e
cols.69
miR-378
Redução somente nos pouco respondedores após 12
semanas de exercício resistido.
56 homens saudáveis
Biópsia do vasto
lateral
Davidsen e cols.47
miR-451
Aumento somente nos pouco respondedores após 12
semanas de exercício resistido
56 homens saudáveis
Biópsia do vasto
lateral
Davidsen e cols.47
Redução após exercício aeróbico por 12 semanas
10 homens saudáveis
Biópsia do vasto
lateral
Nielsen e cols.48
miR-21, -146a, -221, 222,
miR-1
miR-1, -133a, -133b, -206
*VO2 pico - consumo pico de oxigênio.
Fig. 2 – Esquema ilustrativo de diversos marcadores e moléculas implicados na insuficiência cardíaca. VEGF - fator de crescimento endotelial vascular; sICAM molécula de adesão intracelular solúvel; SDF-1 - fator derivado da célula estromal 1; IL - interleucina; MCP-1 - proteína quimioatrativa do monócito 1; IFN - interferon;
TNF - fator de necrose tumoral; BNP - peptídeo natriurético cerebral. Figura cedida por Edmar Bocchi.
Arq Bras Cardiol 2012;98(5):459-466
464
Fernandes-Silva e cols.
Exercício e microRNA na IC
Artigo de Revisão
mais direta as vias de sinalização genética, conectando o
estímulo ambiental aos aspectos hereditários do indivíduo.
Os microRNAs representam uma nova era no conhecimento
da insuficiência cardíaca e dos possíveis efeitos que o
exercício exerce sobre ela.
Fontes de Financiamento
O presente estudo foi financiado pela Fundação de
Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Vinculação Acadêmica
Potencial Conflito de Interesses
Declaro não haver conflito de interesses pertinentes.
Este artigo é parte do projeto de doutorado de Miguel
Morita Fernandes da Silva pela Universidade de São Paulo.
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