Hospital Santa Mônica realiza palestra para a comunidade sobre Transtornos de Personalidade Borderline No próximo dia 23 de novembro, às 13h, dr. Rodrigo Machado, psiquiatra do Hospital Santa Mônica, em São Paulo, dará uma palestra aberta, gratuita, ao vivo, pelo Facebook, sobre Transtorno de Personalidade Borderline. Para fazer inscrição basta a inscrição no link https://www.facebook.com/events/1123458847709982/ . Personalidade descreve os padrões característicos de pensamento, sentimento e comportamento que compõem quem somos e como pensamos sobre nós mesmos. Para a maioria das pessoas, isso permanece razoavelmente consistente. Para alguns indivíduos, no entanto, eles podem ter dificuldades em saber como eles pensam e sentem sobre si mesmos e em relação aos outros. Para alguém que passa por um transtorno de personalidade (TP) essas dificuldades são problemáticas, pois afetam negativamente o seu bem-estar, saúde e relacionamentos com os outros. É difícil encontrar uma definição abrangente para estas condições, que incluem Transtorno de Personalidade Borderline (TPB ) e Transtorno da personalidade Antissocial (TPAS), como o conceito de personalidade e são difíceis de definição. Devido a esta dificuldade, TP pode, muitas vezes passar despercebido e não ser diagnosticado por um longo período. A incidência é de 1 a cada 20 pessoas tem TP. O TP afeta a forma como um indivíduo lida com a vida, como eles conseguem sentir emoções e se conectam com outras pessoas. Pessoas com TP podem achar que suas crenças e atitudes são diferentes da maioria das pessoas que podem achar o seu comportamento incomum, inesperado ou mesmo ofensivos, às vezes. Como resultado, os indivíduos com TP podem ter dificuldades como: • Manter relações com outras pessoas; • Conectar-se com outras pessoas, incluindo amigos, familiares ou colegas de trabalho; • Gerir e controlar as suas emoções; • Lidar com sentimentos difícieis da vida; • Controlar seus comportamentos e impulsos. Como resultado, as pessoas com TP podem se sentir isoladas e sozinhas. Os indivíduos com esses transtornos têm maior risco de suicídio, com níveis mais elevados de automutilação e abuso de drogas e álcool, relatados como métodos de lidar com estas emoções difíceis e esmagadoras. Também pssuem maior risco de sofrer outro tipo de transtorno mental, como a depressão. Devido à complexidade e ao impacto desta doença há um crescente reconhecimento de que o TP é um importante problema de saúde mental que precisa de atenção e cuidados. Tipos de Transtorno da Personalidade • Transtorno de Personalidade Borderline Indivíduos instáveis em suas emoções e muito impulsivos, com esforços incríveis para evitar abandono (até tentativas de suicídio). Têm rompantes de raiva inadequada. As pessoas a sua volta são consideradas ótimas, mas frente a recusas tornam-se péssimas rapidamente, sendo desconsideradas as qualidades anteriormente valorizadas. Costumam apresentar uma hiperreatividade afetiva, em que as situações boas são ótimas ou excelentes, e as ruins ou desfavoráveis são péssimas ou catastróficas. • Transtorno de Personalidade obsessivo-compulsivo Indivíduos preocupados com organização, perfeccionismo e controle, sempre atento a detalhes, listas, regras, ordem e horários. Dedicação excessiva ao trabalho, dão pouca importância ao lazer. Teimosos, não jogam nada fora ("pão-duro") e não conseguem deixar tarefas para outras pessoas. • Transtorno da Personalidade Esquizotípica Indivíduos excêntricos e estranhos, que têm crenças bizarras, com experiências de ilusões e pensamento e discurso extravagante. Falta de amigos e muita ansiedade no convívio social. • Transtorno da Personalidade Esquizoide Indivíduos distanciados das relações sociais, que não desejam ou não gostam de relacionamentos íntimos, realizando atividades solitárias, de preferência. Pouco ou nenhum interesse em relações sexuais com outra pessoa, e pouco ou nenhum prazer em suas atividades. Não têm amigos íntimos ou confidentes, não se importam com elogios ou críticas, sendo frios emocionalmente e distantes. Transtono de Personalidade Paranoide Indivíduos desconfiados, que se sentem enganados pelos outros, com dúvidas a respeito da lealdade dos outros, interpretando ações ou observações dos outros como ameaçadoras. São rancorosos e percebem ataques a seu caráter ou reputação, muitas vezes ciumentos e com desconfianças infundadas sobre a fidelidade dos seus parceiros e amigos. • Transtorno da Personalidade Antissocial Indivíduos que desrespeitam e violam os direitos dos outros, não se conformando com normas. Mentirosos, enganadores e impulsivos, sempre procurando obter vantagens sobre os outros. São irritadiços, irresponsáveis e com total ausência de remorsos, mesmo que digam que têm, mais uma vez tentando levar vantagens. Podem estabelecer relacionamentos afetivos superficiais, mas não são capazes de manter vínculos mais profundos e duradouros. • Transtorno da Personalidade Narcisista Indivíduos que se julgam grandiosos, com necessidade de admiração e que desprezam os outros, acreditando serem especiais e explorando os outros em suas relações sociais, tornando-se arrogantes. Gostam de falar de si mesmos, ressaltando sempre suas qualidades e por vezes contando vantagens de situações. Não se importam com o sofrimento que causam nas outras pessoas e muitas vezes precisam rebaixar e humilhar os outros para que se sintam melhor. Transtorno de Personalidade Histriônica: Indivíduos facilmente emocionáveis, sempre em busca de atenção, sentindo-se mal quando não são o centro das atenções. São sedutores, com mudanças rápidas das emoções. Tentam impressionar aos outros, fazendo uso de dramatizações, e tendem a interpretar os relacionamentos como mais íntimos do que realmente são. Transtorno de Personalidade Esquiva: Indivíduos tímidos (exageradamente), muito sensíveis a críticas, evitando atividades sociais ou relacionamentos com outros, reservados e preocupados com críticas e rejeição. Geralmente não se envolvem em novas atividades, vendo a si mesmos como inadequados ou sem atrativos e capacidades. Transtorno de Personalidade Dependente: Indivíduos que têm necessidade de serem cuidados, submissos, sempre com medo de separações. Têm dificuldades para tomar decisões, necessitam que os outros assumam a responsabilidade de seus atos, não discordam, não iniciam projetos. Sentem-se muito mal quando sozinhos, evitando isso a todo custo. Há muito debate sobre o uso de categorias para diagnósticar o TP, em virtude das pessoas se sentirem julgadas, e rotuladas e estigmatizadas, uma vez que por exemplo são feitas associações negativas entre pessoas com o diagnóstico e situações de crime. Enquanto isso, possa ser verdade para alguns indivíduos com TP de que isso é uma generalização e não é o caso para muitas pessoas com esta condição. Por exemplo, algumas pessoas com TP antissocial ou psicopata podem ser perigosas, pessoas diagnosticadas com TPB são mais propensos a prejudicar a si mesmo ou a tirar a sua própria vida. As causas dos transtornos de personalidade TP são problemas de saúde mental incrivelmente complexos e as causas ainda não são totalmente conhecidas. As possíveis causas incluem trauma na primeira infância, como abuso, violência, paternidade inadequada e negligência. Há evidências crescentes de que fatores neurológicos e genéticos podem desempenhar um papel no desenvolvimento destas disordens. Tratamentos e estratégias de autogestão Existem poucas pesquisas realizadas examinando a eficácia de tratamentos para TP, no entanto, é amplamente aceito que estas condições podem ser bem geridas. Tratamentos para o TP incluem diversas modalidades psiocterapêuticas, como a psicodinâmica e terapias cognitivas comportamentais, além do uso eventual de medicações, salienta dr. Rodrigo Machado. Tratamento psicodinâmico: Este tratamento enfatiza a estrutura da personalidade e do desenvolvimento. Destina-se a ajudar as pessoas a entenderem seus sentimentos e encontrar melhores mecanismos de enfrentamento. Essa abordagem tem demonstrado sucesso variado e é provável que seja menos eficaz para aqueles com dependência. A terapia cognitiva e comportamental: terapias cognitivas e comportamentais, como a terapia cognitiva, terapia comportamental dialética, a psicoterapia interpessoal e terapia analítica cognitiva pode ser útil. Outras abordagens cognitivas comportamentais abordam aspectos específicos de pensamentos, sentimentos, comportamento ou atitude, e não pretendem tratar toda TP da pessoa. A pesquisa sugere que existem benefícios de curto prazo para essas abordagens, mas é necessária uma investigação mais aprofundada para se obter benefício de longo prazo Medicação (tratamentos farmacológicos) Atualmente, não há um medicamento que é usado exclusivamente no tratamento de TP. No entanto, orientação sugere que a medicação pode ser utilizada para ajudar a tratar e aliviar outros problemas concomitantes tais como depressão, ansiedade e os sintomas psicóticos. Fonte: dr. Rodrigo Machado, psiquiatra do Hospital Santa Mônica e Mental Health Foundation Mais Informações Cristina Collina (11) 99956-0901