24 O VETOR DE POYNTING 24.1 – Transmissão de energia em uma onda plana Considere uma onda eletromagnética plana se propagando na direção perpendicular a esta página (figura 24.1). Podemos considerar que esta onda é um arranjo de “células-de-campo”. Cada célula tendo largura e comprimento unitários, podemos escrever para a tensão V: V E 1 E (V ) (24.1) I H 1 H (A ) (24.2) Analogamente para a corrente I: Pela teoria de circuitos, a potência transmitida em uma célula é dada por: P VI EH ( W ) (24.3) Essa é a energia transmitida por unidade de área, indicada de forma vetorial por: P E H (24.4) A equação (24.4) representa o vetor de Poynting (John Henry Poynting, 1852-1914), cuja dedução matemática mais detalhada será feita na seção a seguir. E V = E1 I = H1 Figura 24.1 – Onda eletromagnética plana se propagando perpendicularmente ao papel. 24.2 – O Vetor de Poynting Sejam as equações de Maxwell em rotacional: B E t (24.5) D H J t (24.6) Multiplicando escalarmente (24.5) por H e (24.6) por E , vem respectivamente: B H E H t (24.7) D E H E J t (24.8) Subtraindo (24.8) de (24.7): B D H E E H H E J t t (24.9) A partir de uma propriedade do cálculo vetorial, podemos escrever que: H E E H E H (24.10) Portanto: B D E H H E J E t t (24.11) A equação (24.11) pode ser reescrita como: H E E H E2 H E t t (24.12) Onde foram utilizadas as relações: J E B H D E Considerando que: H H 2 HH H H H t t t t (24.13) e: E E 2 E E E E E t t t t (24.14) A equação (24.12) fica: 1 1 E H E 2 H2 E 2 t 2 t 2 (24.15) Integrando (24.15) em um volume v: E H dv E 2dv v v t 1 1 2 2 2 H dv t 2 E dv v (24.16) v Aplicando ao primeiro membro da equação (24.16) o teorema da divergência, e invertendo os sinais: 1 1 E H ds E dv t 2 H dv t 2 E dv s 2 v 2 v 2 (24.17) v A equação (24.17) recebe o nome de Teorema de Poynting. O produto vetorial E H é o vetor de Poynting. O primeiro membro da equação (24.17) é o fluxo total de energia que entra em uma superfície fechada S. No segundo membro, o primeiro termo representa a potencia dissipada por efeito Joule (perdas), o segundo termo representa a variação de energia armazenada no campo magnético e o terceiro termo representa a variação da energia armazenada no campo elétrico. Exemplo 24.1 Um condutor cilíndrico de raio a metros é percorrido por uma corrente contínua i ampères num meio de condutividade S/m. Conferir o teorema de Poynting para um volume correspondente a metros de fio. Solução E H i EH a Figura 24.2 – fluxo de energia em um condutor com corrente i No caso, os campos elétrico e magnético são estáticos e a equação (24.17) se reduz a: E H ds E dv s E 2 v J i a2 2 E H ds EHds s s 0 0 i i ad d a 2 2a Magnitude do campo magnético: H i 2a Magnitude do campo elétrico: E H ds s i2 a2 Ri2 que é a energia dissipada por efeito Joule num resistor de geometria cilíndrica. 24.3 – Valor médio do vetor de Poynting O fluxo do vetor de Poynting sobre uma área representa a potência instantânea atravessando essa área. O valor médio do vetor de Poynting é obtido integrando-se o vetor de Poynting em um período, e dividindo por um período (definição clássica do valor médio de uma função periódica ). Ele também pode ser obtido numa notação complexa como: Pm 1 E H cos W / m2 2 (24.18) Onde é o ângulo de defasagem entre E e H . Exemplo 24.2 No espaço livre E( z, t ) 50 cos(t z) V/m. Calcule a potência média que atravessa uma área circular de 2,5 m de raio, pertencente a um plano z = cte. Solução H E 50 cost z 120 H 0,133 cost z Não existe defasagem entre E e H . Portanto: Pm 1 50 0,133 3,325 W / m 2 2 Ptotal 3,325 2,5 2 65,1 W