Aula: 29 Temática: Metabolismo dos lipídeos – parte I Os lipídeos

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Aula: 29
Temática: Metabolismo dos lipídeos – parte I
Os lipídeos são armazenados em grandes quantidades como
triglicerídeos neutros altamente insolúveis, tanto nos vegetais como nos
animais. Eles podem ser rapidamente mobilizados e degradados para suprir
demandas energéticas celulares. A função das gorduras (ou triglicerídeos),
como reserva de alimento já foi mencionada. A maneira pela qual estas
substâncias são removidas de seus lugares de armazenamento e utilizadas
para beneficio do organismo só poderá ser compreendida através da discussão
do metabolismo de gorduras.
Os lipídios podem ser armazenados em grandes quantidades como
triglicerídeos insolúveis e podem rapidamente ser mobilizados e degradados
para suprir demandas energéticas celulares. Observando a esquematização do
metabolismo dos triglicerídeos (figura 1), veremos que eles se acham num
estado de equilíbrio dinâmico, de constante transporte e utilização de gorduras
de um lugar para outro (mostrado pelas setas duplas ).
Fig.1 – Esquema do metabolismo de gorduras, onde: (1) representa a absorção de gorduras
pelo organismo; (2) o sistema de transporte de gorduras; (3) armazenamento de gorduras no
corpo; (4) utilização das gorduras com a produção de energia; (5) oxidação de ácidos graxos e
síntese de gorduras no fígado.
BIOQUÍMICA
Dependendo das necessidades do animal, a ênfase das setas pode mudar.
Assim, quando se ingerem gorduras, uma grande proporção é transportada
através da membrana intestinal para o sangue. O sangue transporta alguma
gordura para o fígado e outros tecidos, onde é utilizado para fornecer energia
para as funções celulares. O excesso de gordura é transportado pelo sangue
para locais onde serão depositadas. Esta forma de energia armazenada pode
ser usada quando necessário.
É possível ao animal biossintetizar gorduras no fígado a partir de produtos do
metabolismo de carboidratos, quando em excesso. Ou seja, quando o
fornecimento calórico excede as necessidades, o excesso de alimento é
armazenado como gordura, o corpo não pode “guardar” nenhuma outra forma
de alimento em tão grandes quantidades. Os carboidratos, por exemplo, são
convertidos a glicogênio, mas a capacidade do corpo em estocar esse
polissacarídeo como fonte potencial de energia é limitada.
Observa-se na figura acima (fig.4), que um dos produtos do metabolismo das
gorduras é a energia, sendo esta uma das mais importantes funções dos
lipídios. Para obter essa energia a célula possui uma série de reações
integradas para a degradação (catabolismo) gradual das gorduras, com
liberação de energia aproveitável. A quebra das moléculas de gordura começa
com a hidrólise dos triglicerídeos a glicerol e ácidos graxos.
Retirado de BENNET & FREDEN, 1987.
Esta reação é catalisada por enzimas hidrolíticas chamadas lipases ou
esterases que tem por característica, ter sua ação totalmente reversível.
BIOQUÍMICA
O principal suprimento de lipases digestivas no organismo animal é secretado
pelo pâncreas e a digestão e absorção dos produtos são facilitadas pela bile,
secretada pelo fígado. A lipase pancreática não remove, obrigatoriamente,
todos os três grupos R (cadeias de ácidos graxos) simultaneamente, mas um
após o outro, de modo que, após curto período de digestão, a mistura contém
mono, di e triglicerídeos não digeridos, juntamente com alguns ácidos graxos
livres e glicerol.
Os sais biliares contidos na bile têm a função de abaixar a tensão superficial na
interface gordura/água, a níveis mínimos. Em presença de sais biliares e dos
produtos da digestão parcial, as gorduras não digeridas se tornam tão
finamente emulsionados que as partículas resultantes podem passar não
transformadas pelos microporos das paredes do intestino. As partículas
absorvidas são carreadas sob a forma de gotículas microscópicas, para serem
armazenadas nos depósitos de gordura do corpo. Estima-se que dois terços a
três quartos das gorduras totais da dieta alimentar sejam absorvidos sob forma
de emulsão.
À medida que os ácidos graxos livres entram nas células adiposas do tecido
adiposo, pela ação da liproteina-lipase, são rapidamente convertidos a
triacilgliceróis (figura 2).
BIOQUÍMICA
Fig. 2 – Enzimas envolvidas na síntese de triacigliceróis: (1) Aldolase; (2) Diidroxiacetonafosfato- desidrogenasse; (3) Triose-fostato-desidrogenase; (4) Glicerol-3-fosfatodesidrogenase; (5) Acildesidroxiacetona-fosfato-redutase; (6) Glicerol-fosfato-aciltransferase;
(7) Liso-fosfatidato-aciltransferase; (8) Fosfatidado-fosfatase; (9) Diacilglicerol- aciltransferase;
(10) Triose-fosfato-isomerase (retirado de CONN & STUMPF, 1990).
Os depósitos de gordura não são fixos, isto é, os lipídeos são continuamente
mobilizados e depositados. Normalmente, a quantidade de lipídeos do corpo é
mantida constante por longos períodos de tempo, possivelmente através da
regulação do apetite.
Quando condições de tensão (stress) desenvolvem-se no animal, tais como
jejum, exercício prolongado ou resposta a medo repentino — sob a forma de
exercício violento — a adrenalina da corrente sangüínea liga-se a um receptor
especifico da superfície da célula gordurosa e provoca uma resposta, quando
BIOQUÍMICA
uma lípase, hormônio-sensível, é ativada, convertendo rapidamente os
triacilgliceróis a diacilgliceróis e ácidos graxos livres (AGL). Os AGL são
transferidos para o sangue, onde se combinam com a albumina do soro,
formando complexos, solúveis e estáveis, de AGL-albumina. A albumina
constitui cerca de 50% do total de proteínas do plasma, exercendo um
importante papel no transporte de ácidos graxos, os quais, se não estivessem
complexados, seriam altamente insolúveis e tóxicos, provocando lise nos
glóbulos vermelhos. Os complexos AGL-albumina que são rapidamente
transportados para o fígado, para posterior utilização. Embora apenas cerca de
2% dos lipídeos totais do plasma estejam associados com a soroalbumina
como complexos AGL-albumina, a renovação dos AGL no plasma é muito alto.
Quando o complexo entra no fígado, ocorre uma rápida transferência dos AGL
para as células do fígado, e um retorno simultâneo da albumina livre para a
corrente sangüínea.
Não deixe de participar dos fóruns de discussão, pois ampliará seus
conhecimentos acerca da bioquímica. Até a próxima aula!
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