Transtorno do Pânico: Uma visão espiritual Rubens Santini – janeiro/2008 Índice Geral I – Origem da palavra "pânico" .................................... 4 II – Um pequeno histórico .......................................... 5 III – Como reconhecer a Síndrome do Pânico .......................... 6 IV – A primeira crise .............................................. 8 V - Perfil psicológico dos pacientes .............................. 9 VI– Tratamentos .................................................. 10 VII – O que fazer durante um ataque de pânico ..................... 11 VIII – Um exemplo de diagnóstico errôneo ............................ 12 IX– Uma visão médico-espírita .................................... 13 X – Caso Enoch ................................................... 15 XI – Esclarecimentos de Joanna de Ângelis ........................ 16 XII – Bibliografia ................................................. 17 2 Alguém está dirigindo seu carro a caminho do trabalho. Pára num farol vermelho, e começa a sentir taquicardia. A respiração também se altera, e há um medo terrível de morrer. Dores no peito, suor em excesso. Vai para um pronto-socorro achando que está tendo um ataque cardíaco. Vários exames são realizados e nada de errado com o coração. Daí para frente começa a se tornar repetidas as crises, e a esta pessoa começa a evitar todas as situações onde elas ocorreram, ou onde pressinta que elas poderão ocorrer. Passa por vários consultórios e clínicas, faz diversos exames e nada é constatado no seu organismo. Procura, por precaução, um cardiologista e este confirma que o seu coração está em perfeito estado e lhe dá o diagnóstico de “síndrome do pânico”. É sugerido que se procure um psiquiatra para que um tratamento seja feito. A “Síndrome do Pânico” é um quadro clínico no qual ocorrem crises agudas de ansiedade sem que haja um estímulo disparador compatível com a intensidade das crises. O indivíduo vive uma variedade de experiências intensas e estranhas sem que consiga identificar, a princípio, o que as desencadeou.. Todos os pacientes sentem uma ansiedade antecipatória da crise, gerando insegurança que os limita para atividades rotineiras. É comum ouvirmos a frase: “Tenho tanto medo. Toda vez que me preparo para sair, tenho aquela desagradável sensação no estômago e me aterrorizo pensando que vou ter outra crise de pânico.“ 0-0-0-0-0-0-0 3 I – Origem da palavra “pânico” “Medo”, segundo o dicionário Aurélio, é um “sentimento de viva inquietação ante a noção de perigo real ou imaginário, de ameaça; pavor, temor”. Quando este medo passa a ser desproporcional à ameaça, onde a situação é sempre evitada, isto começa a ser considerado uma fobia. E esta fobia é uma crise de pânico desencadeada em situações específicas. Se o medo for bem canalizado, ele se transforma em prudência e equilíbrio. “Pânico”, segundo o dicionário Aurélio, é um “pavor repentino às vezes sem fundamento que provoca uma ação desordenada”. A origem da palavra “pânico” é relativa ao deus mitológico grego Pã, que possuía chifres, barba e pernas de bode. Ele era tão feio, que a sua mãe, quando o viu pela primeira vez, fugiu de tanto medo da sua feiúra. Em vez de maldizer essa sina, Pã brincava com o seu aspecto horrível para apavorar e horrorizar os pastores e os camponeses. Desta maneira, podemos encontrar aspectos em comum entre o mito de Pã e o transtorno do pânico. Como Pã, o pânico ataca de repente e apavora. Confunde-se o pânico como expressão do medo. O pânico é acompanhado de sensações físicas, como por exemplo, disritmia cardíaca, sudorese, sensação de morte. Sensações que surgem sem motivo aparente, mas que tem outras causas e problemas mais profundos. 0-0-0-0-0-0 4 II – Um pequeno histórico Muitas pessoas dizem que é uma doença nova, inventada pela indústria farmacêutica para vender mais remédios. Mas isto não é verdade. Na literatura médica do século XIX há diversos relatos que correspondem ao que hoje chamamos de “transtorno do pânico”. Em 1869, Georges M. Beard criou o termo “neurastenia cardiovascular” para os quadros leves de ansiedade e depressão. Em 1871, durante a guerra civil americana, Jacob da Costa criou o termo “síndrome do coração irritável” cujos pacientes apresentavam crises de palpitações acompanhadas de dores torácicas e mal-estar. Em 1895, Freud classificou esses sintomas como “neurose de ansiedade”. O termo “síndrome do pânico” / “transtorno do pânico” surgiram somente no inicio da década de 1980, sendo descrito na quarta edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) – (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais), da Associação Psiquiátrica Americana. A doença do síndrome do pânico sempre existiu, mas os pacientes recebiam o diagnóstico errado e por conseqüência, um tratamento inadequado. Atualmente este transtorno passou a receber maior atenção de médicos e psicoterapeutas. A partir deste novo diagnóstico (DSM-IV), muitas pesquisas foram feitas e vários tratamentos foram colocados a disposição dos pacientes. 0-0-0-0-0-0 5 III – Como reconhecer a Síndrome do Pânico Numa entrevista à revista “Carta Capital”, edição especial de Saúde – junho 2005, o doutor Márcio Bernik, psiquiatra e coordenador do Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, assim esclareceu sobre os sintomas do transtorno do pânico (TP): “Quando uma pessoa sofre uma crise do pânico, ela sente que diversos órgãos do seu corpo começam a funcionar de maneira diferente da usual: o coração dispara, a respiração fica difícil, as mãos tremem, sensações de frio e de calor percorrem o corpo, a pele fica úmida de suor. Uma sensação de instabilidade, ou de estar flutuando, parece querer derrubar a pessoa. Esses e outros sintomas parecem indicar que algo muito grave e muito perigoso está acontecendo com o corpo da pessoa. Ela logo pensa que está prestes a morrer, que está sofrendo um infarto ou um derrame. O transtorno do pânico (TP) é uma patologia comum, que incapacita o portador. É caracterizado por ataques de ansiedade recorrentes ou pelo menos um ataque seguido de alterações que persistem por mais de um mês, devido à preocupação persistente com ataques, com suas implicações e alterações de comportamentos.” Lembrando que o diagnóstico da síndrome do pânico é eminentemente clínico, devendo ser efetuado por profissional de saúde competente, que se utiliza do exame psíquico e de exames complementares para afastar a hipótese de outras doenças com sintomas semelhantes. Abaixo descrevemos os principais critérios definidos pela Associação Psiquiátrica Americana (APA) para diagnosticar esta doença: - Um curto período de intenso medo ou desconforto em que 4 (quatro) ou mais dos seguintes sintomas aparecem abruptamente e alcançam o pico em cerca de 10 minutos: Palpitações ou ritmo cardíaco acelerado Suor excessivo Tremores, abalos, sensação de “trepidação interna” Sensação de falta de ar ou sufocamento Sensação de asfixia Dor ou desconforto no peito Náusea ou desconforto abdominal Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio Medo de perder o controle ou enlouquecer Medo de morrer Sensação de formigamento Calafrios ou ondas de calor 6 - Pelo menos um dos ataques ter sido seguido por um mês ou mais das seguintes condições: Medo persistente de ter novo ataque Preocupação acerca das implicações do ataque ou suas conseqüências (isto é, perda de controle, ter um ataque cardíaco, ficar louco) Uma significativa alteração do comportamento relacionado aos ataques - O ataque de pânico não ser devido a efeitos fisiológicos diretos de substâncias (drogas ou medicamentos) como: álcool, cocaína, crack, ecstasy, ou de outra condição médica geral (hipertireodismo, feocromocitoma, etc.) - Os ataques não devem ser consequência de outra doença mental: como por exemplo agorafobia (medo mórbido e angustiante de lugares públicos(como praças, ruas), como fobia social (exposição a situações sociais que geram medo), transtorno obsessivo-compulsivo, ... 0-0-0-0-0-0 7 IV – A primeira crise No seu livro “Conversando sobre a Síndrome do Pânico” (Ed. Globo) Gugu Keller relata a sua primeira crise: “Pensei o que pensam todos os que passam pela experiência: eu estava tendo um colapso cardíaco. Todos imaginam, a princípio, que seja um problema do coração, pois os sintomas provocam sensações semelhantes às descritas por infartados. As palpitações durante uma crise de pânico são impressionantes. Lembro-me de sentir as pulsações no pescoço, com se o coração fosse saltar pela boca. Mas fiquei perplexo, pois tinha apenas 21 anos e não acreditava que pudesse ter um infarto. Essa sensação foi tão forte que o primeiro especialista que procurei foi o cardiologista; fiz o que faria qualquer um passasse por isso. Hoje, mais experiente, voltei a conversar com alguns cardiologistas que disseram atender muita gente com os mesmos sintomas e não encontram nada de errado com o coração, o que sugere tratar-se de portadores da Síndrome do Pânico.” Em “Essencial: Síndrome do Pânico” – Ed. Nova Cultural, a jornalista Baby Siqueira Abrão nos dá o seu depoimento: “Eu tinha sete anos quando experimentei a primeira crise de pânico. Foi assustador. Infelizmente, naquela época – início dos anos 60 - , ninguém sabia diagnosticar o transtorno. Fui a médicos, psicólogos, psiquiatras e nenhum deles tinha a menor idéia do que era aquilo que eu sentia. Nem preciso dizer que fiquei anos me achando um “patinho feio”, diferente de todo mundo, carregando um peso muito maior do que eu. Mesmo assim, consegui sair de casa, estudar e, mais tarde, trabalhar. A grande crise veio em 1977. E então minha vida parou. Abandonei o jornalismo. Evitava amigos. Não saía de casa nem para ir até a esquina. Foram quase dez anos assim. Até uma amiga contar que sofrera o mesmo problema e me dar o telefone do médico que a ajudara. Dois dias depois iniciei o tratamento. Mais três semanas e eu já saía de casa. (...) A experiência da crise é devastadora. Os dias que se seguem a ela, em especial quando se trata da primeira vez, são difíceis. Somos tomados por angústia, depressão, crises de choro, longos silêncios, pensamento fixo nos tipos e na intensidade dos sentimentos trazidos pela crise. (...) Exames clínicos e laboratoriais nada indicavam de errado, o que aumentava o desespero e o desamparo.” 0-0-0-0-0-0-0 8 V – Perfil psicológicos dos pacientes Em “Essencial: Síndrome do Pânico” – Ed. Nova Cultural, a jornalista Baby Siqueira Abrão, com suporte e na experiência clínica dos médicos, levantou as principais características psicológicas dos pacientes com pânico: Perfeccionistas, exigem o máximo deles mesmos São profissionais extremamente competentes em seu campo de atuação Querem ser reconhecidos por essa competência Não sabem lidar bem nem com erros nem com imprevistos Centralizam decisões e assumem responsabilidades em demasia Gostam de estar no controle de tudo Preocupam-se demais com os problemas do dia-a-dia Reprimem sentimentos que consideram negativos São altamente criativos Os pacientes consideravam seus pais controladores, exigentes, assustadores, temperamentais e críticos Os pacientes descreveram-se como assustados, nervosos e tímidos quando crianças A maioria descreveu sentimentos de inadequação ou de auto-reprovação (baixa auto-estima) 0-0-0-0-0-0 9 VI – Tratamentos Numa primeira etapa, que é a mais emergencial, é que se introduza um tratamento que vise restabelecer o equilíbrio bioquímico cerebral. Isto pode ser feito através de medicamentos. Usualmente se utiliza uma associação de antidepressivos e ansiolíticos (para controlar a ansiedade). Antes de começar o tratamento, tome algumas precauções como: Pergunte ao médico sobre os efeitos (incluindo os colaterais) do medicamento. Pergunte ao médico se você poderá parar de tomar o medicamento quando quiser ou não. Lembre-se de que muitos medicamentos não podem ser interrompidos repentinamente, podendo os sintomas voltarem a se manifestar. As doses devem ser diminuídas aos poucos sob supervisão médica. Não esqueça que alguns medicamentos só fazem efeito se tomados com regularidade. Não mude de medicação ou de dosagem sem conversar antes com o seu médico. Numa segunda etapa, prepara-se o paciente para que ele possa enfrentar seus limites e as adversidades vitais de uma maneira menos estressante. Trata-se de estabelecer junto com o paciente uma nova forma de viver onde se priorize a busca de uma harmonia e equilíbrio pessoal. Uma abordagem psicoterápica específica deverá ser realizada com esse objetivo. Há um tipo de terapia, a cognitivo-comportamental, uma das mais utilizadas em pacientes com Transtorno do Pânico. O método auxilia a alteração de padrões de pensamento, o que ajuda o paciente a superar seus medos e as suas reações diante de situações que provocam ansiedade. Conjuntamente com os medicamentos e com a psicoterapia, existem outros tratamentos na linha alternativa: Homeopatia (para diminuir a ansiedade e a depressão) Acupuntura Meditação e exercícios respiratórios É fundamental, pois, que o paciente se conscientize e busque tanto o tratamento material quanto o espiritual para a solução do seu problema. O tratamento psiquiátrico é extremamente recomendável porque irá auxiliar na reabilitação da função neural, gerando um alívio muito grande. Mas isso não resolverá o problema principal, a causa de base. É necessário, pois, um tratamento energético, em que a pessoa deve receber o passe magnético, a água fluidificada, recuperando o seu equilíbrio. Além disso, o paciente deve buscar um reconforto espiritual através do Evangelho, onde deverá buscar a sua transformação moral. 0-0-0-0-0 10 VII – O que fazer durante um ataque de pânico As crises podem acontecer a qualquer momento e em qualquer lugar: no trânsito, na rua, no metrô, em casa. Com o desenrolar do tempo, os pacientes vão desenvolvendo estratégias para lidar com essas crises. A maioria só sai de casa se levar junto o ansiolítico (remédio que alivia a ansiedade) indicado pelo médico. No momento da crise tomam a dose recomendada, ajudando assim a aliviar a intensidade dos sintomas e a duração da crise. Outra estratégia é controlar a respiração. Evite de manter a respiração rápida e ofegante. Isto só faz com que seja absorvido novamente o gás carbônico, que deveria ser eliminado do organismo. Procure manter a respiração pausada. Mantenha a atenção nos movimentos de inspiração e expiração. Se estiver dirigindo, o mais adequado é estacionar o carro ou diminuir a velocidade do carro e ir o mais devagar possível até a crise cessar. Quem preferir não chamar a atenção pode fixar os olhos num jornal, livro ou revista e fingir que está lendo enquanto faz exercícios respiratórios para se acalmar. É uma maneira para ser deixado em paz. Outro fator importante e que ocorre muito. Pessoas com pânico costumam sofrer de ansiedade antecipatória, isto é, têm sentimentos de inquietação e medo quanto à próxima crise. Não saber quando, como e onde ela ocorrerá torna-as inseguras e ansiosas. Lembrete: Quanto mais você enfrentar, mais rápido vencerá seus medos. Quanto mais evitá-los, mais tempo eles persistirão. 0-0-0-0-0-0-0 11 VIII – Um exemplo de diagnóstico errôneo Ademir da Guia, ex-craque e ídolo do Palmeiras na década de 70, em entrevista para a revista “Vida Simples” – agosto de 2005 (Ed. Abril) - relatou que encerrou a sua carreira quando tinha 35 anos e que pretendia continuar jogando até os 40. O que o impediu em chegar até esta idade foi por causa de uma falta de ar que foi diagnosticada erroneamente. Ademir chegou a ficar trancado em casa durante anos por conta do que chama de “o problema”. Levou mais de duas décadas para vencer esta doença. Ademir da Guia tinha a síndrome do pânico e os médicos consultados não souberam fazer o diagnostico. Abaixo alguns trechos da entrevista concedida a “Vida Simples”: “...Foi um problema que eu tive. Eu corria e me ressecava a garganta. Parecia que tinha alguma coisa me afogando. Comecei a ter medo. Entrava em campo, sentia que ia afogar, vinha aquela secreção, que parecia um chiclete na boca, eu já não podia correr. Eles me operaram, operação do septo nasal, mas eu voltei depois de um mês e o problema persistia. Operei de novo depois de um ano, mas não consegui mais me sentir bem. Aí, parei. (...) O problema começou no futebol, mas depois passou para a vida toda. Comecei a não querer sair mais de casa. Quando eu saia, sentia a poluição. Era o problema. Uma coisa horrível para mim, sentia muito medo. Eu saia de casa para ir a algum lugar, mas não conseguia continuar e voltava. (...) Aos 35 anos, me vi doente, trancado dentro de casa. Os primeiros seis, sete anos foram terríveis. Fiquei muito fora de tudo. Eu não pensava mais em jogar, mas em me curar. Voltar a ter vida de pessoa normal. (...) Nunca foi diagnosticado. Se você tem um problema e pode operar, é uma coisa espetacular, aquilo resolve. Mas se você não sabe o que é, e sente, é difícil de as pessoas acreditarem e entenderem. (...)” Estes problemas na vida de Ademir da Guia se iniciaram no final da década de 70. A síndrome do pânico somente começou a ser diagnosticada no Brasil em meados da década de 80. Ademir voltou a brincar de futebol 25 anos após as primeiras crises da doença. 0-0-0-0-0-0 12 IX – Uma Visão Médica-Espírita Em entrevista virtual fornecida ao site CVDEE (Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo) – http://www.cvdee.org.br – o médico Jaider Rodrigues de Paulo (diretor do Hospital Espírita André Luiz e presidente AMME – Associação Mineira de Medicina e Espiritismo) deu a sua visão Espiritual sobre a síndrome do pânico: “A síndrome do pânico à nossa experiência tem como provável causa uma morte traumática na reencarnação próxima passada. Geralmente por suicídio. No livro Memórias de um suicida, Camilo Castelo Branco descreve com rara felicidade os principais sintomas encontrados em tal síndrome. A dificuldade em desvencilhar-se do corpo vital quando de um desencarne abrupto provocado direta ou indiretamente pelo próprio indivíduo é que ao nosso ver responde por todo cortejo de sensações estranhas que a pessoa sente. De uma maneira geral varias sintomas são confundidos com esta síndrome. Ansiedade, palpitação, mal estar e outros por si só não nos autoriza a dar este diagnostico A sensação de desrealização, despersonalização, medo de enlouquecer ou de morte eminente com a angustia de que ninguém pode ajudar, é para nós os principais sintomas dessa síndrome. Os pacientes em regressão de memória quando acessam estes momentos, nos revelam esses sentimentos. A dificuldade em desencarnar (não de morrer) é que trás esse sofrimento. A morte pode ser de varias maneiras: suicídio, enfarto, guerra, traumas vários, mas é a dificuldade em desvencilhar-se do corpo e ficar preso ao duplo etérico quando o corpo já está morto que é o grande problema. Ao reencarnar o novo corpo não é capaz de abafar as sensações violentas do passado e por ressonância com vivências atuais , pode abrir-se uma janela dos passados e essas sensações podem materializarem-se na vida atual. O momento da morte como do nascimento é muito importante para todos nós.” Desta entrevista, selecionamos as perguntas de número 7, 11 e 27: --- Questão [#007] Gostaria de saber se a obsessão é sempre a causa desta síndrome, e se devemos tomar remédios controlados para amenizar as crises já que estes viciam e afetam o perispirito, e também sobre a terapia de regressão se é talvez o caminho para a cura? Resposta: Primeiro há um engano na afirmação. Síndrome do Pânico não tem ao nosso ver como causa a obsessão. Isso é vicio de interpretação de espíritas mal informados que afirmam que tudo que um indivíduo sente em nível mental ou é obsessão ou mediunidade. Isso revela desconhecimento das obras de Kardec. Um processo obsessivo agrava um quadro de Síndrome do Pânico, 13 mas isso não quer dizer que seja a etiologia da mesma. Quem tem Síndrome do Pânico necessita de tratamento especializado. Quanto ao fato dos medicamentos afetarem o perispirito, isso é uma verdade somente se o indivíduo usa o medicamento de maneira abusiva e não procura fazer nada que venha a modificar as suas atitudes diante da vida. A regressão de memória pode ser muito útil para o paciente portador dessa síndrome. --- Questão [#011] A Síndrome do Pânico não deveria ser tratada como obsessão? Por que Espíritas se refugiam na medicina quando não querem enfrentar a causa espiritual primária de muitas doenças? Resposta: Não, porque não é simplesmente uma obsessão. Trata-se de uma nosologia médica com tratamento médico. Querer tratar problemas psicológicos e orgânicos somente com recursos espirituais é não aceitar a realidade e muitas vezes refugiarse na doutrina Espírita para não aceitar que está doente. O inverso também ocorre como você está dizendo. Tem muitos Espíritas que refugiam-se em consultórios médicos quando na realidade deveriam assumir as suas necessidades espirituais. --- Questão [#027] Como ajudar uma pessoa com esses sintomas fora de um Centro Espírita? A terapia de regressão a vidas passadas não incorre em riscos para o paciente (se Deus nos deu a benção da amnésia parcial, será beneficio relembrar certas vivências)? Resposta: Aconselhando-a procurar um médico em primeiro lugar. Depois a orientando fazer uma revisão de como tem vivido. Procurar vincular-se a um trabalho voluntário em favor de alguém e não esquecer de buscar o hábito da oração. Quanto ao fato da regressão de memória a vivências passadas, costuma ser muito útil no tratamento destas pessoas. O esquecimento do passado é realmente uma benção, mas não impede que busquemos recursos para a solução dos nossos problemas hoje. O nosso “EU” superior só permitirá vir á consciência aqueles fatos que o nosso psiquismo de superfície já suportar elaborar. A mente tem os seus mecanismos de defesas, que protegem a integridade psíquica. Quando Emmanuel desaconselha vasculhar o passado, afirma isso nas questões de curiosidade e não para tratamento. Para tratamento somos do parecer que é válido desde que seja feito por profissional competente. 0-0-0-0-0-0-0 14 X – Caso Enoch No seu livro “Mediunidade: Caminho para ser feliz”, vamos extrair um caso vivenciado por Suely Caldas Schubert, onde um paciente, com todos os sintomas de síndrome de pânico acompanhado de uma obsessão, foi procurar ajuda no Centro em que atuava: “Vejamos o caso de Enoch, que nos procurou há precisamente dez anos; um rapaz de 28 anos e que desde os 14 padecia de um aflitivo distúrbio psíquico, diagnosticado, à época, como neurose. A primeira crise ocorreu quando, adolescente, na calçada em frente de sua casa, sentiu um terrível mal-estar, uma opressão no peito, sudorese abundante, dificuldade respiratória, taquicardia, um medo terrível de morrer. Enoch teve que ser levado às pressas para um hospital, onde foi medicado. A partir deste dia, passou a ter crises periódicas, mas ainda espaçadas. Consultou vários médicos e passou a fazer uso de ansiolíticos e antidepressivos. Com o passar dos anos, desenvolveu uma série de “rituais” e cacoetes, no intuito de evitar as crises. Eram recursos neuróticos de defesa, e ele os repetia certo número de vezes ao longo do dia. Quando veio à instituição espírita onde trabalhamos, já estava no Espiritismo havia seis anos. (...) Narrou minuciosamente o seu drama, àquela altura agravado pelo fato de não mais conseguir sair à rua sozinho, não andar de ônibus nem mesmo acompanhado, tendo desenvolvido acentuado pavor da morte, especificamente de enfartes, paradas cardíacas, tudo relacionado ao coração; paradoxalmente, quando surgia a crise de pânico da morte, o medo que o avassalava era tão intenso, que lhe vinham à mente idéia de suicídio, para acabar de vez com aquela agonia.(...) Mas, à medida em que narrava os seus sofrimentos, passamos a perceber a presença de entidades obsessoras, com terríveis propósitos contra ele. (...) O rapaz passou a freqüentar a nossa casa e a seguir rigorosamente todo o tratamento espiritual. (...) Nas reuniões de desobsessão, ao longo de dois anos, os seus perseguidores foram sendo esclarecidos. Enquanto isto, ele prosseguiu no tratamento médico, pois, como óbvio, não poderia prescindir deste. (...) Logo no início do tratamento espiritual, os seus perseguidores passaram a comunicar-se nas reuniões de desobsessão (realizadas sem que Enoch estivesse presente) e à medida em que iam sendo esclarecidos, foram notados ótimos resultados. Todos os rituais e cacoetes desapareceram por completo, passou a sair de casa sozinho, a andar de ônibus e a desenvolver suas atividades. Sua família também foi esclarecida sobre a questão, pois ainda há um grande preconceito tanto quanto aos distúrbios mentais e quanto aos processos obsessivos. Hoje, são transcorridos dez anos. Enoch continua participando das reuniões e se destaca por sua tenacidade em vencer a si mesmo, em superar suas limitações. Existem, evidentemente, alguns resquícios de sua neurose, mas controlados e administrados por ele. O drama de Enoch expressa o que são os transtornos psíquicos, mentais, associados à obsessão e quanto o Espiritismo pode realizar em favor das criaturas que os padecem. ” 0-0-0-0-0-0-0-0 15 XI – Esclarecimentos de Joanna de Ângelis O Espírito Joanna de Ângelis, através do médium Divaldo Franco, trouxe-nos alguns esclarecimentos sobre o transtorno do pânico no livro “Autodescobrimento: uma busca interior”. Joanna nos alerta que há o distúrbio do pânico com fator puramente biológico, havendo a necessidade da intervenção da medicina terrena, e há o distúrbio do pânico acompanhada de uma obsessão, onde deverá ser aplicado o tratamento da terapia terrena em conjunto com o espiritual (desobsessão). Abaixo, as palavras de Joanna de Ângelis: “Na anamnese do distúrbio de pânico, constata-se o fator genético com alta carga de preponderância e especialmente a presença da noradrenalina no sistema nervoso central. É, portanto, uma disfunção fisiológica. (...) Sem dúvida, a terapia psiquiátrica faz-se urgente, a fim de que determinadas substâncias químicas sejam administradas ao paciente, restabelecendo-lhe o equilíbrio fisiológico. Invariavelmente, atinge os indivíduos entre os vinte e os trinta e cinco anos, podendo surgir também em outras faixas etárias, desencadeado por fatores psicológicos, requerendo cuidadosa terapia correspondente. Há, entretanto, síndromes de distúrbio de pânico que fogem ao esquema convencional. Aquelas que têm um componente paranormal, como decorrência de ações espirituais em processos lamentáveis de obsessão. Agindo psiquicamente sobre a mente da vítima, o ser espiritual estabelece um intercâmbio parasitário, transmitindo-lhe telepaticamente clichês de aterradoras imagens que vão se fixando, até se tornarem cenas vivas, ameaçadoras, encontrando ressonância no inconsciente profundo, onde estão armazenadas as experiências reencarnatórias, que desencadeadas emergem, produzindo confusão mental até o momento em que o pânico irrompe incontrolável, generalizado. Dá-se, nesse momento, a incorporação do invasor do domicílio mental, que passa a controlar a conduta da vítima, que se lhe submete à indução cruel. (...) A terapia de libertação têm a ver com a transformação moral do paciente, a orientação ao agente e a utilização dos recursos da meditação, da oração, da ação dignificadora e beneficente. Quando a ingerência psíquica se faz prolongada, somatiza distúrbios fisiológicos que eliminam noradrenalina no sistema nervoso central do enfermo, requerendo, concomitantemente, a terapia especializada, já referida. ” 0-0-0-0-0-0-0 16 XII – Fontes bibliográficas consultadas (1) Na Internet: http://www.unicamp.br/cco/saude.smv_sino.htm http://www.unicamp.br/unicamp_hoje/sala_imprensa http://www.psicoterapia.psc.br/scarpato/panico http://www.psiqweb.med.br http://valleser.rumo.com.br/pan.htm http://www.cvdee.org.br (2) Literatura “Essencial: Síndrome do Pânico” – Ed. Nova Cultural – Bernadette Siqueira Abrão (Baby) Revista Carta Capital – edição especial de Saúde – maio/junho 2005 Revista “Vida Simples” – agosto de 2005 (Ed. Abril) “Conversando sobre a Síndrome do Pânico” – Ed. Globo – Gugu Keller “Entendendo a Síndrome do Pânico” – Ediouro – Dr. Frederico Novas Demetrio / Dr. Odeilton Tadeu Soares / Dr. Teng Chei Tung “Autodescobrimento: uma busca interior” – Divaldo Franco pelo Espírito de Joanna de Ângelis “Mediunidade: Caminho para ser feliz” – Suely Caldas Schubert “Transtornos Mentais: uma leitura Espírita” – Suely Caldas Schubert “Mentes com medo – da compreensão à superação” – Ed. Integrare – Dra Ana Beatriz B. Silva Rubens Santini ( [email protected] ) A cópia é permitida, bibliográficas. desde que sejam citadas as fontes São Paulo, janeiro de 2008. 17