UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO RESIDÊNCIA MÉDICA 2015 Psicoterapia Gabarito da Prova realizada em 2/nov/2014 QUESTÃO 1 O conteúdo da resposta deve mencionar: 1a psicoterapia psicodinâmica é um tipo de psicoterapia que considera a existência do inconsciente. 2Identificação projetiva é um conceito que se desenvolveu a partir de Melanie Klein e a teoria das relações objetais. Envolve duas etapas: aUma representação do self ou do objeto ( muitas vezes acompanhada de estados afetivos) é projetivamente repudiada e colocada em outra pessoa ( o terapeuta) bO sujeito que projeta exerce pressão interpessoal que incita a outra pessoa a experienciar ou inconscientemente se identificar com o que foi projetado. 3Contratransferência é um conceito que se refere aos sentimentos que o terapeuta experimenta, decorrentes das identificações projetivas do paciente. No inicio esse fenômeno foi visto por Freud como perturbador e referindo-se aos sentimentos inadequados do terapeuta. Posteriormente a psicanálise passou a valorizá-lo como bússola dos sentimentos e projeções do paciente que facilitavam as intervenções psicoterapeuticas. QUESTÃO 2 1. Esquizofrenia provavelmente paranoide: O paciente manifestou dois dos principais critérios para esquizofrenia, delírios (pensa que as pessoas não são quem dizem ser) e alucinações auditivas, com padrões observados na esquizofrenia, ou seja, vozes falando entre si e de comando em relação ao paciente. No exame psíquico apresenta prejuízos formais do pensamento, além de alterações do conteúdo, caracterizado por ideias delirantes de cunho persecutório, além de alterações da sensopercepção com a presença de alucinações verdadeiras. Exames complementares: Hemograma completo, Funções tireoideana, Função hepática, Screening ,oxicológico, Níveis séricos: Cálcio, Magnésio, Sódio, Potássio, Vitamina B12, Folatos, Sorologia para HIV e Sífilis, Ureia; Creatinina, Urina ,Ressonância Magnética ou Tomografia Computadorizada de Crânio; ECG Diagnóstico diferencial Condições clínicas; Delirium; Demências;Epilepsia do lobo temporal,Tumores cerebrais; TCE; AVC;Distúrbios endócrinos;Deficiência de Vitaminas (B12);Doenças infecciosas (Sífils; HIV);Doença auto-imune;Doença tóxica (metais pesados);Intoxicação ou Abstinência de Substâncias psicoativas;Transtornos Mentais;Transtorno bipolar com sintomas psicóticos;Depressão unipolar com sintomas psicóticos;Transtorno esquizoafetivo;Transtorno psicótico breve;Transtorno esquizofreniforme;Transtornos delirantes;Transtornos de personalidade (esquizotípica; esquizoide; paranoide; borderline) Plano terapêutico: O médico deve colher mais dados sobre a história clinica, que serão completadas após a presença de seus familiares. Farmacológico;Antipsicóticos de primeira geração;Antipsicóticos de segunda geração;Eletroconvulsoterapia (ECT);Intervenções psicossociais;Terapia comportamental;Terapia em grupo;Terapia familiar;Psicoterapia de apoio;Treinamento de habilidades sociais;Grupos de apoio QUESTÃO 3 CRIANÇA - sintomas mistos - sintomas físicos - prejuízo escolar ADULTO - humor deprimido - distorções cognitivas - alterações neurovegetativas IDOSO - déficit cognitivo - resposta mais tardia ao tratamento GESTAÇÃO LACTAÇÃO - compartilhamento de sintoma da depressão e - alterações próprias da gravidez QUESTÃO 4 a) Transtorno de Pânico sem Agorafobia. (Alternativamente: Síndrome do Pânico, Transtorno do Pânico) b) São critérios diagnósticos do Transtorno de Pânico: ataques de pânico recorrentes e espontâneos (inesperados) e pelo menos um ataque foi seguido por um mês (ou mais) das seguintes características: preocupação persistente acerca de ter ataques adicionais; preocupação acerca das implicações do ataque ou de suas consequências; alteração significativa do comportamento relacionada às crises de pânico. Deve-se especificar se há ou não agorafobia associada. Os ataques de pânico não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou à condição médica geral. Os ataques de pânico não são melhor explicados por outro transtorno mental. Define-se como um ataque ou crise de pânico: uma crise bem delimitada de intenso medo ou desconforto, na qual quatro ou mais dos seguintes sintomas desenvolvem-se abruptamente e alcançam o máximo de sua intensidade em 10 minutos: palpitações ou aceleração da frequência cardíaca; sudorese; tremores ou abalos; sensação de falta de ar ou sufocação; sensação de asfixia; dor ou desconforto torácico; náusea ou desconforto abdominal; sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio; desrealização ou despersonalização; medo de perder o controle ou enlouquecer; medo de morrer; parestesias; calafrios ou ondas de calor. c) Os diagnósticos diferenciais do Transtorno de Pânico são: transtornos mentais nos quais ocorrem ataques de pânico, abuso e dependência de álcool e drogas, uso de estimulantes, uso de medicações que podem causar ansiedade, intoxicações, abstinência de álcool e drogas, transtornos somatoformes, transtornos mentais orgânicos, doenças cardíacas, disfunções endócrinas, doenças pulmonares, doenças neurológicas e disfunções vestibulares. O tratamento adequado para a paciente no serviço de emergência deve ser a tranquilização, a psicoeducação e se necessário, o uso via oral de benzodiazepínico. No seguimento a paciente deverá ser encaminhada para tratamento ambulatorial. O tratamento farmacológico do Transtorno de Pânico é realizado com medicamentos antidepressivos das classes inibidores seletivos de recaptação de serotonina, inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina, tricíclicos, IMAOs e medicamentos benzodiazepínicos. Em relação às abordagens psicoterápicas, a mais adequada é a cognitivo-comportamental (alternativamente as abordagens psicodinâmicas).