Investment Advisory CREDIT SUISSE HEDGING-GRIFFO Monthly Watch “Abenomics” Fevereiro de 2013 “Success is a lousy teacher. It seduces smart people into thinking they can't lose.” Bill Gates Dois meses atrás, o Japão escolheu um novo primeiroministro. Shinzo Abe assumiu o poder sob a bandeira de encerrar um longo período de baixo crescimento e deflação no país. Medidas fiscais e monetárias estão sendo adotadas. A moeda japonesa se desvalorizou. A bolsa local registrou ganhos. Falta confirmar se, finalmente, a economia japonesa voltará a crescer. Um breve histórico Entre as décadas de 1950 e 1960, o PIB japonês crescia a uma taxa média de aproximadamente 9% ao ano. Nas décadas de 1970 e 1980, o ritmo diminuiu um pouco, mas seguiu expressivo, na casa de 5% ao ano. Esse longo período de forte expansão levou a economia do país a se manter como a segunda maior do mundo durante toda a segunda metade do século passado, até que, no início deste milênio, foi ultrapassada pela China – e, apenas agora, a Índia está alcançando seu tamanho1. I. Crescimento nas últimas décadas Percentual ao ano 14 9 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 No fim dos anos 1980, no entanto, uma bolha financeira e imobiliária acometeu o país. Desde a década de 1990, quando houve o estouro dessa bolha, o país enfrenta dificuldades para crescer mais do que 2% ao ano. O primeiro “Quantitative Easing” Ao longo das duas últimas décadas, a política monetária japonesa se dedicou a estimular o crescimento da atividade e a combater o risco deflacionário. Desde 1995, o juro básico japonês jamais esteve acima de 0,5% ao ano. A partir de 1998, o BoJ (banco central do país) começou a expandir seu balanço – naquela que, para muitos, pode ser considerada a primeira experiência de Quantitative Easing (QE), a política de compra de ativos, como a utilizada atualmente por alguns bancos centrais, inclusive o Federal Reserve. Em março de 2001, a instituição colocou de lado a política de juros e passou a ter como principal instrumento de política monetária a compra de ativos. Foi nessa época que o nome Quantitative Easing foi formalmente adotado. A taxa básica de juros só voltou a ser debatida nas reuniões do BoJ em 2006, quando a entidade começou a reduzir o tamanho de seu balanço. Chegou a ser elevada para 0,5% a.a. em 2007, mas o estouro da crise financeira nos EUA fez com que, em dezembro de 2008, a taxa voltasse a ser reduzida para 0,1% a.a., patamar em vigor até hoje. A eleição de Shinzo Abe e a taxa de câmbio 56 60 64 68 72 76 80 84 88 92 96 00 04 08 12 Fonte: FMI, Ipeadata. Elaboração: CSHG Em dezembro do ano passado, o Partido Liberal Democrata (PLD) sagrou-se vitorioso nas eleições da Câmara Baixa japonesa – equivalente à Câmara dos Deputados. Com isso, o principal líder do PLD, Shinzo Abe, foi escolhido como o sétimo primeiro-ministro japonês dos últimos seis anos. A campanha de Abe foi marcada pela defesa de esforços mais expressivos para aquecer a economia japonesa, com destaque 1 – Segundo as participações no PIB mundial avaliadas pelo FMI (dados em “dólares PPP”). Monthly Watch Fevereiro de 2013 CREDIT SUISSE HEDGING-GRIFFO para uma atuação mais agressiva do BoJ. Por isso, desde novembro, quando o PLD passou a liderar as pesquisas de intenção de voto, cresceu a expectativa de que o BC japonês anunciaria novas medidas de estímulo monetário, o que levou a uma relevante desvalorização do iene nas últimas semanas. II. Taxa de câmbio do Japão Paridade ¥/US$ 300 250 200 No âmbito fiscal, o governo de Shinzo Abe também já anunciou novidades. Em meados de janeiro, foi divulgado um pacote de estímulos de ¥ 23 trilhões (4,8% do PIB japonês). Desse total, há três áreas nas quais o governo concentrará seus esforços : i) ¥ 3,8 trilhões em obras de reconstrução referentes ao terremoto/tsunami de 2011 e em prevenção de novos desastres; ii) ¥ 3,1 trilhões em estímulos aos investimentos privados e em medidas de “geração de riqueza”; e iii) ¥ 3,1 trilhões em medidas de assistência social, inclusive revitalização de comunidades. A expectativa de Shinzo Abe é que as medidas de estímulo sejam capazes de gerar 600 mil novos empregos no país e de aumentar o PIB japonês em 2 pontos percentuais. Em média, os analistas são menos otimistas, mas existe um certo consenso de que o benefício deve superar 1 p.p. 150 100 50 1980-1989 1990-1999 2000-2009 10-12 Fonte: Bloomberg. Elaboração: CSHG A política econômica atual De fato, em duas das três reuniões do BoJ desde a eleição de Abe, foram anunciadas novidades na condução da política monetária. Em 20 de dezembro, a instituição anunciou um aumento de ¥ 10 trilhões no volume de ativos a ser adquirido no mercado até 2013. Um mês depois, o BoJ decidiu que esse QE iria continuar em 2014, sem uma data definida para terminar. Adicionalmente, naquela oportunidade, o BoJ elevou sua meta de inflação de 1% para 2% ao ano. III. Ativos no balanço do BoJ Em trilhões de ienes 200 180 160 140 120 100 80 60 40 Talvez sob certa influência também da recente melhora no ambiente econômico internacional, algumas estatísticas divulgadas no Japão parecem indicar um efeito positivo das medidas recentemente adotadas no país sobre a confiança de consumidores e empresários. Ainda não há reflexos claros das iniciativas sobre números de produção, mas a pesquisa PMI para manufaturados, por exemplo, subiu dos 45,0 pontos de dezembro para 47,7 pontos em janeiro, em uma aparente interrupção da tendência negativa que vinha desde maio do ano passado. O risco que fica é de o Japão sofrer uma deterioração fiscal ainda maior. Contudo, ao menos por ora, essa é uma preocupação secundária para o país, que já convive com um endividamento bruto de mais de 100% do PIB desde 1997 (e de mais de 200% do PIB nos últimos quatro anos). IV. Endividamento japonês Estimativa Percentual do PIB 200 150 100 1990-1999 2000-2009 2012-2014 Fonte: BoJ, Bloomberg. Elaboração: CSHG Apenas na reunião do último dia 14 de fevereiro não foram anunciadas novidades, mas a grande maioria dos analistas avalia que, após a saída do atual presidente do BoJ, Masaaki Shirakawa, que deve ocorrer em março, o futuro líder do BC retomará as medidas de estímulo. Para a sucessão de Shirakawa, todos os nomes cotados são favoráveis ao QE e a um iene desvalorizado, inclusive Haruhiko Kuroda, considerado por muitos o candidato com maior chance de ser escolhido. Líquido 250 Bruto 50 0 1980 - 1989 1990 - 1999 2000 - 2009 10-12 Fonte: FMI. Elaboração: CSHG Atendimento a clientes DDG: 0800 558 777 www.cshg.com.br/contato Este material foi preparado pela Credit Suisse Hedging-Griffo ("CSHG"), tem caráter meramente informativo e não deve ser entendido como análise de valor mobiliário, material promocional, solicitação de compra ou venda, oferta ou recomendação de qualquer ativo financeiro ou investimento ou sugestão de alocação ou adoção de estratégias de investimento por parte dos destinatários. As informações se referem às datas mencionadas e não serão atualizadas. Este material foi preparado com base em informações públicas, dados desenvolvidos internamente e outras fontes externas. A CSHG não garante a veracidade e integridade das informações e dos dados, tampouco garante que estejam livres de erros ou omissões. Os cenários e as visões apresentadas podem não se refletir nas estratégias de fundos e carteiras geridas pela CSHG. 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