MANEJO DE CATETERES TOTALMENTE IMPLANTADOS EM

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MANEJO DE CATETERES TOTALMENTE IMPLANTADOS EM PACIENTES
ONCOLÓGICOS PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA1
Andressa Oliveira Matias2
Denise Monteiro dos Santos Batista3
Max José Pimenta Lima 4
RESUMO: Paciente oncológicos destacam-se por submeterem-se a tratamentos prolongados,
que necessitam de uso constante da rede venosa, ocasionando em algum momento em uma
fragilidade vascular periférica. Este dispositivo é recomendado para todos aqueles pacientes
que possuem difícil acesso venoso periférico e irão se sujeitar a terapias intravenosas
prolongadas. Com o intuito de analisar os principais cuidados de enfermagem com os
cateteres totalmente implantados em pacientes oncológicos. Foi realizada de uma pesquisa
bibliográfica de caráter integrativo, através de um levantamento de artigos científicos na base
de dados Scielo. Após o cruzamento dos descritores, 15 artigos foram selecionados e
fichados, sendo adaptados 09 artigos que estavam diretamente ligados ao tema escolhido para
a confecção desta análise. A partir da leitura das publicações e reflexões, articulando o
referencial teórico aos dados encontrados, os artigos foram categorizados em: Punção do
cateter acesso venoso central, curativos dos CVC – TI, complicações relacionado à estes
dispositivos. Após análise do material coletado, constatou-se que a complexidade da
assistência de enfermagem no manuseio desses dispositivos. Portanto, executar corretamente
a técnica de manuseio desses dispositivos, evitando obstrução, infecção, extravasamento,
exteriorização, além de outras complicações relacionadas ao cateter venoso central totalmente
implantado. Além de ser de fundamental importância, ter habilidades em identificar, prevenir,
e tratar as possíveis complicações precocemente.
Descritores: Manejo. Cateter totalmente implantados. Enfermagem. Oncológico.
1
Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em
Enfermagem em Oncologia. Salvador, 2014.
2
Bacharel em Enfermagem pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública – EBMSP.
E-mail:[email protected]
3
Bacharel em Enfermagem pela Faculdade São Tomaz de Aquino – FACESTA. E-mail: [email protected]
4
Professor adjunto da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e Atualiza Cursos.
Email: [email protected]
2
1 INTRODUÇÃO
Paciente oncológicos destacam-se por submeterem-se a tratamentos prolongados, que
necessitam de uso constante da rede venosa, ocasionando em algum momento em uma
fragilidade vascular periférica (PIRES; VASQUES, 2014; VASQUES et al, 2009).
Juntamente com esse fator, a quimioterapia tem como característica ser uma droga irritante
e/ou vesicante, o que pode ocasionar em uma fragilidade e enrijecimento vascular,
dificultando a visualização e a punção venosa.
A administração de quimioterápicos requer, comumente, varias punções venosas ao
longo do tratamento. Sendo assim, é importante eleger recursos que viabilizem acesso venoso
de longa permanência, seguros e confiáveis para o tratamento oncológico, este pode ser obtido
por meio do uso de cateter venoso central (VASQUES et al, 2009; PIRES; VASQUES, 2014;
HONÓRIO et al, 2009; MARTINS; CARVALHO, 2008; OLIVEIRA et al, 2008;
MASTALIR et al, 2001). Em uma pesquisa realizada por Martins e Carvalho (2008), todos os
pacientes entrevistados relataram que após o implante do dispositivo facilitou o tratamento,
por diminuir o número de punções, a administração de quimioterápicos tornarem-se menos
dolorosas e estressantes, e mais seguras.
Existem duas grandes categorias de cateter venoso central de longa duração, os
cateteres percutâneo parcialmente implantável, Broviac-Hickman; e o cateter totalmente
implantável (MARCONDES et al, 2000). Os avanços na hematologia e oncologia têm
fornecido novas opções de tratamento, a inserção do cateter venoso central totalmente
implantado (CVC-TI) vem sendo cada vez mais aplicado na prática hospitalar de pacientes
oncológicos; esse dispositivo é empregado desde 1983.
Para o implante do CVC-TI é necessário realizar um procedimento cirúrgico; constitui
de um cateter, cujo seu material é de silicone, ou poliuretano; e sua extremidade distal se aloja
a uma câmera puncionável que permanece sob o tecido subcutâneo, essa câmera é de titânio
coberto por um septo de silicone, onde irá ocorrer a punção (PIRES; VASQUES, 2014;
VASQUES et al, 2009; HONÓRIO et al, 2009; MASTALIR et al, 2001).
Este dispositivo é recomendado para todos aqueles pacientes que possuem difícil
acesso venoso periférico e que irão se sujeitar a terapias intravenosas prolongadas; pode ser
utilizados entre aqueles que serão submetidos à quimioterapia por um período superior a seis
meses; por múltiplos ciclos; infusão de quimioterápicos vesicantes; quimioterápicos com
tempo de infusão superior a oito horas; pacientes que possuam linfedema intenso; que
3
induzam a aplasia medular grave; pacientes submetidos à mastectomia bilateral; e obesos com
acesso venoso difícil (PIRES; VASQUES, 2014).
Através do cateter pode realizar a administração de medicamentos, como analgésico,
antibióticos, quimioterápicos; infusão de hemocomponentes/hemoderivados, e nutrição
parenteral, assim como a realização de coleta de amostras de sangue para exames laboratoriais
(PIRES; VASQUES, 2014; HONÓRIO et al, 2009; CARVALHO et al, 1999; CUNHA;
LEITE, 2008). Martins e Carvalho (2008), ressaltam que a decisão sobre o implante dos
CVC-TI, além de considerar o tipo de tratamento, as condições da rede venosa, e a questão
econômica, deve ponderar os aspectos emocionais, relacionado à auto-imagem corporal, e o
desempenho das atividades de vida diária.
A opção do implante não é exclusiva da equipe multidisciplinar, cabe ao paciente
auxiliar no tipo de escolha e local da inserção, afim de que, reduza os sentimentos de
alteração da auto-imagem corporal, além de proporcionar o conhecimento das limitações que
o tratamento impõe.
O objetivo do estudo constitui em analisar os principais cuidados de enfermagem com
os cateteres totalmente implantados em pacientes oncológicos.
O estudo constitui-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter integrativo, optou-se
pela proposta de Ganong, na qual permeia as seguintes etapas: a identificação da questão
norteadora – elaboração de uma problemática pelo pesquisador de maneira clara e objetiva,
seguida da busca pelos descritores ou palavras-chaves; Seleção da amostragem –
determinação dos critérios de inclusão ou exclusão; Categorização dos estudos – definição
quanto à extração das informações dos artigos revisados com o objetivo de organizar tais
informações; Avaliação dos estudos – a análise crítica dos dados extraídos; Discussão e
interpretação dos resultados – momento em que os principais resultados são comparados e
fundamentados; Apresentação da revisão integrativa e síntese do conhecimento – contemplar
as informações de cada artigo revisado de maneira sucinta e sistematizada demonstrando as
evidências encontradas.
Foi realizada uma busca por artigos científicos na base de dados Scielo, coletando
material no período compreendido entre os anos de 1999 e 2014, em língua portuguesa, que
encontrava-se disponível na íntegra seu conteúdo; a restrição efetuada a área geográfica e a
literatura nacional justifica-se pela necessidade de traçar um panorama sobre o manejo de
cateteres totalmente implantados pelos enfermeiros no âmbito brasileiro.
Foram utilizados os seguintes Descritores de Ciências da Saúde: manejo, cateter
totalmente implantados, enfermagem, oncológico; os artigos foram coletados entre setembro e
4
outubro de 2014. Após o cruzamento dos descritores, 15 artigos foram selecionados e
fichados, porém apenas 09 artigos estavam diretamente ligados ao tema escolhido para a
confecção desta análise.
A partir da leitura das publicações e reflexões, articulando o referencial teórico aos
dados encontrados e tendo como eixo norteador o objetivo da pesquisa, os artigos foram
categorizados em: Punção do cateter acesso venoso central, curativos dos CVC – TI,
complicações relacionado à estes dispositivos.
2. DESENVOLVIMENTO
Após uma leitura criteriosa dos trabalhos encontrados na íntegra, procedeu-se ao
fichamento dos nove artigos selecionados, dispostos no Quadro 1, considerando o título do
artigo, autores, revista, classificação, conclusão do estudo, e ano de publicação. Dos artigos
selecionados 44,4% foram publicados em revistas cujo nível de classificação é A2; 22,2%
com nível B3 e sem classificação, e 11,1% com nível B1. Quanto ao ano de publicação 33,3%
foram publicados em 2008, 11,1% dos artigos selecionados foram publicados em 1999, 2000,
2001, 2009, 2011 e 2014.
Articulando o referencial teórico aos dados encontrados e tendo como eixo norteador o
objetivo da pesquisa, os artigos foram categorizados em: Punção do cateter acesso venoso
central, curativos dos CVC – TI, complicações relacionado à estes dispositivos.
Quadro 1 – Artigos selecionados que se enquadram nas categorias de classificação para o
estudo
Autores
Título
Revista
Ano
Conclusão
Qualis
Vasques C. J.,
Reis P. E. D.
dos, Carvalho
E. C. de.
Manejo Do
Cateter
Venoso
Central
Totalmente
Implantado
Em Pacientes
Oncológicos:
Revisão
Integrativa
Acta Paul
Enferm
2009
Evidenciou a complexidade que
envolve a assistência de enfermagem à
paciente oncológicos relacionado ao
manuseio dos CVC-TI, ressalta-se
ainda que um manejo errôneo pode
implicar em complicações graves,
sendo de fundamental importância o
conhecimento
pela
equipe
de
enfermagem.
A2
5
Pires N. N.,
Vasques C. I.
Conhecimento
De
Enfermeiros
Acerca
Do
Manuseio De
Cateter
Totalmente
Implantado
Texto
Contexto
Enferm
2014
Os
relatos
dos
enfermeiros
entrevistados apontaram que mesmo
em uma unidade referência em
oncologia,
estes
possui
um
conhecimento deficitário quanto ao
manuseio dos CVC-TI. A revisão
sistematizada realizada pelo autor
notou-se que as publicações referentes
à temática com baixo nível de
evidência.
A2
Honório R. P.
P., et al.
Validação de
procedimentos
operacionais
padrão
no
cuidado de
Rev Bras
Enferm
2011
A validação de instrumentos que
padronizem os cuidados com o CVCTI é de fundamental importância, para
uniformizar a assistência prestada,
embasada em evidência cientificas
seguras, e assim, oferecer subsidio aos
enfermeiros
para
melhorar
a
assistência prestada. O déficit maior
destes profissionais estar relacionado à
heparinização dos cateteres, e a troca
do primeiro curativo após a punção.
A2
enfermagem
de
pacientes
com
cateter
totalmente
implantado
Martins F. T.
M., Carvalho
E. C. de.
A percepção
do
paciente
referente a ser
portador de um
cateter
de
longa
permanência
Rev. esc.
enferm.
USP
2008
Os pacientes portadores de CVC-TI
relataram sua percepção quanto ao
dispositivo, apontaram uma maior
independência durante a infusão de
quimioterapia, restrições em algumas
atividades diárias, insatisfação quanto
a imagem corporal, embora apontaram
o cateter como facilitador do
tratamento oncológico, por reduzir
aspectos desagradáveis da terapia.
A2
Marcondes C.
R. R., et a.
Complicações
Precoces
E
Tardias
Em
Acesso
Venoso
Central.
Análise De 66
Implantes
Acta Cir.
Bras
2000
Observou-se um alto índice de
infecção
tardia,
reforçando
a
necessidade de interação entre as
equipes multidisciplinares, e maiores
cuidados de assepsia na manipulação
dos CVC-TI por parte de toda equipe
multiprofissional, assim como o
próprio paciente.
-
6
Oliveira S. C.
V. de, et al.
Cateteres
Arquivos
totalmente
Catarinens
implantáveis
es de
em pacientes Medicina
oncológicos:
Análise de 178
casos
2008
Os CVC-TI proporcionaram acesso
vascular prolongado e apresentam um
baixo risco de complicação durante a
inserção e remoção, fácil manutenção.
Este tipo de dispositivo produz um
maior conforto e segurança para o
paciente oncológico.
B3
Cunha M. A.
de L. C., Leite
J. L.
O ser portador
Rev.
de um cateter Brasileira
venoso central:
de
A percepção Cancerolo
do cliente e a
gia
contribuição
de
enfermagem
Cateteres
Rev. Col.
Venosos
Bras. Cir
Totalmente
Implantáveis
Em Pacientes
Com
Neoplasia
Hematológica
E
Não
Hematológica
2008
Quando inicialmente é sugerido o
implante dos CVC-TI, os pacientes
demonstram assustados, mas após o
implante do dispositivo, eles relatam
que estes representam um maior
conforto e segurança.
B3
2001
O uso de CVC-TI por pacientes com
neoplasias
hematológicas
não
aumentam o risco de complicações, se
comparados com os pacientes com
doença oncológica não hematológica.
Desde que considere o valor sérico
mínimo de plaquetas (50.000/mL) e a
técnica
cirúrgica
apropriada,
independente da técnica cirúrgica
utilizada – dissecção ou punção – são
seguras, haja visto o tempo cirúrgico
semelhante entre elas.
B1
Acesso
Venoso
Central
De
Longa
Duração.
Experiência
Com
79
Cateteres Em
66 Pacientes
1999
Os CVC-TI estão sendo cada vez mais
utilizados na prática hospitalar, é um
procedimento relativamente seguro,
com mínimo de complicações graves.
A manutenção adequada em longo
prazo
depende
dos
cuidados
multiprofissionais.
-
Mastalir E. T.,
et al.
Carvalho R.
M., et al.
Rev.
Medicina
2.1 PUNÇÃO DO CATETER ACESSO VENOSO CENTRAL TOTALMENTE
IMPLANTADO
7
Para realizar a punção do cateter, destaca-se a importância para o manuseio, de forma
estéril, e asséptica. A utilização do campo fenestrado deverá ser utilizado durante a punção do
dispositivo, pois seu uso possibilita maior liberdade de ação para o enfermeiro na execução da
atividade, reduzindo o risco de contaminação do material utilizado. (VASQUES; REIS;
CARVALHO, 2009; HONÓRIO; CAETANO; ALMEIDA, 2011).
Estudo realizado por Pires e Vasques (2014) com um grupo de enfermeiro de um
hospital de referência em oncologia, no setor de clinica médica, apontou que os sujeitos da
pesquisa, tinham duvidas quanto qual seria o ângulo de introdução da agulha no momento da
punção, assim como a confirmação do correto posicionamento da agulha após a punção
(PIRES; VASQUES, 2014).
Deve-se optar preferencialmente por agulha do tipo não cortante para a punção, afim
de, preservar o silicone do reservatório, caso opte-se pela agulha hipodérmica, há uma maior
probabilidade em fissurar o septo de silicone. Um aspecto importante a ser considerado diz
respeito à rotação do local de inserção da agulha, a fim de evitar trauma na pele sobre o
reservatório. Ressalta-se, ainda, que a inserção da agulha deve obedecer ao ângulo de noventa
graus e ser introduzida no septo do silicone até tocar o fundo do reservatório. É importante
verificar a extremidade da agulha após a retirada, observando a integridade, sinais de
coágulos, oclusão (PIRES; VASQUES, 2014; VASQUES; REIS; CARVALHO, 2011).
A confirmação do posicionamento é visto como passo importante durante a execução
da técnica de punção, através do teste de retorno venoso. Retira-se de 2 a 3 ml de sangue do
cateter. Outra forma de confirmação é por meio da infusão de forma fácil, indolor e sem
resistência. Quando há ausência do retorno venoso, resistência à infusão e/ou dor à infusão, o
profissional deve interrompê-la e avaliar o posicionamento adequado da agulha.
Quanto à troca da agulha é recomendado que sua permanência estabeleça por um
período máximo de sete dias. Uma pesquisa realizada com pacientes que infusão prolongada
de quimioterapia, teve uma variação de troca da agulha entre sete a 50 dias, dentre eles
nenhum dos casos apresentaram complicações devido ao tempo da permanência da agulha;
apontou ainda que, a agulha pode ser mantida por um tempo médio de 28 dias. Entretanto, não
foi encontrada outra pesquisa que confirme esse resultado. Assim, permanece indicada a troca
da agulha a cada sete dias (HONÓRIO; CAETANO; ALMEIDA, 2011; PIRES; VASQUES,
2014; VASQUES; REIS; CARVALHO, 2009).
Após a implantação cirúrgica do cateter, o único fator limitante para a punção do
dispositivo é a dor. Se o paciente estiver com queixas álgicas que impossibilite a punção,
deve-se aguardar um período de 24 a 72 horas para a realização. Caso seja necessário o uso
8
imediato do dispositivo, este deve ser puncionado ainda no centro cirúrgico. Pires e Vasques
(2014) Honório, Caetano, Almeida (2011) preconizam que para realização da punção do
cateter é necessário verificar anteriormente o número de plaquetas do paciente, e esta deve-se
encontrar com um valor mínimo de 50.000 plaquetas/mm.
2.2 CURATIVO DOS CVC – TI
Um estudo desenvolvido por Pires e Vasques (2014) apontou que ainda há
desconhecimento de alguns enfermeiros quanto qual substância pode ser utilizada para
realizar a anti-sepsia na troca do curativo, e ainda sobre à periodicidade de troca do curativo.
Após a punção, o sítio de inserção, a agulha e toda sua extensão é indicado a cobertura com
um curativo, sendo o mais indicado uma cobertura transparente, afim de que, possibilite um
melhor monitoramento.
Sempre que o cateter estiver sendo utilizado é indicado que o local de inserção da
agulha seja protegido por curativo, que também tem por finalidade estabilizar a agulha. A
troca deste curativo deve ser realizada sempre que houver necessidade, devido à sujidade,
úmido ou não estiver aderido; excluindo estas situações, recomenda-se troca no período
máximo de 48 horas, quando utilizado gaze estéril e, a cada sete dias, quando for utilizada
película transparente; em contrapartida, Vasques, Reis e Carvalho (2009) defendem que
quando há infusão prolongada, a média de troca do curativo transparente seja entre três a
cinco dias, e sempre que necessário.
Honório, Caetano e Almeida (2011) contemplam ainda que curativo convencional
(com gaze estéril) devem ser utilizados para aqueles pacientes com sangramento ou
exsudação excessiva no local.
Enquanto para os demais pacientes o curativo semipermeável é mais indicado, visto
que, possui a vantagem de visualizar continuamente o local de inserção da agulha e a
facilidade durante a higiene corporal, já que não há a necessidade de impermeabilizar o local.
No entanto, este recurso é considerado de alto custo hospitalar. Acreditam ainda na
necessidade em datar o curativo, para facilitar a visualização da necessidade da troca do
curativo e assim otimizar a comunicação entre as equipes. A solução recomendada para
desinfecção da área, devido seu maior efeito residual sobre a pele, é a clorexidina alcoólica
(PIRES; VASQUES, 2014; VASQUES; REIS; CARVALHO, 2009).
2.3 COMPLICAÇÕES RELACIONADO AO CVC-TI
9
Nesta categoria foram considerados: manutenção do cateter a fim de evitar a
obstrução, infecção, extravasamento, exteriorização do cateter venoso central totalmente
implantado, além de outras complicações relacionadas ao cateter venoso central totalmente
implantado.
2.3.1 MANUTENÇÃO DO CATETER A FIM DE EVITAR A OBSTRUÇÃO
A obstrução do CVC TI é outro tipo de complicação bastante frequente, esta pode
acontecer devido à precipitação de drogas dentro do lúmen do cateter, formação de trombos,
ou fibrina de modo progressivo até a oclusão total.
Quanto maior for o tempo de formação e permanência do coagulo, mais difícil será
sua remoção, podendo comprometer a utilização do dispositivo. Assim, para se inibir a
coagulação do sangue nos procedimentos com circulação extracorpórea, usa-se a substancia
anticoagulante, a heparina, escolhida por conter poucos efeitos colaterais, além de ser bem
tolerada pelo organismo, ser usada sem inconvenientes, por longos períodos.
Em caso de obstrução do cateter, deve-se realizar o diagnostico diferencial entre
cateter mal posicionado, mau posicionamento da agulha, oclusão com coagulo, precipitação
de drogas, dobras do cateter e outras oclusões mecânicas (VASQUES; REIS; CARVALHO,
2009; HONÓRIO; CAETANO; ALMEIDA, 2011).
Uma pesquisa realizado por Pires e Vasques (2014) apontou que a manutenção da
permeabilidade do CVCTI é um tema que gera bastante dúvidas. Demonstraram desconhecer
sobre o tipo de solução usada para esta finalidade, assim como a concentração de heparina e,
ainda, em relação à periodicidade de heparinização.
A principal conduta para prevenir a obstrução do dispositivo, após o termino da
infusão de qualquer medicamento, lavar o cateter entre 10 á 20 ml de solução fisiológica.
Assim como, após a infusão de sangue e hemocoponentes manter a irrigação com 20 mL de
solução salina, devido a sua viscosidade.
O selo com solução de heparina quando o cateter não está sendo utilizado, a dose de
heparina pode variar de 10 a 1.000 UI/ml, sendo a concentração de 100 UI/ml, num volume
de 2ml, o mais comumente utilizado. Quanto a periodicidade de heparinização, os fabricantes
indicam que o mesmo seja realizado a cada 30 dias. Entretanto, alguns estudos retrospectivos
afirmam que não houve prejuízo na manutenção da permeabilidade entre cateteres que foram
10
heparinizados em 30 dias ou 60 dias (PIRES; VASQUES, 2014; VASQUES, REIS,
CARVALHO, 2009; HONÓRIO, CAETANO, ALMEIDA, 2011).
Outro fator questionado pelos sujeitos da pesquisa foi sobre quais condutas devem ser
adotadas em caso de obstrução. Ao identificar obstrução, deve-se confirmar o retorno venoso
e, em seguida, tentar infundir soro fisiológico. Ressalta a importância de avaliar possíveis
oclusões mecânicas, como: dobras, mau posicionamento do cateter/agulha.
Quando for decorrente do depósito de fibrina ou trombo, os agentes fibrinolíticos têm
sido amplamente utilizados para desobstrução, desde que com acompanhamento médico,
devido os risco de complicações que a droga possui (PIRES; VASQUES, 2014).
2.3.2 INFECÇÃO
A complicação mais frequente, relacionado ao uso de cateter é a infecção. Pode
ocorrer ao longo do túnel subcutâneo onde o cateter está inserido, quanto na loja subcutânea,
na qual o port está instalado. O risco de um paciente com infecção de foco de CVC TI, evoluir
para uma quadro de Sepse é bastante elevado devido à comunicação direta do cateter com a
circulação central (PIRES; VASQUES, 2014; VASQUES; REIS; CARVALHO, 2009).
Pires e Vasques (2014) questionaram alguns enfermeiros sobre a identificação de
complicações, a exemplo da infecção no CVC-TI, e quais condutas a serem tomada, apenas
um enfermeiro afirmou que não saber como identificar, ou quais condutas adotaria.
Os demais informaram que após detecção de sinais flogísticos na região do cateter,
solicitam avaliação médica. Quando há a suspeita de infecção nesses dispositivos é necessário
comparar exame de hemocultura colhida do cateter, com uma hemocultura coletada por via
periférica. Após a confirmação do sítio de infecção e do microorganismo, deve-se instituir a
antibioticoterapia adequada, pelo médico responsável.
Nos casos em que o paciente não responde à terapêutica, a retirada do cateter pode ser
indicada. Cabe ressaltar que a retirada do cateter é recomendada em caso de persistência do
quadro infeccioso após o uso de antibióticos antibioticoterapia ou detecção de infecção por
Candida spp ou Staphylococcus aureus. A melhor forma de prevenir é através da utilização de
técnica estéril durante o manuseio do cateter; respeitando o prazo estabelecido para troca de
agulha, conexão e equipos.
Estudo realizado por Pires e Vasques (2014) revelou que os enfermeiros têm dúvidas
quanto ao preparo da pele para punção, a maioria dos entrevistados relataram usar álcool a
70%. Estudos apontam que a punção do cateter deve ser realizada por meio de técnica
11
asséptica. O preparo da pele é um passo importante da técnica de punção e para tal, o
antisséptico de escolha, é a clorexidina alcoólica, que é mais efetiva, uma vez que a ação
microbicida mantém efeito residual na pele por tempo superior ao álcool e polvidine
alcoólico, prevenindo a recolonização da pele.
É importante destacar que a antissepsia da pele deve ser realizada por meio de
movimentos em espiral, de dentro para fora, a partir do centro do porte que devem ser
executados por, pelo menos, três vezes antes da inserção da agulha (PIRES; VASQUES,
2014; VASQUES; REIS; CARVALHO, 2009).
2.3.3 EXTRAVASAMENTO
A causa do extravasamento é multifatorial, os fatores mais habituais para o
extravasamento, a formação de trombo ou fibrina na ponta do cateter, e o fragmento do
dispositivo; ainda pode ter como fator predisponente a inserção incompleta da agulha no port,
deslocamento da agulha decorrente de manipulação e mudança no posicionamento constante,
e desconexão entre o cateter e o reservatório.
As medidas de prevenção estão voltadas para o controle desses fatores, como: o uso de
agulha de tamanho adequado; completa inserção da agulha tipo Huber no momento da
punção; curativo bem aderido ao tecido tissular, onde proteja inteiramente a agulha, evitando
o tracionamento dos equipos conectados ao cateter; seringas com o calibre inferior a 5 mL
exercem forte pressão nos cateteres, portanto devem-se utilizar seringas com calibres superior
a 5 mL; monitorar frequentemente o local de punção; antes de iniciar a infusão
medicamentosa, confirmar retorno venoso; orientar ao paciente que evite o tracionamento de
equipos conectados ao cateter, assim como a manipulação do curativo (VASQUES; REIS;
CARVALHO, 2009).
2.3.4 EXTERIORIZAÇÃO DO CATETER
A exteriorização do CVC TI é um evento incomum, acontece quando não há a rotação
do local de punção; ou perda da viabilidade do tecido sobre o cateter, devido à perda de peso
acentuada; lesão na pele sobre a câmera e suas estruturas circunjacentes ao dispositivo,
principalmente por deiscência da incisão cirúrgica (VASQUES; REIS; CARVALHO, 2009).
12
2.3.5 OUTRAS COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO CATETER VENOSO
CENTRAL TOTALMENTE IMPLANTADO
As complicações imediatas associadas ao implante do cateter são: hematomas,
alterações do ritmo cardíaco, complicações decorrentes do ato anestésico, lesão venosa,
embolia gasosa, tamponamento cardíaco, intolerância ao cateter, necrose da pele após o
implante. Alem das complicações tardias como a estenose ou trombose da veia jugular
interna, infecção, obstrução do cateter, extravasamento de líquido, migração do cateter,
exteriorização, ruptura ou fratura do sistema.
As complicações observadas evidenciaram a necessidade de maiores cuidados em
relação à manipulação dos cateteres, baseados em ações cientificas, e imprescindível a
elaboração e utilização de procedimento operacional padrão (POP) (HONÓRIO; CAETANO;
ALMEIDA, 2011; RIBEIRO; MARTINS; CARVALHO, 2008).
O índice de complicações pós-operatório analisados em pacientes oncológicos
hematológicos e não hematológicos não se observou complicações precoces, apenas
complicações inerentes ao procedimento cirúrgico. As desordens hematológicas não
aumentam o risco de complicações quando do uso de cateteres totalmente implantáveis, desde
que utilizem as técnicas assépticas, e registro de toda e qualquer alterações na área ou com o
cateter (MASTALIR et al, 2001).
3. CONCLUSÃO
O implante de cateter venoso central tem sido cada vez mais adotado na prática
hospitalar em cliente com neoplasias, onde é preciso ter um acesso vascular seguro para a
realização de um tratamento prolongado. Os achados apresentados por este estudo evidenciam
a complexidade que envolve a assistência de enfermagem relacionada ao manuseio dos CVCTI, em pacientes oncológicos.
Portanto, executar corretamente a técnica de manuseio desses dispositivos, evitando
obstrução, infecção, extravasamento, exteriorização, além de outras complicações
relacionadas ao cateter venoso central totalmente implantado. Além de ser de fundamental
importância, ter habilidades em identificar, prevenir, e tratar as possíveis complicações
precocemente.
Constatou-se nesta análise que os estudos a respeito do manuseio de cateteres
totalmente implantados em pacientes oncológicos pela equipe de enfermagem, publicados
13
possuíam baixo nível de evidencia. Contudo, acredita-se que este panorama tende a
modificar-se devido à maior adesão do implante de cateter venoso central na prática
hospitalar, e o aumento da incidência de pacientes com neoplasias.
Torna-se imperativo a divulgação e o debate sobre esse tema, pois é evidente a
necessidade desses profissionais de saúde em obterem conhecimento prévio e específico sobre
o manuseio do CVC-TI. Esse aprimoramento permitirá uma melhor intervenção
individualizada, por toda a equipe de enfermagem, frente ao paciente oncológico que utilize
este dispositivo, o que produzirá menores índices de complicações, e maior tempo de
sobrevida do cateter.
14
MANAGEMENT FULLY IMPLEMENTED IN CATHETERS CANCER PATIENTS
BY NURSING STAFF: A LITERATURE REVIEW
Abstract: Include cancer patient to undergo a prolonged treatments, require constant use of
the venous network, causing at some point a weakness in peripheral vascular disease. This
device is recommended for those patients who have difficult peripheral venous access and
will be subject to long-term intravenous therapy. Aiming to analyze the main nursing care
with totally implanted catheters in cancer patients. We performed a literature search of
integrative character, through a survey of scientific articles in database Scielo. After crossing
descriptors, 15 articles were selected and filed, being adapted 09 articles that were directly
linked to the chosen analysis for making this topic. From reading the posts and thinking,
articulating the theoretical data found, items were categorized into: Puncture of central venous
access catheters, dressings for CVC - TI, complications related to these devices. After data
analysis, it was found that the complexity of nursing care in handling these devices.
Therefore, to properly perform the technique of handling these devices, avoiding obstruction,
infection, leakage, externalizing, and other complications related to the totally implanted
central venous catheter. Besides being of fundamental importance, have skills to identify,
prevent, and treat possible complications early.
Keywords: Management. Totally implanted catheter. Nursing. Oncology.
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