LIMITES E CONTINUIDADE Marina Vargas R. P. Gonçalvesa a Departamento 1 de Matemática, Universidade Federal do Paraná, [email protected], http:// www.estruturas.ufpr.br LIMITES LATERAIS Sejam f uma função, p um número real e suponhamos que existe b tal que ]p, b[⊂ Df . Definimos (Guidorizzi (1995), Leithold (1994)): ∀ > 0, ∃δ > 0 tal que lim+ f (x) = L ⇔ p < x < p + δ ⇒ |f (x) − L| < x→p O número L, quando existe, é denominado limite lateral à direita de f , em p. Figure 1 Suponhamos, agora, que exista um real a tal que ]a, p[⊂ Df . Definimos ∀ > 0, ∃δ > 0 tal que lim− f (x) = L ⇔ p − δ < x < p ⇒ |f (x) − L| < x→p Figure 2 O número L, quando existe, é denominado limite lateral à esquerda de f , em p. 1 Teorema 1.1 lim f (x) ⇔ lim+ f (x) = lim− f (x) x→p x→p x→p Exemplo 1.1 Calcule lim+ f (x) e lim− f (x), sendo x→1 x→1 2 x se x < 1 f (x) = 2x se x > 1 Sol.: lim+ f (x) = lim 2x = 2 x→1 x→1 lim− f (x) = lim x2 = 1 x→1 x→1 @ lim f (x), pois lim+ f (x) 6= lim− f (x) x→1 x→1 Exemplo 1.2 Calcule lim+ x→0 x→1 |x| |x| e lim− x x→0 x Sol.: |x| 1 se x > 0 = −1 se x < 0 x |x| = lim 1 = 1 lim x→0 x→0+ x |x| lim = lim −1 = −1 x→0 x→0− x @ lim f (x), pois lim+ f (x) 6= lim− f (x) x→0 x→0 x→0 Teorema 1.2 Teorema do Confronto Sejam f , g e h funções e suponhamos que exista r > 0 tal que f (x) ≤ g(x) ≤ h(x) para 0 < |x − p| < r. Nestas condições, se lim f (x) = L = lim h(x) x→p x→p então lim g(x) x→p Demonstração: Por hipótese, lim f (x) = lim h(x) = L. x→p x→p Dado > 0, existem δ1 > 0 e δ2 > 0 tais que 0 < |x − p| < δ1 ⇒ L − < f (x) < L + 0 < |x − p| < δ2 ⇒ L − < h(x) < L + Tomando-se δ = min{δ1 , δ2 , r}, tem-se: 0 < |x − p| < δ ⇒ L − < f (x) ≤ g(x) ≤ h(x) < L + logo 0 < |x − p| < δ ⇒ L − < g(x) < L + ou seja lim g(x) = L. x→p 2 LIMITES INFINITOS Definição 2.1 Seja f uma função e suponhamos que existe a tal que ]a, +∞[⊂ Df . Definimos: ∀ > 0, ∃δ > 0, com δ > a tal que lim f (x) = L ⇔ x > δ ⇒ |f (x) − L| < x→+∞ Figure 3 Definição 2.2 Seja f uma função e suponhamos que existe b tal que ] − ∞, b[⊂ Df . Definimos: ∀ > 0, ∃δ > 0, com − δ < b tal que lim f (x) = L ⇔ x < −δ ⇒ |f (x) − L| < x→−∞ 1 = x→+∞ x Exemplo 2.1 Calcule lim Seja, x 1 f (x) 1 assim, 2 1 2 10 1 10 100 1 100 1000 1 1000 → +∞ →0 1 1 Dado > 0 e tomando δ = podemos escrever que x > δ ⇒ − < < x e portanto 1 x>δ ⇒0−< <0+ x x > δ ⇒ − < x−1 < 1 1 x>δ⇒− <x< 1 1 |x| < logo δ = 1 logo lim =0 x→+∞ x Figure 4 1 , onde n > 0 x→+∞ xn Exemplo 2.2 Calcule lim Sol.: n 1 1 lim = lim x→+∞ xn x→+∞ x 1 Seja = u, se x → +∞ então u → 0. x logo 1 lim n = lim un = 0 x→+∞ x u→0 x5 + x4 + 1 = x→∞ 2x5 + x + 1 Exemplo 2.3 Calcule lim Sol.: x5 1 + x1 + x15 1 + x1 + x15 1 x5 + x4 + 1 = lim = lim 5 = lim 1 1 1 1 5 x→∞ x 2 + 4 + 5 x→∞ 2x + x + 1 x→∞ 2 + 4 + 5 2 x x x x Definição 2.3 Suponhamos que existe a tal que ]a, +∞[⊂ Df . Definimos: ∀ > 0, ∃δ > 0, com δ > a tal que lim f (x) = +∞ ⇔ x > δ ⇒ f (x) > x→+∞ lim f (x) = −∞ ⇔ x→+∞ ∀ > 0, ∃δ > 0, com δ > a tal que x > δ ⇒ f (x) < − Definição 2.4 Seja f uma função, p um número real e suponhamos que existe b tal que ]p, b[⊂ Df . Definimos: ∀ > 0, ∃δ > 0, com p + δ < b tal que lim+ f (x) = +∞ ⇔ p < x < p + δ ⇒ f (x) > x→p Figure 5 Exemplo 2.4 Calcule lim+ x→0 Seja, x 1 f (x) 1 1 2 1 10 ··· 2 10 1 Assim, lim+ = +∞ x→0 x 1 = x 1 1000 → 0+ 1000 → +∞ Figure 6 Teorema 2.1 Teorema do Valor Intermediário Se f for contínua em [a, b] e se γ for um real compreendido entre f (a) e f (b), então existirá pelo menos um c em [a, b] tal que f (c) = γ. Figure 7 Teorema 2.2 Teorema do Anulamento ou de Bolzano Se f for contínua no intervalo [a, b] e se f (a) e f (b) tiverem sinais contrários, então existirá pelo menos um c em [a, b] tal que f (c) = 0. Figure 8 Exemplo 2.5 Mostre que a equação x3 − 4x + 8 = 0 admite pelo menos uma raiz real. Sol.: Se f (0) = 8 e f (−3) = −7 e f é uma função contínua no intervalo [−3, 0], então existe pelo menos um c em [−3, 0] tal que f (c) = 0, ou seja, f (x) admite pelo menos uma raiz entre [−3, 0]. Teorema 2.3 Teorema de Weierstrass Se f for contínua em [a, b], então existirão x1 e x2 em [a, b] tais que f (x1 ) ≤ f (x) ≤ f (x2 ) para todo x em [a, b]. Figure 9 O teorema de Weierstrass nos mostra que, se f for contínua em [a, b], então existirão x1 e x2 em [a, b] tais que f (x1 ) é o valor mínimo de f em [a, b] e f (x2 ) o valor máximo de f em [a, b]. REFERENCES Guidorizzi H.L. Um Curso de Cálculo, volume I. LTC, 1995. Leithold L. O Cálculo com Geometria Analítica, volume I. Harbra, 1994.