ÉTICA E CIDADANIA: A CONSTRUÇÃO CULTURAL COM PÚBLICOS DISTINTOS Melissa Daiane Hans Sasson (UNICENTRO) – [email protected] Ana Cristina Pacheco (UNICENTRO) – [email protected] João Paulo Howeler (UNICENTRO) – Joã[email protected] Patrícia Regina Olbermann (UNICENTRO) – [email protected] Rosinéia Aparecida Calgaro (UNICENTRO) - [email protected] César Renato F. da Costa (UNICENTRO) – [email protected] João Victor Pinheiro Comoti (UNICENTRO) – [email protected] Área Temática da Extensão Universitária: Direitos Humanos e Justiça. Linha Temática da Extensão Universitária: Jovens e Adultos Palavras-chaves: Ética, Cidadania, Direitos Humanos, Jovens e Adultos. 1) Introdução: Este projeto é pautado nas diretrizes previstas para ações extensionistas, de acordo com o Plano Nacional de Extensão Universitária. Consideram-se assim os seguintes pontos: impacto e transformação, interação dialógica, interdisciplinaridade e interação entre ensino, pesquisa e extensão. Neste sentido, o projeto apresentase como uma proposta dos Cursos de Administração e Psicologia embasando e efetivando a prática a partir dos conhecimentos teóricos de ambos os campos do conhecimento, com a finalidade de propor diálogos entre sujeitos que se inserem em diferentes contextos sociais, ora na Universidade, ora na sociedade de uma forma geral. Considera-se o diálogo e a reflexão primordiais para a consolidação dos objetivos propostos. E, no que se refere à complexidade da realidade com que se propõe trabalhar e ao compromisso com a proposta de colaborar com a mudança social efetivamente, expõe-se abaixo a construção do conhecimento prévio e elaborado para que se atinjam os objetivos primordiais. De acordo com Sánchez (1999): “ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é uma ciência de uma forma específica de comportamento humano” (p. 23). Desta forma, falar de ética é também falar de moral, o que não resume estes conceitos em um só, mas os aproxima enquanto ciência (ética) e seu objeto de estudo (moral). A ética ao estudar a moral, a partir de uma condição epistemológica, dentre os homens deve se basear na filosofia que fundamenta a concepção de homem e oferece uma visão total deste, enquanto ser histórico-social, criador e transformador da sua realidade. Não cabe ao campo da ética prescrever juízos de valor sobre a prática moral de determinada época e/ou universalizá-la enquanto supremacia. Do Anais do 5º Salão de Extensão e Cultura da UNICENTRO 29 a 31 de maio de 2012 contrário, sua função é estritamente conteúdista e explicativa, no que se refere ao domínio e a adoção de diferentes práticas morais pelos homens num mesmo contexto histórico-social, bem como ao processo de mudança constante que perpassa o campo da moral (SÁNCHEZ,1999). Vale destacar ainda, que a perspectiva de homem que se tem aqui é do sujeito enquanto ser social, que nasce inserido na sociedade e é com ela que se constroi e aprende a se comportar. Portanto, O sujeito do comportamento moral é o indivíduo concreto, mas, sendo um ser social e, independentemente do grau de consciência que tenha disto, parte de determinada estrutura social e inserido numa rede de relações sociais, o seu modo de comportar-se moralmente não pode ter um caráter puramente individual, e sim social (SÁNCHEZ, 1999, p. 31). A condição social que estamos previamente inseridos nos exige um comportamento moral. Somos expostos a condicionantes comportamentais o tempo todo, mas também nos assumimos enquanto indivíduos responsáveis pelos próprios atos, e, portanto sujeitos que escolhem como agir. A partir destes conhecimentos nos pautamos para contextualizar de forma ampla e abrangente os indivíduos enquanto agentes sociais. Desta forma, segundo Sánchez (1999) Exige-se efetivamente que o indivíduo, sem deixar de ser condicionado socialmente, disponha da necessária margem individual para poder decidir e agir: somente com esta condição poderemos dizer que se comporta moralmente (p. 31). A moral, nesta perspectiva, só pôde existir a partir do momento em que o homem abandona sua condição instintiva e torna-se sociável, e, portanto membro de uma coletividade, o que exigirá dele certo grau de consciência e controle de vontades.Com a constante evolução temporal e sua influência nas transformações que permeiam a história e o conhecimento da humanidade, constroem-se diferentes formas de viver e se adaptar conforme as necessidades. Fazendo uma revisão de forma breve, situamos a cidadania enquanto um termo que vem sendo pensado juntamente com as formas de viver em sociedade. De acordo com Barbalet, (1989) a gênese do conceito de cidadania “se liga, desde o início, à vida na cidade, ao debate político sobre os assuntos da polis” (p.22). É, portanto o cidadão que adere as normas de regulamentação para a vida em sociedade, que lhe confere direitos e deveres. Tendo em vista a ética, enquanto ciência que explica, esclarece e investiga o comportamento humano, em sua totalidade, diversidade e variedade (SÁNCHEZ,1999) e a moral como a forma de significação individual e concreta perante a vivência em sociedade, podemos pensar a prática da cidadania enquanto uma construção que ocorre no campo das relações sociais entre os indivíduos e Anais do 5º Salão de Extensão e Cultura da UNICENTRO 29 a 31 de maio de 2012 suas formas de agir perante o real. É neste sentido, que baseamos a prática extensionista do projeto “Ética e Cidadania: a construção cultural com públicos distintos”, na consideração de que o indivíduo adquire seus comportamentos morais a partir do convívio em sociedade, possibilitamos então, também de forma social, um conhecimento a respeito das práticas em sociedade tendo como base a reflexão de atitudes. 2) Metodologia: O projeto extensionista “Ética e Cidadania: a construção cultural com públicos distintos” desenvolve-se por meio de uma equipe composta por treze integrantes, sendo seis graduandos do curso de Administração e seis do curso de Psicologia, sob orientação do professor César Renato Ferreira da Costa. Todos acadêmicos da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná – UNICENTRO, campus Irati. O projeto objetiva fortalecer e estimular a ação cidadã em diversos públicos (tais como prestadores de serviços comunitários e egressos do sistema penitenciário), a fim de posicionar os atores sociais em condições igualitárias de democracia e justiça. Os procedimentos para a efetivação da finalidade central se dão por meio da utilização de recursos técnicos tais como dinâmicas de grupo, vídeos, recortes, e discussões que vão ao encontro da reflexão sobre: o fortalecimento do processo de educação constante, as concepções de ética, a construção de uma consciência coletiva, a promoção da participação social e o respeito mútuo. A finalidade buscada é garantir possibilidade de emancipação, segurança e bem estar da sociedade em geral. O trabalho com os grupos são delimitados em um encontro que ocorre com duração de aproximadamente quatro horas no espaço do Conselho da Comunidade do município de Irati. Nestes encontros o número de participantes é variável, pois a participação cabe a um critério de escolha do próprio público ao qual é solicitada a participação. Sendo que esta possibilitará a redução correspondente às horas da oficina, para a prestação de serviço que estão realizando. Neste sentido, busca-se como metodologia um molde de grupo operativo, o qual foi descrito por Pichon-Rivière (1960) como um conjunto de pessoas que se unem devido um objetivo em comum, e que buscam abordar este tema através do trabalho em equipe (BLEGER, 2007). 3) Resultados obtidos: Através das oficinas realizadas desde o final do ano de 2010, quando o projeto entrou em funcionamento, foi possível a percepção de muitos aspectos relevantes que fizeram por validar essa atividade acadêmica. As oficinas nunca contaram com um número elevado de participantes; mesmo assim, os resultados de cada trabalho e as discussões acerca dele foram de grande valia. Apesar das dinâmicas e o filme serem os mesmos em todos os encontros, as questões emergentes sempre trouxeram muitos aspectos novos, devido Anais do 5º Salão de Extensão e Cultura da UNICENTRO 29 a 31 de maio de 2012 evidentemente, à diversidade do público participante. Isso possibilitou a percepção sobre os assuntos abordados pudesse tornar-se cada vez mais ampla, enriquecendo as discussões com o público dos encontros seguintes. Assuntos dos mais diversos fizeram parte dos nossos debates. Dentre todos, pode-se destacar: os preconceitos e estereótipos difundidos por grande parte da sociedade; as injustiças decorrentes das diferenças de classes sociais; o consumo e tráfico de drogas e suas consequências; questões políticas e sociais envolvidas na profissão dos policiais; os direitos e deveres dos cidadãos. Tudo isso abordado a partir de um viés sócio-histórico do funcionamento social, econômico e político predominante na atualidade. 4) Considerações finais: Este projeto busca um espaço de discussão, objetivando proporcionar uma reflexão dos pontos essenciais da ética e da cidadania e dos mecanismos da sociedade que proporcionem ao cidadão o direito de ser protagonista em sua vida, buscando a melhoria em todos os aspectos da sociedade. Sabendo ainda que esta só aparece quando todos ajam em conjunto buscando um objetivo. É somente do cerne da população, agindo com ética e usando a sua cidadania, esta como sendo uma necessidade intrínseca, que poderemos pensar em uma sociedade sadia. O papel do projeto, portanto, é proporcionar aos cidadãos que passem a conhecer seus direitos e deveres a fim de possibilitar que todos os envolvidos ajam cada vez mais, como cidadãos éticos e responsáveis pela construção de uma sociedade mais justa. É possível com isto, considerar o projeto como tendo causa social e sendo uma prática cidadã que busca, através de reflexões e discussões, mostrar, e, sobretudo, fazer emergir o cidadão latente que existente em todos os indivíduos. 5) Referências Bibliográficas BARBALET, J. M. A cidadania. Lisboa: Editorial Estampa, 1989. BLEGER, J. Grupos operativos no ensino. In: BLEGER, J. Temas de Psicologia: entrevistas e grupos. São Paulo: Martins Fontes, 2001. PICHON-RIVIÈRE, E. Técnica de los grupos operativos. Acta Neuropsiquiátrica Argentina, 1960. SÁNCHEZ, V. A. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. Anais do 5º Salão de Extensão e Cultura da UNICENTRO 29 a 31 de maio de 2012