editorial - PUC

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Ano VI volume 08
Campinas, janeiro 2013
EDITORIAL
O ano de 2012 apresentou forte oscilação na taxa de crescimento industrial ao longo do período
e acabou fechando o ano com viés de baixa, o que preocupa com relação ao ano de 2013. Os
dados coletados pelo IBGE apontam para uma estagnação da atividade industrial brasileira no
ano. Desta forma, observa-se que a economia brasileira ainda não apresentou o crescimento
econômico esperado pelos condutores da política econômica, apesar dos incentivos monetários
e fiscais promovidos durante todo o ano de 2012. A lenta recuperação da economia mundial,
pós-crise financeira, também contribuiu significativamente para o baixo desempenho
apresentado pela indústria no período considerado. Preocupados em estimular a economia, a
taxa de juros caiu ao longo do ano, seguindo as reduções na taxa SELIC, efetuadas pelo banco
Central, e, simultaneamente, ocorreu desvalorização do Real em relação ao Dólar. Tais medidas,
que procuraram estimular o crescimento da produção interna e dar mais competitividade ao
produto nacional no exterior, no entanto, não foram suficientes para gerar um crescimento
maior da atividade industrial e do PIB, dado o movimento de incertezas na economia
internacional associado às expectativas negativas dos empresários locais, em função de uma
tendência de crescimento da taxa de inflação, observada nos últimos meses do ano. Mesmo
assim, a boa notícia continua sendo a baixa taxa de desemprego no país. O Brasil registrou, em
2012, o menor patamar de desemprego nos últimos anos.
Este movimento nacional também é claramente observado na RMC, que registra baixa taxa de
desemprego, permanece, entretanto grande preocupação com a taxa de cambio e o seu repasse
para preços (inflação), dado que a região é grande importadora de insumos para abastecer sua
produção industrial. Em função destes fatos, a RMC apresentou queda no comércio com o
exterior no ano de 2012 em relação a 2011; movimento este que também ocorreu no Estado de
São Paulo e no Brasil. Se este movimento não se alterar em 2013, teremos um aumento do
déficit no comércio externo na região, com o superávit externo do país também sendo afetado.
Boa leitura.
NESTA EDIÇÃO
Acompanhamento do Comércio Exterior da RMC
Indicadores Macroeconômicos
pág.02
pág.07
Acompanhamento do Comércio Exterior da Região Metropolitana de Campinas
(RMC)
Bruno Membrive
Adauto Roberto Ribeiro
2012
Destaques
•
A exportação da RMC alcançou US$ 5,2 bilhões e as importações US$ 13,4 bilhões. O saldo
comercial foi deficitário em US$ 8,2 bilhões
•
As exportações estão em movimento de queda tanto na RMC como no Brasil. Houve recuou na
exportação da RMC de 4,6% e no Brasil de 5,3%. As importações cresceram na RMC em 2,2%
O fluxo de comércio exterior da RMC pouco se alterou ao longo de 2012 em relação a 2011, no entanto,
as alterações ocorridas apontam para uma ampliação do déficit comercial da região com o mundo.
Enquanto a importação apresentou um leve crescimento de 2.2%, as exportações registraram queda de
4,6%. Desta forma o saldo negativo supera U$ 8 bilhões. Este déficit, no entanto, é característico da
região de Campinas, uma região altamente industrializada e com predomínio de investimentos externos
diretos, o que significa uma grande presença de empresas transnacionais, cuja estratégia predominante
é importar insumos, partes, peças e componentes, ou seja, bens intermediários, e destinar a maior parte
de sua produção para o mercado interno brasileiro. Sendo assim, o valor das importações supera
estruturalmente o valor das exportações. Esta situação só se alteraria se construíssemos no país, uma
política agressiva de apoio a exportação de bens manufaturados, o que induziria as empresas a
aumentar a estrutura produtiva na região, destinando uma maior parcela da produção para o mercado
externo. Esta política, no entanto, não existe no momento. Cabe, portanto, medidas pontuais de alivio
de custos para as empresa ou de aproveitamento da desvalorização da moeda brasileira, para ampliar a
exportação, ao mesmo tempo em que a desvalorização estimula internalizar fornecedores de bens
intermediários, o que diminuiria a importação. Estas medidas, no entanto, têm limites, ou seja, não são
suficientes para reverter o déficit da região.
Em 2012, o destaque dentre os municípios da RMC foi a expansão da exportação de Campinas, um
aumento de 13,8% e a recuperação de exportações de Indaiatuba (mais 24,4%) e Sumaré (mais 14,6%).
Cabe destacar que tanto Indaiatuba quanto Sumaré são cidades que apresentam uma forte concentra da
indústria automobilística em seu território e que contribuíram para a expansão das exportações. Pelo
lado negativo, destacaram-se os recuos na exportação de Jaguariúna (menos 72,3%) e Hortolândia
(menos 63,7%), municípios com indústrias ligadas aos setores eletro-eletrônicos e de bens de capital que
estão apresentando uma maior dificuldade no mercado externo, muito em função de crises na Europa e
nos Estados Unidos. Com estes dados, Indaiatuba ultrapassou Paulínia como segundo maior exportador
da RMC. Sumaré aparece na quarta posição. Os destinos das exportações da RMC não se alteraram em
2012 em relação a 2011. A Argentina é o maior mercado com participação percentual de 30%, vindo a
seguir os Estados Unidos (10,8%) e a Venezuela (5,7%). Com crise na Europa tem crescido as exportações
para os países sulamericanos. As exportações cresceram 19,4% para a Bolívia e 9,9% para o Peru.
Do lado importador, Campinas, Sumaré, Indaiatuba e Paulínia apresentaram aumentos significativos na
importação, relacionando a expansão da exportação com aumentos também nas importações, com
exceção de Paulínia, que registrou queda na exportação e aumento na importação, o que tem relação
com o comportamento do mercado de petróleo neste momento. Paulínia é o segundo município em
importação da RMC, atrás de Campinas. Pela ordem, China, Estados Unidos e Japão são os maiores
2
fornecedores externos de bens para a RMC, com expressivo crescimento em 2012 das importações
provenientes dos Estados Unidos e do Japão. Espera-se para 2013, com aumento da desvalorização do
Real, um recuo das importações e a conseqüente expansão da exportação, no entanto, este movimento
dependerá ainda da recuperação dos mercados consumidores externos dos bens da RMC, em especial,
da Argentina, dos Estados Unidos e da Europa. Cabe ainda, observar como as importações provenientes
da China se comportarão ao longo de 2013.
Tabela 1. Comércio Exterior da RMC - milhões US$ FOB
RMC
exportação
var (%)*
importação
var (%)*
saldo
janeiro
357,9
-
931,6
-
-573,7
fevereiro
351,8
(1,7)
930,4
(0,1)
-578,6
março
478,0
35,9
1.089,5
17,1
-611,5
abril
398,7
(16,6)
1.007,6
(7,5)
-608,9
maio
484,4
21,5
1.129,0
12,1
-644,6
junho
411,9
(15,0)
1.139,2
0,9
-727,3
julho
450,4
9,3
1.208,1
6,1
-757,8
agosto
517,3
14,9
1.335,3
10,5
-818,0
setembro
440,0
(14,9)
1.195,1
(10,5)
-755,1
outubro
492,0
11,8
1.353,3
13,2
-861,3
novembro
446,1
(9,3)
1.093,2
(19,2)
-647,1
dezembro
368,7
(17,4)
922,1
(15,6)
-553,5
jan-dez**
5.196,9
(4,6)
13.365,8
2,2
-8.169,0
Fonte: NUPEX-CEA (dados do MDIC).
(*) Variação em relação ao mês anterior. Jan-dez** variação em relação ao mesmo período do ano anterior.
3
Tabela 2. Exportação - bilhões US$ FOB
jan-dez 2012
242,6
var (%)
Brasil
jan-dez 2011
256,0
SP
65,8
65,2
(1,0)
RMC
5,4
5,2
(4,6)
(5,3)
Fonte: Nupex-CEA (dados MDIC)
Tabela 3. Exportação e Importação - DEZEMBRO - RMC (milhões US$ FOB)
Exportação
Importação
Município
dez/11
dez/12
var (%)*
Município
dez/11
dez/12
var (%)*
Americana
34,7
19,1
(45,0)
Americana
49,4
41,4
(16,1)
Artur Nogueira
0,4
0,6
33,9
Artur Nogueira
0,4
0,6
32,1
Campinas
89,4
95,5
6,8
Campinas
236,6
270,8
14,5
Cosmópolis
9,3
9,2
(1,3)
Cosmópolis
4,3
0,7
(82,9)
Eng. Coelho
3,9
1,3
(66,6)
Eng. Coelho
0,1
0,3
326,6
Holambra
0,5
0,1
(70,9)
Holambra
2,8
1,8
(34,9)
Hortolândia
10,8
8,9
(17,6)
Hortolândia
96,4
110,4
14,5
Indaiatuba
60,7
44,1
(27,3)
Indaiatuba
91,3
77,3
(15,3)
Itatiba
9,6
6,4
(33,0)
Itatiba
13,4
10,8
(19,8)
Jaguariúna
10,5
3,5
(67,0)
Jaguariúna
43,4
29,9
(31,2)
Monte Mor
10,7
12,4
15,7
Monte Mor
16,6
17,7
7,0
Nova Odessa
12,9
9,8
(24,3)
Nova Odessa
5,3
4,9
(8,0)
Paulínia
65,8
74,5
13,3
Paulínia
171,9
173,2
0,8
Pedreira
1,2
2,7
127,2
Pedreira
1,4
1,4
(5,2)
Santa Barbara
3,1
2,8
(10,7)
Santa Barbara
13,9
20,9
50,3
Santo Antonio
5,0
3,4
(32,7)
Santo Antonio
2,8
1,7
(39,0)
Sumaré
45,4
40,8
(10,1)
Sumaré
157,6
93,4
(40,7)
Valinhos
16,9
13,3
(21,5)
Valinhos
16,5
14,7
(11,0)
Vinhedo
27,8
20,3
(26,8)
Vinhedo
47,2
50,2
6,4
RMC
418,6
368,7
(11,9)
RMC
971,2
922,1
(5,1)
Fonte: NUPEX-CEA (dados do MDIC)
(*) Variação em relação ao mesmo mês do ano anterior.
4
Tabela 4. Exportação e Importação por município - RMC - milhões US$ FOB
Exportação
Importação
Municípios
jan-dez 2011
jan-dez 2012
var (%)*
Municípios
jan-dez 2011
jan-dez 2012
var (%)
Americana
400,4
288,5
(27,9)
Americana
723,2
537,1
(25,7)
Artur Nogueira
7,5
6,9
(7,9)
Artur Nogueira
3,7
5,3
45,8
Campinas
1095,0
1246,3
13,8
Campinas
3625,8
3992,7
10,1
Cosmópolis
130,0
115,7
(11,0)
Cosmópolis
49,7
55,6
11,9
Eng. Coelho
33,6
43,7
30,1
Eng. Coelho
4,7
2,7
(42,4)
Holambra
17,7
16,7
(5,5)
Holambra
25,5
28,0
10,0
Hortolândia
391,4
142,0
(63,7)
Hortolândia
1311,8
1257,1
(4,2)
Indaiatuba
663,1
825,2
24,4
Indaiatuba
1036,8
1151,8
11,1
Itatiba
139,5
135,5
(2,9)
Itatiba
196,6
170,4
(13,3)
Jaguariúna
308,7
85,5
(72,3)
Jaguariúna
1141,8
794,6
(30,4)
Monte Mor
150,8
150,4
(0,3)
Monte Mor
221,6
223,7
1,0
Nova Odessa
135,3
112,7
(16,7)
Nova Odessa
88,5
92,3
4,3
Paulínia
818,5
750,2
(8,4)
Paulínia
2049,8
2272,6
10,9
Pedreira
24,9
21,7
(12,7)
Pedreira
15,2
13,1
(13,8)
Santa Barbara
44,0
46,5
5,7
Santa Barbara
164,8
158,0
(4,2)
Santo Antonio
22,9
57,2
150,1
Santo Antonio
23,7
16,6
(29,9)
Sumaré
564,5
647,2
14,6
Sumaré
1471,5
1679,7
14,2
Valinhos
173,3
172,7
(0,3)
Valinhos
250,7
216,3
(13,7)
Vinhedo
324,2
332,2
2,5
Vinhedo
675,9
698,0
3,3
RMC
5.445,4
5.196,9
(4,6)
RMC
13.081,2
13.365,8
2,2
Fonte: NUPEX-CEA (dados MDIC)
(*) Variação em relação ao mesmo período do ano anterior.
Tabela 5. Exportação e importação por categoria de bens - RMC (milhões US$ FOB)
Bens exportados
jan-dez 2011
part (%)*
jan-dez 2012
part (%)*
var (%)**
BENS DE CAPITAL
1.311,4
24,1
884,1
17,0
(32,6)
BENS INTERMEDIARIOS
3.091,5
56,8
3.093,7
59,5
0,1
BENS DE CONSUMO
853,8
15,7
1.009,3
19,4
18,2
DURAVEIS
447,2
8,2
558,2
10,7
24,8
NAO DURAVEIS
49,7
0,9
24,8
0,5
(50,2)
COMBUST. E LUBRIFICANTES
24,8
0,5
49,7
1,0
100,8
DEMAIS OPERACOES
164,0
3,0
160,1
3,1
(2,4)
TOTAL RMC
5.445,4
100,0
5.196,9
100,0
(4,6)
5
Tabela 5. Exportação e importação por categoria de bens - RMC (milhões US$ FOB)
Bens importados
jan-dez 2011
part (%)*
jan-dez 2012
part (%)*
var (%)**
BENS DE CAPITAL
5.879,5
44,9
6.035,9
45,2
2,7
BENS INTERMEDIARIOS
6.109,2
46,7
6.316,8
47,3
3,4
BENS DE CONSUMO
1.063,9
8,1
990,9
7,4
(6,9)
DURAVEIS
503,3
3,8
493,4
3,7
(2,0)
NAO DURAVEIS
560,6
4,3
497,5
3,7
(11,3)
COMBUST. E LUBRIFICANTES
28,6
0,2
22,2
0,2
(22,5)
TOTAL RMC
13.081,2
100,0
13.365,8
100,0
2,2
Fonte: NUPEX-CEA (dados MDIC)
(*) participação % em relação ao total; (**) variação % em relação ao período anterior.
Tabela 6. Principais destinos da exportação da RMC - milhões US$ FOB
Principais destinos
jan-dez 2011
part (%)*
jan-dez 2012
part (%)*
var (%)**
ARGENTINA
1.666,6
30,6
1.570,1
30,2
(5,8)
ESTADOS UNIDOS
507,7
9,3
559,3
10,8
10,2
VENEZUELA
298,8
5,5
297,0
5,7
(0,6)
MÉXICO
278,8
5,1
289,7
5,6
3,9
CHILE
227,9
4,2
202,6
3,9
(11,1)
ALEMANHA
209,2
3,8
187,3
3,6
(10,5)
COLÔMBIA
170,9
3,1
148,9
2,9
(12,9)
BOLÍVIA
118,8
2,2
141,8
2,7
19,4
PERU
108,8
2,0
119,5
2,3
9,9
100,0
5.196,9
100,0
(4,6)
RMC
5.445,4
Fonte: NUPEX-CEA (dados do MDIC)
(*) participação % em relação ao total; (**) variação % em relação ao período anterior.
Tabela 7. Principais países de origem da importação da RMC - milhões US$ FOB
Principais países
jan-dez 2011
part (%)*
jan-dez 2012
part (%)*
var (%)**
CHINA
2.403,7
18,4
2.486,8
18,6
3,5
ESTADOS UNIDOS
2.005,8
15,3
2.298,5
17,2
14,6
JAPAO
1.152,7
8,8
1.308,8
9,8
13,5
ALEMANHA
1.013,6
7,7
1.007,2
7,5
(0,6)
COREIA DO SUL
907,2
6,9
865,2
6,5
(4,6)
REINO UNIDO
545,8
4,2
510,7
3,8
(6,4)
MEXICO
581,2
4,4
435,9
3,3
(25,0)
TAIWAN (FORMOSA)
326,2
2,5
370,0
2,8
13,4
317,9
2,4
282,4
2,1
(11,2)
100,0
13.365,8
100,0
2,2
ITALIA
13.081,2
RMC
Fonte: NUPEX-CEA (dados do MDIC)
(*) participação % em relação ao total; (**) variação % em relação ao período anterior.
6
Indicadores Macroeconômicos: Análise de Conjuntura Econômica
Matheus Moretto
Adauto R. Ribeiro
2012
De acordo com dados do IBGE obtidos na Pesquisa Industrial Mensal, a produção industrial brasileira, ao
longo do ano de 2012, manteve-se ao redor dos 125,5 pontos, como podemos observar no gráfico 1
abaixo (medida em relação ao ano de 2002, que foi a base 100). O gráfico apresenta elevação da
produção no mês de fevereiro e agosto, porem, a produção industrial acabou fechando o ano com viés
de baixa. Em dezembro o índice foi de 124.8 pontos. Os dados apontam estagnação da atividade
industrial no ano. Comparando dezembro com dezembro do ano anterior, observa-se que em dezembro
de 2011 o índice foi de 127,5 pontos, desta forma ocorreu uma redução de 2,11% na atividade industrial
medida ponto a ponto, em 2012. Este comportamento demonstra como a economia brasileira ainda
custa a deslanchar, apesar dos incentivos monetários e fiscais promovidos pelo governo federal durante
todo o ano de 2012. A lenta recuperação da economia em âmbito mundial também corroborou para o
mau desempenho apresentado pela indústria no período considerado.
Dentre as medidas adotadas pelo governo para estimular a atividade econômica do país e amenizar os
efeitos negativos da crise internacional, ao longo do ano de 2012, ocorreu a intervenção do Banco
Central do Brasil (BACEN) no mercado de divisas, com o intuito de proteger a moeda brasileira de fortes
oscilações cambiais e, ao mesmo tempo, procurando conduzir uma leve desvalorização do Real em
relação ao dólar, medida esta que daria um aumento de competitividade para os produtos e a indústria
nacional no mercado externo, e por outro lado inibiria uma expansão excessiva de importações.
Percebe-se esta política em ação quando analisamos a evolução da taxa cambial apresentada no gráfico
2, a seguir. Observando os dados, disponibilizados pelo BACEN para o ano de 2012, destaca-se no início
do período, que a cotação do dólar estava em R$ 1,79 por dólar e que este valor foi se alterando ao
7
longo do ano. Depois de chegar a R$ 1,72 por dólar em fevereiro, a moeda brasileira sofreu sucessivas
desvalorizações em relação ao dólar, até a atingir a cotação de R$ 2,08 por dólar em dezembro, o que
representa uma desvalorização total de 16,2%, ao longo doa no, comparado à cotação vigente no mês
de janeiro. Com base nesta evolução do mercado cambial, é possível afirmar que foi adotada uma
política cambial de flutuação suja, pois, com intervenções limitadas, o Banco Central conduziu o processo
de desvalorização do Real ao longo do ano. A questão maior para o banco Central consistia em não
deixar a moeda nacional valorizar, para não prejudicar ainda mais as exportações e não permitir uma
desvalorização forte, o que poderia estimular alta da inflação, com o aumento de preços dos insumos
externos para a indústria local.
Outro instrumento de política monetária muito empregado pelo governo brasileiro, no conjunto de
estímulos à atividade econômica do país no ano de 2012, foi a taxa de juros, em especial, a redução da
taxa básica de juros da economia, a taxa SELIC. Neste aspecto, a atuação do Banco Central atingia,
basicamente, duas variáveis do sistema. No mercado de divisas, ao reduzir a taxa básica de juros da
economia, ocorre uma redução na atratividade de capital internacional especulativo, que ingressa no
país em busca da alta rentabilidade, até então proporcionada pela SELIC. Nestas circunstâncias, há um
aumento de moeda estrangeira no país, mais dólares no mercado, forçando a valorização do Real, o que
prejudica a indústria nacional ao tornar mais caro seu produto no mercado internacional. Ao mesmo
tempo, com a redução da taxa básica de juros da economia, os agentes econômicos se veem obrigados a
buscar alternativas de rentabilidade para o capital; sendo que o governo espera que os agentes busquem
esta alternativa no setor produtivo, e não na esfera financeira, desta forma, ocorre um incentivo ao
investimento produtivo.
O gráfico 3, abaixo, demonstra claramente a trajetória de queda da taxa de juros SELIC ao longo de 2012.
A taxa definida pelo Banco Central iniciou o ano em 10,5% ao ano, sofreu sucessivos cortes em dosagens
que variaram entre 0,25 e 0,75 pontos percentuais, até terminar o mês de dezembro em 7,25% a.a..
Trata-se da menor taxa Selic da série histórica do Banco Central. Ocorreu uma redução de 3,75 pontos
percentuais ao longo do ano, comparando o mês de dezembro de 2012 com dezembro de 2011 (11%
a.a.).
8
No contexto de um conjunto de medidas expansionistas – políticas monetária, fiscal e cambial –,
aplicadas pelo governo durante o ano de 2012 para estimular a atividade econômica, há um efeito
colateral indesejado, ou seja, ocorre: o afrouxamento do sistema de metas para a inflação, que
estabelece como centro da meta de inflação um índice de 4,5% para o ano, mas que também determina
uma banda de trabalho que permite à equipe econômica trabalhar com um índice de inflação de até 2
pontos percentuais para cima (6,5%) ou para baixo (2,5%), a partir do centro da meta de inflação (que é
de 4,5%).
Numa conjuntura de desaceleração da atividade econômica, com possibilidade de recessão, o Comitê de
Política Monetária admite que o sistema opere com uma inflação moderadamente maior (mas dentro do
limite superior da banda, de 6,5%) por um prazo de tempo curto, no intuito de estimular a retomada do
crescimento econômico do país.
O gráfico 4.1, a seguir, apresenta os índices de inflação, mês a mês, do ano de 2012, com base nos dados
divulgados pelo IBGE. No entanto, para efeito de análise da evolução da inflação, é mais interessante
observar a inflação acumulada em 12 meses, tal como é apresentado no gráfico 4.2. O formato do
gráfico 4.2, uma curva em U, demonstra que a inflação reduz seu ritmo de crescimento no primeiro
semestre de 2012 e do meio do ano para frente aponta para uma tendência crescente do índice,
terminando em 5,84%, em dezembro, ainda abaixo dos 6,22% registrados no mês de janeiro do mesmo
ano. Apesar de estar acima do centro da meta para a inflação do ano (4,5%), o índice ainda está dentro
do limite máximo de 6,5%, estipulado pelo regime de metas de inflação. De acordo com a linha de
tendência linear do gráfico (observada no gráfico 4.2), há uma leve perspectiva de baixa da inflação ao
longo do ano, que, espera-se, continue em 2013.
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Na contramão dos demais índices de desempenho econômico do país, o mercado de trabalho
apresentou números robustos durante todo o ano de 2012. Ponto positivo para o desempenho da
economia brasileira. A taxa de desemprego, estimada pela Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE para o
conjunto das 6 regiões metropolitanas estudadas, iniciou janeiro com taxa de 5,5% da população
economicamente ativa, aumentou até o mês de março (6,2%), comportamento esperado, dada a
redução no ritmo das atividades após o período de festas do final do ano, e então inicia-se um ciclo
quase ininterrupto de quedas até chegar aos 4,6% verificados no mês de dezembro, sendo este o menor
valor da série da pesquisa desde março de 2002.
Comparado ao mês de dezembro de 2011 (4,7%), não houve variação.
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Por fim, o comportamento da Balança Comercial Brasileira, de acordo com o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), apresentou no ano de 2012 um superávit de
US$ 19,431 bilhões, valor muito abaixo do registrado no ano anterior (2011), quando registrou um
superávit de US$ 29,794 bilhões.
Observa-se que ocorreu uma redução de 34,8% no superávit comercial do país, ou seja,
aproximadamente 10 bilhões de dólares a menos no saldo comercial do país.
No ano, as exportações somaram US$ 242,580 bilhões, valor 5,3% menor, se comparado ao ano de 2011
(US$ 256,040 bilhões). As importações totalizaram US$ 223,149 bilhões, valor 1,4% menor do que o
registrado em 2011 (US$ 226,246 bilhões).
Os dados registram as dificuldades por que passa parte da economia mundial, com redução de taxas de
crescimento em países importantes, em especial crise na Europa, e a conseqüente diminuição do fluxo
de comércio exterior.
Mesmo assim, o Balanço de Pagamentos do país (registro contábil de todas as transações do país com o
exterior), no ano de 2012, segundo dados do Banco Central, apresentou superávit de US$ 19,9 bilhões,
valor este, 67,8% menor se comparado com o observado em 2011 (US$ 58,637 bilhões). Os dados
indicam, da mesma forma que ocorreu com a balança comercial, que também esta ocorrendo um
menor fluxo de capitais em direção ao país.
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