Direito de Tratar o Paciente como um Ser Humano Único e Individual

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Direito de Tratar o Paciente como um Ser Humano Único e Individual
José de Felippe Júnior
Há 50 anos os médicos recebiam os ensinamentos europeus, era a medicina como
observação, a medicina arte de ouvir, arte de doar, arte de curar. Porém, a evolução da
tecnologia e a influência americana do tratamento frio e impessoal mecanizou e embruteceu
o sistema de saúde.
Quais são as últimas novidades descobertas pela industria farmacêutica? Qual é o
último trabalho científico com as melhores evidências? E foi assim que passamos a tratar os
nossos pacientes, do modo científico. Entretanto este modo seria muito eficaz se fossemos
epidemiologistas, se tratássemos de um rebanho de pacientes por vez. Mas, nós somos
médicos e tratamos de pacientes um a um; e não poderia ser diferente, pois cada um dos
pacientes possui características próprias. Estamos diante de seres humanos, com estória de
vida diferentes, em um meio ambiente peculiar, com cargas genéticas diferentes e não tem
sentido englobá-los e rotulá-los para receberem o tratamento com a assim chamada , melhor
evidência científica, que é estatística.
Os pacientes não estão a procura do último medicamento lançado com toda força do
marketing farmacêutico, eles não querem fazer os exames mais sofisticados, o que eles
desejam e realmente necessitam é de uma anamnese bem feita, de um exame clínico à moda
antiga, com tudo aquilo que nos foi ensinado pela propedêutica e de uma abordagem não
necessariamente com drogas, entretanto se for o caso, que seja um medicamento eficaz,
seguro e se possível não tão dispendioso. Se acrescentarmos ao nosso desempenho médico a
paciência, a compreensão e o carinho, isto é, se agirmos simplesmente como seres humanos
alcançaremos o ideal : a arte.
O paciente necessita de alguém que o escute, que dê valor às suas queixas, que lhe dê
segurança e transmita confiança. Ele quer saber o que está acontecendo com ele, quer
informações. O médico além de receitar deve agir como professor, instruindo, ensinando e
mostrando os caminhos da manutenção da saúde e da prevenção das doenças.
Infelizmente grande parte dos medicamentos modernos funcionam como a cocaína e
a heroina, viciam as pessoas, as tornam dependentes pelo resto da vida, consomem seus
recursos e ainda provocam efeitos colaterais indesejáveis. O medicamento é elaborado e
construído para provocar efeito enquanto ele estiver lá. E ele lá permanece por somente 12 a
24 horas no máximo. Foram criados espécies de clubes com sócios vitalícios cujo cartão
fidelidade garante o consumo do medicamento diariamente. Temos os clubes das estatinas,
dos antidiabéticos orais, dos antihipertensivos, dos anticoagulantes, dos antioxidantes, dos
antiepiléticos, etc...
É o modo ocidental da medicina moderna : pessoas são tratadas como rebanhos
estatísticos com a melhor evidência científica e os medicamentos são de efeitos passageiros
e de uso contínuo, sem falar dos efeitos colaterais conhecidos e principalmente dos
desconhecidos que nos surpreendem a cada ano que passa.
Precisamos encontrar o ponto de equilíbrio entre as drogas verdadeiramente eficazes
da medicina moderna e os tratamentos individualizados da nossa velha medicina interna
aprendida na Escola e também precisamos nos lembrar da existência de outras estratégias
eficazes como a biomolecular, a homeopatia, a acupuntura, a quiropraxia, a lisadoterapia, a
autohemoterapia, a homotoxicologia, etc. Devemos voltar a estudar toda aquela metodologia
física de tratamento do início do século onde se empregavam as máquinas geradoras de
campo eletromagnético, em uma medicina limpa e sem efeitos adversos. Devemos nos abrir
para as metodologias soviéticas como a imunoterapia ativada que é empregada no
tratamento das alergias respiratórias e outras alergias, em uma estratégia eficaz, de curta
duração e talvez definitiva, ao ponto de até podermos afirmar que atualmente as “alergias
têm cura”. Devemos fazer “puericultura” com os adultos e ensiná-los sobre a alimentação e
os perigos do meio ambiente.
Devemos usar o que houver de mais eficaz, pois, o paciente que nos procura é de
nossa responsabilidade.
Os Médicos têm o Direito e o Dever de oferecerem a Melhor
Terapêutica
“Em 1990 escrevemos a Segunda Edição do livro ” PRONTO SOCORRO :
Fisiopatologia – Diagnóstico – Tratamento” Editora Guanabara – Koogan, utilizado em
várias Faculdades de Medicina do País. Nesta edição incluímos uma parte chamada:
"Medicina Alternativa no Serviço de Emergência" composta de 4 capítulos: Homeopatia,
Fitoterapia, Antroposofia e Radicais Livres como Mecanismo Intermediário de Moléstia .
Escrevemos na ocasião que esta parte do livro deveria se intitular “Medicina
Complementar”, porque “ ALTERNATIVA” dá a idéia de escolha, de exclusão e na
verdade o que estamos procurando é somar conhecimentos e terapêuticas para atingirmos
nossa meta final, que é o bem estar, a saúde do paciente.
Este bem-estar, esta saúde, pode ser conseguida de várias maneiras. A medicina
convencional deve ser usada em primeiro lugar, porém estamos cientes que muito
desconhecemos. Quando chegamos ao ponto onde já empregamos todo o conhecimento da
medicina oficial pela qual nos formamos e seguimos devemos pensando na razão de nossa
profissão, o paciente, usar todos os recursos disponíveis. Trata-se de um médico formado,
ético e humano, procurando encontrar soluções.
Seria procedimento mais correto os pacientes se orientarem na busca de terapêuticas
não convencionais, sob a supervisão dos seus próprios médicos para não caírem em mãos
indesejáveis ou comercialistas : charlatanismo. Não podemos confundir “medicina
alternativa” com “charlatanismo”. A diferença conceitual entre elas é de natureza científica,
ética e moral. Enquanto a primeira se caracteriza pelo uso de metodologia e tecnologia
científicas para coadjuvar e enriquecer a medicina convencional e segue os preceitos éticos e
morais dos códigos da profissão médica, a segunda exerce a prática sem conhecimento e
estudo temático, procurando apenas beneficiar-se de algum modo.
Os Conselhos de Medicina devem cumprir suas obrigações, como a de coibir os
abusos e ajudar os próprios médicos na proteção dos pacientes contra colegas inescrupulosos
e que praticam uma medicina não ética. Entretanto, a atitude atual (atual de 1990 e
continuando até 2005) de muitos especialistas e Orgãos Oficiais em tentar impedir
estratégias terapêuticas ainda não consagradas nos faz lembrar de Guizot, que há dois
séculos deu parecer à Academia de Medicina Francesa sobre uma nova terapêutica que
estava surgindo : “ A ciência deve ser para todos os médicos. Se esta nova terapêutica é
uma quimera ou um método sem valor próprio, cairá por si mesma. Se ao contrário, é
um progresso, expandir-se-á, apesar de todas as medidas contrárias”. Guizot referia-se
à Homeopatia.
Sabemos pela história que muitas terapêuticas hoje consideradas alternativas serão
"redescobertas" e usadas pela medicina convencional. Este é um caminho natural do passo a
passo da ciência, porém, também acontece o inverso. Muitas vezes uma terapêutica
inovadora e realmente eficaz é colocada de lado. Isto ocorre quando a droga-chave é de
domínio público, isto é , não pode ser patenteada pela indústria farmacêutica e portanto de
comercialização não lucrativa. Não havendo lucros, não há interesse em difundir os seus
benefícios. São as chamadas “drogas órfãs”, drogas já testadas e aprovadas, porém
esquecidas, permanecendo o seu emprego apenas em focos regionais por alguns
pesquisadores que executaram os trabalhos científicos iniciais.
O CÓDIGO BRASILEIRO DE DEONTOLOGIA MÉDICA ,norma ética
superior dos médicos, cuja defesa e vigilância, lhe impõe a Lei Federal, dispõe em seu
CAPÍTULO I, princípio VII :
“ É de exclusiva competência do médico a escolha do tratamento, podendo
em benefício do paciente, sempre que julgar necessário, solicitar a colaboração de
colegas”
Nas páginas seguintes informa ser vedado ao médico no exercício de sua profissão :
“ Deixar de utilizar todos os conhecimentos técnicos e científicos, ao seu
alcance, contra o sofrimento ou extermínio do homem”
Na 18ª Assembléia Médica Mundial, realizada em Helsinque, Finlândia em junho de
1964, posteriormente revisada na 29ª Assembléia Médica Mundial realizada no Japão em
outubro de 1975 e finalmente rediscutida na 35ª Assembléia Médica Mundial na Itália em
outubro de1983 , e que ficou conhecida como DECLARAÇÃO DE HELSINQUE , se
afirma :
“A missão do médico é proteger a saúde do homem. Seus conhecimentos e
sua consciência são devotados ao cumprimento dessa missão”
“No tratamento do paciente, o médico deve ter a liberdade para utilizar
novos métodos diagnósticos e terapêuticos se em sua opinião oferecem esperanças de
salvar a vida, de restabelecer a saúde ou minorar o sofrimento”
“Os benefícios potenciais, os perigos e o desconforto de um novo método
deve ser pesado contra as vantagens do melhor método diagnóstico ou terapêutico em uso
corrente.
Se realmente quisermos resolver os problemas dos nossos pacientes, devemos ser
objetivamente humildes e honestos o suficiente para encaminhá-los ao homeopata, ao
acupunturista, , ao médico biomolecular, ao fitoterapeuta, ao homotoxicologista, ao
quiroprático, etc. Hoje nós devemos excluir as três primeiras, pois, a Homeopatia e a
Acupuntura foram oficializadas como especialidades pela Associação Brasileira de
Medicina e a Estratégia Biomolecular foi regulamentada. pelo Conselho Federal de
Medicina. Elas continuam iguais como ciência, sendo praticadas pelos mesmos médicos,
mas, não são mais consideradas alternativas . E assim acontecerá com as outras práticas
consideradas ainda hoje como alternativas ou complementares.
Entretanto, é muito importante estarmos atentos para o fato que os verdadeiros
médicos, aqueles que realmente professam e cumprem sua profissão com ciência, respeito,
honra, responsabilidade e arte, se preocupam com o paciente e não se a sua prática é ou não
alternativa.
Sendo a favor ou contra, a “medicina alternativa” ou a “medicina complementar” aí
estão sendo praticadas por médicos de saber, éticos e merecedores de todo o nosso respeito.
Chegará o dia em que todas estas terapêuticas se unirão em um só tipo de medicina, que
poderíamos chamar de medicina total, holística, unificada ou pura e simplesmente de
MEDICINA .
“Na arte de curar, deixar de aprender é omitir socorro e retardar tratamentos
esperando maiores evidências científicas é ser cientista e não MÉDICO” ; e MÉDICOS
que somos, não nos contentamos apenas em curar e previnir doenças : necessitamos
também que o nosso paciente que ele seja feliz"
JFJ-1990
Referências
Bibliográficas
1- Código de Deontologia Médica
2- Declaração de Helsinque
3- Felippe J Jr.: PRONTO SOCORRO : Fisiopatologia – Diagnóstico e Tratamento. Editora
Guanabara Koogan. 1990.
4- Felippe J Jr : Editorial ; A saúde é bem-vinda não importa de onde venha. Journal of
Biomolecular Medcine & Free Radicals. 6(2):32,2000.
5- Felippe J Jr. : O Conselho Federal de Medicina Regulamenta a Estratégia
Biomolecular/Ortomolecular. Journal of Biomolecular Medcine & Free Radicals.
5(1):4,1999
6- Felippe J Jr. : Sugestões da Sociedade Brasileira de Medicina Biomolecular sobre a
Resolução 1500 do CFM . Journal of Biomolecular Medcine & Free Radicals. 5(1):11,1999
7- Felippe J Jr. : Conselho Federal de Medicina se pronuncia sobre a resolução 1500. Journal of
Biomolecular Medcine & Free Radicals. 5(1):10,1999
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