A energia eletromagnética no Sistema Internacional de unidades Em uma postagem anterior, A conservação de energia em eletromagnetismo, apresentei a conservação de energia no eletromagnetismo, estabelecendo o teorema de Poynting. No entanto, naquela ocasião, tudo foi feito no sistema CGS de unidades. Na presente postagem vamos refazer a demonstração do mesmo teorema, mas no sistema MKS e fazendo menção às energias potenciais armazenadas nos campos E e B estáticos. No caso estático, a energia eletrostática armazenada no campo elétrico é dada por ˆ 1 d3 r D · E, Ue = 2 V onde V é o volume do espaço onde há campo eletrostático, e a energia magnetostática armazenada no campo magnético é dada por ˆ 1 d3 r B · H, Um = 2 V onde V é o volume do espaço onde há campo magnetostático. Estamos considerando meios homogêneos, lineares e isotrópicos. Nesta postagem apresentamos a dedução da equação que dá o balanço da energia no caso geral, não estático, e veremos que as expressões acima ainda podem ser consideradas como as energias potenciais armazenadas nos campos, mas não necessariamente devem ser conservadas em um volume V . A força de Lorentz para uma carga puntiforme q é dada por qE + qv × B, F = onde v é o vetor velocidade da partícula carregada. Inúmeros experimentos têm intensificado a crença generalizada de que essa força vale também para o caso não estático e, portanto, podemos considerá-la para determinar o balanço energético entre uma distribuição de matéria carregada e os campos E e B. Se a matéria é caracterizada pelas densidades ρ e J, então a força sobre um elemento de volume d3 r de matéria é dada por = d3 r (ρE + ρv × B) dF e, como J = ρv, segue que dF = d3 r (ρE + J × B) . Neste ponto é importante enfatizarmos que v, no caso contínuo, é o campo de velocidades da matéria, isto é, no ponto r e instante t, temos v = v (r, t). O trabalho que a força elétrica faz sobre a carga dq = ρd3 r por unidade de tempo é a potência mecânica transferida dos campos para a matéria e é dada por v · dF = ρv · Ed3 r = J · Ed3 r. Notemos que a força magnética não executa trabalho sobre a matéria. Da lei de Ampère & Maxwell segue que a densidade de corrente pode ser expressa em termos dos campos: J = ∇×H− ∂D . ∂t Assim, J·E = = ∂D ·E ∇×H− ∂t ∂D E · (∇ × H) − E · . ∂t 1 Considerando que D = εE, podemos escrever E· ∂D ∂t = 1 ∂ (D · E) . 2 ∂t Também, usando a convenção de Einstein, obtemos E · (∇ × H) = Ei (∇ × H)i = Ei εijk ∂j Hk = εijk ∂j (Ei Hk ) − Hk εijk ∂j Ei = −εjik ∂j (Ei Hk ) + Hk εkji ∂j Ei = −∇ · (E × H) + H · (∇ × E) ∂B , −∇ · (E × H) − H · ∂t = onde usamos a lei da indução de Faraday, ∇×E = − ∂B . ∂t Considerando que B = µH, podemos escrever: H· ∂B ∂t = 1 ∂ (B · H) . 2 ∂t Com esses resultados, obtemos ∂D ∂t 1 ∂ (B · H) 1 ∂ (D · E) = −∇ · (E × H) − − 2 ∂t 2 ∂t 1 ∂ (B · H + D · E) = −∇ · (E × H) − . 2 ∂t A taxa de variação da energia cinética da matéria carregada é dada por ˆ dEc = d3 r J · E dt ˆV 1 ∂ (B · H + D · E) = d3 r −∇ · (E × H) − 2 ∂t V ˆ ˆ ∂ (B · H + D · E) 1 d3 r = − d3 r ∇ · (E × H) − 2 ∂t V ˆ ˛V d 1 = − da n̂ · (E × H) − d3 r (B · H + D · E) dt 2 V S(V ) ˛ d = − da n̂ · S − (Ue + Um ) , dt S(V ) J · E = E · (∇ × H) − E · onde S (V ) é a superfície fechada que constitui a fronteira da região V e definimos o vetor de Poynting como S = E × H. Logo, o balanço de energia dentro do volume V é dado por: d (Ec + Ue + Um ) dt ˛ = − da n̂ · S. S(V ) Em outras palavras, essa equação mostra que, em uma região V do espaço, a energia cinética da matéria somada com a energia total armazenada nos campos será conservada se e somente se o fluxo do vetor de Poynting sobre a fronteira da região for nulo. Essa equação é também conhecida como o teorema de Poynting. 2 Bibliografia [1] John R. Reitz, Frederick J. Milford e Robert W. Christy , Foundations of Electromagnetic Theory, terceira edição (Addison-Wesley Publishing Company, 1979). 3