Medicina Ortomolecular A terapia ortomolecular ganhou destaque na mídia pelos efeitos surtidos no ponteiro da balança. Quem chamou a atenção para essa característica foi o time de seguidoras famosas – entre elas, despontam Letícia Spiller e Priscila Fantin. Mas, engano de quem pensa que o tratamento se limita a uma dieta com efeitos milagrosos. “Na há nada de especial na linha que seguimos. Qualquer cardápio montado da forma correta resulta em emagrecimento. O que fazemos é aplicar a bioquímica nutricional na medicina tradicional”, ressalta José de Felippe Júnior, clínico geral e nutricionista da Associação Brasileira de Medicina Complementar (ABMC). O especialista que atua com as estratégias da medicina intensiva e biomolecular faz questão de espantar os mitos que rondam o tema. “O termo correto e mais atual para a terapia ortomolecular é medicina biomolecular. A categoria foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, em 1998 na Resolução 1500, depois de muita luta”, diz. Felippe conta que o reconhecimento custou a chegar, não por falta de estudos que comprovassem sua eficácia, mas sim pela disseminação de conceitos errados, inclusive entre a classe médica. “As células precisam de 45 nutrientes essenciais para funcionar adequadamente. A maioria deles é obtida pela alimentação, porém, fatores como a presença de agrotóxicos e o próprio tipo de preparo dos alimentos, prejudicam a absorção. Os cuidados são voltados às células, a fim de equilibrar os nutrientes dos quais precisam”, reforça o esclarecimento. Procurar profissionais que estejam engajados aos verdadeiros princípios da prática biomolecular é fundamental na opinião de Felippe. Os profissionais idôneos são aqueles cadastrados na Sociedade Brasileira de Medicina Biomolecular ou Complementar, que pode ser acessada no site : www.medicinacomplementar.com.br ou pelo tel.: 11-5093-5685 . Quais são as orientações para buscar profissionais idôneos? As consultas se assemelham às convencionais, incluindo análise de sintomas e exame de sangue comuns. “Uma anamnese profunda é feita para identificar possíveis falta de nutrientes. Faço, em média, 400 perguntas a meus pacientes. Os resultados do exame laboratorial confirmam as suspeitas”, aponta um diferencial. O médico informa que, quando há indícios de presença de metais tóxicos no organismo, uma espectrometria de absorção atômica (exame do cabelo) é solicitada. Poluição, cosméticos, desodorantes antitranspirantes, verduras e legumes com agrotóxicos são alguns dos responsáveis pelas quantidades nocivas de chumbo, mercúrio, alumínio e níquel, flúor, encontradas no organismo. Feito o diagnóstico, o tratamento se baseia na reposição dos elementos faltantes e na eventual eliminação dos metais tóxicos. Na maioria dos casos, a terapêutica engloba somente dieta e ingestão de formulações à base de nutrientes. “Mas 40% dos meus pacientes também apresentam aumento de metais tóxicos. Esses casos são tratados com homeopatia ou ácido etilenodiaminotetracético (EDTA), conforme o excesso apresentado”, informa Felippe sobre as possibilidades. Já para combater os radicais livres, Maria do Carmo Sobral Lins, endocrinologista especializada em medicina antienvelhecimento (como também pode ser considerada a terapia biomolecular) cita outra aliada: as fórmulas fitoterápicas. Maria do Carmo enxerga a prática biomolecular como complemento do tratamento alopático. “Só que não focamos somente a cura de doenças, mas também, a prevenção”, levanta outra diferença, que oferece ainda mais vantagens aos pacientes diabéticos. “Por já terem uma patologia instalada, é muito interessante investir em medidas que combatam o estresse oxidativo e, consequentemente, diminuam os riscos de complicações. A reposição de vitamina B1, B6, B12 e biotina, dentre outros nutrientes, é capaz de afastar os riscos ou postergar o aparecimento da neuropatia, por exemplo. Já a retinopatia pode ser aplacada com formulações de magnésio, zinco, selênio, cromo, vitamina C e alguns outros”, detalha Felippe. Segundo o clínico geral, os diabéticos apresentam necessidades nutricionais específicas. “A falta de magnésio, ácidos graxos e a perda de proteína pelos rins são significantes nesses indivíduos.”. Os quadros são bastante variáveis, mas também, facilmente contornados. “Os níveis costumam ser equilibrados em quatro meses, em média, e a manutenção é feita apenas com os alimentos”, informa o médico. Além de entrar em cena como o já citado método preventivo às complicações, a reposição atua a favor do controle glicêmico. Felippe revela que diversos nutrientes melhoram a glicemia. Isso não significa aval para abrir mão das doses de insulina ou dos medicamentos. “Embora as melhorias sejam capazes de diminuir a quantidade das drogas, a terapia biomolecular não propõe a substituição do método alopático”, ressalta. Sobre o cardápio da linha biomolecular, destaque para os alimentos orgânicos – uma maneira de driblar os agrotóxicos. Outra recomendação de Felippe para não influenciar na estrutura das moléculas e aproveitar melhor os nutrientes é consumir 2/3 dos alimentos crus, cozinhando apenas o 1/3 restante. Demais hábitos saudáveis, como prática de atividade física, noites bem dormidas e equilíbrio emocional, jamais devem ser abandonados e são coadjuvantes de qualquer tipo de tratamento. “Costumo dizer que os problemas devem ser resolvidos racionalmente, sem envolvimento da emoção. É uma maneira de trabalhar contra o estresse oxidativo”, o grande produtor de doenças, aconselha o especialista da ABMC.