5/18/2009 O que é um mangal ? Terra ou mar ? ANÁLISE DE AMBIENTE FISICO • • • MANGAL – FLORESTA DE MARÉ • • Docente: Prof. Dra. Ana Ramos Pereira • Discentes: Fernando Ribeiro nº 36791 Filomena Salgado nº 36793 • Ecossistema costeiro de transição entre o ambiente marinho e o ambiente terrestre Sujeito ao regime das marés Ocorre praticamente por todo o mundo em regiões tropicais e subtropicais Constituído por muitas espécies animais e vegetais Sistema aberto e muitíssimo dinâmico em termos de matéria e de energia Caracteriza‐se por ter água salobra, as “brackish waters” e um substrato lodoso ou pantanoso, “swamp” Uma das maiores extensões de mangal no mundo situa‐se no sudeste dos E. U.A., no sul da Florida : os Everglades ESTUDAR E COMPREENDER PARA USUFRUIR E PRESERVAR História • R h i z o p h o r a • Os registos escritos mais antigos de descrições sobre a No Quénia as populações locais acreditam que os espíritos dos santuários trazem a morte aqueles que cortem as árvores circundantes árvore Rhizophora do mar Vermelho e do golfo Pérsico datam de antes de Cristo. • Os portugueses foram os primeiros europeus a visitar as florestas de mangal, porque navegaram nas costas ocidental e oriental de África e no p a tradicional técnica oceano Índico,, desde o século XV e aprenderam indiana de exploração agrícola de arrozal e criação de peixe nos mangais • E x c o e c a r i a a g a l l o c h a No terceiro século depois de Cristo foi erigido no sul da Índia um templo hindu à Excoecaria agallocha. • • No século XIX os britânicos utilizaram os conhecimentos dos indianos As gravuras nas rochas mostram que a planta foi venerada para gerirem as florestas de mangal nos Sunderbans, em Bengala, para como uma planta sagrada e, mesmo actualmente, produzirem madeira para construção ‐ vigas e pranchas ‐ para navios da acredita‐se que um mergulho no lago sagrado do templo poderosa marinha do império cura a lepra. 1 5/18/2009 Mangais genuínos Evolução • Os mangais têm uma história de adaptação e sobrevivência de mais de Mangal Vermelho Mangal Preto cem milhões de anos • Num passado muito distante estas plantas adaptaram‐se à água salobra e tornaram‐se no núcleo ou na base da flora da floresta de mangal • A diversidade dos mangais é muito mais elevada no Índico e no Pacífico Rhizophora mangle Ocidental do que no Atlântico Ocidental e nas Caraíbas • • Duas possibilidades concorrentes para explicarem este padrão: • • A teoria do “centro de origem”, em que todos os géneros de plantas de mangal surgiram inicialmente no Índico e no Pacífico Ocidental e ter‐se‐ iam difundido para outras regiões A hipótese • • • da vicariância, considerando que todos os mangais se originaram junto ao Mar de Téthys. O movimento dos continentes terá separado a flora em diferentes regiões da terra onde a diversificação • originou diferentes floras Avicennia germinans Existem aproximadamente 70 espécies de mangais, em 22 géneros de 16 famílias famílias. Destacam‐se 3 famílias: Rhizophoraceae, Avicenniaceae e Sonneratiaceae O grupo dos mangais genuínos é o maior grupo, compreende cerca de 60 espécies Estão confinados às áreas “entre‐marés” ‐ água salobra Não se encontram dentro de nenhum outro tipo de comunidade vegetal Desempenham o principal papel na estrutura da comunidade e têm a capacidade de formar mangais genuínos Têm adaptações morfológicas ao ambiente, particularmente raízes aéreas e mecanismos especializados para a troca de gases Localização Geográfica Mangais não genuínos MANGAIS • • Hibiscus tiliaceus Barringtonia acutangula • • • São elementos da vegetação menos notáveis e não formam os mangais genuínos de água salobra. Podem ser encontrados em ambientes de água doce • • • Encontram‐se nas baixas latitudes (32º N e 38ºS) Ocorrem em franjas costeiras de declive muito fraco, desembocaduras de cursos de água em baías, arquipélagos e costas muitas recortadas. Os mangais não se desenvolvem em costas rochosas, escarpadas e declivosas e em costas arenosas. Não ocorrem em costas ou fachadas banhadas por correntes frias. Encontram‐se frequentemente em áreas em que a temperatura média do mês mais frio é superior a 20ºC e a variação de temperatura entre as estações não excede os 10ºC 2 5/18/2009 Anatomia das raízes Anatomia dos troncos • O tronco dos mangais tem características especiais que possibilitam às árvores ultrapassar o alto potencial osmótico da água salgada e a transpiração provocada pelas temperaturas elevadas o que permite a estas plantas sobreviverem neste ambiente muito difícil • As raízes respiratórias dos mangais, os pneumatóforos , permitem a respiração no pântano, no meio lodoso muito pobre em oxigénio, onde poucos vegetais sobreviveriam Anatomia das folhas Anatomia das sementes e plantas jovens (rebentos) • • • As folhas têm um tamanho médio e estão dispostas num padrão entrecruzado , com cada par num ângulo inferior a 180º em relação ao par que o precede. Esta disposição reduz a sombra feita pelas próprias folhas e favorece um sistema de ramos que preenche o espaço de forma mais eficiente em termos fotossintéticos. Conseguem excretar o sal em excesso, mantendo a planta viva • • Os rebentos crescem ligados à planta materna durante um ano, viviparidade, para quando se autonomizarem terem mais possibilidades de sobrevivência Outras sementes, os propágulos, conseguem flutuar e uma grande longevidade. Têm uma grande quantidade de nutrientes e ficam “adormecidos” até encontrarem sedimentos e as condições para germinar (água, luz, temperatura, etc.) o poderem fazer nas melhores condições. 3 5/18/2009 Fisiologia (a regulação do sal ) • • • Os mangais toleram elevados níveis de sal, no entanto, muitas espécies tem filtros nas raízes que eliminam o sal em excesso. A circulação ç da seiva nas p plantas é feita p por forma a excretar ou a armazenar em determinados locais especializados o sal. As folhas de algumas espécies conseguem expulsar o sal, através de glândulas especializadas para esse efeito A Biologia da Polinização • Algumas espécies de mangais fertilizam‐se a elas próprias, ou seja conseguem auto‐polinizar‐se. No entanto a polinização cruzada da maioria dos mangais é realizada por um grupo muito diverso de animais, tal como morcegos, aves e insectos. Em muitos casos, determinadas espécies de animais são especializadas em polinizar a sua espécie de mangal. Fauna Reprodução, dispersão e colonização • Os mangais têm, quatro métodos de reprodução diferentes : Viviparidade criptoviviparidade germinação normal no solo propagação vegetativa • A viviparidade, o crescimento prematuro da nova geração enquanto ainda está ligada à planta materna é uma adaptação única aos habitats marinhos de águas pouco profundas • Os propágulos dispersam‐se a grandes distâncias devido à sua flutuabilidade e longevidade, porque possuem uma grande quantidade de reservas de nutrientes e utilizam a actividade das marés e as correntes marítimas Muitas estratégias para a sobrevivência. • O saltador‐da‐lama é um pequeno peixe que vive na água e na terra, é indissociável do mangal. • Se o mangal desaparecer, desaparece este pequeno peixe e um número infindável de espécies que de uma forma ou de outra servem de alimento a milhões de pessoas 4 5/18/2009 Importância económica • O Magnifico tigre de bengala, com o seu habitat muitíssimo ameaçado, fragmentado e em desaparecimento acelerado, encontra refugio na floresta de mangal, nos Sunderbands da Índia Sardinhas • • Os mangais enquanto habitat proporcionam um local de desova para inúmeras espécies de elevada importância económica e funcionam como “creche” para os peixes jovens. Mais de um terço das espécies exploradas economicamente e para consumo humano dependem do mangal para a sua existência Os mangais constituem uma fonte de produção de madeira para uso na construção e para muitos outros produtos e finalidades. Ameaças – Causas naturais O mangal como protector do litoral • Garoupa Os ciclones tropicais e os tsunamis são dos inimigos naturais mais mortíferos tíf d humanidade da h id d uma vez que milhares ilh d milhões de ilhõ de d pessoas vivem no litoral, nas latitudes tropicais e subtropicais. Também destroem os mangais mas estes são um amortecedor natural para estes desastres • Os ciclones tropicais e os tsunamis são uma ameaça permanente aos mangais. naturais. • O aumento acelerado do nível médio das águas dos oceanos é outra ameaça em grande escala aos mangais uma vez que estes estão na primeira linha de costa. 5 5/18/2009 Ameaças – Pressão antrópica (continuação) Ameaças – Pressão antrópica As florestas de mangais são dos habitats mais ameaçados do mundo. O • abate indiscriminado de árvores tem destruído estas florestas • descargas poluentes de sedimentos contaminados e de efluentes A partir do século XX o processo de urbanização das zonas litorais • A erosão acelerada devido à agricultura e às pastagens provoca enormes químicos e orgânicos altamente nocivos intensificou‐se imenso uma vez que o modelo económico de ocupação do • Descargas de esgotos urbanos (através de rios) urbanos e económicos e ao elevado potencial turístico, apoiado em climas • Aterros de deposição de lixos sem tratamento favoráveis. A isto acresce que os estuários foram encarados como excelentes • As marés negras de petróleo são outra enorme ameaça. locais para instalar indústrias navais, petroquímicas e metalúrgicas • O resultado é poluição descontrolada, destruição massiva e perda espaço sobrevaloriza estas zonas, devido à proximidade aos grandes centros irreparável O que fazer para preservar/proteger este ecossistema • • • • • Restaurar esta floresta através da plantação das espécies de mangais de cada habitat Reduzir progressivamente as descargas de sedimentos contaminados e de nutrientes químicos e orgânicos poluentes para o seio desta floresta com origem em terra mas também no oceano como as marés negras Proteger e conservar todas as florestas de mangal actualmente existentes Reduzir emissão dos gases com efeito de estufa Redistribuir mais equitativamente a riqueza pela população mundial para evitar a pressão sobre este ecossistema por parte das populações mais pobres Futuro incerto Estima‐se que, em 2050, a população mundial possa vir a aumentar para cerca de 12 mil milhões de pessoas. Destas, cerca de 60 por cento deverá viver a menos de 60 Km de distância do mar. As actividades agrícolas e industriais necessárias para sustentar esta população irão aumentar as já significativas pressões sobre as férteis áreas costeiras. ESTUDAR E COMPREENDER PARA USUFRUIR E PRESERVAR 6 5/18/2009 FIM Muito obrigado 7