11/07/2007 - Técnicas utilizadas por médico brasileiro para tratar aborto repetido são confirmadas em Congresso Mundial Site Neusa Leoncini O ginecologista e obstetra Ricardo Barini, do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foi o único especialista brasileiro em aborto de repetição a participar do X Congresso Internacional de Imunologia da Reprodução, na primeira quinzena de junho, na Croácia. De acordo com o médico, destacaram-se durante o evento as novíssimas pesquisas para entender o mecanismo pelo qual há adaptação das células do embrião às da mãe para permitir que a gravidez prossiga. “Em termos diagnósticos e terapêuticos, confirmamos que estamos utilizando no Brasil as técnicas mais modernas, sem nada dever a outros países.” Um dos temas debatidos foi a hipótese de haver um processo inflamatório envolvido na fixação do embrião ao útero. Por essa teoria, o futuro bebê lança estímulos que provocam reação no organismo da mulher, que produz substâncias que tendem a diminuir a agressão imunológica dela contra ele. “Há o lado materno de se adaptar à gravidez e o lado do embrião se proteger da agressão imunológica. É a ausência de adaptação, algo como um ruído na comunicação, que resultará em aborto. Além da Unicamp, o dr. Barini mantém consultórios em Campinas e São Paulo. Durante o Congresso Mundial, destacaram-se também os estudos em torno da molécula HLAG – potencialmente produzida pelo embrião para atuar como a chave de todo o processo de adaptação imunológica. “Esta molécula consegue se comunicar com as células imunológicas da mulher e induzir a produção de anticorpos que têm efeito inibidor à própria reação imunológica. Alguns trabalhos mostraram que alguns embriões não produzem essas moléculas, o que terminaria resultando em aborto”, explica o especialista. O aborto de repetição se caracteriza pela perda de duas ou mais gestações sucessivas de até 20 semanas. Ocorre em 2% a 5% das mulheres em idade reprodutiva. A pesquisa do HLAG está sendo implantada no BSL Laboratório de Imunologia da Reprodução, sediado em Campinas, que foi pioneiro em oferecer meios para diagnóstico e tratamento de aborto de repetição (perda de duas ou mais gestações sucessivas) de causa imunológica. Agora, o laboratório está expandindo suas atividades, oferecendo às clínicas ginecológicas de todo o país exames especializados para detecção do problema imunológico em mulheres com dificuldade para levar a gravidez a termo. Estão à frente o dr. Ricardo Barini, professor livre doce da Unicamp, e Simone Souza Lima, mestre em Imunologia e Biologia Molecular pela Unicamp.