Nomes: Márcia do Carmo Inácio Januário Silva

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TDAH: Intervenções psicopedagógicas
1
Melissa Zamboni Schroeder , Marcia Fernanda A. Fiore
2
1
Licenciada em Pedagogia (Universidade São Marcos) e aluna de Pós Graduação em
Psicopedagogia Institucional (Faculdade Método de São Paulo).
2
Orientadora, Mestre em Educação (Universidade Metodista de São Paulo), especialista em
Psicopedagogia (UniFMU), psicóloga e Bacharel em Psicologia com Licenciatura Plena (São Marcos).
Resumo
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é considerado um
fator de grande preocupação de pais e educadores em relação às crianças,
principalmente, quanto ao baixo rendimento escolar apresentado por elas. Diante
disso, o presente artigo tem por objetivo possibilitar um maior conhecimento a
respeito do transtorno, suas características, diagnóstico, intervenções
psicopedagógicas e orientações a pais e professores ao lidar com portadores de
TDAH. Inicialmente, foi feito um levantamento bibliográfico sobre o tema com o
intuito de fundamentar o trabalho, com base em autores como: Teixeira (2011),
Benczik (2000), Sauvé (2009), Silva (2009), DuPaul e Stoner (2007). Num segundo
momento, foi realizada uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa com
uma amostra composta por sete psicopedagogas que responderam a um
questionário composto por oito perguntas. Em suas respostas, as entrevistadas
discorreram sobre as características do transtorno, as orientações, tanto aos pais
como professores e as intervenções psicopedagógicas mais utilizadas por elas no
atendimento de crianças com TDAH. Suas respostas foram analisadas à luz do
aporte teórico inicial e vieram reforçar o pensamento dos autores pesquisados. Com
base nesse artigo, outros profissionais poderão se interessar e aprofundar o
assunto, visando contribuir nos problemas da nossa sociedade no que diz respeito
ao TDAH.
Palavras-chave: TDAH. Rendimento escolar. Intervenção psicopedagógica.
Abstract
The Attention Deficit Disorder with Hyperactivity (ADHD) is considered a factor of
great concern to parents and educators in relation to children, mainly related to poor
academic performance presented by them. Before this, the present article aims to
facilitate a greater understanding about the disorder, its characteristics, diagnosis,
psycho-pedagogical interventions and guidance to parents and teachers to deal with
having ADHD. Was initially performed a literature on the subject in order to support
the work, based on authors such as: Teixeira (2011), Benczik (2000), Sauvé (2009),
Silva (2009), DuPaul and Stoner (2007) . A second time was held a survey of field
2
with qualitative approach with a sample that consist of seven psicopedagogas
answered a questionnaire composite eight questions. In your answers, discoursed
interviewed on the features of disorder, guidelines, both parents as teachers and
interventions psycho-pedagogical more used them on call of children with ADHD.
Answers were examined the light of theoretical contribution initial came and
strengthen the thought of authors searches. Based on this item, other professional
and deeper concern may be if the subject, in order to contribute in problems of our
society with regard to ADHD.
Keywords: ADHD. Income School. Psychoeducational intervention ..
Introdução
O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um
transtorno
neurobiológico
frequentemente
e
comportamental
que
aparece
na
infância
e
acompanha o indivíduo por toda sua vida, tendo como
características a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade.
Atualmente, muitos alunos são diagnosticados como portadores de TDAH e,
por este motivo, vê-se a importância de uma pesquisa que tenha por objetivo
fornecer informações e orientações para um melhor entendimento desse transtorno.
Inicialmente, a curiosidade pelo tema faz com que se tenha um olhar mais atento e
pensa-se em ampliar o conhecimento visando à mudança de conduta da sociedade,
não rotulando essas crianças e melhorando o trabalho dos professores no processo
ensino-aprendizagem, tão importante e fundamental na vida e crescimento de todos
nós.
O interesse por esse tema surgiu por ser um assunto muito falado, mas ainda
pouco conhecido na área da educação, porém muito observado na prática.
Atualmente, muitas crianças são taxadas como hiperativas, sem mesmo o professor
esperar um diagnóstico de um especialista competente, rotulando-as sem o menor
conhecimento do assunto.
O objetivo desse artigo é possibilitar um maior conhecimento sobre o
transtorno, suas características, diagnóstico, intervenções psicopedagógicas e
orientações a pais e professores.
3
O diagnóstico precoce vem contribuir para desmistificar alguns problemas
observados na prática, especificamente falando de crianças na escola, pois o fato de
serem estigmatizadas por seus comportamentos, muito antes de um diagnóstico
especializado, pode causar sérios problemas de aprendizagem, sendo que, muitas
vezes, elas nem são portadoras do TDAH.
Essa pesquisa visa contribuir para auxiliar na compreensão do papel do
psicopedagogo, por dispor esse profissional de intervenções, orientações e
ferramentas necessárias para abrir novas perspectivas para o enfrentamento dos
desafios que forem surgindo.
TDAH: primeiras descobertas
De acordo com Barkley (2008) as primeiras referências ao transtorno de
déficit de atenção/hiperatividade apareceram no meio do século XIX, no entanto, em
1902 o pediatra inglês George Frederick Still realizou uma palestra no Royal College
of Physicians, em Londres, referindo-se a um grupo de crianças inquietas e com
dificuldades em manter a concentração. Still pensava que era uma circunstância
médica séria e de princípio genético, da mesma forma, afirma Teixeira (2011).
Louzã Neto (2010) nos mostra que, anteriormente ao trabalho de Still, o
médico Alexander Crichton (1763-1856) descreve em seu livro um estado mental de
incapacidade de prestar atenção com o grau necessário de constância a qualquer
objeto. O autor chama a atenção para os problemas na escola que as crianças com
TDAH enfrentam e a necessidade de uma formação adequada para os professores
estarem capacitados para lidar com essas crianças.
Teixeira (2011) menciona o médico americano Charles Bradley que, em 1937,
fez uma descoberta com medicamentos estimulantes do sistema nervoso central
que auxiliavam crianças hiperativas a se concentrarem melhor com o consumo de
anfetaminas, mostrando uma significativa mudança em seus comportamentos.
Benczik (2000) cita que na década de 40 o transtorno era conhecido como
Lesão Cerebral Mínima, pois estava associado às alterações comportamentais,
como a hiperatividade com lesões no sistema nervoso central, definição que
permaneceu até o final da década de 50. Já em 1960, a médica Stella Chess utilizou
o termo “Síndrome da Criança Hiperativa”, excluindo o sintoma da hiperatividade
onde a ideia era de lesão cerebral. A médica olhava os sintomas como elementos de
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uma hiperatividade fisiológica, cuja origem estaria na genética e não no meio
ambiente.
A partir de 1962, as hipóteses de lesão cerebral aventadas não se
confirmaram e as crianças foram então referidas como exibindo uma
‘disfunção cerebral’, com o que, nosologicamente, a síndrome foi
denominada de Disfunção Cerebral Mínima (DCM) (BENCZIK, 2000, p. 23).
Barkley (2002 apud BARBOSA et al., 2005) comenta que a evolução da
pesquisa confirma que a hiperatividade e a impulsividade, analisadas nas crianças
que tinham sido diagnosticadas como portadoras deste transtorno, estavam ligadas
uma com a outra.
Nos anos seguintes, a nomenclatura foi modificada para "Disfunção Cerebral
Mínima" e, em seguida, “Hipercinética da Infância”. Segundo Benczik (2000), na
década de 60, o DSM-II (Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais)
utilizou o termo Reação Hipercinética para nomear o transtorno. E, na década de 70,
o CID-9 (Classificação Internacional das Doenças) usou o termo: Síndrome
Hipercinética. Só em 1980, a Associação Psiquiátrica Americana, apresentou o
nome Transtorno de Déficit de Atenção, utilizado até hoje (TEIXEIRA, 2011).
Essas
informações
são
confirmadas
por
Benczik
(2000,
p.
23),
complementando que “[...] foram ressaltados os aspectos cognitivos da disfunção da
síndrome, principalmente o déficit de atenção e a falta de autocontrole ou
impulsividade”.
Em
1994,
o
DSM-IV utilizou
o
termo:
Transtorno
de
Déficit
de
Atenção/Hiperatividade considerando a desatenção e a hiperatividade/impulsividade
com igual importância para diagnosticar o transtorno (BENCZIK, 2000).
O que é TDAH?
De acordo com a Cartilha da Associação Brasileira de Déficit de Atenção
(ABDA) (1999), TDAH é um transtorno neurobiológico que tem início na infância e
pode persistir na fase adulta, acarretando prejuízos na vida de seu portador, sendo
caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Rohde e Mattos (2008) destacam essas mesmas características do TDAH
enfatizando que prejudicam os relacionamentos familiar e social, assim como as
5
atividades na escola e no trabalho, devendo ter acompanhamento especializado, da
mesma forma concordam Moreira e Barreto (2009).
Além disso, em 50% dos casos, existe comorbidade com transtornos do
aprendizado, transtornos do humor e de ansiedade, transtornos diruptivos do
comportamento e transtornos do abuso de substância e de álcool, explicam Rohde e
Mattos (2008).
Rohde (2008 apud MOREIRA; BARRETO, 2009) cita como principais
comorbidades presentes no TDAH: Transtorno Desafiador de Oposição (TDO),
Transtornos de Conduta (TC), Depressão, Transtorno do Humor Bipolar, Transtorno
de Ansiedade e Transtorno de Tiques (TT).
Em relação ao fator neurológico, Sauvé (2009, p. 14) acrescenta:
Identificou-se um fator neurológico com a ajuda de novas técnicas de
neuroimagem permitindo constatar que, em comparação às pessoas não
afetadas pela síndrome, certas partes do cérebro na zona frontal dos
pacientes afetados possuem uma dimensão menor e demonstram uma
atividade elétrica também menor.
A autora destaca ainda que a informação circula no cérebro utilizando o
influxo nervoso.
A circulação é alterada por um desequilíbrio na produção de dois
neurotransmissores: a dopamina que desempenha um papel-chave na
regularização da atenção, impulsividade e motricidade e a noradrenalina
que sustenta o estado de alerta, a fonte de energia, de interesse e de
reação à novidade (SAUVÉ, 2009, p. 20).
Benczik (2000, p. 30) concorda com Sauvé quanto ao funcionamento dos
neurotransmissores (dopamina e noradrenalina) e acrescenta que “[...] estudos com
ritalina mostram que a medicação aumenta a quantidade dessas substâncias no
cérebro, diminuindo os sintomas do TDAH”. Sobre a ritalina, Richter (2012)
acrescenta que este é o nome comercial do metilfenidato que é um estimulante do
sistema nervoso central.
Dando continuidade, Benczik (2000, p. 30) complementa que:
A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em
comparação com outras espécies. E parece ser responsável pela inibição
6
comportamental, pela capacidade de prestar atenção, autocontrole e
planejamento para o futuro.
Para Silva (2009), o TDAH é um transtorno heterogêneo, manifestando de
diversas maneiras, hiperatividade, impulsividade e desatenção, seguindo o Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), que classifica o
transtorno em um quadro clínico em três formas: Tipo combinado ou misto; Tipo
(predominantemente) hiperativo-impulsivo; Tipo (predominantemente) desatento.
Barkley e Murphy (2008) nos mostram que o transtorno de déficit de atenção/
hiperatividade é o termo atual analisado tanto em crianças como em adultos, que
apresentam “[...] déficits na inibição comportamental, atenção sustentada e
resistência à distração, bem como a regulação do nível de atividade da pessoa às
demandas de uma situação de hiperatividade ou inquietação” (p. 47).
Em seu livro “Cabeça nas nuvens” Haddad (2013) apresenta o TDAH como
um transtorno do desenvolvimento que normalmente aparece interferindo no
funcionamento da atenção, impulsividade e suas formas de lidar e enfrentar as
frustrações.
Benczik (2000) menciona que o TDAH aparece entre 3% a 5% nas crianças
em idade escolar nos Estados Unidos. No Brasil, várias pesquisas foram realizadas
e a prevalência encontrada varia entre 3,3% e 5,8%. Rohde e Benczik (1999) e
Richter (2012), citam que 3 a 6% da população de crianças de 7 a 14 anos possuem
TDAH.
Conforme citam Rohde e Mattos (2008), diversos estudos apontam um
predomínio de meninos em relação às meninas portadoras de TDAH. Benczik (2000,
p. 24) concorda com esse dado e justifica: “O que parece acontecer é que em
amostras clínicas os meninos são mais encaminhados para tratamento do que as
meninas, por desenvolverem problemas de conduta e incomodarem mais os
adultos”.
No
caso
das
meninas,
essas
costumam
apresentar
o
TDAH
predominantemente desatento e por esse motivo, causam menos problemas em
casa e na sala de aula (ROHDE; BENCZIK, 1999).
Não há teste físico, neurológico ou psicológico que comprove o TDAH, citam
Moreira e Barreto (2009). Assim, seu diagnóstico é clínico e baseado em entrevista
com a criança, seus pais e informações da escola.
7
Segundo o CID-10 (2003, p. 370), os transtornos hipercinéticos são descritos
como:
Grupo de transtornos caracterizados por início precoce (habitualmente
durante os cinco primeiros anos de vida), falta de perseverança nas
atividades que exigem um envolvimento cognitivo e tendência a passar de
uma atividade a outra sem concluir nenhuma, associados a uma atividade
global desorganizada, incoordenada e excessiva. Os transtornos podem se
acompanhar de
outras
anomalias.
As
crianças
hipercinéticas
são
frequentemente imprudentes e impulsivas, sujeitas a acidentes, e incorrem
em problemas disciplinares mais por infrações não premeditadas de regras
que por desafio deliberado [...].
Rohde (apud MOREIRA; BARRETO, 2009) cita que o diagnóstico é feito por
meio de critérios listados pelo DSM-IV e o CID-10. De acordo com a Classificação
Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), o
TDAH
está
relacionado
no
código
F-90
–
Transtornos
hipercinéticos,
especificamente descrito em 90.0 – Distúrbios da atividade e da atenção.
O TDAH na escola
Segundo Teixeira (2011), os indivíduos com TDAH possuem muitos
problemas na vida escolar, social, ocupacional e familiar, interferindo de forma
negativa em seu convívio.
As crianças com TDAH têm maior dificuldade durante a vida escolar e depois
dela também. Há grande possibilidade de manifestarem sérios problemas na
aprendizagem e no meio social. Esses problemas não afetam apenas seu
desenvolvimento acadêmico, mas seu futuro (SPIRA; FISCHEL, 2005 apud LOUZÃ
NETO, 2010).
Para DuPaul e Stoner (2007), as crianças com TDAH são desatentas,
impulsivas e hiperativas e, por isso têm grandes dificuldades de ajustamento perante
as solicitações da escola.
Conforme os autores acima citados, essas crianças não conseguem manter
atenção nas atividades que exigem maior concentração, não finalizam suas tarefas,
8
têm pouca paciência para estudar e fazer os deveres, apresentam agitação,
inquietude e uma capacidade incrível de fazer milhões de coisas ao mesmo tempo,
seu desempenho na classe pode ser prejudicado pela falta de atenção às comandas
dos exercícios.
Na fase escolar, os portadores de TDAH, recebem muitos rótulos por parte
dos professores, colegas e família. Isso pode prejudicar sua autoestima e futura vida
adulta, argumenta Vasconcellos (2010).
Costa apud Richter (2012) enfatiza que, na relação entre TDAH e sala de
aula, cabe ao professor estar capacitado para identificar sinais do transtorno e
encaminhar seus alunos a um serviço especializado.
Sobre os sintomas do TDAH, Benczik (2000) esclarece que:
[...] os sintomas aparecem frequentemente cedo na vida da criança, mas
tornam-se mais graves a partir do ingresso desta na escola, porque, durante
o processo de aprendizagem escolar a criança necessita focar mais a sua
atenção e permanecer sentada, durante as aulas (p. 26).
Para Silva (2003),
Dificuldades maiores começam a surgir no âmbito escolar quando a criança
é solicitada a cumprir metas e seguir rotinas, executar tarefas e ser
recompensada ou punida de acordo com a eficiência com que são
cumpridas. Os pais e/ou cuidadores e familiares já não estão presentes e
não podem cumprir tarefas ou facilitar as coisas para a criança [...] (p. 62).
Nos dias atuais acredita-se que o TDAH apresenta o desempenho da região
frontal do cérebro, responsável pelas funções executivas, fragilizado. As funções
executivas são muito importantes para a aprendizagem, permitindo o processamento
de informações. No caso, essas crianças podem apresentar dificuldades como: inibir
respostas; fraca sustentação de atenção, persistência nas respostas, prejuízo da
memória de trabalho, da capacidade de planejamento e da regulação de emoção
(LOUZÃ NETO, 2010).
Para Barkley (1998 apud DUPAUL; STONER, 2007), todos esses problemas
podem contribuir para um desempenho insuficiente, pois as crianças com TDAH
constantemente atrapalham o andamento da sala de aula, apresentando
comportamentos impulsivos e hiperativos de várias formas, conversando com
colegas em momentos inoportunos, ficando decepcionadas ou zangadas ao
9
enfrentar situações frustrantes, não parando quietas em seu lugar, podendo
acarretar um desempenho acadêmico abaixo dos colegas.
Entre as características das crianças com TDAH apresentadas na escola,
Benczik (2000) cita ainda: dificuldade em seguir normas e regras, não prestar
atenção a detalhes, falta de organização em suas lições e trabalhos, perder os
materiais escolares, se distrair com ruídos e estímulos externos à sala de aula e
possuir uma visão negativa de si mesmas decorrente das frustrações vividas,
acarretando baixa autoestima.
Ainda segundo a autora, a impulsividade faz com que os portadores de TDAH
respondam as perguntas de maneira precipitada, antes que estas tenham sido
completadas e apresentam dificuldade em esperar sua vez em uma fila, além de se
intrometer ou interromper a conversa das pessoas.
Os professores das primeiras séries do Ensino Fundamental se deparam com
um ou outro aluno que se movimenta a todo o momento, são inquietos e perturbam
as aulas e, muitas vezes, o caminho é quase sempre a sala da diretoria, considera
Vasconcellos (2010).
A autora entende que tal atitude é específica dos meninos portadores do
transtorno, neles há o predomínio de sintomas de hiperatividade. Já nas meninas, a
postura mais comum é a daquela aluna comportada, quieta, que não se envolve nas
aulas e está sempre distraída, ficando a aula e o professor no fim da lista de
prioridade.
Para essas crianças com TDAH, as consequências podem ser nada
gratificantes no final do semestre e há a frustrante sensação de não conseguir
acompanhar os progressos do restante da turma, considera a autora.
[...] Estes empecilhos podem minar sua motivação fazendo-o se sentir à
parte dos outros e até mesmo achar que é menos inteligente. Uma cilada
que desencoraja e diminui seu desejo de aprender.
Portanto, torna-se necessário acompanhá-lo nas matérias escolares, para
que ele viva experiências gratificantes e se conscientize de seus talentos e
capacidade para obter um bom rendimento [...] (SAUVÉ, 2009, p. 80).
Oaklander (1978 apud Barbosa et al. 2005) diz que:
[...] as crianças hiperativas são de difícil convivência [...] são humilhadas
pelos rótulos que lhe são afixados e, geralmente, incapazes ou não se
10
encontram dispostas a exprimir seus sentimentos; talvez pela dificuldade
proveniente de sua sintomatologia (p. 46).
O aluno portador de TDAH passa a ser visto como desleixado, preguiçoso e
indolente, mas apenas comete erros por descuido e não por falta de inteligência. Ele
tem dificuldade de acompanhar as aulas e, muitas vezes, não termina as atividades,
fato que ocorre também em casa. Não consegue se organizar, demora em realizar
atividades que requerem um esforço mental por um longo período, além de distrairse com facilidade (HADDAD, 2013).
Vasconcellos (2010) reforça que uma das principais dificuldades desses
alunos são os problemas de comportamento no ambiente escolar, que se
manifestam pela dificuldade de obedecer a um código disciplinar rígido e pela
agitação na sala de aula. Infelizmente, acrescenta, muitos professores não têm
informação adequada a respeito do TDAH ou estão desatualizados quanto ao
conhecimento do transtorno e seu controle.
Segundo DuPaul e Stoner (2007), uma boa intervenção é colocar essas
crianças mais perto da mesa do professor, tornando mais fácil ao educador
monitorá-las.
Os autores consideram que ter uma rotina bem organizada e previsível em
sala de aula com a disposição de regras que podem ser adicionadas, é muito útil.
Sugerem ainda que o uso de tarefas com maior estimulação (cor, forma, textura,
etc.) parece reduzir o comportamento disperso, aumentando a capacidade de
atenção e melhorando o desempenho da criança com TDAH.
Os professores devem levar em consideração o empenho de cada atividade
realizada, ou seja, os pequenos avanços conquistados devem ter o reconhecimento
do professor. Ele deve mostrar-se tolerante em alguns aspectos menos importantes
de suas atividades, ajudar o aluno em seu desenvolvimento, aumentando sua
confiança, autoestima e o desejo de querer aprender mais (SAUVÉ, 2009).
DuPaul e Stoner (2007) orientam aos professores que combinar aulas com
momentos breves de exercício físico na sala de aula também pode ser útil. Eles
acreditam que tal prática reduz a fadiga e a monotonia que crianças com TDAH
podem experimentar durante períodos muito extensos de trabalho acadêmico. O
professor deve ainda escolher as matérias acadêmicas mais difíceis para o primeiro
período e deixar as atividades mais simples para o segundo, pois a habilidade de
11
concentração de uma criança com TDAH e a inibição do comportamento diminuem
enormemente no decorrer do dia escolar.
As crianças com TDAH mostram inteligência e aptidão para aprendizado
idêntica a de uma criança sem o transtorno e são muito criativas, mas é necessário
lhes dar oportunidade para se aprimorar e superar suas dificuldades, enfatizam os
mesmos autores.
Intervenções do Psicopedagogo
Tendo em vista as múltiplas características do TDAH apresentadas, entendese que o seu tratamento deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar
composta por neurologista, fonoaudiólogo se necessário, psicopedagogo e
psicólogo, trabalhando em conjunto com os pais, a escola e a comunidade para que
as intervenções tenham um resultado efetivo (SILVA, 2009).
Ainda conforme Silva (2009), o papel do psicopedagogo é de fundamental
importância para ajudar a criança com TDAH, pois por meio de suas intervenções
poderá auxiliá-la em suas dificuldades na escola e também no âmbito social, sempre
contando com a colaboração de seus pais e professores, a quem deverá dar
orientações sobre o tratamento.
Para Louzã Neto (2010), durante o tratamento psicopedagógico os pais e a
escola são orientados, fazendo-se necessário relembrar o compromisso que eles
têm com as crianças portadoras do TDAH, pois elas precisam de um ambiente
estruturado
e
um
controle
externo
para
que
possam
se
desenvolver
adequadamente.
É importante que as intervenções com essas crianças se iniciem o quanto
antes, na idade pré-escolar, já que esse é um transtorno de início precoce. Haddad
(2013) e DuPaul e Stoner (2007) concordam ao dizer que quanto mais cedo se
intervêm mediante a capacitação dos pais e professores trabalhando juntos, cada
um em sua função, conseguirão alcançar o sucesso. Acreditam que agindo assim, o
portador de TDAH não apresentará transtorno opositivo, terá habilidade acadêmica
dentro da média e aceitação por parte dos colegas.
Um aspecto relevante a ser considerado é que se deve dizer sempre a
verdade, informando a criança sobre as características de seu transtorno e dandolhe algumas orientações como: concentrar-se em uma atividade de cada vez,
12
retirando tudo o que possa atrapalhar; permanecer tranquila; organizar-se em suas
tarefas, tanto em casa como na escola e pensar nas consequências de seus atos e
palavras, antes de fazer ou falar. Ao receber informações sobre seu transtorno, a
criança aprende a conhecer-se e, tomando consciência de suas reações, pode
modificar seu comportamento (SAUVÉ, 2009).
Segundo a Cartilha da ABDA (1999), o tratamento do TDAH se dá por meio
de intervenções com a família, com o portador e com a escola, além de intervenções
psicoterapêuticas,
psicopedagógicas,
psicofarmacológicas
e
reabilitação
neuropsicológica.
Para DuPaul e Stoner (2007) as intervenções mais eficientes são: uso de
medicamentos psicotrópicos, especialmente o metilfenidato e a modificação de
comportamentos em casa e na escola, para isso, se faz necessário o treinamento
dos pais e professores.
Em contrapartida, na concepção de Haddad (2013, p. 31),
[...] O melhor tratamento nem sempre envolve medicamentos, existem
alguns caminhos que antecedem a esse. Pode envolver: uma terapia onde
a criança aprenderá a se reposicionar diante de suas dificuldades e
descobrir outras formas de lidar com o que ela tem de melhor e não apenas
com o que lhe falta, um acompanhamento psicopedagógico pode ajudar a
criança e o jovem a criar outras estratégias de aprender e estudar.
Acrescenta, ainda, que uma forma de trabalhar com portadores de TDAH é
estimulando sua criatividade por meio de atividades de figura-fundo.
Sobre as intervenções, Barbosa et al. (2005, p. 50) concordam com alguns
autores já citados, ao dizer que:
[...] é importante ressaltar que, no caso das crianças hiperativas, também se
faz necessário o acompanhamento medicamentoso, bem como o auxílio de
professores de apoio, de psicopedagogo, de fonoaudiólogos, entre outros
profissionais que possam auxiliar no tratamento, caso seja necessário.
Oaklander (1978 apud Barbosa et al. 2005) destaca a importância de fornecer
materiais que apresentem características tranquilizadoras como argila, areia, água
ou pintura com dedos, pois o estímulo tátil ajuda na concentração.
Axline apud Barbosa et al. (2005) apresenta a ludoterapia como uma forma
eficaz para se trabalhar com portadores de TDAH, pois é brincando, desenhando e
13
contando histórias que a criança se expressa e comunica seus interesses,
preocupações e emoções, podendo ser auxiliada em seus problemas. Da mesma
forma, Vasconcellos (2010) sugere que a melhor forma de trabalhar é com
atividades artísticas.
As crianças com TDAH normalmente têm muita energia, basta um pequeno
estímulo e pronto, sendo necessário canalizar essa energia, acredita Sauvé (2009).
Essas crianças têm dificuldade de organização e seguir rotinas, por isso seus
pais e professores têm o dever de ajudá-las. Uma orientação é ensiná-las a separar
as atividades, pois ajuda na realização das tarefas, tornando-as menos cansativas,
propõe Teixeira (2011).
O autor apresenta algumas dicas para pais e professores fazerem uso em
casa e na escola. Em casa: ajustar um horário fixo para estudo ajuda na
organização e estabelece uma rotina, um lugar silencioso, contendo poucos objetos
de distração faz com que a criança se concentre mais.
Em sala de aula, a rotina também é importante, facilitando o entendimento e a
aprendizagem. Uma dica é colocar o aluno com TDAH sentado na frente da sala de
aula para auxiliar em sua concentração, ensinar conteúdos mais complexos no inicio
das aulas, por terem mais chances de serem assimilados; permitir que a criança
tenha um tempo maior para fazer os exercícios também contribui para alcançar os
objetivos traçados pelo professor, complementa o autor.
Para ajudar a criança em sua organização das atividades, Sauvé (2009)
destaca a utilização de agenda como material fundamental.
DuPaul e Stoner (2007) consideram que há uma lacuna entre a teoria e a
prática. Sabe-se que as intervenções psicossociais ajudam a diminuir as dificuldades
familiares e escolares dessas crianças, mas não são aplicadas, nem mesmo
oferecidas na prática.
Silva (2009) reforça que todos os pais e educadores precisam se informar
sobre o TDAH, assim poderão enfrentar junto com os portadores de maneira
adequada; saber diferenciar desobediência e falta de controle sobre seus impulsos,
ajudar na educação e no tratamento, outro ponto importante é que a criança deve
ser recompensada a cada avanço que alcançar, sendo o objetivo principal incentivar
constantemente o sucesso da criança.
Para construir vínculos afetivos, Sauvé (2009) considera que os pais devem
passar momentos agradáveis com seu filho regularmente; organizar e supervisionar
14
as atividades diariamente; reforçar positivamente os comportamentos adequados;
expressar ordens de maneira positiva e em número limitado, em frases claras e
curtas; incentivar seu filho a soltar o corpo, mexer-se para acalmar-se; fazer com
que este se responsabilize por seus comportamentos, sejam eles bons ou maus.
Ao se criar essa ligação de afeto consistente com a criança, esta se sentirá
amada e fará com que adquira confiança, provocando mudanças em seu
comportamento. Isto vale tanto para os pais, como para os profissionais que
convivem com ela, reforça Silva (2009).
Teixeira (2011) diz que o estímulo e o elogio devem ser constantes em todos
os ambientes em que essas crianças estiverem, pois elas apresentam como
característica a baixa autoestima.
Barbosa et al. (2005) também acreditam que deve-se estimular a autoestima
da criança, fazendo com que ela se torne uma cidadã com responsabilidades e
segura para enfrentar os obstáculos. Resolvendo situações problemas, superando
os fracassos, será possível obter êxito em seus empreendimentos e aprender a lidar
com as frustrações, quando estas aparecerem, concorda Sauvé (2009).
Pesquisa de Campo e Análise de Resultados
A partir da pesquisa bibliográfica, foi realizada uma pesquisa de campo de
abordagem
qualitativa
com
o
objetivo
de
investigar
as
intervenções
psicopedagógicas e orientações dadas a pais e professores de crianças portadoras
de TDAH.
Para a coleta de dados, foi utilizado como ferramenta um questionário com
oito questões. Os questionários foram enviados a onze psicopedagogas, tendo
retorno de sete que participaram voluntariamente da pesquisa, mediante assinatura
de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido autorizando a utilização de suas
respostas para fins de pesquisa acadêmica.
De acordo com a garantia dada no termo por elas assinado, suas identidades
foram mantidas em absoluto sigilo, sendo utilizados nomes fictícios como Alice,
Beatriz, Carla, Mariana, Paula, Simone e Talita.
15
As questões de perfil contidas no início do questionário mostraram que as
psicopedagogas da amostra possuem entre 34 e 59 anos e atuam em
psicopedagogia por um período que varia de 1 ano e meio a 16 anos.
Os dados obtidos por meio das respostas dadas pelas psicopedagogas foram
analisados qualitativamente à luz do aporte teórico pesquisado n a parte inicial desse
artigo.
Questão 1 – Quais são as principais características das crianças
portadoras de TDAH?
Todas as participantes, com exceção de Talita, citam a desatenção e a
impulsividade como principais características. Beatriz, Carla, Mariana e Simone
destacam principalmente a hiperatividade. Essas características observadas e
citadas pelas psicopedagogas estão de acordo com o que é apresentado na Cartilha
da ABDA [1999?] e também nas concepções dos autores Haddad (2013), Teixeira
(2011), Rohde, Mattos (2008) e Silva (2009).
Alice, Paula e Simone mencionam também a inquietude, confirmando as
considerações de DuPaul e Stoner (2007).
Paula e Talita citam a dificuldade com memorização em concordância com a
concepção de Louzã Neto (2010) que aponta o prejuízo da memória de trabalho
como característica dos portadores de TDAH. Talita explica que “[...] suas
características estão ligadas ao comportamento e a capacidade de planejamento,
organização e memória”.
Além da dificuldade com memorização apresentada por Louzã Neto (2010),
Benczik (2000) se refere à falta de organização em suas lições e trabalhos,
dificuldade de planejamento e características ligadas ao comportamento. Em relação
a essas últimas, Vasconcellos (2010) destaca que os problemas de comportamento
no ambiente escolar são decorrentes do fato de os portadores de TDAH terem
dificuldade em obedecer a um código disciplinar rígido e também por apresentarem
agitação em sala de aula.
Paula explica que essas crianças começam várias atividades, mas não as
finalizam como afirmam DuPaul, Stoner (2007) e Haddad (2013). A última autora
acrescenta ainda que não terminar as atividades acontece tanto na escola, como em
casa.
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DuPaul e Stoner (2007) reconhecem que essas crianças não conseguem
manter atenção nas atividades que exigem maior concentração, fato observado por
Carla ao mencionar a falta de concentração nos portadores de TDAH.
Mariana destaca que meninos apresentam mais hiperatividade, impulsividade
e problemas de comportamento do que as meninas, exatamente como descrevem
Rohde, Mattos (2008), Benczik (2000) e Teixeira (2011). Esses autores concordam
que diversos estudos apontam para o predomínio de meninos em relação às
meninas.
Questão 2 – Cite as características que mais interferem em seu processo
de aprendizagem.
Beatriz, Carla, Mariana e Simone mencionam a desatenção, em acordo com
Haddad (2013), Teixeira (2011), Rohde, Mattos (2008) além de Silva (2009).
Beatriz e Talita acrescentam ainda a dificuldade com memorização que está
de acordo com as palavras de Louzã Neto (2010) e a dificuldade com organização e
com planejamento, conforme descrito por Benczik (2000).
Carla, Simone e Talita citam a falta de concentração e Beatriz complementa
com “[...] dificuldade de controle do impulso que afeta a conclusão das tarefas”. As
respostas dessas psicopedagogas encontram respaldo teórico em DuPaul, Stoner
(2007) e Haddad (2013).
Alice e Paula não mencionam características isoladas, ressaltando que todas
elas interferem no processo de aprendizagem.
Questão 3 – Quais as orientações dadas para o tratamento de uma
criança com TDAH?
Para as psicopedagogas, com exceção de Beatriz, o tratamento deve ser
multidisciplinar ou interdisciplinar como afirmam Silva (2009) e Barbosa (et al. 2005).
Esses autores concordam que o acompanhamento deve ser especializado, Silva
(2009) ainda complementa dizendo que esses especialistas devem trabalhar em
conjunto com os pais, a escola e a comunidade para que as intervenções tenham
um resultado efetivo.
Beatriz menciona a terapia como forma de tratamento, da mesma forma que
Haddad (2013) ao considerar que na terapia a criança aprenderá a se reposicionar
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diante de suas dificuldades e descobrir outras formas de lidar com o que ela tem de
melhor e não apenas com o que lhe falta.
A psicopedagoga propõe também a medicação, o carinho e a compreensão
como medidas de tratamento para crianças com TDAH. A esse respeito, DuPaul,
Stoner (2007) e Barbosa (et al 2005) citam especialmente o metilfenidato como
medicação indicada para tratar tal transtorno. Em relação ao carinho e à
compreensão, Silva (2009) afirma que ao criar ligação de afeto consistente com o
portador de TDAH, este se sente amado, adquire confiança, favorecendo sua
mudança de comportamento.
Beatriz ainda ressalta, juntamente com Simone, que os profissionais
envolvidos devem ter conhecimento sobre TDAH para orientar os familiares, como
aponta Louzã Neto (2010), dizendo que a formação adequada dos professores,
capacita-os para lidar com essas crianças.
Paula destaca a necessidade de orientação para a organização de ambientes.
Sobre essa organização, Teixeira (2011) sugere algumas dicas como, por exemplo,
ajustar um horário fixo para estudo em casa num lugar silencioso e com poucos
objetos de distração e estabelecer uma rotina para possibilitar maior concentração
da criança. Para ele, a rotina também é importante na sala de aula e o uso de
agenda com rotinas é um material fundamental para auxiliar a criança em sua
organização das atividades, orientação apontada também por Sauvé (2009).
Em sua resposta, Alice acrescenta como orientação relevante que não
devemos rotular o portador de TDAH, a questão do rótulo é mencionada por
Vasconcellos (2010).
Questão 4 – Em sua opinião, o psicopedagogo consegue acompanhar
um caso de TDAH sozinho?
Todas as psicopedagogas entrevistadas responderam que sozinho um
psicopedagogo não consegue acompanhar um caso de TDAH, justificando que para
o tratamento ter resultado é necessária a participação de uma equipe inter ou
multidisciplinar, conforme apontam Silva (2009) e Barbosa (et al 2005). Os autores
concordam
que
os
profissionais,
fonoaudiólogos,
neurologistas
e
outros
especialistas, devem trabalhar em conjunto com os pais, a escola e a comunidade.
Eles acreditam que o entrosamento entre esses profissionais, aos poucos, contribui
de forma efetiva para o bom resultado das intervenções.
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Questão 5 – Quais as intervenções psicopedagógicas que você mais
utiliza no atendimento de crianças com TDAH?
Beatriz, Paula e Talita concordam em dizer que é necessário o auxílio na
organização e também no planejamento das ações. Tal intervenção é destacada por
Teixeira (2011) que apresenta algumas dicas para pais e professores. Por exemplo,
em casa, ajustar um horário fixo para estudo, um lugar silencioso, contendo poucos
objetos de distração; em sala de aula, sugere colocar o aluno na frente e ensinar os
conteúdos mais complexos no início das aulas.
Carla, Paula e Simone citam jogos de regras e estratégias, arteterapia e
atividades lúdicas que estão de acordo com Axline apud Barbosa (et al 2005). Para
esses autores, é brincando, desenhando e contando histórias que a criança se
expressa e comunica seus interesses, preocupações e emoções, podendo ser
auxiliada em seus problemas.
Paula acrescenta como orientações manejo de ambiente e definição de rotina,
esta última intervenção é também mencionada por Beatriz, confirmando as
colocações de Teixeira (2011). O autor afirma que é importante elaborar rotinas para
ajudar as crianças com TDAH a serem pontuais e organizadas em casa e na escola,
porque boa estrutura cria bom comportamento.
Alice, Mariana e Simone ressaltam em suas respostas que o tratamento deve
ser planejado individualmente, pois cada criança reage de forma diferente. Para
DuPaul e Stoner (2007) não há uma única abordagem terapêutica que seja comum a
todos os casos e consideram o trabalho em grupo como a maneira mais eficiente de
tratar o TDAH por permitir envolver tanto abordagens individuais com o portador
como também medicação, acompanhamento psicológico, terapias específicas e
técnicas pedagógicas adequadas.
Questão 6 – Quais as principais orientações que você dá aos
professores para trabalhar com alunos portadores de TDAH?
Mariana e Paula dizem que os professores devem ter informações sobre o
que é TDAH, como afirmam Louzã Neto (2010), DuPaul e Stoner (2007) e Silva
(2009), pois assim poderão enfrentar a situação juntos com os portadores de
maneira mais adequada.
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Todas as entrevistadas, com exceção de Mariana, recomendam não deixar
essas crianças perto de janelas e portas, sentá-las próximas ao professor como
indicam DuPaul e Stoner (2007). Para esses autores, essas medidas tornam mais
fácil ao educador monitorá-las e, como afirma Teixeira (2011), auxiliam em sua
concentração.
Mariana e Paula sugerem manter contato visual, enquanto Alice e Carla
fazem orientações relacionadas a estabelecer rotinas, orientação apresentada por
Teixeira (2011) com o objetivo de facilitar a organização do aluno.
Mariana, Paula, Simone e Talita recomendam tarefas curtas e eficazes com
comandas bem definidas. A esse respeito Sauvé (2009) declara ser necessário
expressar ordens de maneira positiva e em número limitado, com frases claras e
curtas, para facilitar a compreensão e ajudar no cumprimento das ordens.
Trabalhos em pequenos grupos são citados por Alice, Simone e Paula que
propõem também dilatação no tempo de provas. Essa orientação tem respaldo
teórico em Teixeira (2011), ao sugerir que a criança responda os exercícios em um
tempo maior.
Questão 7 – Você acredita que a família também deve ser orientada para
lidar com a criança hiperativa?
Todas as entrevistadas acreditam que as famílias devem ser orientadas para
lidar com essa criança. Conforme Silva (2009), é importante a família buscar
informações sobre como proceder em situações especificas; Teixeira (2011) também
concorda em orientar os pais, apresentando estratégias de estudo para auxiliar no
manejo dos sintomas de déficit de atenção e hiperatividade que atrapalham a vida
dos portadores de TDAH.
Questão 8 – Se respondeu afirmativamente à questão anterior, quais
orientações devem ser dadas aos familiares dessa criança?
Alice, Carla, Paula, Simone e Talita, em suas respostas, relatam que é
importante passar informações sobre o que é TDAH para que os pais possam
orientar a criança, favorecendo suas habilidades, tendo claro que o objetivo do
tratamento é ajudar na organização de suas ações. Tais recomendações são
sugeridas por Louzã Neto (2010), DuPaul e Stoner (2007) e apresentadas também
na Cartilha da ABDA [1999?].
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Beatriz, Carla, Mariana, Paula e Talita mencionam que ter uma rotina familiar,
mantendo um ambiente calmo e organizado, contribui para o aprendizado das
crianças portadoras de TDAH, reforçando as palavras de Teixeira (2011) e Sauvé
(2009) ao se referirem às regras que devem ser claras e concisas a fim de
proporcionar uma modificação de comportamento da criança.
Carla menciona ainda a necessidade de se impor limites. A esse respeito,
Silva (2009) diz que os pais devem aprender a reagir aos limites de seu filho de
forma positiva e ativa.
Paula orienta os pais para terem paciência com a criança portadora de TDAH.
Benczik (2000) entende que a punição só trará uma modificação de comportamento
para a criança com TDAH, se acompanhada de uma estratégia de controle.
Considerações
O transtorno de déficit de atenção é caracterizado por uma dificuldade em se
concentrar ou manter a atenção, é manifestado de duas formas: com hiperatividade,
tendo como portadores, em sua maioria, meninos ou sem hiperatividade que é mais
comum em meninas.
Algumas características estão presentes no TDAH, como por exemplo, o nível
de atenção reduzido, a impulsividade, a impaciência de aguardar a vez de ser
atendido, a hiperatividade e a superexcitação emocional. Tais características podem
ser percebidas desde a primeira infância, mas é na fase escolar que ficam mais
evidentes.
Conhecendo as dificuldades enfrentadas pelos portadores de TDAH em casa,
na escola e na sociedade, foi reconhecida a necessidade de precisarem de ajuda da
família, da escola, de profissionais da área da saúde e educação, como a
psicopedagogia, enfim, o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar.
Obtendo o conhecimento necessário, a família, que tem um papel
importantíssimo na vida da criança, pode ajudar o psicopedagogo a identificar as
características comportamentais do TDAH, facilitando o diagnóstico e contribuindo
para que haja a intervenção adequada às necessidades dessas crianças. Quando
há parceria entre a família, a escola e os profissionais que trabalham com a criança,
o resultado tende a ser bem sucedido.
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Os dados colhidos a partir do aporte teórico foram confirmados na pesquisa
de campo realizada com psicopedagogas. Tanto na teoria, como nas respostas
dadas ao questionário, pode-se perceber que a escola pode e deve oferecer ajuda a
essas crianças, por exemplo, colocando-as mais perto da mesa do professor,
tornando mais fácil ao professor observá-las e monitorá-las, oferecer uma rotina bem
organizada,
fazendo
reduzir
o
comportamento
disperso,
aumentando
sua
a intervenção
do
capacidade de atenção e melhorando seu desempenho.
A pesquisa de
campo possibilitou
verificar
que
psicopedagogo, como parte da equipe multidisciplinar, tem papel relevante no
atendimento de crianças portadoras de TDAH dando condições a elas de alcançar
sucesso no âmbito escolar. Para tanto, sua intervenção tem como base mantê-las
atentas e quietas por mais tempo a fim de que consigam aprender num período
menor de tempo.
Os pais e professores podem, de maneira eficaz, auxiliar na reintegração do
indivíduo aos grupos sociais e possibilitar a estimulação e valorização de seu
aprendizado. O trabalho coletivo entre pais, professores, psicólogos e médicos
permitirá a inserção das crianças portadoras de TDAH em uma rotina diária
estruturada, tendo por objetivo levá-las a serem mais organizadas e obedientes e,
na sociedade, não serem mais vistas como causadoras de desordem.
A partir desse artigo, outros profissionais poderão se interessar e aprofundar
o assunto, colaborando no âmbito científico, tendo em vista seu caráter prospectivo.
Além disso, as novas tecnologias e exames mais apurados na área
neurobiológica e comportamental fazem com que essa pesquisa contribua,
modestamente, com o conhecimento científico contemporâneo, visando auxiliar nos
problemas da nossa sociedade, abrindo alternativas para que outros profissionais
possam intervir de forma psicopedagógica significativa e orientar corretamente pais
e professores de portadores de TDAH.
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