Transtornos de ansiedade nas crianças e jovens Dando continuidade ao tema Perturbações Psiquiátricas nas Crianças e Jovens, vou neste artigo centrar-me sobre os Transtornos de Ansiedade. Os Transtornos de ansiedade são dos transtornos psiquiátricos mais comuns na criança e no adolescente. Até 10% das crianças sofrem de algum transtorno ansioso. A ansiedade é uma emoção em que existe um misto de medo e de apreensão, acompanhado de alguma tensão, face à antecipação de um perigo real ou imaginário. A ansiedade é normal, faz parte da vida de todas as crianças e adultos. O problema surge quando esta ansiedade se torna muito elevada e muito presente, passando a perturbar a vida da criança e o seu normal funcionamento. Tanto a ansiedade como o medo são considerados patológicos quando são exagerados e desproporcionados face ao estimulo que os causa e quando interferem na qualidade de vida e no desempenho da criança. Tipos de Transtornos de Ansiedade: Transtorno de Ansiedade Generalizada (tem como característica uma ansiedade excessiva em diversas situações ou atividades, que perdura por um período de pelo menos 6 meses) Ansiedade de Separação (excessiva ansiedade face ao afastamento dos pais ou dos seus substitutos, que perdura pelo menos durante 4 semanas) Stess pós-traumático (desenvolvimento de sintomas de grande ansiedade após a ocorrência de um acontecimento stressante, durante mais de 1 mês) Transtorno obsessivo-compulsivo (são pensamentos obsessivos e/ou compulsões, que causam grande sofrimento emocional e levam a criança a consumir muito tempo nestes pensamentos e rituais) Transtorno de Ansiedade Social (medo acentuado ou persistente de situações sociais ou de situações em que venha a sentir vergonha) Fobia Específica (medo acentuado ou persistente de objetos ou situações bem definidos) A ansiedade vai manifestar-se em três planos diferentes mas interligados: - ao nível do pensamento, surgindo nas crianças pensamentos ansiógenos (ex. pensar que não a vêm buscar à escola) - no plano físico, ficando a criança mais alerta, o seu corpo preparase para essa situação, reagindo com certos sintomas como: aumento da frequência cardíaca, respiração acelerada, náusea, transpiração. Surgem, normalmente, as dores de cabeça, de estômago, diarreia, cansaço e até febre. - no plano comportamental, a criança apresenta comportamentos em conformidade com o que está a pensar e a sentir, como por exemplo choro, ficar agarrado ao adulto, não querer sair de casa. Intervenção/tratamento É consensual que qualquer transtorno necessita de ser tratado o mais breve possível, para evitar agravamento e compromisso ao nível escolar e social. A intervenção deve passar por: Orientação aos pais e à criança (consciencialização da família acerca do transtorno e aumento da autonomia da criança e do seu reforço positivo. Exs: ajudar as crianças e encorajá-las a enfrentarem as atividades que lhe provocam ansiedade; ensinar as crianças a centrarem-se nos aspetos positivos e a serem otimistas; ajudar as crianças a serem autónomas e a conseguirem ultrapassar as suas dificuldades; os pais funcionarem como modelos e explicarem como fazem para ultrapassar os seus medos; mostrar à criança que a única forma de ultrapassar os seus medos é enfrentar o problema, obviamente com a ajuda e suporte dos pais. Psicoterapia (podendo ser utilizadas várias técnicas, dentro das terapias cognitivo comportamentais) Psicofármacos (em casos em que os sintomas da ansiedade sejam mais graves, poderá ser necessário utilizar psicofármacos, mas a utilização deverá ser sempre avaliada e monitorizada).