CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS NA MECÂNICA ANALÍTICA DE LAGRANGE Agamenon R. E. Oliveira Escola Politécnica da UFRJ [email protected] Resumo: Em sua Mecânica Analítica, Lagrange (1736-1813) dedica uma parte considerável de seu trabalho à História da Mecânica. Neste artigo, no ano do bicentenário de sua morte, apresentaremos suas ideias principais sobre o desenvolvimento da mecânica e que aparecem em sua obra prima. Essas considerações históricas apresentam um interesse muito grande para os historiadores da ciência pelo fato de serem muito pouco exploradas, bem como pelo mérito em si dessa contribuição. Nela, Lagrange esclarece o desenvolvimento da mecânica tendo o conceito de força como elemento estruturante e busca encontrar os princípios fundamentais sobre os quais repousam a ciência mecânica. Palavras-chave: História da Matemática, História da Mecânica, Mecânica Analítica. INTRODUÇÂO Lagrange foi um dos fundadores do cálculo variacional, do qual as equações Euler-Lagrange foram deduzidas. Ele também desenvolveu o método conhecido como multiplicadores de Lagrange como uma maneira de encontrar máximos e mínimos locais de uma função sujeita a restrições. Outra contribuição importante de Lagrange foi o método para resolver equações diferenciais, conhecido como método de variação de parâmetros. Além disso, ele aplicou o cálculo diferencial à teoria das probabilidades e realizou um trabalho notável para resolver equações algébricas. Em mecânica, Lagrange estudou alguns problemas específicos, como é o caso do problema dos três corpos, no sentido de calcular as órbitas da terra e da lua em seu movimento em torno do sol, submetidos a lei da atração gravitacional. Problemas relacionados como a estabilidade de tal sistema bem como a natureza das soluções também foram considerados. Outros problemas e que agora estão no campo da mecânica aplicada são importantes de serem mencionados. Entre eles a propagação do som e a teoria das cordas vibrantes, problemas de extrema atualidade para a engenharia. Sua Mecânica Analítica foi publicada em 1788, coroando uma série de trabalhos e outras contribuições anteriormente desenvolvidas por d´Alembert (1717- 1783) e Euler (1707-1783). Dessa forma, a mecânica racional torna-se um ramo da análise, e a mecânica Lagrangeana acaba realizando o sonho dos Cartesianos, passando a integrar o campo da matemática pura. NOTA BIOGRÀFICA Joseph-Louis Lagrange nasceu em Turim, no dia 25 de Janeiro de 1736, com o nome de Giuseppe LodovicoLagrangia. Seu pai, Giuseppe Francesco LodovicoLagrangia era tesoureiro do Serviço Público de Fortificações em Turim. Sua mãe, Teresa Grosso, era filha única de um médico da localidade de Cambiano, perto de Turim. Lagrange era o filho mais velho dos onze filhos, sendo um dos dois que alcançaram a idade adulta. Turim tornou-se a capital do reino da Sardenha em 1720, dezesseis anos antes do nascimento de Lagrange. Sua família tinha ascendência francesa pelo lado de seu pai. Seu avô era um capitão da cavalaria francesa e tinha deixado a França para trabalhar para o Duque de Savoia. Por isto, Lagrange sempre se referia a seus antepassados franceses. Seu interesse por matemática começou quando ele leu um trabalho de Edmond Haley, publicado em 1693 e que utilizava a álgebra para resolver problemas de ótica. Dessa forma, ele foi atraído para os estudos de matemática tendo também muito contribuído as excelentes aulas de física que ele assistiu de Ludovico Beccaria (1716-1781), em Turim, estimulando que ele seguisse a carreira de matemática. Lagrange faleceu em Paris no dia 10 de Abril de 1813, tendo sido enterrado no mesmo ano no Panteon de Paris. A inscrição em sua tumba diz: Joseph-Louis Lagrange. Senador. Conde do Império. Grande Oficial da Legião de Honra. Grande Cruz da Ordem Imperial da Reunião. Membro do Instituto e do Burô de Longitude. Nascido em Turim em 25 de Janeiro. Morto em Paris em 10 de Abril de 1813. CONTRIBUIÇÂO À HISTÓRIA DA MECÂNICA Estática A Estática é a ciência do equilíbrio das forças. Entendemos, de uma maneira geral por força ou potência como a causa, qualquer que seja, e que imprime ou tende a imprimir movimento ao corpo no qual supomos que ela esteja aplicada; e é também pela quantidade de movimento impresso, ou prestes a imprimir, que a força ou potência deve ser estimada. É com estas considerações sobre a força que Lagrange abre seu trabalho de história da mecânica, na primeira parte dedicada a estática. Segundo ele o objetivo desta disciplina é fornecer as leis que regem o equilíbrio, e que resulta da destruição de várias forças que se opõem e se anulam reciprocamente. Essas leis estão fundadas em princípios gerais os quais podem se reduzir a três: o do equilíbrio da alavanca, o da composição de movimentos e, finalmente, o princípio das velocidades virtuais. É, portanto, no contexto do desenvolvimento histórico desses três princípios que Lagrange vai fazer uma reconstituição da história da mecânica. Lagrange afirma que Arquimedes (287-212 a.C.) é o único entre os antigos que nos deixou uma teoria sobre a mecânica, em seus dois livros de AEquiponderantibus, sendo o autor do princípio da alavanca. Alguns modernos, como Stevin (1548-1620) na Estática, e Galileu (1564-1642) em seus Diálogos (Discorsi) sobre o movimento, tornaram a demonstração de Arquimedes mais simples. Exceto Huygens (1629-1695), não há nenhum outro que mereça o reconhecimento dos geômetras. Sua demonstração das leis do equilíbrio utiliza um plano carregado com vários pesos iguais, e apoiado sobre uma linha reta; mas esta demonstração, engenhosa e isenta de dificuldades, está sujeita, não parece também isenta de objeções. Lagrange sugere que se leia a Opera Varia de Huygens. O segundo princípio fundamental do equilíbrio mencionado por Lagrange é o da composição de movimentos. Ele é fundado sobre a suposição que se duas forças agem sobre um corpo segundo direções diferentes, essas forças equivalem a uma única, capaz de imprimir ao corpo o mesmo movimento que lhe dará as duas agindo independentemente. A direção seguida pelo corpo é como sabemos, a da diagonal do paralelogramo. Este princípio serve para irmos eliminando forças usando esta regra de composição até ficarmos com uma força única. É o que podemos ver, inclusive nos livros de estática e particularmente na nova mecânica de Varignon (1654-1722), onde uma teoria das máquinas é deduzida unicamente do princípio em consideração. Quanto a invenção do princípio, Lagrange considera que se deva atribuir a Galileu. Segundo ele na segunda proposição da quarta jornada de seu Discorsi no qual ele demonstra que um corpo movido com duas velocidades uniformes, uma horizontal e outra vertical, deve adquirir uma velocidade representada pela hipotenusa do triângulo onde os lados representam essas duas velocidades; no entanto, segundo Lagrange, Galileu não reconheceu toda importância deste teorema na teoria do equilíbrio. Chegamos então ao terceiro princípio, o das velocidades virtuais. Obviamente, entendendo por velocidade virtual aquela que o corpo em equilíbrio está disposto a receber, no caso em que o equilíbrio venha a ser rompido, isto é, a velocidade que o corpo adquirirá realmente no primeiro instante de seu movimento. O princípio consiste em que as forças estão em equilíbrio quando elas estão na razão inversa de suas velocidades virtuais, estimadas segundo as direções dessas forças. Lagrange também atribui este princípio a Galileu, que em sua obra prima o propõe como uma propriedade geral do equilíbrio das máquinas. Lagrange ainda considera que se deve a Galileu o conceito de momento e faz uma afirmação curiosa, que podemos ainda descobrir na ciência do equilíbrio princípios mais gerais, mas que todos serão formas diferentes de olhar o princípio das velocidades virtuais. Dinâmica Lagrange considera que a dinâmica é a ciência das forças aceleratrizes ou retardatrizes e dos movimentos variados que elas podem produzir. Ainda segundo ele esta ciência se deve inteiramente aos modernos sendo Galileu aquele que lançou seus primeiros fundamentos. Antes dele não se consideravam as forças que agiam sobre os corpos senão no estado de equilíbrio; e qualquer um não pode atribuir a aceleração dos corpos pesados e ao movimento curvilíneo dos projéteis senão a ação constante da gravidade e ninguém tinha ainda conseguido determinar a lei desses fenômenos diários, devido a uma causa tão simples. Além disso, Huygens parecia estar destinado a aperfeiçoar a maior parte das descobertas de Galileu, agregando a teoria da aceleração dos corpos graves, a do movimento do pêndulo e das forças centrífugas, e preparou ainda o caminho para a grande descoberta da gravitação universal. No entanto, a mecânica tornou-se uma ciência nova nas mãos de Newton (1642-1727), e os Princípios Matemáticos que apareceram em 1687, marcam a época desta revolução. Com a invenção do cálculo infinitesimal os geômetras se encontraram em condições de reduzir à equações analíticas as leis do movimento dos corpos; e a pesquisa das forças e dos movimentos que resultam, torna-se o objeto principal de seus trabalhos. Novamente, tal como acontecia com relação a estática, Lagrange atribui um papel excepcional ao trabalho de Galileu. Ele percebeu o princípio da composição dos movimentos e deduziu as leis do movimento dos projéteis compondo o movimento oblíquo com o efeito da impulsão comunicada aos corpos com a queda perpendicular devido a ação da gravidade. Contudo Galileu começou supondo a existência de um movimento uniformemente acelerado, no qual as velocidades crescem com o tempo, e assim deduziu geometricamente as principais propriedades desta espécie de movimento e, sobretudo a lei do crescimento dos espaços em razão dos quadrados dos tempos; em seguida é assegurado pela experiência que esta lei tem lugar efetivamente no movimento dos corpos que tombam sobre planos inclinados quaisquer. Lagrange descreve o processo no qual Huygens descobriu as leis das forças centrífugas dos corpos movidos em círculos com velocidades constantes e que ele comparou essas forças entre elas e com a força do peso na superfície da terra como se vê pelas demonstrações que deixou de seus teoremas sobre a força centrífuga, publicado em 1673, no fim do Tratado do Horólogio Oscilatório.Entretanto, Huygens não foi muito longe tendo sido reservado a Newton estender esta teoria a curvas quaisquer e de completar a ciência dos movimentos variados e das forças aceleratrizes que podem lhes engendrar. Neste contexto é importante considerar que Newton empregou somente o método das séries o que deve ser distinguido do método diferencial. Os geômetras que vieram após Newton, quase todos trataram de estender e generalizar os teoremas e de traduzi-los em termos de expressões diferenciais. Curiosamente Lagrange não menciona o trabalho de Euler, que em 1752 expressou a segunda lei de Newton na forma diferencial como a conhecemos atualmente. Lagrange também descreve o trabalho de Descartes incluindo a tentativa de obter a lei do choque entre os corpos apontando o erro por ele cometido que foi de considerar sempre a conservação da quantidade de movimento absoluto. Lagrange acrescenta que foi Wallis (1616-1703) o primeiro que teve a ideia de como funcionam as leis da comunicação do movimento no choque de corpos duros ou elásticos, como é possível ler nas PhilosophicalTransactions, de 1669 e na terceira parte de seu Tratado De Motu, impresso em 1671. Lagrange descreve então como Huygens chegou a seu princípio, o qual fornece uma equação entre a altura vertical donde o centro de gravidade de um sistema que desce em um tempo qualquer e as diferentes alturas verticais as quais os corpos que compõem o sistema podem atingir com as velocidades que eles adquiriram, e que pelo teorema de Galileu estão na razão do quadrado de suas velocidades. Esta teoria de Huygens está exposta em seu Tratado do Relógio Oscilatório, que, como sabemos, aparece em 1673, também acompanhada de muitas aplicações. Em 1681, apareceram algumas objeções a esta teoria, que Huygens deixa sem resposta a não ser uma vaga referência. Foi Jacques Bernoulli (1654-1705) quem examinou a fundo esta teoria proposta por Huygens e tentou relacioná-la aos primeiros princípios da dinâmica. Lagrange também relaciona o Marquês de l´Hôpital (1661-1704) como um dos matemáticos a estudar este princípio em um escrito publicado no jornal de Roterdam em 1690. Outra contribuição importante de Lagrange em suas considerações históricas sobre a mecânica diz respeito ao princípio de d´Alembert (1717-1783). Em seu Tratado de Dinâmica, publicado em 1743, d´Alembert propõe um método direto e geral para resolver, ou pelo menos obter as equações de todos os problemas de Dinâmica. Este método reduz todas as leis do movimento dos corpos as do equilíbrio, e relaciona assim a Dinãmica a Estática. De uma maneira geral, o princípio de d´Alembert se propõe a encontrar a solução para o movimento de vários corpos que tendem a se mover com velocidades e direções desconhecidas após serem perturbados, o que dá no mesmo, imprimir condições iniciais ao sistema. O princípio estabelece que podemos olhar os movimentos subsequentes como sendo compostos daqueles que os corpos têm realmente e outros que que são destruídos nas interações mútuas. Donde se segue que esses últimos devem ser tais que os corpos animados com eles somente podem estar em equilíbrio. Tal é o princípio e devido as suas múltiplas aplicações obteve ampla aceitação entre os geômetras, apesar de não fornecer imediatamente as equações necessárias para a solução dos diferentes problemas de Dinâmica, ensinando, no entanto a deduzi-las das condições de equilíbrio. Dessa forma combinando o princípio de d´Alembert com os outros princípios ordinários da mecânica como o da alavanca, ou da composição das forças, podemos encontrar as equações de cada problema com a ajuda de algumas construções mais ou menos complicadas. O maior problema na sua aplicação é a determinação das forças que devem ser destruídas. Além disso, as soluções que resultam são quase sempre muito longas quando comparadas com outras obtidas de princípios mais simples. Finalizando seus comentários sobre o princípio de d´Alembert, Lagrange ressalta que um caminho interessante para se resolver os mais variados problemas de dinâmica consiste em combinar-se o princípio das velocidades virtuais com o de d´Alembert. De forma metodologicamente semelhante ao que foi feito na parte dedicada a estática, Lagrange também estrutura sua apresentação tendo como eixo principal os princípios fundamentais da dinâmica. Dessa forma, ele cita os quatro princípios que formam a base conceitual da dinâmica: o princípio da conservação das forças vivas, o princípio da conservação do centro de gravidade, o princípio da conservação dos momentos do movimento de rotação, também por ele denominado de princípio das áreas e, finalmente, o princípio da mínima quantidade de ação. Devido sua importância para a obra de Lagrange nos deteremos no quarto princípio até o fim de nosso artigo. O chamado princípio da mínima ação, por analogia ao princípio enunciado por Maupertuis (1698-1759), foi comentado e utilizado por vários autores. Seu enunciado, de uma forma analítica consiste em que no movimento dos corpos a soma dos produtos das massas pelas velocidades e pelos espaços percorridos, é um mínimo. Como observa Lagrange, ele foi deduzido das leis da reflexão e da refração da luz. A maneira mais geral e rigorosa de se visualizar este princípio foi feita por Euler no fim de seu Tratado das Isoperimétricas, impresso em Lausanne em 1744, observando que nas trajetórias descritas pelas forças centrais, a integral da velocidade multiplicada pelo elemento da curva, passa sempre por um máximo ou um mínimo. Ele acentua:esta propriedade que Euler não reconheceu senão no movimento dos corpos isolados, eu a estendi ao movimento dos corpos que agem uns sobre os outros de uma maneira qualquer e é o resultado deste novo princípio geral, que a soma dos produtos das massas pelas integrais das velocidades multiplicadas pelos elementos dos espaços percorridos é constantemente um máximo ou um mínimo. Lagrange assim finaliza seus comentários sobre o princípio da mínima ação: Este princípio combinado com o da conservação das forças vivas, e desenvolvido seguindo as regras do cálculo das variações, fornecem diretamente todas as equações necessárias para a solução de cada problema e de lá nasce um método igualmente simples e geral para tratar as questões que dizem respeito ao movimento dos corpos; mas este método não é ele mesmo senão um corolário daquele que faz o objeto da segunda Parte desta obra, e que tem ao mesmo tempo a vantagem de ser tirado dos Princípios da Mecânica. CONCLUSÔES Um dos objetivos mais perseguidos pelos cientistas é encontrar uma lei ou princípio, o mais simples possível, ou algum princípio fundamental que possa explicar o maior número possível de fenômenos naturais. Lagrange, através de sua análise histórica da mecânica também procedeu assim. Como outro exemplo podemos citar d´Alembert. Em seu Discurso Preliminar no Tratado de Dinâmica, podemos ler: Se o princípio da força de inércia, do movimento composto e do equilíbrio, são essencialmente diferentes um do outro, e se, por outro lado, esses três princípios são suficientes para a mecânica, podemos reduzir esta ciência ao menor número de princípios possíveis, e admitir que com eles podemos estabelecer todas as leis do movimento para qualquer corpo em qualquer circunstância, como fizemos neste trabalho. Além desses aspectos metodológicos que são comuns em outros matemáticos, Lagrange esclarece em seu trabalho, alguns desenvolvimentos que não estão completamente claros na literatura tradicional. Como exemplo podemos citar a correta interpretação do princípio de d´Alembert, preservando seu propósito original. Os livros-texto tradicionais têm reduzido este princípio a uma forma de transformar um problema de dinâmica em outro equivalente de estática quando em sua formulação original somente na direção onde os movimentos são destruídos é que o equilíbrio ocorre. Finalmente, a importância atribuída por Lagrange aos aspectos históricos da ciência, ao dedicar uma parte considerável de seu trabalho às questões históricas, somente confirma que o desenvolvimento interno da ciência não é independente de seu desenvolvimento histórico. REFERÊNCIAS LAGRANGE, J. L. (1989). MécaniqueAnalytique. Éditins Jacques Gabay, Paris. NEWTON, I. (1952). Mathematical principles of Natural Philosophy.Great books of the Western World, London. EULER, L. (1952). MethodusInveniendiLineasCurvasMaximiMinimiveProprietatesGaudentes.In LeonhardiEuleri Opera Omnia, s.I, vol. XXIV, Lausanne. BELHOSTE, B. (2003). La Formation d´UneTechnocratie. Belin, 8, rue Féron 75278 Paris. DIJKSTERHUIS, E. J. (1987). Archimedes. 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