-------------------------------------------------------------------------------------------------FORUM 1: Com base nos textos que tratam da questão da Formação do Estado, estabeleça uma relação entre a perspectiva histórica- indutiva e a perspectiva lógico- dedutiva (contratualista) para formação do Estado, evidencie também o estrado de classe emergente na estrutura desse Estado de acordo com Bresser Pereira. A FORMAÇÃO DO ESTADO E O ESTRADO DE CLASSE EMERGENTE Para examinar o conceito de Estado, distinguindo-o dos conceitos de aparelho de Estado e de Estado-nação, e contrapondo- o ao conceito de povo e de sociedade civil, Bresser inicia seu artigo “Estado, aparelho do Estado e sociedade civil”, fazendo uma breve reflexão sobre o capitalismo e conclui que “Não há capitalismo, nem mercado capitalista, sem um Estado que o regulamente e coordene” (BRESSER 2001). Isto quer dizer que o sistema econômico vai depender das condições gerais do Estado para a produção do mercado por meio da instituição do sistema legal com poder de coerção e de uma moeda nacional, de ações na área econômica, social e do meio ambiente. Geralmente confundimos o uso do termo Estado e assim, atribuímos a vários sentidos: governo, Estado-nação ou país, regime político, ou com sistema econômico. Bresser é muito objetivo quando afirma que “O Estado é, assim, um sistema de poder organizado que se relaciona dialeticamente com outro sistema de poder — a sociedade civil — cujo poder é difuso mas efetivo.”(BRESSER 2001). Bresser explica o que é a sociedade civil e que relação ela tem quando dizem que ela também é o Estado. Pensemos na população de determinado território, todos então são cidadãos já que teoricamente possuem os mesmos direitos, constitui-se em um povo, que serve de base para a existência do Estado-nação. Resumindo, sem a existência dessas classes sociais e grupos, que têm um acesso diferenciado ao poder político efetivo, não haverá legitimidade ao governo por parte do Estado (estrutura organizacional e política, fruto de um contrato social ou de um pacto político). Não podemos descartar a possibilidade de pensar no Estado como a coisa pública, em outros termos, a Res pública é a soma dos imposto que todo cidadão paga e do patrimônio que o Estado detém. Então percebemos o quanto o conceito da res pública vai além do Estado já que pode ser não- estatal ou estatal, se determinada área pertencer ao aparelho do Estado. Lembrando que quem garante que ela seja de todos e para todos é a democracia. Há duas correntes de estudo do Estado, que se distinguem pelos métodos utilizados para explicar tal fenômeno. Vejamos a seguir como Bresser as define: a) Histórico- indutiva: A primeira corrente é histórico- indutiva, originada por Aristóteles, S. Tomás, Vico, Hegel, Marx e Engels, e os filósofos pragmáticos norteamericanos. b) Lógico-dedutiva: A Lógico-dedutiva está apoiada no contratualismo fundado por Hobbes, e continuado por todos os jusnaturalistas até Rousseau e Kant. Para melhor compreender no que consiste cada uma dessas perspectivas, vejamos primeiro o que Engels, com sua visão histórico- indutiva, afirma sobre o Estado: “...faz-se necessário um poder colocado acima da sociedade, chamado a amortecer o choque e a mantê-lo dentro dos limites da ordem. Este poder, nascido da sociedade, mas posto acima dela, e dela se distanciando cada vez mais, é o Estado”. Logo, sem essa organização que é o Estado, não há garantia de direitos de propriedade e nenhuma sociedade civilizada funcionará. Por outro lado, temos a perspectiva lógico- dedutiva que se contrapõe à visão anterior porque segundo esta, “o Estado não é o produto histórico da evolução e complexificação da sociedade, mas a consequência lógica da necessidade de ordem” (Bresser 2001). Isto quer dizer que existe um contrato social, onde o cidadão cede uma parte de sua liberdade ao Estado para que este mantenha a ordem ou garantia de direitos de propriedade e a execução dos contratos. Bresser analisa que a consequência das sociedades capitalistas se tornarem mais complexas e atribuirem um crescente poder para o conhecimento técnico e organizacional é uma nova classe média burocrática ou assalariada detendo uma crescente influência. Por outro lado, a classe operária também se ‘tecnificou’, se dividiu em estratos, e aumentou seu poder por meio das organizações sindicais e do puro e simples poder de voto. Logo, já não era tão evidente a oposição entre uma classe operária e uma burguesa nos dias atuais. O conceito de Estado que estamos utilizando não o separa radicalmente da sociedade, nem o subordina a ela, como quer o pensamento liberal. O que quer dizer que o Estado não nasce de um contrato social, como defendido pelos contratualistas, mas é produto de um longo processo histórico em que os interesses de classe são fundamentais.