UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COORDENAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO SERVIÇO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ADMINISTRAÇÃO WÊNIA FERREIRA DA SILVA ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE MÓVEIS PLANEJADOS EM JOÃO PESSOA/PARAÍBA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ÁREA: ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING João Pessoa – PB Agosto de 2009 WÊNIA FERREIRA DA SILVA ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE MÓVEIS PLANEJADOS EM JOÃO PESSOA/PARAÍBA Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado à Coordenação do Serviço de Estágio Supervisionado em Administração, do Curso de Graduação em Administração, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento às Exigências para a Obtenção do Grau de Bacharel em Administração. Orientador: Rosivaldo de Lima Lucena, Dr. João Pessoa – PB Agosto de 2009 S586e Silva, Wênia Ferreira da . Estudo do comportamento do consumidor de móveis planejados em João Pessoa. – João Pessoa, 2009. 78f. :il. Orientador: Rosivaldo de Lima Lucena. Monografia (Graduação) – UFPb - CCSA 1.Marketing . 2. Consumidor – Comportamento. 3. Tomada de decisão. UFPb/BC CDU: 658.8 (043.2) Ao professor Rosivaldo de Lima Lucena Solicitamos examinar e emitir parecer no Trabalho de Conclusão de Curso da Aluna Wênia Ferreira da Silva. João Pessoa, 19 de agosto de 2009 ___________________________________________________ Prof. Rosivaldo de Lima Lucena, Dr. Coordenador do SESA/CCSA/UFPB Parecer do professor orientador: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ____ WÊNIA FERREIRA DA SILVA ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE MÓVEIS PLANEJADOS EM JOÃO PESSOA/PARAÍBA Trabalho de Conclusão de Curso Aprovado em: 14 de agosto de 2009 Banca Examinadora _____________________________________ Prof. Rosivaldo de Lima Lucena, Dr. Orientador ______________________________________ Prof. ADM. Jorge de Oliveira Gomes, Msc. ______________________________________ Prof. Arturo Rodrigues Felinto, Msc. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais (Nascílio e Wilma), irmãs (Wilma e Wilka), amigos, familiares e professores da Universidade Federal da Paraíba, especialmente o Professor Rosivaldo, que sempre estivaram por perto nos momentos em que mais preciso e precisei. E acima de tudo a Deus, que me possibilitou estar aqui hoje buscando ensinamentos que ficarão sempre em minha lembrança. “Há três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo.” (Confúcio) SILVA, Wênia Ferreira da. Estudo do comportamento do consumidor de móveis planejados em João Pessoa/Paraíba. – João Pessoa, 2009. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Administração) – Departamento de Administração. UFPB, 2009. RESUMO O comportamento do consumidor representa uma das áreas mais complexas e interessantes do marketing, por isso a busca pelo seu entendimento vem estimulando um número crescente de pesquisas nesse campo. Por ser um importante tópico de pesquisa na esfera administrativa, esse estudo envolve o conhecimento dos inúmeros aspectos que moldam o comportamento dos indivíduos, particularmente aqueles relacionados aos processos de tomada de decisão. Esse estudo torna-se válido não somente pela necessidade do avanço nas pesquisas de clientes e consumidores de forma geral, mas também pelo papel que exerce no comportamento dos indivíduos. Por sua importância cabe a ele, como objetivo primordial, analisar o comportamento do consumidor de móveis planejados em João Pessoa. Sendo assim, por meio de sua pesquisa de campo, foram realizadas entrevistas com dirigentes da empresa e aplicados questionários no período decorrente de uma semana do corrente ano. Enfim, como resultado esse estudo possibilitou conhecer como o consumidor se comporta perante suas necessidades e quais suas aspirações em relação aos produtos disponibilizados no mercado atual. Palavras-chave: Comportamento. Consumidor. Decisão. Marketing. Processo. LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 Comportamento do consumidor............................................................................ Figura 2.2 O consumidor e suas inter-relações no processo de consumo............................... Figura 2.3 Hierarquia das necessidades, segundo Maslow..................................................... Figura 2.4 Como consumidores tomam decisões para bens e serviços.................................. Figura 2.5 Decisão de Compra................................................................................................ Figura 2.6 Continuum do processo de decisão........................................................................ Figura 2.7 Por que as pessoas compram?............................................................................... Figura 2.8 Fatores que influenciam o comportamento........................................................... Figura 2.9 Variáveis econômicas, de interação e políticas................................................... Figura B.1 Chapas de MDF................................................................................................... Figura B.2 Formplast………………………………………………………...…….............. 18 20 21 33 34 35 38 39 45 77 78 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 4.1 Gráfico sobre o gênero......................................................................................... Gráfico 4.2 Gráfico sobre o grau de instrução........................................................................ Gráfico 4.3 Gráfico sobre a renda pessoal.............................................................................. Gráfico 4.4 Gráfico sobre o bairro onde reside....................................................................... Gráfico 4.5 Gráfico sobre o estado civil................................................................................. Gráfico 4.6 Gráfico das necessidades..................................................................................... Gráfico 4.7 Gráfico sobre a frequência de compra................................................................. Gráfico 4.8 Gráfico sobre os problemas................................................................................. Gráfico 4.9 Gráfico sobre a certificação ecológica................................................................. Gráfico 4.10 Gráfico sobre a lealdade.................................................................................... Gráfico 4.11 Gráfico sobre a propaganda............................................................................... Gráfico 4.12 Gráfico sobre o perfil do consumidor................................................................ Gráfico 4.13 Gráfico sobre os critérios................................................................................... Gráfico 4.14 Gráfico sobre a influência.................................................................................. Gráfico 4.15 Gráfico sobre a disponibilidade......................................................................... Gráfico 4.16 Gráfico sobre a intenção de recompra............................................................... 54 54 55 56 56 58 59 59 60 61 62 63 64 65 66 66 LISTA DE QUADROS Quadro 1 O Consumo dos Brasileiros.................................................................................... Quadro 2 Respostas sobre o por quê da intenção de recompra............................................... Quadro 3 Respostas sobre o enfoque positivo relacionado ao site da instituição................... Quadro 4 Respostas sobre o enfoque negativo relacionado ao site da instituição.................. Quadro 5 Respostas sobre os pontos a serem melhorados na loja.......................................... 30 67 68 68 69 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA...................................... 1.2 OBJETIVOS..................................................................................................................... 1.2.1 Objetivo Geral................................................................................................................ 1.2.2 Objetivos Específicos..................................................................................................... 1.3 JUSTIFICATIVA............................................................................................................. 2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................ 2.1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 2.2 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR................................................................... 2.3 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR.... 2.4 O CONSUMIDOR E O MARKETING.......................................................................... 2.5 AS TEORIAS SOBRE O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR......................... 2.5.1 Teoria de Maslow.......................................................................................................... 2.5.2 Teoria de Herzberg........................................................................................................ 2.5.3 Teoria Behaviorista........................................................................................................ 2.5.4 Teoria Cognitivista......................................................................................................... 2.5.5 Teoria Econômica.......................................................................................................... 2.5.6 Teoria de Freud.............................................................................................................. 2.6 O CONSUMO................................................................................................................... 2.6.1 Comportamento de consumo......................................................................................... 2.6.2 Quando o consumo ocorre?........................................................................................... 2.6.3 Onde o consumo ocorre?............................................................................................... 2.6.4 Como o produto é consumido........................................................................................ 2.6.5 Quanto é consumido?..................................................................................................... 2.7 PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA..................................................................... 2.7.1 Tipos de Processo de Decisão........................................................................................ 2.8 POR QUE AS PESSOAS COMPRAM............................................................................ 2.9 PRINCIPAIS FATORES QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO DE COMPRA............................................................................................................................... 2.10 TIPOS DE CONSUMIDORES........................... ........................................................... 2.11 CULTURA E INFLUÊNCIAS FAMILIARES.............................................................. 2.11.1 Microcultura de Classes Sociais.................................................................................. 2.11.2 O que Determina a Classe Social?............................................................................... 2.11.3 Classe Social e Comportamento do Consumidor......................................................... 2.11.4 A Importância das Famílias e dos Lares no Comportamento do Consumidor............ 2.11.5 Variáveis Sociológicas que Afetam as Famílias e os Lares......................................... 2.11.6 Comportamento Conforme o Papel do Indivíduo........................................................ 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..................................................................... 3.1 NATUREZA DA PESQUISA.......................................................................................... 3.2 MÉTODO DE ABORDAGEM........................................................................................ 3.3 TÉCNICAS DE PESQUISA............................................................................................. 3.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA................................................................................... 3.5 TRATAMENTO DOS DADOS....................................................................................... 3.6 UNIVERSO...................................................................................................................... 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS.............................................................. 4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS........................................................................................ 4.1.1 Características do Perfil do Consumidor....................................................................... 4.1.2 Características de Compra e Consumo.......................................................................... 12 13 13 13 13 13 15 15 16 18 19 21 21 23 24 25 25 26 28 28 28 29 29 31 32 34 37 38 43 44 44 45 46 47 47 48 50 50 50 51 51 51 52 53 53 53 57 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 5.1 CONSIDERAÇÕES......................................................................................................... 5.2 LIMITAÇÕES DO ESTUDO........................................................................................... 5.3 SUGESTÔES PARA ESTUDO FUTURO...................................................................... REFERÊNCIAS.................................................................................................................... APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO ENTRE OS PESQUISADOS........... APÊNDICE B – MÓVEIS PROJETADOS......................................................................... 70 70 71 71 72 74 77 12 1 INTRODUÇÃO 1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA Conhecer as necessidades do consumidor tornou-se um diferencial competitivo que muitos empresários hoje almejam possuir. Ter o cliente mais próximo possível traduz-se num maior grau de detalhamento, onde seus costumes, desejos e expectativas se comunicam com as aspirações do mercado. Por isso, o comportamento do cliente é a principal vertente deste trabalho, que buscou nortear as influências exercidas sobre as lojas de móveis projetados em João Pessoa. Através das teorias do comportamento do consumidor explicadas por autores conhecidos como Giglio (2003), Solomon (2008) e outros, foi possível coletar informações e detalhes dos clientes, permitindo assim, promover uma eficiente comunicação, com produtos certos e ferramentas adequadas. Desta forma, orientando-se pelo e para o cliente, a fim de alcançar a tão famosa busca pela compreensão do comportamento do consumidor, feita a partir de dados sobre o seu comportamento diante do mercado de projetados. Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), no ambiente hipercompetitivo de hoje, satisfazer os clientes é um requisito fundamental para permanecer competitivo – independentemente do tamanho ou do escopo da organização. Por isso, para os autores, o estudo do comportamento do consumidor está no topo das prioridades de vários executivos. Com ele pode-se identificar as necessidades dos clientes, formular estratégias para atender a essas necessidades e monitorar as tendências de consumo em constante transformação através das pesquisas e da análise do seu perfil, que neste estudo constitui o setor de mercado de móveis projetados. A consolidação do mercado de móveis projetados encontra-se atualmente num ritmo crescente de expansão, graças ao crescimento da construção civil na capital. Segundo dados da Sinduscon JP (Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa) do ano de 2009, existem hoje mais de 150 associados, o que possibilita a fomentação das lojas de decoração na cidade. Em João Pessoa existem inúmeras empresas bem conceituadas no ramo e nos mais diferentes pontos da cidade. Por ser diferenciado dos móveis populares, os móveis projetados reúnem funcionalidade e beleza, o que os tornam bem mais dispendiosos. E esta característica 13 é a que lhes atribui forte apreciação nos clientes com maior poder aquisitivo. Composto em sua maioria por MDF (do inglês Medium-density fiberboard – Fibra de Média Densidade) e laminados, os móveis planejados possuem maior durabilidade e qualidade na sua estrutura, o que permite ao arquiteto, designer e marceneiro criar curvas e recortes sofisticados. Desta forma, este estudo traz em sua essência o objetivo de analisar o comportamento deste perfil de consumidor, que são cada vez mais exigentes e com alto poder aquisitivo. Esses clientes buscam produtos com qualidade aliado ao bom gosto e a funcionalidade, não importando em muitos casos, seu preço ou forma de pagamento. Com isso, fica a pergunta a ser respondida no decorrer do estudo proposto: Como se comporta o consumidor que adquire móveis planejados em João Pessoa? A essa pergunta cabe responder à pesquisa proposta. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 GERAL: Analisar o comportamento do consumidor de móveis planejados em João Pessoa. 1.2.2 ESPECÍFICOS: Estudar o perfil dos consumidores de móveis planejados. Identificar as necessidades que levam a satisfação dos consumidores de móveis planejados. Identificar as necessidades que levam a insatisfação dos consumidores de móveis planejados. Identificar os fatores que influenciam o processo de decisão de compra dos consumidores de móveis planejados. 1.3 JUSTIFICATIVA Para a escolha deste tema foi fundamental analisar os diferentes problemas que circundam o presente contexto. Com isso, percebe-se em primeiro lugar a importância em conhecer quais expectativas correspondem à realidade do consumidor pessoense. Para tanto, como afirmam Kotler e Keller (2006), é preciso monitorar permanentemente o seu comportamento de compra. Desta forma, este estudo procurou responder a algumas perguntas essenciais para a compreensão deste tema, tais como: Que consumidor é este? Como as 14 características pessoais influenciam o comportamento de compra? Que fatores psicológicos influenciam as ações do comprador? Neste sentido, a busca deste estudo encontrou-se no objetivo de responder questionamentos que leve aos empresários informações acerca da qualidade de seus produtos e serviços. Em uma outra vertente, procurou-se também descobrir como se encontra atualmente o mercado de móveis planejados. Quais produtos exercem maior influência nos consumidores e o porquê das escolhas tomadas. Assim, a viabilidade deste estudo surgiu no intuito de promover uma análise abrangente do setor que encontra-se atualmente em um estado de expansão nesta capital. O setor do comércio de móveis projetados tornou-se bem mais competitivo nos últimos anos, destacando-se grandes redes de lojas pela cidade de João Pessoa. E o grande responsável por esse crescimento extraordinário encontra-se nas condições atuais que se mantém o mercado da construção civil na capital paraibana. Conforme o Sinduscon JP (2009) (Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa) este setor da economia vem ganhando cada vez mais destaque. E especialmente neste importante crescimento da construção civil que este estudo visualizou sua grande oportunidade. É a partir desta que o presente trabalho procurou conhecer a que passos os números e percentuais auxiliam o desenvolvimento das lojas de móveis projetados. 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 INTRODUÇÃO Segundo Kotler e Keller (2006), com o crescimento constante da competição global, onde empresas cada vez mais ágeis e dinâmicas surgem a cada instante, a qualidade vem deixando de ser um referencial único para o consumidor. Estes consumidores desejam apelos mais fortes que prendam sua atenção a um determinado produto ou marca. Nestas circunstâncias percebe-se que as empresas atuais, para se destacar, buscam conhecer mais seus clientes. Muitas deixaram de se posicionar de forma reativa com relação à satisfação do consumidor, preocupando-se mais com o comportamento da reclamação. Devido à importância do tema, com o passar do tempo o interesse pelo estudo do consumidor vem ganhando cada vez mais teorias amplas e explicativas. Autores como Kotler e Keller (2006), Solomon (2008) e Giglio (2003) servem de base para as teorias dominantes do comportamento humano ligado ao consumo. Nas universidades e empresas um grande número de pesquisas vem sendo relacionado ao tema. Aqui, neste trabalho a compreensão destas teorias se dará de forma mais ampla, abrangendo os principais autores de cada área. A divisão deste estudo está caracterizada em duas partes principais. A primeira, que dará suporte teórico à segunda, refere-se ao embasamento teórico sobre o comportamento do consumidor. E foi toda referenciada por autores para uma melhor compreensão do leitor. A segunda parte deste trabalho foi pautada sobre a pesquisa realizada em uma grande e conceituada empresa de ambientação de João Pessoa, que é a Euroline, localizada na Avenida Epitácio Pessoa (escolhida pela acessibilidade ao banco de dados). O ponto central da discussão deste trabalho gira em torno da relação existente entre as lojas de móveis projetados e as aspirações que seus consumidores buscam. Sob a influência dos resultados coletados pela pesquisa, foram analisados os dados a fim de se obter uma melhor percepção das exigências dos consumidores paraibanos. Sendo assim, foram identificadas também quais as melhores abordagens de propagandas a serem vinculadas e quais, especificamente, classes sociais são atingidas. 16 2.2 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR O comportamento do consumidor representa uma das mais importantes e complexas áreas do marketing, e a busca pelo seu entendimento vem sendo estimulado por diversos autores através de seus estudos e pesquisas sobre o tema. Para compreender melhor este mundo tão importante da administração é válido salientar inúmeros aspectos que moldam o perfil do consumidor, principalmente os relacionados aos processos de decisão. Assim, segundo Solomon (2008), o comportamento do consumidor é definido como sendo “o estudo dos processos envolvidos quando indivíduos ou grupos selecionam, compram, usam ou descartam produtos, serviços, idéias ou experiências para satisfazer necessidades e desejos.” Para Giglio (2003), existem diversas variáveis que influenciam e ajudam os profissionais a compreenderem melhor o comportamento do consumidor, sejam elas procedentes do ambiente externo – cultura, classe social e outros – como também aquelas relacionadas às características do ser humano, as suas diferenças individuais. É a partir dessas características e variáveis que os profissionais de marketing podem realizar avanços na pesquisa do comportamento de clientes e consumidores de forma geral. Ainda segundo o autor, dependendo do perfil, do envolvimento e das escolhas tomadas, os consumidores diferem nos seus processos de decisões, na quantidade de informações necessárias para a decisão e no processamento das informações. Segundo Giglio (2003), como parte de toda essa abordagem encaixam-se aquelas empresas que necessitam de informações quase que praticamente todos os dias, como as de tecnologia de aparelhos de celulares. Com informações coletadas e embasadas, as organizações podem definir estratégias, montar um método de comunicação eficaz com seus clientes e entender como e porque seus clientes compram. Neste sentido KOTLER E KELLER (2006) refletem sobre o marketing: Para que o marketing seja bem-sucedido, as empresas devem conhecer seus clientes. Adotar o conceito de marketing holístico significa entendê-los – adquirir uma visão completa tanto do cotidiano como das mudanças que ocorrem ao longo do ciclo de vida dele. Entender o cliente a fundo ajuda a assegurar que os produtos certos estão sendo comercializados para os clientes certos da maneira certa... Portanto, segundo Kotler (1998), a área do comportamento do consumidor estuda como indivíduos, grupos e organizações selecionam, compram, usam e dispõem de bens, 17 serviços, idéias ou experiências para satisfazer as suas necessidades e desejos. Já para Blackwell, Miniard e Engel. (2005), o comportamento do consumidor é definido como atividades com que se ocupam quando obtém, consomem e dispõem de produtos e serviços. Existem várias outras atividades incluídas na definição de comportamento do consumidor, segundo Blackwell, Miniard e Engel. (2005) que são: obtenção, consumo e eliminação. Obtenção: corresponde às atividades que levam ou incluem a compra ou o recebimento de um produto. Na verdade, essas atividades caracterizam-se pela busca por informações sobre o produto em questão: como ele é adquirido (em lojas especializadas, em lojas virtuais, em shopping centers); como os consumidores pagam (à vista ou a crédito); para quem compram; como é transportado; onde conseguiram informações sobre o produto e; como a marca influencia o gosto do consumidor. Consumo: avalia como, onde e sob quais circunstâncias os consumidores usam o produto. São as questões relacionadas às escolhas sobre como o consumidor utiliza esse produto em casa ou no trabalho; conforme suas instruções ou se encontram novas formas de utilizá-lo. Eliminação: refere-se sobre como os consumidores dispõem dos produtos e embalagens. Trata-se da avaliação dos analistas de consumo através do comportamento do consumidor do ponto de vista ecológico (se são biodegradáveis ou podem ser reciclados). Ou também se podem reutilizar alguns produtos passando-os para crianças menores. A Figura 2.1, representa as variáveis que afetam o comportamento do consumidor. 18 INFLÊNCIA NO CONSUMIDOR Cultura Personalidade Fase de vida Renda Atitudes Motivações Sentimentos Conhecimento INFLUÊNCIAS ORGANIZACIOANAIS Etnicidade Família Valores Recursos disponíveis Opiniões Experiências anteriores Grupos de pares Marca Propaganda Promoções Preço Serviço Conveniência Embalagem Atributos do produto Boca a boca Displays Qualidade Ambiente da loja Programas de fidelidade Disponibilidade do produto ELIMINAÇÃO OBTENÇÃO Como decide o que quer comprar? Outros produtos que considera comprar? Onde comprar? Como pagar? Como transportar para casa? CONSUMO Como você usa o produto? Como guarda o produto em casa? Quem usa o produto? Quanto é consumido? Como o produto se compara às expectativas? Como você se livra dos restos do produto? Quanto você joga fora após o uso? Se você mesmo revende os itens, ou por consignação de terceiros? Como você recicla alguns produtos? Figura 2.1: Comportamento do consumidor Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2005) 2.3 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Com o desenvolvimento de diversos estudos nesta área do marketing, o comportamento do consumidor merece ser revisto por diversos autores. Suas diferentes interpretações auxiliam aos profissionais de marketing a entenderem melhor sobre as situações que envolvem seus clientes. Entretanto, por ser um estudo de relevância pessoal, o consumidor merece atenção quanto aos seus desejos, valores e percepções individuais, a fim de proporcionar benefícios que garantam sua fidelidade. Para Kotler (1998), o fator pessoal representa os interesses inerentes que motivam o indivíduo com relação a um objeto. Ainda para este autor, nunca foi simples entender o comportamento e conhecer os consumidores. Pois eles podem formar opiniões acerca de seus desejos e necessidades, mas agir de uma outra maneira. Ou podem até mesmo não 19 compreender, em alguns casos, suas motivações e necessidades mais importantes. Podendo responder a questionários de acordo com sua atitude naquele exato momento. Dessa forma, segundo Kotler (1998), os profissionais de marketing devem estudar, avaliar e, acima de tudo, compreender como esse consumidor se manifesta através de seus desejos, percepções, preferências e comportamento de compra. A fim de propor, com base nas informações, o desenvolvimento de novos produtos, novas características de produtos, preços, canais, mensagens e outros elementos do composto de marketing. 2.4 O CONSUMIDOR E O MARKETING Conhecer o consumidor e tê-lo como foco para o crescimento da empresa significa proporcionar mudanças positivas no eixo decisório da organização. Hoje em dia há cada vez mais exigências na capacidade competitiva para que a empresa ofereça produtos e serviços cada vez mais diversificados, a fim de corresponder às expectativas do cliente. Pois é ele quem demonstra quais os possíveis rumos da empresa. Se o consumidor prefere determinada tendência em um móvel, preferindo o vidro ao metal, é necessário que a empresa se habitue a essa nova situação. Como afirma Underhill (1999) apud Medeiros e Cruz (2006), a maior ignorância dos homens de negócio centra-se no desconhecimento de quem são seus clientes. E por isso que o principal foco deste trabalho está em conhecer o comportamento do consumidor. Para conhecer o cliente por completo é necessário conhecê-lo sob o maior detalhamento possível, bem como seus costumes, sua família, seus grupos de referência, as regras sociais às quais ele convive. De acordo com a Figura 2.2, o cliente está inserido num ambiente de marketing e estabelece vínculos de valores recíprocos com os participantes: 20 Grupo Família Vida Pessoal Empresa Produto Preço Comunicação Distribuição Pesquisa Venda CONSUMIDOR Macroambiente Economia Legislação Tecnologia Cultura Política Governo Demografia Concorrentes da empresa Figura 2.2: O consumidor e suas inter-relações no processo de consumo. Fonte: Giglio (2003) A relação consumidor/comunicação vem buscando renovações cada vez mais precisas e ágeis. Para Giglio (2003), a propaganda de massa (televisão, por exemplo) tornou-se a medida mais eficaz para o crescimento da propaganda dirigida, incluindo a expansão da tv a cabo e as possibilidades de canais com conteúdo específico. Já a relação consumidor/macroambiente destaca-se o item tecnologia. A tecnologia é uma das características mais promissoras para a diferenciação do mercado competitivo. Carros com características personalizadas, tintas, móveis, produtos de beleza são alguns dos produtos que exigem atualizações freqüentes para se destacar entre os clientes. Esses exemplos ilustram bem as necessidades que os consumidores buscam graças às ações envolvidas do marketing. Somente com o acompanhamento constante dos clientes e a capacidade em mudar conceitos, valores e opiniões é que a busca por produtos inovadores e competitivos para a organização se concretizam. Na verdade, a Figura 2.2 mostra de uma forma mais simples como o conjunto de relações é formado por um tripé: as regras sociais, o sujeito e suas idéias. Quando um consumidor diz que determinado produto tem sua preferência por seu preço mais baixo, ele está querendo dizer que, no conjunto das regras, o preço neste caso e neste momento, tem uma maior importância. 21 2.5 AS TEORIAS SOBRE O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR As teorias que embasam o estudo do comportamento do consumidor apresentam diversas características quanto às suas origens. Para facilitar a compreensão do estudo foram conceituadas as teorias de Maslow, Herzberg, Behaviorista, Cognitivista, Econômica e de Freud. 2.5.1 Teoria de Maslow A teoria das necessidades de Maslow (1954) apresenta em sua tese o comportamento do consumidor através de suas motivações. Sua questão principal é que as necessidades do ser humano obedecem a um conjunto de prioridades e hierarquias, formados por cinco planos. Esses planos básicos são caracterizados, conforme a Figura 2.3, por: satisfazer as necessidades fisiológicas, as de segurança, de afeto, de relacionamento e de auto-realização. Necessidade de auto-realização Necessidades de estima Necessidades de pertinência e afeto Necessidades de segurança (abrigo, proteção) Necessidades fisiológicas (sede, fome, repouso) Figura 2.3: Hierarquia das necessidades, segundo Maslow Fonte: Karsaklian (2000) Segundo Giglio (2003), é importante salientar que esses níveis não independem uns dos outros, mas sim predominando a necessidade mais importante para o indivíduo. Dessa forma, poderão ocorrer casos onde a atenção dada aos níveis superiores seja mais valorizada quando os inferiores estejam razoavelmente satisfeitos. Ou poderá haver outros desejos 22 incluídos, o que mostra que tanto a motivação quanto a personalidade humana são compostas por vários fatores. Segundo Karsaklian (2000), as necessidades são definidas como: Necessidades fisiológicas: são básicas para a sobrevivência, como fome, sono, sede, etc., e constituem a base dos desejos. Esse nível tem pouco a contribuir para o comportamento do consumo, pois numa sociedade industrializada a compra é algo necessário e os desejos são reflexos das situações. Necessidades de segurança física: são as necessidades como ter uma roupa ou uma casa, por exemplo. Quem não possuir um desses itens terá todo o seu pensamento voltado para esse nível, no desejo de satisfazê-lo. Também neste nível encontra-se a necessidade de segurança psíquica, que faz o homem temer o novo, o desconhecido, a mudança, a instabilidade, fazendo com que o indivíduo procure proteger-se de todas as maneiras possíveis. Alguns produtos caracterizados como benefícios – seguro de vida ou poupança – podem ser apresentados como um benefício de segurança física. Necessidades de afeto: traduz-se em sentimentos afetivos e emocionais de amor. Aqueles em que o sujeito se sente amado e importante para os outros. Nesse nível também incluem as carências eróticas e sexuais. Necessidades de status e estima: são os desejos de prestígio, reputação e autoestima. Relacionam-se na verdade com o reconhecimento dos outros e até o próprio reconhecimento de valor. O sujeito tomará atitudes que façam com que ele seja visto como inteligente, forte e independente. Necessidades de realização: com todos os demais níveis satisfeitos, o indivíduo procurará desenvolver suas potencialidades, seu autoconhecimento. Dessa forma, o processo de motivação de Maslow tem como base a capacidade de detectar uma necessidade. Que por sua vez surgem a partir de uma determinada discrepância entre um estado desejado e o estado atual que o homem se encontra. À medida que essas lacunas aumentam, maiores são as necessidades e a urgência em satisfazê-la. Os desejos e as preferências podem ser estimulados mesmo quando da ausência de um objeto que provocará tal sentimento. Segundo Karsaklian (2000), no ponto de vista mercadológico, as necessidades podem ser classificadas segundo dois tipos de benefícios adquiridos por meio da compra: as necessidades utilitarista e hedônicas ou experimentais. 23 As necessidades utilitaristas são aquelas cogitadas por seu aspecto objetivo, funcional. Enquanto que as necessidades hedônicas referem-se às respostas subjetivas, como prazer, estética, sonhos, etc. Ambos os tipos de necessidades funcionam simultaneamente no processo de decisão de compra, como exemplo a compra de um móvel projetado. Ao mesmo tempo em que o móvel tem um objetivo funcional, utilitário, ele também é considerado do ponto de vista subjetivo do status, prestígio e bom gosto. Entretanto, conforme Giglio (2003), apesar de muito difundida, a teoria de Maslow, tal como a de Freud, não apresenta relatórios concretos e fortes para criar instrumentos de avaliação e ação sobre os consumidores. Ao contrário da teoria de Freud, a de Maslow é um sistema voltado para o presente do indivíduo, deixando para segundo plano o futuro e o passado, mesmo sabendo que o comportamento das pessoas mudam cotidianamente de planos e de expectativas, como também de valores e hábitos de consumo. Por isso, que captar as mudanças mais profundas e compartilhadas por um determinado grupo é essencial para o estudo do comportamento do consumidor. E isso infelizmente a teoria de Maslow não proporciona. O planejamento de um bom plano empresarial de marketing deve estar bem pautado não apenas nas necessidades do presente, mas também nas expectativas que reflitam as ações do sujeito ao longo dos meses. 2.5.2 Teoria de Herzberg Frederick Herzberg desenvolveu em sua teoria aliada ao comportamento do consumidor, estudos acerca de dois fatores que distingue os insatisfatórios (fatores que causam insatisfação) e os satisfatórios (que causam satisfação). Como afirma Kotler (1998), a ausência de fatores de insatisfação não é suficiente; ao contrário, os fatores de satisfação devem estar ativamente presentes para motivar uma compra. Levada esta teoria ao exemplo dos móveis projetados, percebe-se que quando um móvel vem sem a garantia do fabricante seria este um fator de insatisfação considerado pelo consumidor. Entretanto, quando a garantia está presente no produto, esta já não se torna fator de satisfação, mas sim um fator essencial ao mesmo. Já a sua durabilidade ou beleza são considerados pelo cliente como fatores satisfatórios. Com isso, leva-se em conta a importância dada aos fabricantes ou até mesmo aos vendedores em procurar satisfazer ao máximo as exigências do consumidor. Pois ao contrário, 24 simples fatores de insatisfação, como o do exemplo citado, podem prejudicar a imagem do produto ante o mercado concorrente. Os fatores de satisfação são a principal diferença para aqueles consumidores em potencial. 2.5.3 Teoria Behaviorista A teoria Behaviorista se aplica a um sistema teórico da psicologia. Seu objeto de estudo é exclusivamente humano e usa como fonte do comportamento do homem o comportamento observável. Segundo Karsaklian (2000), essa escola estuda os inputs e os outputs sem interessar-se pelos processos internos do indivíduo. Ou seja, o que importa aos behavioristas é tudo o que é observável, eliminando-se as emoções e os afetos. Entre alguns autores conhecido pode-se citar Guthrie, Hull e Skinner. Este último, segundo Giglio (2003), questiona em uma de suas teorias o uso de conceitos não-observáveis, como a inteligência, o que o torna uma crítica a numerosos modelos em psicologia. Para Karsaklian (2000), na teoria behaviorista, a motivação tem como ponto central o conceito de impulso, entendido como sendo uma força que condiciona à ação, atribuível às necessidades primárias. Já para Skinner (1950) apud Giglio (2003) a sua teoria do condicionamento relaciona-se aos estímulos que são apresentados antes e depois da compra. Os estímulos apresentados antes são os que levam a uma pessoa a comprar, enquanto que os estímulos após as compras são os condicionantes do comportamento, ou seja, estímulos que permitem que uma pessoa continue a comprar depois da primeira compra. Na verdade, essa teoria do condicionamento reflete situações onde o consumidor irá aumentar sua freqüência de compra se o mesmo for beneficiado ou receber alguma recompensa por este seu ato. É o que geralmente ocorre com as promoções lançadas pelas lojas ou as promessas de brindes e prêmios. Por isso que em muitos casos quando não se há uma recompensa ou diminuição dos estímulos, o impulso não voltará a se repetir. Segundo Karsaklian (2000), esses estímulos regularmente associados a uma satisfação de impulsos adquirão propriedades motivacionais por si mesmos, dando origem aos impulsos aprendidos. Contudo, para a autora a maior crítica que recebe essa abordagem refere-se ao fato de ignorar que, na maioria das vezes, o comportamento humano é consciente e que reage ao mundo externo segundo a interpretação dos estímulos. 25 2.5.4 Teoria Cognitivista A teoria cognitivista, segundo Karsaklian (2000), afirma que ao contrário do behaviorismo, essa teoria avalia os processos mentais internos do indivíduo e reconhece que o comportamento e os resultados dependem das escolhas do consciente do homem e sua interação com o mundo social. Diferentemente do behaviorismo, o cognitivismo nega o efeito de estímulos sobre o comportamento automático, como afirma Karsaklian (2000). Para os cognitivistas as opções feitas pelas pessoas no momento da compra, entre as alternativas de ação, dependem do grau que têm as forças que atuam sobre o sujeito. Segundo Karsaklian (2000), Kurt Lewin é considerado um dos precursores da teoria cognitivista. Para Lewin, a motivação depende do modo como a pessoa percebe o estado de fatores que influenciam seu comportamento, entretanto, o que é percebido nem sempre corresponde à situação real. Ou seja, a escola cognitiva da aprendizagem vê o indivíduo que soluciona os seus problemas e que utiliza as informações coletadas no meio em que vive a fim de dominar seu ambiente. A aprendizagem cognitiva é um processo complexo, nela a pessoa ao ver a ação de outra capta o resultado dessa ação e toma como parte de seu comportamento. Na verdade, o indivíduo armazena as informações na memória a ponto de talvez usá-la em outro momento para guiar seu próprio comportamento. Para os profissionais de marketing a teoria cognitiva é uma boa ferramenta para embasar seus estudos, pois a habilidade dos consumidores para aprender observando o comportamento dos outros, amplia a capacidade para os profissionais em avaliar o que acontece aos modelos que usam ou não seus produtos, sabendo que os consumidores quase sempre serão motivados a copiar essas ações em um momento futuro. 2.5.5 Teoria Econômica Uma das teorias mais significativas sobre o estudo do comportamento do consumidor parte dos pressupostos econômicos. Segundo Giglio (2003), nesta perspectiva o consumo é parte de escolhas racionais feitas a partir da disponibilidade dos produtos e dos recursos necessários envolvidos. 26 Através dos seus desejos, o homem se vê na possibilidade de escolher determinados produtos e serviços que lhe interesse e lhe satisfaça. Vem daí a premissa da utilidade marginal. Ou seja, segundo Gade (1980) apud Giglio (2003), demonstra que a capacidade em se satisfazer diminui à medida que o ser humano consome determinado bem. O que Gade tenta explicar é que se o produto for bastante desejado, fará com que este seja valorizado ao ser obtido. Entretanto, já numa segunda compra esse mesmo produto poderá perder o valor e a utilidade antes prestigiados. Ao perceber esta situação o consumidor poderá migrar para outro produto concorrente. Para tentar explicar melhor a teoria econômica, deve-se levar em consideração alguns fatores importantes, como poupança, renda normal, preço e disponibilidade de preço. Segundo Kotler (1997) apud Rodrigues e Jupi (2004), os fatores econômicos têm grande poder em determinar o mercado. Por exemplo, o fator renda normal demonstra uma relação direta entre o binômio renda/consumo. Conforme a renda de uma determinada família diminui, diminui também o consumo de alguns produtos supérfluos. Essa situação é bastante percebida quando inicia-se uma crise financeira no mercado ou quando um integrante da família perde o emprego. Geralmente o que é percebido é que a teoria econômica é bastante utilizada nas pesquisas sobre o comportamento do consumidor, por ser racional e simplista. O que mostra que as explicações racionais e econômicas estão sempre presentes no discurso dos clientes e se ajusta perfeitamente em diferentes ramos de negócios. 2.5.6 Teoria de Freud A teoria de Freud, segundo Giglio (2003), entende que as pessoas não conhecem seus verdadeiros desejos, pois existe uma espécie de mecanismo de avaliação que determina quais delas poderão tornar-se conscientes e quais não. Para Karsaklian (2000), Sigmund Freud percebe que o comportamento humano é determinado basicamente pela motivação inconsciente e pelos impulsos instintivos. O que leva a confirmar que a mais forte tendência de comportamento não é necessariamente aquela que a pessoa decide que é melhor para ela. Após a evolução dos seus estudos, a fé e a razão na consciência passou a ser vista sob outro plano. O inconsciente passou a ser a verdadeira força da impulsão do comportamento. 27 Os profissionais de marketing baseiam muitos dos seus resultados nas diversas explicações sobre a lógica do consumo. Entretanto, conforme Giglio (2003), o uso das teorias do inconsciente deve ser levado em consideração, contudo com bastante cautela, pois elas não oferecem instrumentos de avaliação, já que seu conceito fundamental não é operacional. Ao contrário das teorias racionais, a obra de Freud não apresenta modelos de questionário de pesquisa. Outro ponto importante das teorias da motivação que utilizam o conceito do inconsciente é a valorização do passado do consumidor. O que traz bastante complexidade ao estudo e aos pesquisadores, que precisam basear o presente no passado para poderem explicar as decisões tomadas no dia-a-dia do cliente. A teoria de Freud é complexa porque nasce da observação das pessoas. Apesar do psicanalista não ter escrito propriamente sobre o consumo, ele mostra como se dá a reação a determinadas situações que levam a satisfação de comprar algo. Por isso que em diversas propagandas o apelo pelo inconsciente é a chave para o sucesso de determinado produto. Ao assistir um comercial onde um homem dirige um belo, veloz e atraente carro atinge-se o ego de diversos homens. Pois eles acreditam em seu inconsciente que se possuírem determinado automóvel poderá ter ao seu lado uma bela mulher. Essa é a relação que Freud tanto retrata em seus estudos. Todo esse processo inclui um triângulo formado por vértices importantes: a pessoa (que deseja ser atraente), o objeto (o qual ele projeta ser atraente) e o resultado (o desejo de encontrar uma pessoa que o ache atraente). Neste exemplo o carro é um objeto onde reúne um agrupamento de idealizações, como a conquista da mulher, o sucesso, a liberdade e a independência. Para Freud, segundo Giglio (2003), existem ainda outras operações mentais que se estruturam para melhor avaliar o inconsciente: o id; a fonte primitiva da energia propulsora, operando pelo princípio do prazer; o ego; uma estrutura operando pelo princípio da realidade; o superego; uma estrutura operando pelo princípio das obrigações e proibições. Portanto, a influência freudiana na abordagem do marketing no consumo está em mostrar a dimensão simbólica, não apenas funcional que aquele produto possui. Muitas vezes não se compra determinado produto pelo o que ele faz, mas sim pelo o que ele pode representar, como poder, status ou marca. Para isso, é necessário buscar esse apelo não só no produto em si, mas também em toda sua complexidade, como no design, slogan, propaganda, cores e formas. 28 2.6 O CONSUMO Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), o consumo representa o uso do produto adquirido pelo consumidor. Entretanto, apesar de sua definição ser simples, suas teorias tornam seu entendimento bastante complexo. E em razão de sua complexidade, seus pontos de reflexão serão explorados a partir do próprio comportamento de consumo: 2.6.1 Comportamento de consumo Conforme afirmam Blackwell, Miniard e Engel (2005), o usuário e não-usuário são termos geralmente empregados para distinguir os indivíduos que consomem ou não um determinado produto. Para as organizações, segundo os autores, conhecer o número e o perfil de seus usuários possibilita, entre outras razões, ter em seu poder dados que indiquem a atratividade do mercado para tal empresa. Ou seja, quanto maior o mercado (maior número de usuários), maior será o grau de atratividade que a empresa possui. Ainda para os autores, o tamanho do grupo de não-usuários indica futuras oportunidades de crescimento. Mesmo assim, Blackwell, Miniard e Engel (2005) explicam que converter não-usuários em usuários não é uma opção viável para o aumento das vendas quando o mercado contém poucos não-usuários. Contudo, à medida que o número de nãousuários tende a aumentar o retorno potencial da conversão destes em usuários aumenta. Desta forma, compreender o estudo sobre o comportamento do consumidor apenas por este enfoque de distinção entre aqueles que consomem ou não certamente não possibilita uma visão muito ampla do estudo. Por isso, as dimensões deste estudo serão retratadas e discutidas a seguir. 2.6.2 Quando o consumo ocorre? Para Blackwell, Miniard e Engel (2005), um importante fator a ser avaliado em relação ao consumo diz respeito ao momento em que ele ocorre. Algumas ocasiões, como ir a 29 um show de música ou a um restaurante, correspondem a compromissos em que o indivíduo certamente saberá quando irá ocorrer. Mas a vontade de comer uma pizza pela manhã ou tomar um suco de laranja a noite faz com que as empresas procurem sempre reavaliar suas estratégias de vendas que quebrem paradigmas sobre o cotidiano das pessoas. Muitas vezes é importante para determinado segmento de mercado se basear em quando o consumo de seu produto acontece. Exemplos citados pelos autores, mostram como um produtor de comida descobriu que várias pessoas deixaram de comer seus produtos apenas por terem sido esquecidos no fundo da despensa. Por isso, ainda segundo os autores, é importante para a organização conhecer os hábitos dos seus consumidores. Sabendo por exemplo, quais pessoas freqüentam determinado lugar, quais são suas preferências ou como é sua rotina diária são algumas das inúmeras informações que permitem aos profissionais delimitar ações de marketing direcionadas e eficientes para os segmentos de mercado visado. 2.6.3 Onde o consumo ocorre? Conforme explicam Blackwell, Miniard e Engel (2005), além de saber quando, é importante entender onde o consumo acontece. Por exemplo, para empresas de fast food é importante avaliar quais dos seus produtos serão orientados para vendas em seu drive-through ou não, pois motoristas não conseguem dirigir comendo grandes hambúrgueres, mas podem facilmente manipular a direção com uma mini-rosquinha ou pequenas tiras de panquecas. 2.6.4 Como o produto é consumido? Para Blackwell, Miniard e Engel (2005), pessoas diferentes podem comprar o mesmo produto, porém consumi-lo de diferentes formas. Como o arroz, um exemplo citado pelos autores, que pode ser servido como acompanhamento ou como risoto (misturado a outros ingredientes), ou então os modernos telefones celulares de hoje, que apresentam inúmeras funções como televisão, ipod e máquina fotográfica. Dessa forma, entender como um produto é utilizado pelo consumidor pode também acarretar em novas experiências de negócios para a 30 empresa. São em casos como esses que a organização descobre que um único produto pode surtir efeito inesperado em outro segmento. Segundo artigo de Betti (2009) o consumo de determinados produtos no Brasil seguem algumas particularidades que se adaptam às diferenças do país (Quadro 1). O CONSUMO DOS BRASILEIROS Papel Higiênico: 85% têm folha simples Justificativa: para tornar o produto mais barato, as empresas fabricam no Brasil um papel higiênico mais fino – e normalmente de matéria-prima reciclada, que é menos macia. Nos Estados Unidos, 60% do mercado é dos de folha dupla, e o restante, tripla ou até quádrupla. Esmalte: o dobro de cores no mercado Justificativa: ninguém faz as unhas com tanta assiduidade quanto as brasileiras – 94% cumprem esse ritual semanalmente. E a maioria gosta de variar o tom do esmalte. Para atender a essa demanda, as empresas lançam oito coleções por ano no Brasil, enquanto no resto do mundo são, em média, quatro. Produtos de limpeza: o dobro de fragrâncias Justificativa: o cheiro é o fator que mais influencia os brasileiros na compra de tais artigos, à frente até do preço. O Brasil só perde para o México em variedade de fragrâncias nesse tipo de produto. Sorvete: 20% menos creme de leite Justificativa: os fabricantes roçam manteiga por gordura vegetal para baratear em cerca de 50% o produto. O creme de leite também é substituído por água porque, assim, o sorvete permanece gelado por mais tempo – e derrete mais lentamente mesmo sob altas temperaturas. Chocolate e Biscoito: 10% mais açúcar Justificativa: os brasileiros consomem o triplo de açúcar por ano do que a média mundial. Sempre que se acrescenta mais açúcar às receitas originais, vende-se mais no Brasil. Protetor solar: texturas 20% mais finas Justificativa: é uma adaptação ao clima. Com o calor, os cremes mais espessos deixavam a pele oleosa – e os brasileiros desistiam de usar o protetor justamente por isso. Xampu: 0% de agentes condicionantes Justificativa: eles foram retirados da fórmula dos xampus vendidos no Brasil porque aqui 90% das pessoas têm o hábito de usar condicionador, mais do que em qualquer outro país. Fralda descartável: 75% são de um plástico mais barato Justificativa: foi um ajuste ao bolso. Para chegar às classes C e D, que antes adotavam a fralda de pano, as empresas passaram a fabricar as descartáveis com um material 45% mais barato – mas também menos flexível e menos moldável ao corpo do bebê. Sabonete: 75% são em barra Quadro 1: O Consumo dos Brasileiros Fonte: Revista Veja, 2009 31 Continuação (Quadro 1). Justificativa: a aposta nas versões em barra se explica pelo preço, cerca de um terço do dos sabonetes líquidos. Além de terem uma renda mais baixa, os brasileiros são os campeões mundiais em número de banhos, com uma média de três a cada dois dias. Como usam mais sabonete, são também mais resistentes em pagar pelas versões líquidas, que dominam o mercado nos países ricos. Fonte: Hershey’s, L’Oréal, Nivea, Procter & Gamble, LatinPanel e Nielsen Quadro 1: O Consumo dos Brasileiros Fonte: Revista Veja, 2009 2.6.5 Quanto é consumido? Embora existam grupos de consumidores com características definidas pelos hábitos e preferências, há nesses grupos algumas peculiaridades que distinguem seus membros. Blackwell, Miniard e Engel (2005), citam o caso dos bebedores de vinho. Existem alguns que gostam de beber apenas uma taça de vinho, outros apenas à mesa de jantar, entretanto existem aqueles que bebem todos os dias e o tempo todo. 32 São essas diferenças, que discriminam a segmentação de mercado. Os autores definem esse tipo de segmentação como sendo segmentação por volume de uso, tipicamente dividida em três segmentos: 1. Grandes usuários: apresentam altos níveis de consumo; 2. Usuários moderados: consomem com comedimento (situam-se entre os extremos); 3. Pequenos usuários: consomem pequena quantidade de um produto. Segundo os autores, geralmente os grandes usuários são o objetivo principal do mercado. São eles que consomem determinado produto demasiadamente e assim, mantém as vendas para a empresa. Entretanto, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), mudar o volume do consumo é, muitas vezes, uma forma de incentivar o consumo de determinado produto. Criar e adaptar um produto requer muitas vezes atitudes que transformam as diretrizes de toda uma empresa. Setores que vão do laboratório ao departamento de marketing se unem no intuito de satisfazer um cliente cada vez mais exigente. Segundo artigo de Betti (2009), a Nestlé criou no ano de 2005, um leite em pó especialmente para a região do Nordeste do Brasil, ao qual adicionou vitaminas que são deficientes naquele local, e para barateá-lo ainda mais, empacotou o produto em sacos plásticos. Ainda segundo a revista, esses ajustes possibilitaram aumento no número de vendas do produto, que equivalem ao consumo de toda uma população como a do México. 2.7 PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA A partir de uma grande quantidade de pesquisas realizadas sobre o comportamento do consumidor, pôde-se chegar ao entendimento de diferentes conceitos sobre o processo de decisão de compra. Para compreender melhor todo este processo é importante considerar algumas questões que, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), validam este estudo. Primeiro, considerar qual tipo de conceito de varejo (internet, mala direta, catálogo ou lojas físicas); segundo, qual tipo de loja (grandes varejistas, hipermercados, lojas de departamentos, lojas especializadas etc.) e terceiro qual varejista específico. Estas questões respondem de forma mais clara como se dá a escolha dos meios de compra por parte do consumidor. O processo de decisão de compra envolve a combinação de diversas características tanto do consumidor como da loja que se dará a compra. Para Blackwell, Miniard e Engel 33 (2005), o consumidor pode utilizar determinados critérios para avaliar qual loja vai ao encontro de suas necessidades. Entretanto, segundo os autores, o consumidor pode passar diretamente para outra opção de loja sem ao menos levar em consideração alguns critérios, ou ainda, se o mesmo teve em um passado recente uma decepção, sua escolha poderá sofrer influência e assim, procurar outras lojas do mesmo segmento. Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), um dos objetivos do modelo de PDC (Processo de Decisão de Compra) era ajudar os profissionais de marketing, analistas de mercado e pesquisadores a estudar os consumidores e clientes. Dessa forma, os gerentes de empresas podem responder algumas perguntas no intuito de analisar como seus clientes procedem dentro do modelo de decisão adaptado ao produto. Segundo os autores, alguns fabricantes como a P&G e a General Motors usam o modelo PDC para: 1. Identificar as relações entre as variáveis que afetam a tomada de decisão do consumidor; 2. Identificar os tópicos para pesquisas adicionais; 3. Desenvolver e implementar estratégias do mix de marketing. O modelo de PDC, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), representa um mapa rodoviário das mentes dos consumidores que os profissionais de marketing e gerentes podem utilizar como guia na composição de seus mix de produtos, suas estratégias de comunicação e de vendas. Conforme os autores, este modelo captura as atividades que ocorrem quando as decisões são tomadas de forma esquemática e aponta como diferentes forças internas e externas interagem e afetam como os consumidores pensam, avaliam e agem. A Figura 2.4 representa este mapa: Reconhecimento da Necessidade Busca de Informações Avaliação de Alternativas Pré-compra Compra Consumo Avaliação Pós-consumo Descarte Figura 2.4: Como consumidores tomam decisões para bens e serviços Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2005) 34 Assim, de acordo com o processo cognitivo automático, mostrado pela Figura 2.5, os empresários permitem criar características cada vez mais fortes de seus produtos e consolidar imagens top of mind dentro de cada segmento de mercado. Características Individuais Estilos de Vida Variáveis Econômicas Visões de compra Situação Características de Compra Tipo de Produtos Variáveis Temporais Preço/Qualidade Situação Avaliação dos tipos de Varejistas Critério de Avaliação Localização (Distância) Variedade de Produtos Oferecidos Preço Propaganda e Promoção Displays em Ponto-de-venda Pessoal de Vendas Serviços Características do Consumidor Atmosfera da Loja Avaliação dos Varejistas Concorrentes Escolha da Loja Compra Resultado Figura 2.5: Decisão de Compra Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2005) 2.7.1 Tipos de Processo de Decisão Para alguns autores, como Blackwell, Miniard e Engel (2005), os consumidores utilizam-se de algumas técnicas no momento da decisão de compra. Em alguns casos, o consumidor toma como modelo um processo que requer bastante complexidade, já em outros momentos, mais comuns, prefere tomar decisões mais simples, às quais requer menos tempo e esforço. Desta forma, são classificados de acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2005) os tipos de PDC (Processo de Decisão de Compra): Continuum do Processo de Decisão: para refletir sobre o assunto é importante imaginar a complexidade de tomada de decisão como um continuum, variando de alto a baixo. Para Blackwell, Miniard e Engel (2005), nas situações onde os consumidores 35 estão tomando decisões pela primeira vez, as ações devem ser baseadas em alguma forma de solução de problemas. Quando um processo é muito complexo é chamado solução estendida de problema (SEP). Já a solução limitada de problema (SLP), representa um grau menor de complexidade e a solução intermediária de problema (SIP), por conveniência refere-se ao processo intermediário. Para os autores, na Figura 2.6, considera-se o fato de que a maior parte das compras é feita de forma repetida. Assim, quando é este o caso, o consumidor deverá engajar-se na solução do problema novamente. Alternativamente, deverá simplificar as decisões ao antecipar qualquer escolha das alternativas de compras e optar pela mesma marca adquirida anteriormente. Isso representa a tomada de decisão habitual, um processo de compra menos complexo. Solução Estendida Solução Intermediária Solução Limitada de Problema (SEP) de Problema (SIP) de Problema (SLP) GRAU DE COMPLEXIDADE BAIXO ALTO Processo de Tomada de Decisão para Compras Repetidas Solução Estendida Solução Intermediária Solução Limitada Tomada de de Problema (SEP) de Problema (SIP) de Problema (SLP) Decisão Habitual ALTO GRAU DE COMPLEXIDADE BAIXO Figura 2.6: Continuum do Processo de Decisão Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2005). Compra Inicial: para os autores, neste tipo de PDC, quando a decisão inicial é tomada por SEP, a fidelidade à marca é uma constante bastante frequente. Entretanto, a SLP leva a hábitos baseados na inércia – ou seja, é mais fácil fazer a mesma coisa repetidamente que mudar. Solução Estendida de Problema (SEP): segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), a SEP é frequentemente utilizada por consumidores que estão comprando automóveis, roupas caras, equipamentos de som, ou seja, produtos e serviços nos quais os custos e os riscos de uma decisão errada são grandes. Cercado por medos ou dúvidas esse consumidor não age impulsivamente por falta de experiência e informações sobre 36 determinado produto. Ele é receptivo à informações de várias fontes e torna-se motivado a fazer um esforço para obter “a escolha certa”. Desta forma, segundo os autores, a reflexão e a avaliação geralmente precedem o ato de compra e uso em razão da importância de se fazer a escolha certa. Solução Limitada de Problema (SLP): neste caso, os consumidores não têm o tempo, nem os recursos, nem a motivação para iniciar a SEP. Aqui é muito mais comum simplificar o processo e reduzir o número e variedade das fontes de informação (alternativas para a avaliação). Geralmente esse modelo é visível em grupos formados por homens solteiros, que compram uma marca por seu reconhecimento ou pelo fato de serem mais baratas. No modelo SLP, conforme Blackwell, Miniard e Engel (2005), o reconhecimento da necessidade leva à ação de compra; a busca e a avaliação extensivas são evitadas porque a compra não assume grande importância. Solução Intermediária de Problema (SIP): ao contrário da SEP e da SLP, extremos do continuum do processo de decisão, para a SIP é necessário apenas uma pequena quantidade de informações para saber o que está ocorrendo, onde está ocorrendo e a que horas. É que nesse modelo apenas uma lida no jornal ou assistir aos comerciais que passam durante a novela podem complementar rapidamente as escolhas do consumidor. Compras Repetidas: segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), há dois tipos de compras repetidas: Solução Repetida de Problema: compras repetidas normalmente necessitam de uma solução continuada de problemas. Existem alguns fatores que podem levar a esse resultado, como a insatisfação da compra anterior (o que leva ao consumidor trocar de marca) e o desabastecimento do varejo (quando o varejista não mais possui o produto disponível). Tomada de Decisão Habitual: quando o consumidor realiza compras de acordo com seus hábitos moldados em rotinas que simplifiquem sua vida, seu comportamento toma duas formas de tomada de decisão: Fidelidade à marca ou à empresa: quando suas expectativas em relação a um produto são satisfeitas, o consumidor geralmente se mantém fiel a determinada marca ou empresa, decisão esta bastante resistente à mudanças. 37 Inércia: ao menor sinal de fidelidade presente em uma relação consumidor x produto, é comum existir hábitos regidos pela inércia. Em alguns casos, a troca pode ocorrer assim que o preço de outra marca concorrente diminuir ou quando for promovida, oferecendo algo novo. Compra por Impulso: para Blackwell, Miniard e Engel (2005), a chamada compra por impulso é a forma menos complexa da SLP. Este tipo de compra apresenta algumas características: 1. Desejo repentino e espontâneo de agir acompanhado por urgência; 2. Estado de desequilíbrio psicológico no qual a pessoa pode se sentir temporariamente fora de controle; 3. Princípio de um conflito e luta que é resolvido por uma ação imediata; 4. Existência mínima de avaliação objetiva – domínio das considerações emocionais; 5. Ausência de preocupação com as consequências. Busca de Variedade: apesar de alguns consumidores serem fiéis às suas marcas, existem aqueles que continuam se engajando na troca de marca. A busca de variedade é o principal motivo. Isso ocorre quando há uma gama bastante diversificada de alternativas similares que podem substituir a marca original. Ou ocorre simplesmente porque alguém está entediado com a escolha ou por ter sido estimulado por dicas externas, tais como a queima de estoque ou cupons de troca, conforme explicam Blackwell, Miniard e Engel (2005). 2.8 POR QUE AS PESSOAS COMPRAM Comprar é um verbo que pode ter inúmeros conceitos no que se refere ao comportamento do consumidor. Para Blackwell, Miniard e Engel (2005), primeiro o indivíduo pode sentir a necessidade de comprar apenas para poder “possuir algo”, para aliviar a solidão, minimizar o tédio, diminuir a depressão ou alimentar a fantasia. Outros podem ver a compra como hobby ou um esporte. Entretanto, para os autores, existem clientes que detestam comprar, evitando ir ao mercado, shopping e lojas; e ainda há os que preferem comprar sem sair de casa, através da internet. 38 Por isso, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), os profissionais de marketing devem planejar estratégias de vendas que “alimentem” cada perfil detalhado do consumidor. É trabalho do analista de consumo identificar qual a melhor forma de satisfazer o consumidor que acha que ir às compras é divertido ou aquele que acha que sair para um shopping é entediante. A Figura 2.7 apresenta os motivos que levam as pessoas a comprarem algo: Motivos Pessoais Papel Exercido Diversão Autogratificação Conhecimento sobre Novas Tendências Atividade Física Estimulação Sensorial Motivos Sociais Experiências Sociais Fora de Casa Comunicação com Outras Pessoas de Interesses Similares Atração por Grupos de Amigos Status e Autoridade Prazer em Barganhar Figura 2.7: Por que as pessoas compram? Fonte: Extraído de Edward M. Tauber, Why do People Shop? Journal of Marketing, v. 36, out. 1972, p.46-59 In: Blackwell, Miniard e Engel (2005). 2.9 PRINCIPAIS FATORES QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO DE COMPRA O interesse pelo estudo do comportamento do consumidor abrange as mais diferentes áreas da administração. E para estudar as relações existentes entre o cliente e a empresa teorias cada vez mais complexas servem para embasar o comportamento do consumidor. Este, segundo Kotler e Keller (2006), por ser dotado de preferências, personalidade e características próprias, possui percepções da realidade diferenciada, o que o identifica peculiarmente. Por exemplo, as propagandas vinculadas na televisão. Alguns se agradam com determinada propaganda, já outros a recebem com atitudes negativas e a considera ridícula. Por isso, para identificar quais fatores internos e externos influenciam o processo de tomada de decisão de compra dos consumidores, Kotler (1998) os demonstra da seguinte forma: (Figura 2.8) 39 Fatores culturais Fatores sociais Cultura Fatores pessoais Grupos de referência Subcultura Família Classe Social Papéis e posições sociais Idade e estágio de ciclo de vida Ocupação Condições econômicas Estilo de vida Personalidade e auto conceito Fatores psicológicos Comprador Motivação Percepção Aprendizagem Crenças e atitudes Figura 2.8: Fatores que influenciam o comportamento Fonte: Kotler (1998) Fatores culturais: De acordo com Kotler e Keller (2006) são os fatores que exercem a mais ampla e profunda influência sobre os consumidores. São subdivididos em: cultura, subcultura e classe social. Cultura: Segundo Kotler (1998), a cultura é o determinante mais fundamental dos desejos e do comportamento de uma pessoa. Para Santos (1994) apud Medeiros e Cruz (2006), a cultura diz respeito às maneiras de conceber e organizar a vida social e seus aspectos materiais, o modo de produzir para garantir a sobrevivência e o modo de ver o mundo. Já para Schiffman e Kanuk (2000) apud Medeiros e Cruz (2006), a cultura é definida como sendo a soma total das crenças, valores e costumes aprendidos que servem para direcionar o comportamento de consumo dos membros de determinada sociedade. Desta forma, os indivíduos de uma sociedade acabam absorvendo as características, preferências, valores e percepções de outros indivíduos que vivem em sua volta, através da sua vida familiar e também de outras instituições básicas. Subcultura: Kotler (1998) afirma que para cada cultura existem subculturas menores que fornecem identificação e socialização mais específicas para seus membros, como as nacionalidades, as religiões, os grupos raciais e as regiões geográficas. Classe social: De acordo com Kotler (1998), as classes sociais são divisões relativamente homogêneas e duradouras de uma sociedade, que são ordenadas hierarquicamente e cujos membros compartilham valores, interesses e comportamentos similares. Esse fator cultural não reflete apenas a renda per capita, mas também a ocupação, o nível educacional e área residencial. Ela serve para mostrar as preferências distintas de marcas e produtos em muitas regiões. Por isso que alguns produtos são vinculados em mídias 40 diferenciadas, os produtos destinados às classes A, geralmente são vinculados em revistas e livros, já as classes mais baixas como a B e C preferem a televisão. Fatores sociais: O comportamento do consumidor também é influenciado por fatores sociais como grupos de referência, famílias e papéis e posições sociais. Grupos de referência: Segundo Churchill Junior e Peter (2000), os grupos de referência são aqueles grupos de pessoas que influenciam os pensamentos, os sentimentos e os comportamentos do consumidor. Para Kotler (1998), os grupos de referência de uma pessoa compreendem todos os grupos que têm influência direta (face-a-face) ou indireta sobre as atitudes ou comportamento da pessoa. Os grupos que têm influência direta sobre uma pessoa são denominados Grupos de Afinidade. Kotler (1998) ainda afirma que existem grupos de afinidade denominados “primários” e “secundários”. Os grupos de afinidade primários são constituídos pela família, amigos, vizinhos e colegas de trabalho, são as pessoas as quais há maior interação. Já os grupos de afinidade secundário são constituídos pelas religiões, profissionais e sindicatos, são os grupos onde há uma relação mais formal e com menor interação. Esses grupos de referência influenciam as atitudes e o autoconceito das pessoas, podendo afetar as escolhas pela compra de determinado produto ou marca. Família: De acordo com Kotler e Keller (2006) apud Medeiros e Cruz (2006), os membros da família constituem o grupo primário de referência de maior influência. E podem ser distinguidos entre duas famílias: a de orientação e a de procriação. A de orientação é formada pelos pais e a de procriação é constituída por marido, esposa e filhos. Algumas empresas consideram bastante interessantes a ideia de vincular alguns produtos aos papéis de influência do marido, da esposa e dos filhos. Segundo Kotler (1998) existem alguns padrões típicos de produtos: Domínio do marido: seguro de vida, automóveis, televisão. Domínio da esposa: máquinas de lavar, carpetes, móveis, utensílios de cozinha. Domínio igual: férias, moradia, entretenimento externo. Contudo, esses padrões tendem a se modernizar devido à ascensão da mulher ao emprego e às mudanças de valores dos padrões familiares que começam a enfraquecer, gerando contradições nos papéis exercidos na decisão de compra dos produtos para a casa. Papéis e posições sociais: Para Kotler (1998), uma pessoa participa de muitos grupos no decorrer de sua vida, como família, clubes e organizações. A posição da pessoa em cada grupo irá definir papéis e posições sociais que irão refletir na escolha de produtos e marcas, pois esses produtos irão comunicar seu papel e status na sociedade. 41 Fatores pessoais: Referem-se às características particulares de cada indivíduo. Kotler (1998) apresenta cinco subfatores: idade e estágio do ciclo de vida, ocupação, condições econômicas, estilo de vida e personalidade. Idade e estágio do ciclo de vida: Kotler (1998) considera que as necessidades e os desejos das pessoas modificam-se ao longo de suas vidas. Como afirmam Churchill Junior e Peter (2000) apud Medeiros e Cruz (2006), a existência dos ciclos de vida familiar é caracterizado como sendo um conjunto de estágios pelos quais as famílias passam e que influenciam suas necessidades e a capacidade de satisfazê-las. Ocupação: Considera qual a profissão que o indivíduo exerce e como esta irá influenciar seu padrão de consumo. Kotler (1998) exemplifica que um presidente de empresa comprará ternos caros, passagens aéreas, títulos de clube, um grande veleiro. Já um operário comprará roupas, calçados de trabalho e marmitas. Condições econômicas: Para Kotler (1998), a escolha de produtos é bastante afetada pelas condições econômicas de uma pessoa, que constituem renda disponível, poupança e patrimônio, dívidas, condições de crédito e atitude em relação às despesas versus poupança. Estilo de vida: Segundo Kotler (1998), é possível que empresas se posicionem no mercado através de associações entre seus produtos e o estilo de vida dos consumidores reais e potenciais dos mesmos. Ele ainda afirma que o estilo de vida de uma pessoa representa seu padrão de vida expresso em termos de atividades, interesses e opiniões. Retrata a “pessoa por inteiro” interagindo com seu ambiente. Personalidade: Para Kotler (1998), a personalidade é o conjunto de características psicológicas distintas de uma pessoa que levam a respostas consistentes e duradouras em seu ambiente. Já Richers (1984), considera que a personalidade de um indivíduo é composta de uma multiplicidade de componentes que incluem valores, atitudes, crenças, motivos, intenções, preferências, opiniões, interesses, preconceitos e normas culturais. Fatores psicológicos: Como afirma Sant’Anna (1989) apud Medeiros e Cruz (2006), para que um consumidor tome a decisão de compra é preciso que na sua mente se desenvolvam os seguintes estados: existência de uma necessidade, consciência desta necessidade, conhecimento do objeto que a pode satisfazer, desejo de satisfazê-la e decisão por determinado produto. Para Kotler (1998), existem quatro fatores psicológicos que influenciam as escolhas do consumidor: motivação, percepção, aprendizagem e crenças e atitudes. 42 Motivação: De acordo com Kotler (1998), um motivo ou impulso é uma necessidade que está pressionando suficientemente para levar uma pessoa a agir. Já para Schiffman e Kanuk (2000) apud Medeiros e Cruz (2006), a motivação é a força motriz interna dos indivíduos que os impele à ação, a qual é produzida por um estado de tensão, que existe uma vez que há uma necessidade não satisfeita. Kotler (1998) considera três teorias da motivação, já explanadas anteriormente neste estudo: Teoria da motivação de Freud Teoria da motivação de Maslow Teoria da motivação de Herzberg Percepção: Para Kotler (1998), a percepção é o processo pelo qual uma pessoa seleciona, organiza e interpreta as informações para criticar um quadro significativo do mundo. Schiffman e Kanuk (2000) apud Medeiros e Cruz (2006) definem percepção como o processo pelo qual um indivíduo seleciona, organiza e interpreta estímulos visando a um quadro significativo e coerente do mundo. Para um melhor entendimento deste fator, Kotler (1998) sugeriu três processos: Atenção seletiva: é mais provável que o indivíduo perceba estímulos relacionados a uma necessidade atual, assim como é mais provável que perceba estímulos previstos e estímulos cujos desvios sejam maiores em relação a um estímulo normal. Distorção seletiva: tendência de as pessoas interpretarem as informações conforme suas intenções pessoais, o que reforça suas pré-concepções ao invés de contrariá-las. Retenção seletiva: as pessoas tendem a interpretar as informações que reforcem suas atitudes e crenças. Aprendizagem: Para Kotler (1998), aprendizagem são todas as mudanças ocasionadas no comportamento de um indivíduo em função de suas experiências. Já para Richers (1984) apud Medeiros e Cruz (2006) o homem é capaz de aprender e alterar os seus comportamentos através da ampla utilização de sua experiência passada. Crenças e atitudes: Conforme Kotler (1998), a crença é um pensamento descritivo que uma pessoa sustenta sobre algo. Quanto à atitude, afirma que é a resistência de uma pessoa às avaliações favoráveis, aos sentimentos emocionais e às tendências de ação em relação a algum objeto ou ideia. Ainda quanto Solomon (2002) apud Medeiros e Cruz (2006), uma atitude é duradoura porque tende a persistir ao longo do tempo. 43 2.10 TIPOS DE CONSUMIDORES Existem diferentes tipos de consumidores segmentados de acordo com sua orientação de compra. Assim, para Engel et al (2000, p. 288) apud Barth (2004), um consumidor pode ser caracterizado como: Consumidor consciente de alta qualidade, perfeccionista: aquele que busca qualidade nos produtos. Apresenta características de aprendizagem sistemático e analítico, bastante orientado aos objetivos; Consumidor consciente de marca, preço equivale à qualidade: admira marcas conceituadas e caras. Geralmente quem segue esse tipo de escolha pré-determinada exige pouco raciocínio e aprendizagem; Consumidor consciente de novidade e moda: aprecia produtos novos e que segue alguma tendência atual. São envolvidos em aprendizagem séria e centrada em observação; Consumidor consciente de fazer compras, recreativo: este tipo de consumidor considera o ato de fazer compras agradável e faz compras apenas pelo prazer que dá. A aprendizagem favorece o envolvimento e o gosto de comprar. Consumidor consciente de preço, valor pelo dinheiro: tem consciência de preços, de liquidações e de preços mais baixos em geral. A aprendizagem é ativa e concreta, orientada a fatos; Consumidor impulsivo, descuidado: tende a comprar irrefletidamente e é despreocupado quanto ao gosto ou quanto à busca pelas “melhores compras”. Geralmente busca menos informação e não se apropria do processo de aprendizagem; Consumidor confuso pelo excesso de escolha: sente-se sobrecarregado com tantas informações para escolher a respeito de marcas e lojas; Consumidor leal à marca, habitual: são consumidores que anteriormente obtiveram experiências positivas com determinada marca ou loja. Ainda segundo Solomon (2002) apud Barth (2004), existem outros consumidores que merecem ser citados: 44 Consumidor econômico: aquele racional, com metas definidas. Gosta de maximizar o valor de seu dinheiro; Consumidor personalizado: são aqueles que tendem a formar fortes laços com a equipe da loja; Consumidor ético: avalia que os menos favorecidos devem ser ajudados, apoiando os estabelecimentos locais às grandes redes de lojas; Consumidor apático: não se sente bem em comprar. Acha que a compra é necessária, porém desagradável; Consumidor recreativo: compara o ato de comprar como um hobby, seu passatempo preferido. 2.11 CULTURA E INFLUÊNCIAS FAMILIARES 2.11.1 Microcultura de Classes Sociais Ainda para um melhor entendimento sobre esse complexo mundo do comportamento do consumidor, Blackwell, Miniard e Engel (2005), classificam as classes sociais como microculturas. Para os autores a classe social é definida como sendo: Divisões relativamente permanentes e homogêneas em uma sociedade, nas quais os indivíduos ou famílias compartilhando valores, estilos de vida, interesses, riquezas, educação, posição econômica e comportamentos semelhantes podem ser categorizados. As pesquisas de marketing avaliam seus consumidores por essa grande ferramenta de caracterização. É a partir de algumas variáveis concretas que pode-se chegar a um estereótipo dos clientes. A ocupação, a instrução, a rede de amizades, o poder e o prestígio são alguns desses meios. Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), para os profissionais de marketing e os sociólogos, os agrupamentos por status são de interesse porque influenciam o que as pessoas compram e consomem. Esses agrupamentos refletem as expectativas da comunidade por estilo de vida em cada classe, assim como a estimativa social positiva ou negativa de honra dada a cada classe. 45 Entretanto, vale relembrar que, enquanto as “classes” são estratificadas com base nas suas relações com a produção e aquisição de bens, os “agrupamentos por status” são estratificados de acordo com o estilo de vida e os princípios de consumo de produtos. 2.11.2 O que Determina a Classe Social? Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), a classe social é fortemente influenciada pela família. Para os autores as variáveis que determinam a classe social têm sido identificadas através de vários estudos desde os anos 20. Foram estes e outros modernos estudos que reconheceram nove variáveis (Figura 2.9) que auxiliam na determinação das classes sociais, sendo seis (ocupação, desempenho pessoal, interações, posses, valores orientadores e a consciência) especialmente úteis na compreensão desta concepção. Variáveis Econômicas Ocupação Renda Riqueza Variáveis de Interação Prestígio pessoal Associação Socialização Variáveis Políticas Poder Consciência de classe Mobilidade Figura 2.9: Variáveis econômicas, de interação e políticas Fonte: Blackwell. Miniard e Engel (2005) Ocupação: A ocupação é o melhor indicador único de classe social na maioria das pesquisas do consumidor. O trabalho que os consumidores desempenham afeta fortemente o seu estilo de vida e seus padrões de consumo. Desempenho pessoal: O status de uma pessoa também pode ser influenciado pelo seu sucesso relativo aos outros na mesma ocupação – isto é, pelo desempenho pessoal do indivíduo. Muito embora a renda não possa servir como um bom indicador de classe social geral, ela pode servir como um gabarito para o desempenho pessoal dentro de uma ocupação. Interações: As pessoas se sentem mais à vontade quando estão com as pessoas de valores e comportamentos semelhantes. As associações a grupos e as interações são consideradas um determinante fundamental da classe social de uma pessoa. Posses: As posses são símbolos de associações de classe – não apenas o número de posses, mas a natureza das escolhas feitas. Assim, uma família de classe média pode escolher atapetar 46 totalmente os cômodos, enquanto outra de classe mais alta tem mais probabilidade de escolher tapetes orientais, mesmo que os preços sejam iguais. Valores de orientação: Os valores indicam a classe social à qual um indivíduo pertence. Quando um grupo de pessoas divide um conjunto comum de convicções abstratas que organizam e relacionam muitos atributos específicos, é possível categorizar um indivíduo em um grupo pelo grau em que ele possui esses valores. Consciência de classe: Uma das variáveis políticas importantes de classe social é a consciência de classe – o grau em que as pessoas em uma classe social têm consciência de si mesmas como um grupo distinto com interesses políticos e econômicos semelhantes. Assim, os anúncios de produtos para as classes mais altas são geralmente repletos de símbolos de classe social, mas os anúncios para as classes sociais média e baixa podem não ser bem recebidos se usarem um apelo direto de classe. 2.11.3 Classe Social e Comportamento do Consumidor Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), a classe social afeta o comportamento do consumidor de várias maneiras. Certos produtos como revistas, cervejas, móveis e carros são direcionados especificadamente para determinada classe seja ela “A” ou “D”. Assim, os consumidores associam marcas de produtos e serviços com as classes sociais específicas. Contudo, de acordo com os autores, para um melhor entendimento do assunto, os procedimentos para a segmentação de mercado incluem os seguintes passos: Identificação do uso do produto por classe social, Comparação de variáveis para a segmentação de classe social com outras variáveis (renda, ciclo de vida etc.), Descrição de características de classe social identificadas no mercado-alvo, Desenvolvimento de programa de marketing que maximize a eficácia do mix de marketing com base na consistência com atributos de classe social. 47 2.11.4 A Importância das Famílias e dos Lares no Comportamento do Consumidor Conforme afirmam Blackwell, Miniard e Engel (2005), as famílias ou lares tomam as suas decisões de compra dependente dos papéis que os vários membros da família desempenham na compra, consumo e influência do produto. Segundo os autores independentemente de quantos familiares estejam presentes quando os itens estão sendo comprados, os outros membros da família desempenham um importante papel na compra. Mesmo quando as pessoas moram sozinhas, elas podem preferir o mesmo (ou diferente) estilo de mobiliário ou marca de café consumida na família que as criou. Apesar de a comunicação de marketing ser geralmente dirigida aos indivíduos, os gerentes de marketing devem considerar as circunstâncias de consumo e a estrutura familiar antes de decidir por uma comunicação ou métodos de propaganda específicos para atingir o segmento escolhido como alvo. Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), a importância da família ou do lar no comportamento do consumidor surge por duas razões: 1. Muitos produtos são comprados por uma unidade familiar. 2. As decisões de compra individuais podem ser fortemente influenciados pelos outros membros da família. 2.11.5 Variáveis Sociológicas que Afetam as Famílias e os Lares De acordo com a teoria de Blackwell, Miniard e Engel (2005), os profissionais de marketing podem compreender melhor as opiniões domésticas e familiares estudando as dimensões sociológicas de como as famílias tomam suas decisões de consumo. Para tanto, existem três variáveis sociológicas que, segundo os autores, ajudam a explicar como as famílias funcionam incluem coesão, adaptabilidade e comunicação. Coesão: é a ligação emocional entre as os membros da família, A coesão mede quão próximo, no nível emocional, cada membro da família se sente com relação aos outros. Também reflete o senso de conectividade ou de separação com relação aos outros membros da família. 48 Adaptabilidade: mede a capacidade de uma família mudar sua estrutura de poder, papéis nos relacionamentos e regras dos relacionamentos em resposta a uma situação ou ao aumento do estresse. Os graus de adaptabilidade mostram quão bem uma família enfrenta os desafios em situações de mudança. Comunicação: é dimensão facilitadora, crítica para o movimento das duas outras dimensões. As habilidades de comunicação positivas (como empatia) capacitam os membros da família a compartilhar suas necessidades de mudança relacionadas com a coesão e a adaptabilidade. 2.11.6 Comportamento Conforme o Papel do Indivíduo Conforme explicam Blackwell, Miniard e Engel (2005), as famílias utilizam os produtos, apesar de os indivíduos os comprarem. Por isso, determinar quais produtos devem ser comprados, em qual varejista comprar, como e quando os produtos são usados e quem deve comprá-los é m processo complicado que envolve uma variedade de papéis e atores. São os papéis instrumentais e expressivos. Os papéis instrumentais de consumo, também conhecidos como papéis funcionais ou econômicos, abrangem o financeiro, a performance e outras funções desempenhadas pelos membros do grupo. Os papéis expressivos envolvem o apoio a outros membros da família no processo de decisão e a expressão das necessidades emocionais e estéticas da família, incluindo o suporte às normas familiares. Dessa forma, Blackwell, Miniard e Engel (2005), ainda complementam: Papéis individuais nas compras familiares: as decisões de consumo nas famílias envolvem, no mínimo, cinco papéis definidos, que podem ser assumidos pelos esposos, crianças ou outros membros do lar. 1. Iniciador/ “gatekeeper” (porteiro): é o iniciador no pensamento da família sobre a compra de produtos e aquele que reúne informações para ajudar na decisão. 2. Influenciador: o indivíduo cujas opiniões são procuradas no que compete aos critérios que a família deve usar em compras e quais produtos ou marcas se adaptam melhor a esses critérios de avaliação. 3. Decisor: a pessoa que possui a autoridade financeira ou o poder de decidir de que forma o dinheiro da família será gasto e em que produtos ou marcas. 49 4. Comprador: aquele que atua como o agente comprador indo à loja, ligando para fornecedores, preenchendo cheques, trazendo os produtos para casa, e assim por diante. 5. Usuário: A pessoa que usa o produto. Para se comunicar com os consumidores, os profissionais de marketing precisam conhecer em qual desses papéis o cliente se encaixa, lembrando que os diferentes membros da família assumem diferentes papéis dependendo da situação e do produto. Com isso, o marketing familiar foca, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), as relações entre os membros da família, baseado nos papéis que eles assumem, incluindo a relação entre o comprador e o consumidor familiar e entre o comprador e o decisor de compra. Papéis dos cônjuges nas decisões de compra: Como os cônjuges influenciam na decisão de compra na família? Blackwell, Miniard e Engel (2005) comentam: 1. Autônomo: um número igual de decisões é tomado por um dos cônjuges, mas cada decisão é individualmente feita por um ou outro cônjuge. 2. Marido dominante (“husband dominant”): o marido ou o homem como chefe da casa toma a maior parte das decisões. 3. Mulher dominante (“wife dominant”): a esposa ou a mulher como chefe da casa toma a maior parte das decisões. 4. Decisões em conjunto, ou consensuais: a maior parte das decisões é feita em conjunto por ambos os cônjuges. 50 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 NATUREZA DA PESQUISA Segundo Gil (2002), uma pesquisa pode ser definida como sendo o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. Para Pádua (2004), a intenção da pesquisa é a de elaborar conhecimentos que possibilitem compreender e transformar a realidade. Neste sentido, este estudo até então relatado, tem como principal função auxiliar a resolução do problema levantado acerca do comportamento do consumidor de móveis projetados da cidade de João Pessoa. Para isso, foi desenvolvida através de suas inúmeras fases, a coleta de informações que se adequaram a resolver este problema. Todavia, para uma melhor compreensão deste trabalho a pesquisa em questão foi classificada como descritiva. Conforme Gil (2002), a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Foram descritos na pesquisa informações acerca das características do perfil do grupo em questão (consumidores das lojas de móveis projetados de João Pessoa): sexo, estado civil, nível de escolaridade, etc. 3.2 MÉTODO DE ABORDAGEM Com intuito de atingir os objetivos propostos, fez-se valer as bases do método de abordagem indutivo para este estudo. Para este fim, foram coletados dados que situem o mercado da loja e assim, conhecer melhor o setor atual da capital paraibana. Segundo MARCONI E LAKATOS (2006), tem-se a definição deste método: A indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam. 51 3.3 TÉCNICAS DE PESQUISA Para a coleta dos dados realizada na loja de móveis citada anteriormente, tomou-se em questão a reunião dos dados que embasam o estudo proposto. Em decorrência desta importância, tem-se o uso das entrevistas. Segundo Pádua (2004), as entrevistas constituem uma técnica alternativa para se coletar dados não documentados, sobre um determinado tema. Para Gil (2002), a entrevista é a que apresenta maior flexibilidade e pode se caracterizar como informal (simples conversação), focalizada (enfoca tema bem específico), parcialmente estruturada (guiada por pontos de interesse que o entrevistador explora ao longo do curso) e por fim, totalmente estruturada (se desenvolve a partir de relação fixa de perguntas). Neste estudo foi então classificada a entrevista informal, realizada pelo entrevistador aos responsáveis pelas empresas e seus clientes. Assim, a entrevista possibilitou dar margem a uma percepção mais clara do cotidiano da empresa, e consequentemente, suas relações com os consumidores. Os dados foram avaliados de acordo com o instrumento de pesquisa selecionado, o questionário. 3.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA No que se refere ao instrumento de pesquisa, este estudo tomou como procedimento o questionário. Segundo Pádua (2002), os questionários são instrumentos de coleta de dados que são preenchidos pelos informantes, sem a presença do pesquisador. Para Gil (2004), a elaboração de um questionário consiste basicamente em traduzir os objetivos específicos da pesquisa em itens bem redigidos. 3.5 TRATAMENTO DOS DADOS Em relação ao tratamento dos dados coletados, estes foram analisados de acordo com as técnicas qualitativa e quantitativa. Qualitativa em decorrência da necessidade de descobrir o perfil dos consumidores. E quantitativa, através do programa Excel do Windows 2007, no 52 objetivo de conhecer as porcentagens dos dados juntamente com gráficos que elucidem o problema. 3.6 UNIVERSO Para a realização do presente estudo tomou-se em consideração uma loja situada na cidade de João Pessoa. Localizada na Avenida Epitácio Pessoa. A Euroline, faz parte hoje de um grupo de grandes empresas que tornou-se conceituada no mercado paraibano de móveis projetados. Essa loja foi escolhida para o estudo em questão pela acessibilidade garantida por parte dos empresários às informações nela contidas. Quanto aos pesquisados, a princípio foi especulado um perfil dos clientes decorrente das informações coletadas através de 543 questionários. Entretanto pela falta de tempo suficiente foram aplicados os questionários aqueles clientes que passarem pela loja no período da seguinte semana: 29 de junho a 04 de julho de 2009. 53 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS 4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS A pesquisa em questão foi realizada em uma loja de móveis projetados – Euroline – localizada na Av. Epitácio Pessoa e possui em seu banco de dados informações de 4.000 mil clientes. A princípio, após realizado cálculo sobre o número de clientes a serem questionados, foi encontrado um total de 543 clientes. Infelizmente por motivos de força maior (falta de tempo necessário, falta de disponibilidade dos dirigentes da empresa) foi realizada uma pesquisa com clientes que passaram pela loja no período decorrente da semana do dia 29 de junho de 2009 a 04 de julho de 2009, o que resultou em uma pesquisa de 24 questionários. Apesar do número relativamente pequeno, este estudo procurou realizar uma análise que abranja uma amostra ilustrativa do problema em questão. Partindo do objetivo geral proposto pelo estudo – analisar o comportamento do consumidor de móveis planejados em João Pessoa – foram ilustrados, por meio de gráficos (Excel 2007), o perfil destes consumidores. Todo o estudo foi referenciado por considerações que respaldaram o referencial teórico visto anteriormente, priorizando a linha de pensamentos e discussões dos autores Blackwell, Miniard e Engel (2005). Abaixo, seguem as representações gráficas. 4.1.1 Características do Perfil do Consumidor Gênero: A partir da análise dos questionários, foi percebido que a maioria dos clientes que frequentam a loja de projetados refere-se a população feminina (54%). De acordo com o estudo esse público possui poder decisório no processo de compra. São elas que interferem diretamente na escolha final dos produtos adquiridos pelas famílias. De acordo com a teoria de Blackwell, Miniard e Engel (2005), elas representam o papel de mulher dominante no ambiente do lar. Ou seja, são elas, como chefe da casa, que tomam a maior parte das decisões. Com isso, fica clara a preocupação que o departamento de marketing da empresa em questão deve ter ao vincular a propaganda dos móveis projetados. Apesar de não ser maioria absoluta, afinal os homens apresentam parcela considerável de participação na pesquisa (46%), as mulheres merecem atenção especial na vinculação da publicidade dos produtos. 54 Revistas (Nova, Estilo, Cláudia, Manequim, etc.), sites e programas televisivos voltados para o público feminino são bons meios de comunicação que podem desenvolver campanhas com resultados positivos. O Gráfico 4.1 ilustra este perfil do consumidor. Gráfico 4.1: Gráfico sobre o gênero Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 Grau de Instrução: Após a coleta dos dados pôde-se perceber que a grande maioria dos pesquisados (58%), possuem algum tipo de graduação, os outros clientes dividiram-se na mesma porcentagem em: pós-graduandos (21%) e os de ensino médio completo (21%). Não houve questionários que contemplassem clientes com ensino médio incompleto (Gráfico 4.2). Desta forma, conclui-se que os usuários de móveis projetados são pessoas que, por possuírem mais acesso a informação, possuem conhecimento sobre o produto que está sendo adquirido e seus direitos como consumidor. São consumidores exigentes e que procuram qualidade nas compras que realizam. Gráfico 4.2: Gráfico sobre o grau de instrução Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 55 Renda Pessoal: Em relação a renda pessoal dos clientes da loja, constatou-se que 29% dos pesquisados possuem uma renda bem elevada (R$ 3001 a R$4500). São clientes que, por serem exigentes, podem se dá ao luxo de satisfazerem algumas de suas necessidades nos produtos comprados. Em conversa informal com os dirigentes da loja, foi constatado que há diversos consumidores que fazem questão por materiais que possuam acabamentos perfeitos e pagam muito bem por alguns outros atributos, como peças de decoração e revestimentos. O que pode ser percebido neste estudo é que esses consumidores são clientes diferenciados e por este motivo merecem atenção especial no tipo de publicidade a ser vinculada. São clientes que residem em bons bairros da cidade e possuem um alto custo de vida. Assim, de acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2005), alguns produtos e marcas estão posicionados como símbolo de status, como os usados pela classe média e alta. É o chamado consumo conspícuo, conforme explicam Blackwell, Miniard e Engel (2005), é o desejo das pessoas em prover evidências visíveis da sua habilidade proeminente para comprar produtos caros. O que ajuda a explicar por que as classes diferentes consomem produtos diferentes. O Gráfico 4.3 representa a renda pessoal dos questionados. Gráfico 4.3: Gráfico sobre a renda pessoal Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 Bairro onde reside: Dos clientes pesquisados, a grande maioria (79%) reside em bairros situados na zona leste da cidade de João Pessoa. São bairros como Manaíra, Bessa e Cabo Branco. Os outros 21% residem em bairros da zona sul, como Bancários e Geisel. O que torna esse resultado interessante é o fato de poder direcionar campanhas em outdoors por alguns pontos estratégicos da cidade. São pontos onde esse determinado nicho de consumidores poderia ter mais acesso às informações de promoção da loja em questão. O 56 que poderia refletir até mesmo em redução de custos com envio de malas diretas, direcionando-os aos clientes mais interessados. A representação gráfica se dá pelo Gráfico 4.4. Gráfico 4.4: Gráfico sobre o bairro onde reside Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 Estado Civil: No que se refere ao estado civil dos pesquisados, ficou evidente que a grande representatividade desses consumidores é a dos casados (79%). Esses clientes são, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), influenciados pelas decisões de compra provenientes das escolhas de toda família. É provável que a filha ou o filho opinem pelo projeto desenvolvido para os quartos das crianças, ou até o marido opine para o projeto do quarto de casal da casa. Os solteiros, por sua vez, representam 9% dos pesquisados. Estes segundo os autores geralmente gastam quase tudo o que ganham em mobília, carro e comida. Eles não possuem muitas obrigações financeiras e não sentem a necessidade de poupar para o futuro ou a aposentadoria. Já os divorciados e viúvos (com menor representatividade na pesquisa) possuem respectivamente, segundo o Gráfico 4.5, 8% e 4%. Gráfico 4.5: Gráfico sobre o estado civil Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 57 Desta forma, ficam delimitadas as características acerca do perfil dos consumidores de móveis planejados. São consumidores formados em sua maioria por mulheres, que segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005) são consumidoras de múltiplos papéis femininos. Sejam mães, solteiras, casadas ou viúvas, são elas que possuem neste estudo o poder de decisão de compra. O que se torna válido é conhecê-las através de suas expectativas, de seus horários com os filhos e emprego e de seus estilos de vida, pois existe para o público feminino um plano de marketing que deve ser cuidadosamente desenvolvido. A segunda característica dos consumidores retrata um perfil de clientes com maior nível educacional. Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005) são esses clientes que possuem um maior acesso aos seus direitos como consumidor, que lêem revistas que vinculam produtos mais sofisticados (artes, decoração de interiores, dominação da natureza, tecnologia e moda) e que por sua vez são mais exigentes com os produtos que adquire. Já no que compete o perfil socioeconômico, como a renda pessoal e o bairro, fica claro por Blackwell, Miniard e Engel (2005), que o status social afeta o comportamento do consumidor de várias maneiras. Segundo os autores a análise deste segmento de mercado por este perfil ajuda no desenvolvimento de um trabalho de marketing abrangente que inclua as preferências e o comportamento do mercado-alvo. Isso poderá incluir atributos do produto, estratégia de mídia, estratégia criativa, canais de distribuição e estratégia de preço. 4.1.2 Características de Compra e Consumo As características de compra e consumo possibilitam delimitar as necessidades dos clientes da loja estudada. Essas informações complementam as características do perfil do consumidor e auxiliam ao profissional de marketing detalhar e propor um plano de marketing bem elaborado. O QUE O (A) LEVA A COMPRAR MÓVEIS PROJETADOS? Em relação às necessidades do consumidor de móveis projetados foi concluído que cerca de 26% dos pesquisados analisaram que o que mais atraem na hora da compra é a qualidade do material. O que ficou percebido também foi que esses clientes buscam produtos com durabilidade e bom acabamento. O que se traduz na exigência desses consumidores já percebida antes na análise do perfil, de acordo com os preceitos de Blackwell, Miniard e 58 Engel (2005). Cerca de 21% representaram os consumidores que buscam funcionalidade no projeto, ou seja, os produtos devem exercer a função a que realmente foi proposta. Em seguida, os clientes que buscam preço acessível são aqueles que representam 18% dos pesquisados. Já os clientes que procuram design nos projetos representam 12%. Em relação a beleza, 22% dos pesquisados buscam produtos que os atraiam visualmente em suas escolhas. Em contrapartida, apenas 1% dos entrevistados relacionam os móveis projetados ao status. Gráfico 4.6. Gráfico 4.6 Gráfico das necessidades Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 É A PRIMEIRA VEZ QUE ADQUIRE UM MÓVEL PROJETADO? Ao serem questionados sobre a frequência com que compram móveis projetados, os pesquisados demonstraram que 54% ainda não haviam tido nenhuma experiência com a compra desses produtos. Esses clientes certamente passaram por um processo de decisão, anteriormente referenciado na literatura da pesquisa por Blackwell, Miniard e Engel (2005), que vai desde o reconhecimento da necessidade até o seu estágio final, o descarte. Apesar dos resultados (Gráfico 4.7) que comprovam que a maioria não havia tido experiência com compras de móveis projetados, uma significativa quantidade de clientes, 46% confirmaram que já tinham adquirido algum projeto anteriormente. 59 Gráfico 4.7: Gráfico sobre a frequência de compra Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 SE NÃO, JÁ HOUVE PROBLEMA AO ADQUIRIR OUTRO MÓVEL? QUAL O MOTIVO? Em relação aos pesquisados que já haviam realizado algum tipo de projeto anteriormente, foi feita uma pesquisa a fim de verificar se já houve alguma decepção com algum projeto. Dentre essa população 78% dos clientes afirmaram que os maiores problemas advêm do prazo de entrega dos móveis (Gráfico 4.8). Há muita espera por parte dos consumidores que desejam seus projetos prontos e montados na data estipulada. Todavia, em conversa com os dirigentes da loja ficou esclarecido que a maior dificuldade encontrada pelos empresários é referente ao cumprimento dos prazos por parte dos fornecedores dos materiais. Desta forma, de acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2005), uma experiência de consumo gera um reforço positivo quando o consumidor recebe algum resultado positivo pelo uso do produto. Idealmente, as empresas desejam que seus produtos gerem o máximo de reforços positivos, assim, os consumidores estão muito mais sujeitos a repetir a compra. Gráfico 4.8: Gráfico sobre os problemas Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 60 O (A) SR (A) SE PREOCUPA SE OS MÓVEIS QUE ADQUIRE POSSUEM CERTIFICAÇÃO ECOLÓGICA? Ao serem questionados sobre a consciência ecológica (Gráfico 4.9), os clientes em sua maioria (58%) consideraram que não acham importante os móveis possuírem certificação ecológica. Eles não visualizam esse critério como sendo um elemento crucial no processo de decisão de compra. Para Blackwell, Miniard e Engel (2005), os valores essenciais são a base para se compreender os valores das pessoas e podem ser úteis para os profissionais de marketing. O que pode ser percebido atualmente é que, através de campanhas institucionais de várias empresas e de vários segmentos, há um aumento significativo na vinculação de produtos sustentáveis. Através dessas campanhas, segundo os autores, esses valores não só estabelece quais produtos devem ser consumidos, mas como devem ser conservados e descartados corretamente. Gráfico 4.9: Gráfico sobre a certificação ecológica Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 O (A) SR (A) MANTÉM-SE LEAL A UMA ÚNICA EMPRESA DE MÓVEIS PROJETADOS? Com esta pesquisa pôde-se chegar a conclusão de que 75% dos consumidores mantém-se leal as marcas de móveis projetados. São clientes que, por possuírem confiança numa determinada marca, tornam-se fiel e sempre pensam nela primeiro ao fazer um novo projeto de ambientação. Assim, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), vários estrategistas de marketing estão colocando mais ênfase na retenção dos consumidores que na busca de novos consumidores, pois geralmente é mais barato reter os seus clientes que atrair os novos. 61 O que percebe-se atualmente, segundo os autores, é que há um grande esforço por parte dos empresários para manter esses consumidores leais. Por isso, para aumentar a fidelidade, as organizações têm implementado uma variedade de programas de fidelidade ou recompensa, que por definição recompensa os “bons clientes”. Cartões de milhagem, status “ouro ou platina” e cartões de uso frequente são algumas das ferramentas utilizadas por inúmeras empresas no mundo inteiro. O Gráfico 4.10 elucida este questionamento. Gráfico 4.10: Gráfico sobre a lealdade Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 QUAIS MEIOS DE PROPAGANDA O (A) INFLUENCIOU PARA A COMPRA DESTE MÓVEL? Quanto a avaliação dos meios de propaganda que influenciaram os consumidores, 64% dos clientes afirmaram que a comunicação boca a boca surte efeito. Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), em algumas culturas a comunicação boca a boca ou os conselhos de um membro da família sobre a escolha de um produto ou marca é mais importante que as informações vindas de um anúncio. Esse tipo de comunicação além de influenciar o comportamento do consumidor e as avaliações pós-consumo afeta também outros comportamentos. Por isso, a busca pela satisfação do consumidor deve ser a meta primordial nos objetivos da empresa, pois consumidores não-satisfeitos muitas vezes fazem questão de dividir suas experiências negativas, mesmo com estranhos. Como resultado dessa pesquisa outros 24% responderam que a vitrine é a melhor propaganda da loja, 4% afirmaram que o preço divulga mais a empresa, outros 4% afirmaram que sua maior publicidade se deve à internet (site), contraponde-se aos outros 4% que consideram as revistas como sua maior vinculação. O Gráfico 4.11 representa abaixo essas opiniões. 62 Gráfico 4.11: Gráfico sobre a propaganda Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 EM QUE PERFIL DE CONSUMIDOR O (A) SR (A) SE ENCAIXA? Ao responderem sobre qual perfil os consumidores se encaixam os clientes realizaram uma auto-análise e afirmaram que são consumidores conscientes de qualidade (54%), ou seja, aqueles que, segundo Barth (2004), são clientes perfeccionistas e apresentam características de aprendizagem sistemático e analítico. Já os consumidores que são conscientes de moda perfazem 20% dos pesquisados. Eles são os clientes que apreciam produtos novos e que seguem alguma tendência atual. São consumidores envolvidos em aprendizagem séria e centrada em observação. Existem também outros 20% dos consumidores que se consideraram conscientes de preço. Ou seja, valorizam o dinheiro, as liquidações e os preços mais baixos em geral. A aprendizagem desses clientes é ativa e concreta, orientada a fatos. Já os que se consideram conscientes de marca totalizaram 2% do total dos pesquisados, são os clientes que comparam o preço à qualidade. Eles admiram marcas conceituadas e caras e geralmente seguem um estilo que exige pouco raciocínio e aprendizagem, devido à escolha pré-determinada. Os outros pesquisados (2%) são os conscientes de fazer compras. São consumidores recreativos, que se sentem bem pelo prazer que o ato de comprar resulta. E por fim, têm-se os consumidores leais à marca. São os consumidores que anteriormente obtiveram experiências positivas com a loja em questão. Não houve questionários que abrangesse o consumidor compulsivo (compra irrefletidamente) e o consumidor confuso pelo excesso de escolha (sente-se sobrecarregado com tantas informações). O Gráfico 4.12 retrata essa questão. 63 Gráfico 4.12: Gráfico sobre o perfil de consumidor Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 QUE CRITÉRIOS FORAM IMPORTANTES PARA A ESCOLHA DESTA LOJA? Através das respostas dos questionários quanto aos critérios de escolha da loja pôde-se concluir que a relação preço x qualidade (39%) é o principal critério para a escolha do determinado produto. Para a formulação inconsciente desses critérios por parte dos consumidores, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), existem algumas considerações que podem auxiliar os consumidores no processo de decisão de compra. São eles: 1) Confiar em avaliações preexistentes do produto armazenadas na memória ou; 2) Construir novas avaliações baseadas na informação adquirida pela busca interna (informações armazenadas na memória) ou busca externa (informações do mercado). Dessa forma, as avaliações preexistentes podem ter sido baseadas em compras anteriores ou com experiências de consumo indiretas, como as impressões dos amigos e familiares. Em decorrência disso, pôde-se constatar também que, como informa a pesquisa (Gráfico 4.13), os projetos e sua qualidade classificam-se como outro critério importante analisado pelos consumidores para a escolha da Euroline. Em terceiro lugar o pessoal de vendas (19%), projetistas, montadores e dirigentes, formaram outro detalhe importante. Já a localização (7%) – Epitácio Pessoa – foi lembrada por ser bastante central para clientes que moram em qualquer ponto da cidade de João Pessoa. Por fim, a propaganda/promoção da loja foi considerada por 3% dos pesquisados. 64 Gráfico 4.13: Gráfico sobre os critérios Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 QUE FATORES O (A) INFLUENCIAM NA HORA DA COMPRA? Para conhecer melhor os consumidores de lojas de móveis projetados em João Pessoa, foi questionado o que influencia esses clientes no momento da compra. Quais fatores os incentivam ou desestimulam no processo de decisão. Assim, a pesquisa em questão trouxe a percepção de que os clientes avaliam suas possibilidades de compra a partir de seus recursos disponíveis (20%) no momento. Já os consumidores que consideraram que a renda representa o principal fator na hora da compra atinge os 18%. Um total de 17% classificaram que a opinião dos familiares é o fator essencial e 14% consideraram que as experiências anteriores dos produtos (positivas ou negativas) são muito importantes. Em seguida outros 20%, distribuídos em duas metades afirmaram que as opiniões de parentes, amigos e estranhos são importantes na concepção dos conceitos. A outra metade (10%) avaliou que o conhecimento prévio (qualidade, durabilidade, etc.) do produto é um fator importante no processo de compra. Já os sentimentos (6%), as fases de vida (4%) e as motivações (1%) foram, numa escala de importância, os menos lembrados, entretanto, ainda sim importantes. O Gráfico 4.14 ilustra essa pesquisa. 65 Gráfico 4.14: Gráfico sobre a influência Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 O (A) SR (A) GASTARÁ TEMPO E ENERGIA NAS COMPRAS ATÉ QUE A ALTERNATIVA PREFERIDA SEJA ENCONTRADA? Ao avaliar a capacidade do consumidor em se comprometer em procurar um produto ou serviço que lhe ofereça mais segurança, a maioria (67%) dos clientes afirmou que esta busca compensa o resultado final da compra (Gráfico 4.15). São clientes que, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), desenvolvem, através de processos, seus valores, motivações e atividades habituais de acordo com o tempo que gastam nas compras. Assim, para os autores, existem dois fatores relacionados ao tempo que afetam o grau de envolvimento em uma decisão – quanto tempo o consumidor se dedica à solução do problema e quão rapidamente a decisão deve ser tomada. Ainda de acordo com os autores, a busca por um determinado produto vem do reconhecimento da sua necessidade, ciclo este, presente no processo de tomada de decisão. Assim, a busca, segundo este processo, representa a ativação motivada de conhecimento armazenado na memória ou a aquisição do ambiente relacionado à satisfação potencial da necessidade. . 66 Gráfico 4.15 Gráfico sobre a disponibilidade Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 EXISTE ALGUMA INTENÇÃO DE RECOMPRA NESTA LOJA? Ao serem questionados sobre a intenção de recompra, os clientes foram categóricos ao afirmarem que pretendem voltar a comprar na loja. Todos possuem desejo em planejar outros ambientes. O que mostra também que as compras de móveis projetados estão aumentando gradativamente no mercado paraibano (Gráfico 4.16). Gráfico 4.16: Gráfico sobre a intenção de recompra Fonte: Dados tabulados da pesquisa de 2009 Ao serem questionados sobre o porquê da intenção de recompra foi percebido que os consumidores avaliaram como os principais princípios básicos de ponderação o atendimento prestado pelos funcionários e a qualidade empregada nos materiais. Assim, para Blackwell, Miniard e Engel (2005), a satisfação do consumidor se dá apenas quando o desempenho percebido confirma as expectativas dos consumidores. O que demonstra que esses resultados são significantes pelo fato dos consumidores guardarem na memória a determinada loja e, em decisões futuras, pensarem nela primeiro ao avaliarem as circunstâncias de compra. 67 Para responderem a essa questão 21 (vinte e um) dos 24 (vinte e quatro) pesquisados analisaram os fatores determinantes para a escolha da avaliação pós-consumo. O quadro 2 relata as opiniões dos respondentes. “Qualidade de serviço e atendimento.” (Respondente 1) “O atendimento foi muito bom.” (Respondente 2) “Pretendo comprar para outros ambientes” (Respondente 3) “Por ter preenchido o básico: preço, qualidade, prazo de entrega.” (Respondente 4) “Prazo de entrega.” (Respondente 5) “Garantia diferenciada.” (Respondente 6) “Porquê satisfez na última compra.” (Respondente 7) “Serviço da melhor qualidade.” (Respondente 8) “Fui bem atendida.” (Respondente 9) “Fui bem atendida e estou satisfeita com que comprei.” (Respondente 10) “Estou satisfeita com a última compra nesta loja.” (Respondente 11) “Pela qualidade e atendimento.” (Respondente 12) “Por indicação e uso do material.” (Respondente 13) “Produtos de qualidade.” (Respondente 14) “Comprar o restante dos móveis.” (Respondente 15) “Porque ainda falta os móveis dos outros ambientes e gostou da qualidade.” (Respondente 16) “Gostamos da qualidade.” (Respondente 17) “Gostou da qualidade.” (Respondente 18) “Parentes que vão comprar.” (Respondente 19) “Foi bem atendida.” (Respondente 20) “Porque fui maravilhosamente bem atendida e as condições me foram favoráveis.” (Respondente 21) Quadro 2: Respostas sobre o por quê da intenção de recompra Fonte: Dados da pesquisa (2009) O SITE DA EMPRESA O (A) AUXILIA EM QUAIS PONTOS? Para responder a este questionamento os consumidores, em sua maioria, avaliaram que o site da empresa auxilia em alguns pontos os clientes da loja. Um total de 17 (dezoito) respondentes analisaram que o site é mais um canal de comunicação com a empresa, mostrando as tendências em móveis e decoração em geral. Os outros 7 (seis) consumidores afirmaram que nunca chegaram a entrar no site ou que este canal não o influencia diretamente na compra. Esses resultados embasam a teoria de que, segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), esse tipo de mercado ainda não se concretizou formalmente por não oferecer, muitas vezes, segurança aos consumidores, como dados sobre o endereço ou informações do cartão de crédito. Por isso que, para os autores, os clientes tomam as decisões de consumo apenas quando tocam e experimentam os produtos, o que é impossível para a compra virtual. 68 Conforme explicam Blackwell, Miniard e Engel (2005), a compra pela internet é mais eficiente e preferível às outras formas de compra quando: Quando você não pode ir fisicamente à loja; Quando o telefonema é difícil ou não é conveniente; Quando se trata de uma compra repetida; Quando o consumidor está familiarizado com os produtos que estão sendo pedidos Quando o consumidor não precisa do produto imediatamente. O Quadro 3 demonstra as respostas dos questionário que de certa forma avaliaram positivamente o uso do site institucional. Já o Quadro 4 representa as opiniões contrárias. “Sim, promove tendências dos móveis.” (Respondente 1) “Visualização.” (Respondente 2) “Na confiabilidade.” (Respondente 3) “Na variação de idéias.” (Respondente 4) “Visualizar tendências.” (Respondente 5) “Na ambientação dos cômodos.” (Respondente 6) “Vistas de ambientes.” (Respondente 7) “Informações adicionais.” (Respondente 8) “Visão dos ambientes.” (Respondente 9) “Visão dos materiais disponíveis, cor e ambientes.” (Respondente 10) “Sim, visão de projetos – sugestões.” (Respondente 11) “O site sempre está com novidade dos produtos.” (Respondente 12) “Ver novas tendências.” (Respondente 13) “Sim, pois temos respostas imediatas.” (Respondente 14) “Sim, para conhecer melhor os produtos.” (Respondente 15) “Praticidade.” (Respondente 16) “Em conhecer mais os produtos e as tendências de mercado.” (Respondente 17) Quadro 3: Respostas sobre o enfoque positivo relacionado ao site da instituição Fonte: Dados da pesquisa (2009) “Não auxilia muito no que diz respeito ao show room da loja local.” (Respondente 18) “Não influenciou.” (Respondente 19) “Não consultou.” (Respondente 20) “Não consultei ainda.” (Respondente 21) “Não consultou.” (Respondente 22) “Não olhei” (Respondente 23) “Não consultou.” (Respondente 24) Quadro 4: Respostas sobre o enfoque negativo relacionado ao site da instituição Fonte: Dados sobre a pesquisa (2009) 69 O (A) SR (A) ACREDITA QUE EXISTA ALGUM PONTO A SER MELHORADO NESTA LOJA? SE SIM QUAIS? Em relação aos pontos que podem ser melhorados na loja os clientes mantiveram-se neutros neste quesito, pois apenas alguns consumidores deram sugestões concretas sobre o assunto. Um total de 13 (treze) clientes foram favoráveis às mudanças. Entretanto, esses consumidores apesar de terem julgado como necessário algumas modificações essenciais, eles não entraram em detalhes em quais pontos poderiam ser melhorados. Dos 24 (vinte e quatro) respondentes, 5 (cinco) não responderam a esse questionamento. E outros 6 (seis) mantiveram-se imparciais, ou seja, afirmaram que nada tinham a acrescentar ou por enquanto não. O Quadro 5 representa as respostas mais significativas deste questionamento. “Entrega mais rápida.” (Respondente 1) “Para mim tá bom” (Respondente 2) “Mais promoções e divulgação de lançamentos.” (Respondente 3) “Sempre” (Respondente 4) “A climatização poderia ser melhor.” (Respondente 4) “Nada a acrescentar, sempre está bonita.” (Respondente 5) “A loja está bem decorada.” (Respondente 6) “Sim, aumento do prazo de pagamento e diminuir o prazo de entrega.” (Respondente 7) “A diversidade dos produtos” (Respondente 8) Quadro 5: Respostas sobre os pontos a serem melhorados na loja Fonte: Dados sobre a pesquisa (2009) 70 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 5.1 CONSIDERAÇÕES A cada dia, diversos tipos de consumidores são expostos a uma ampla variedade de produtos e serviços. Propagandas vinculadas em televisão, internet, outdoors, jornais e rádio possibilitam estabelecer uma conexão com diferentes consumidores, permitindo a estes alcançar os mais intrínsecos desejos. O objetivo primordial deste estudo foi de estabelecer as bases para a compreensão sobre a forma como os consumidores tomam suas decisões de compra, pondo foco na análise do comportamento do consumidor em lojas de móveis planejados de João Pessoa. Através de teorias cada vez mais amplas sobre o assunto foram coletadas informações que, confrontadas com o referencial teórico, possibilitou dar margem às interpretações sobre as diversas situações sobre consumo. Situações estas que, podem afetar a vida tanto dos clientes, como dos profissionais envolvidos na área. A proposta desse estudo foi de conhecer os consumidores a partir de sua tomada de decisão e as influências que o consumidor recebe nesse processo. Desta forma, ficou claro que os consumidores de móveis projetados são clientes, formado em grande parte, pelo público feminino que buscam produtos que aliem beleza e qualidade. São consumidores que procuram informações acerca dos produtos e lojas que frequentam, através de seu círculo de contatos – amigos, parentes, conhecidos ou até mesmo desconhecidos. O que também foi percebido foi a necessidade da qual o consumidor carece. É a necessidade por produtos que possuam um preço acessível aliado, além da beleza, também à qualidade. Esses clientes, por serem mais instruídos (conforme pesquisa), estão preocupados com a qualidade dos produtos, e sabem como reconhecê-la. Com isso, sob uma visão mais sucinta da análise, o estudo sobre o comportamento do consumidor buscou conhecer como os clientes de móveis projetados anseiam por bons produtos. Dando embasamento concreto para os empresários e profissionais de marketing buscarem melhorias contínuas na qualidade dos produtos e serviços prestados. Possibilitando, assim, resultados promissores para a satisfação dos consumidores, como a melhoria das condições de pagamento, serviço de entrega mais ágil, mais promoções e lançamentos, entre outros. 71 5.2 LIMITAÇÕES DO ESTUDO Para concluir este estudo não houve empecilhos que pudessem dificultar seu desenvolvimento. O fato da loja Euroline ter sido escolhida foi justamente pela acessibilidade garantida pelos dirigentes da empresa. O que possibilitou contatos constantes antes e depois da pesquisa em questão. 5.3 SUGESTÕES PARA ESTUDO FUTURO Como sugestão para estudos futuros há a possibilidade de implantar um plano de marketing detalhado que abranja as informações contidas a partir desta análise, possibilitando sugestões que fortaleçam ainda mais o relacionamento da empresa com os consumidores. 72 REFERÊNCIAS BARTH, Célia Amaral Souza Marengo. O comportamento do consumidor na compra no varejo eletrônico. FGV EAESP, 2004. Disponível em: <http://virtualbib.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/2461/68474.PDF?sequence=1>. Acesso em: 03 mar. 2009. BETTI, Renata. O sabão que aqui lava não lava como lá. Veja, São Paulo, v. n 25 p. 134 – 138, jun., 2009. BLACKWELL, Roger D.; MINIARD, Paul W.; ENGEL, James F. Comportamento do consumidor. São Paulo: Pioneira Thomson Learnig, 2005. FORMICA. Disponível em: <http://www.formica.com.br/produtos/estrutural.htm>. Acesso em: 01 fev. 2009. GIGLIO, Ernesto M. O comportamento do consumidor. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. KARSAKLIAN, Eliane. Comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2000. KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998. KOTLER, Philip.; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica. 4. ed. 3. reimpressão. São Paulo: Atlas, 2006. MEDEIROS, Janine Fleith de.; CRUZ, Cassiana Maris Lima. Comportamento do consumidor: Fatores que influenciam no processo de decisão de compra dos consumidores. Passo Fundo, 2006. Disponível em: <http://www.upf.br/cepeac/download/rev_esp_2006_art8.pdf>. Acesso em 12 nov. 2008. 73 OLIVEIRA, Luciana. Diversidade com praticidade: a inovação do Formplast. Artestudio Revista, João Pessoa n.18, Jun-Ago, 2007. Disponível em: <http://www.artestudiorevista.com.br/pagina.php?id=155&rev=18>. Acesso em: 01 fev. 2009. PADUA, Elisabete Matallo Marchesini de. Metodologia da pesquisa. 10 ed. rev. e atual. Campinas: Papirus, 2004. RODRIGUES, Márcia Aparecida.; JUPI, Viviane da Silva. O comportamento do consumidor – fatores que influenciam em sua decisão de compra. Revista de Administração Nobel. n. 03, p. 59-70, Jan-Jun, 2004. Disponível em: <http://www.faculdade.nobel.br/templates/administracao/revista/2005-0303/07_artigo_05.pdf>. Acesso em: 16 out. 2008. SINDUSCON. Disponível em: <http://www.sindusconjp.com.br/institucional/reconhecimento.jsp>. Acesso em: 15 mar. 2009. SOLOMON, Michael R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 7 ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. VIEIRA, Kaylle. MDF e aglomerados: há muitas diferenças entre eles. Artestudio Revista, João Pessoa, n. 16, p. 56-57. 2006. 74 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO ENTRE OS PESQUISADOS UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO QUESTIONÁRIO DE APLICAÇÃO SOBRE O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DAS LOJAS DE MÓVEIS PROJETADOS EM JOÃO PESSOA NOTA: ESTE QUESTIONÁRIO DESTINA-SE EXCLUSIVAMENTE A AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR NAS LOJAS DE MÓVEIS PROJETADOS DE JOÃO PESSOA, NO INTUITO DE CONHECER AS CARACTERÍSTICAS DESTE SEGMENTO DO MERCADO PARAIBANO. POR FAVOR NÃO SE IDENTIFIQUE CARACTERÍTICAS DO CONSUMIDOR 1) GÊNERO FEMININO MASCULINO 2) GRAU DE INSTRUÇÃO MÉDIO COMPLETO GRADUAÇÃO MÉDIO INCOMPLETO PÓS-GRADUAÇÃO 3) RENDA PESSOAL MENOS DE 1500 DE 1501 A 3000 DE 4001 A 6000 ATÉ 1500 DE 3001 A 4500 ACIMA DE 6000 4) EM QUE BAIRRO O (A) SR (A) RESIDE? ____________________________________________________________________________________________________ 5) ESTADO CIVIL SOLTEIRO (A) DIVORCIADO (A) CASADO (A) VIÚVO (A) CARACTERÍSTICAS DE COMPRA E DE CONSUMO 6) O QUE O (A) LEVA A COMPRAR MÓVEIS PROJETADOS? BELEZA QUALIDADE PREÇO STATUS FUNCIONALIDADE DESIGN OUTROS ____________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________ 7) É A PRIMEIRA VEZ QUE ADQUIRE UM MÓVEL PROJETADO? SIM NÃO 75 8) SE NÃO, JÁ HOUVE PROBLEMA AO ADQUIRIR OUTRO MÓVEL? QUAL O MOTIVO? PRAZO DE ENTREGA DANOS DURANTE O TRANSPORTE MÁ QUALIDADE DO PRODUTO PROBLEMAS DURANTE A INSTALAÇÃO OUTROS ______________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ 9) O (A) SR (A) SE PREOCUPA SE OS MÓVEIS QUE ADQUIRE POSSUEM CERTIFICAÇÃO ECOLÓGICA? SIM NÃO 10) POR QUÊ? ____________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________ 11) O (A) SR (A) MANTÉM-SE LEAL A UMA ÚNICA EMPRESA DE MÓVEIS PROJETADOS? SIM, POR ME IDENTIFICAR COM OS VALORES DAQUELA EMPRESA. NÃO, PROCURO CONHECER OUTROS PRODUTOS. 12) QUAIS MEIOS DE PROPAGANDA O (A) INFLUENCIOU PARA A COMPRA DESTE MÓVEL? TV (NOVELAS, COMERCIAIS) OUTDOORS INDICAÇÃO (AMIGOS) INTERNET (SITES) REVISTAS MALA DIRETA OUTROS ______________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ 13) EM QUAIS PERFIS DE CONSUMIDOR O (A) SR (A) SE ENCAIXA? CONSUMIDOR CONSCIENTE DE QUALIDADE (BUSCA QUALIDADE NOS PRODUTOS) CONS. CONSCIENTE DE MARCA (COMPRA MARCAS CARAS, BEM CONHECIDAS) CONS. CONSCIENTE DE MODA (GOSTA DE PRODUTOS NOVOS E INOVADORES) CONS. CONSCIENTE DE FAZER COMPRAS (FAZ COMPRAS PELO PRAZER QUE DÁ) CONS. CONSCIENTE DE PREÇO (TEM CONSCIENCIA DO PREÇO, LIQUIDAÇÃO) CONS. IMPULSIVO (COMPRA IRREFLETIDAMENTE) CONS. CONFUSO PELO EXCESSO DE ESCOLHAS CONS. LEAL A MARCA 14) QUE CRITÉRIOS FORAM IMPORTANTES PARA A ESCOLHA DESTA LOJA? LOCALIZAÇÃO PROPAGANDA E PROMOÇÃO PREÇO/ QUALIDADE VARIEDADE DE PROJETOS MARCA PESSOAL DE VENDAS ATMOSFERA DA LOJA (LAYOUT DE PRODUTOS, FACHADA, ESTACIONAMENTO, ETC) OUTROS 76 ____________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________ 15) QUE FATORES O (A) INFLUENCIAM NA HORA DA COMPRA? (PODE MARCAR QUANTAS OPÇÕES PREFERIR) RENDA SENTIMENTOS EXPERIÊNCIAS ANTERIORES FAMÍLIA CONHECIMENTO OPINIÕES RECURSOS DISPONÍVEIS MOTIVAÇÕES FASE DE VIDA 16) O (A) SR (A) GASTARÁ TEMPO E ENERGIA NAS COMPRAS ATÉ QUE A ALTERNATIVA PREFERIDA SEJA ENCONTRADA? SIM NÃO 17) EXISTE ALGUMA INTENÇÃO DE RECOMPRA NESTA LOJA? SIM NÃO 18) POR QUÊ? ______________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________ 19) O SITE DA EMPRESA O (A) AUXILIA EM QUAIS PONTOS? ______________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________ 20) O (A) SR (A) ACREDITA QUE EXISTA ALGUM PONTO A SER MELHORADO NESTA LOJA? SE SIM QUAIS? ___________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________ 77 APÊNDICE B – MÓVEIS PROJETADOS Os móveis projetados aumentam seus níveis de vendas a cada ano. Diversas lojas abrem suas filiais em diferentes pontos da cidade, o que possibilita uma diversificação do segmento de mercado. Por apresentam um alto custo comercial, são fabricados de acordo com as exigências dos clientes, mantendo sempre o nível de qualidade presente nos materiais empregados. O mobiliário projetado apresenta em sua composição diversos tipos de materiais que o compõe, como: MDF, Formplast e laminados em Formica®. De acordo com a revista ArteStudio (2006), segundo informações da autora Kaylle Vieira (2006), têm-se a descrição do MDF: MDF: o MDF, placa de fibra de madeira de média densidade, é um material muito utilizado atualmente por empresas e marceneiros na fabricação de móveis. Por ser bastante fácil de manusear, ele é muito requisitado por arquitetos e decoradores para fazer a estrutura de móveis, painéis e portas, pois apresenta vantagem na hora de criar curvas e recortes. O MDF (Figura B.1) corresponde a um compensado de fibras de madeira, como toras de pínus ou eucalipto reflorestado, adicionado a resinas sintéticas. Outra característica importante na escolha do MDF é o fato dele ser resistente a cupins. A essa particularidade se deve ao fato dele ser composto por substâncias como a uréia e o formal. Entretanto, apesar de sua facilidade em ser trabalhado e da grande procura no mercado paraibano, o MDF carece de cuidados especiais para a sua manutenção, como: evitar contato constante com a água (pois o material pode reter o líquido), evitar uso de materiais químicos ou abrasivos, a fim de não danificar o revestimento do material. Para esses cuidados é necessário o uso apenas de pano umedecido com sabão neutro não alcalino, evitar fontes excessivas de luz solar ou qualquer tipo de calor. Figura B.1: Chapas de MDF Fonte: Revista Artestudio n°16 78 Formplast: segundo Oliveira (2007), o Formplast pode ser utilizado como revestimento de móveis em compensado e MDF. Por ser uma boa opção para acabamentos e revestimentos de qualidade, é bastante usado pela indústria moveleira. Está disponível em uma diversificada gama de cores e em tons de madeira, como o marfim, tabaco, além do padrão de aço escovado. FiguraB.2: Formplast Fonte: Revista ArteStudio n°18 Formica®: segundo o site institucional da Formica®, este material é um revestimento utilizado para diversas aplicações em móveis. É um produto que alia beleza, resistência e praticidade. Esse laminado fabricado pela empresa Formica® oferece uma grande coleção de cores e acabamentos. A sua composição se baseia na impregnação de materiais celulósicos com resinas termoestáveis, formando assim um conjunto que será prensado sob alta temperatura e pressão.