T17 – Regulação hormonal mediada por estrogénios

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T17 – Regulação hormonal mediada por estrogénios, glucocorticóides e hormonas da tiróide
O sistema endócrino permite a comunicação entre as células, os diferentes tecidos e os diferentes
órgãos. Através do sistema nervoso, o sistema endócrino permite a comunicação e é responsável pela
regulação de muitas funções, como o crescimento, desenvolvimento, reprodução, homeostasia e ainda pela
resposta a estímulos externos e ao stress. Por isso, falhas na comunicação são frequentes dada a enorme
especificidade e complexidade, o que condiciona várias doenças relacionadas com o sistema endócrino.
Os processos básicos hormonais consistem na libertação de estímulos químicos ou neuronais pelo
sistema nervoso, aquando da sua estimulação por sensores sensíveis ao ambiente exterior. Esses estímulos
vão actuar nos órgãos específicos que produzem a hormona respectivamente estimulada a ser sintetizada.
Posteriormente à síntese da hormona, é libertada para a corrente sanguínea e vai actuar especificamente nos
órgãos alvo, desencadeando, assim, um efeito fisiológico ou bioquímico.
O que são hormonas lipofílicas?
 São lipofílicas, pelo que são pouco solúveis em água
 Precisam se um transportador para conseguir circular no plasma
 A célula alvo tem receptores intracelulares que actuam no núcleo da célula
 São, portanto, capazes de influenciar a transcrição dos genes, por ligação a promotores ou repressores
 Os seus efeitos são sentidos lentamente
 Alguns efeitos são de tão longa duração que se dizem irreversíveis
 A ausência prolongada não é, geralmente, fatal, mas origina alterações significativas de fenótipo
 A sua secreção é regulada pela acção de uma outra hormona proveniente da hipófise anterior (= glândula
pituitária anterior)
Hormonas produzidas nas glândulas supra-renais
Zona glomerulosa
Córtex supra-renal
Zona fasciculada
Zona reticular
Medula supra-renal
Mineralocorticóides – Aldosterona
Glucocorticóides – cortisol
Andosterona
Adrenalina e noradrenalina
Biossíntese do cortisol
A partir do colesterol (27C), é sintetizada pregnenolona que é precursora de glucocorticóides,
mineralocorticóides e de androgénios.
Para a síntese de cortisol, a pregnenolona primeiro, sob acção do citocromo P450, transforma-se em
progesterona e, depois então, é transformada em cortisol, por acção de outros citocromos P450. O cortisol é
uma hormona lipofílica, mas mais solúvel que a pregnenolona, favorecendo a sua circulação até aos tecidos
alvo.
O sistema nervoso central é sensível à dor, medo, infecção, hemorragia e à hipoglicémia. Esses sinais
vão estimular o hipotálamo a libertar a hormona responsável pela libertação de corticotropina (corticotropinreleasing hormone – CRH). Esta hormona é um dos principais reguladores da libertação da hormona
adrenocorticotrópica (ACTH). Assim, quando o hipotálamo é estimulado a libertar a CRH, esta vai actuar na
glângula pituitária anterior para sintetizar a libertar ACTH.
A ACTH estimula a síntese e a libertação de hormonas glucocorticóides, pois interage com os
receptores transmembranares do córtex adrenal, provocando o aumento da produção de cAMP, para
estimular a actividade da colesterol esterase.
Depois da libertação dos glucocorticóides, maioritariamente o cortisol, este vai actuar nos tecidos alvo,
principalmente, no músculo, fígado e adipócito. Sendo que os efeitos do cortisol são:
 normalização da glicemia (por aumento da produção)
 resposta anti-inflamatória
 supressão do sistema imunitário
 vasoconstrição
 resposta/fisiologia do stress
 adaptação cardiomuscular
Normalização da glicémia
O cortisol tem a sua maior influência no controlo homeostático da glucose, sendo o seu efeito
semelhante ao efeito da glucagina, mas com uma acção mais lenta.
O cortisol actua no núcleo das células, aumentando a expressão genética das enzimas gluconeogénicas.
Assim, ele vai estimular a degradação de proteínas e de lípidos e a neoglucogénese, para aumentar a
produção de glucose. Tem portanto o efeito oposto da insulina, mas promove a reabsorção de sódio e a perda
de potássio, função específica dos mineralocorticóides.
Tendo em conta os efeitos do cortisol e da ACTH, os seus níveis estão aumentados de manhã, durante
os períodos de jejum, que é necessário haver degradação proteica e lipídica. No entanto, à noite os seus
níveis já são mais baixos.
Resposta anti-inflamatória
O cortisol tem efeitos no sistema imune e anti-inflamatório, pois impede a formação de ácido
araquidónico ao nível dos macrófagos. Sendo o ácido araquidónico o precursor de tromboxanos,
prostoglandinas, prostociclinas e leucotrienos, o processo inflamatório vai estar comprometido.
Assim, a cortisona, um glucocorticóide sintético, é utilizado como anti-inflamatório e anti-alérgico, nas
alterações dermatológicas.
Resposta ao stress
Em situações de stress e de emergência, a síntese de cortisol é estimulada pela estimulação da glândula
pituitária anterior que liberta ACTH, que por sua vez estimula a produção do cortisol pelo córtex das
glândulas supra-renais. Por outro lado, o sistema nervoso autónomo estimula a medula adrenal a produzir
adrenalina. Estas duas hormonas combinadas vão fazer uma rápida conversão de fuels em glucose pronta a
ser utilizada. É este mecanismo que permite a fuga descontrolada e incansável. Só quando o perigo passou
nos sentimos cansados e sem forças.
Hiposecreção de Cortisol – Doença de Addison
As causas da doença de Addison passam por uma insuficiência primária ou secundária das glândulas
supra-renais. A insuficiência primária está 70% dos casos envolvida com a destruição auto-imune
progressiva do córtex adrenal e a insuficiência secundária está mais associada à secreção insuficiente de
ACTH pela hipófise anterior.
Os principais efeitos são hipoglicémia, devido à diminuição de glucocorticóides, e perda catastrófica de
sódio e água, devido à ausência de mineralocorticóides, que se podem traduzir por hipotensão. Assim, os
principais tratamentos incidem na administração de hidrocortisona e na hidratação, com suplementos
mineralógicos.
Estrogénios – regulação e acção
Os estrogénios são sintetizados a partir da pregnenolona que forma progesterona e esta, por sua vez,
forma testosterona e só depois, então, estrogénio
O estrogénio, além de ser uma hormona sexual feminina, tem grande influência na massa óssea. A sua
presença estimula os osteoblastos a formar osso, contudo, na sua ausência a reabsorção realizada pelos
osteoclastos é preferencial, o que resulta na osteoporose, por falta de massa óssea.
Síndrome poliquístico do ovário
Causas:
 Mutação num gene
Redução no estrogénio,
 Produção excessiva de insulina
excesso de testosterona
 Desequilíbrio das hormonas no hipotálamo, na hipófise, ou nos ovários
Consequências:
 Diabetes do tipo 2, por resistência à insulina
 Níveis elevados de “mau colesterol” (LDL), ou baixos níveis do “bom colesterol” (HDL)
 Tensão arterial elevada
 Níveis aumentados de glucose no sangue
 Celulite (especialmente à volta da cintura e no abdómen)
 Níveis aumentados de gorduras do sangue (triglicerídeos)
 Níveis elevados da proteína reactiva C (indicador de inflamação)
 Níveis elevados de coagulação no sangue
 Cancro do endométrio (se não for tratada faz com que o revestimento interno do útero não seja
descamado e substituído regularmente)
 Infertilidade
Hormonas da tiróide
As hormonas da tiróide são sintetizadas a partir de tirosina.
Como são lipossolúveis, precisam de proteínas que se ligam às hormonas para conseguirem ser
transportadas no plasma. Maioritariamente, ligam-se à TBG (tiroxina-binding globulin), que é uma
glicoproteína sintetizada no fígado, à transtirretina e à albumina.
As células têm grande selectividade de reconhecimento das hormonas da tiróide, tendo um receptor
intracelular, que se encontra no núcleo. Assim, quando as hormonas são transportadas até ao núcleo celular
vão modificar a transcrição de genes específicos e aumentar a síntese proteica que se traduz no crescimento e
maturação celular, por um lado, e na estimulação da respiração celular, por outro. Assim, ambos os efeitos
vão-se traduzir num aumento da ingestão de alimentos. Desta forma, o consumo de O2 vai aumentar, bem
como o metabolismo de fuels, provocando uma estimulação cardíaca e da termogénese.
Hipotiroidismo
↑TSH - ↓T3 e ↓T4
↓ Metabolismo energético
↓ Termogénese (> sensação de frio)
Diminuição do apetite
↓ eritropoiese
↓ lipólise – ganho de peso
↓ síntese proteica
↓ catabolismo de VLDL – ↑ VLDL
↓ secreção de ácidos biliares – ↑ Colesterol
↑ risco de Aterosclerose
↓ eliminação de drogas
↓ glicogenólise
hipoglicemia
↓ neoglicogénese
Bradicardia - ↓ frequência cardíaca
Refluxo esofágico - ↓ mobilidade intestinal
↓ excitabilidade neuromuscular
Hiporreflexia
Depressão
As crianças apresentam atraso do
desenvolvimento e pequena estatura
Hipertiroidismo
↓ TSH - ↑T3 e ↑T4
↑ Metabolismo energético
↑ Termogénese – sudorese elevada
↑ eritropoiese
↑ lipólise
↑ proteólise
Perda de peso, perda de massa muscular
Fraqueza muscular
↑ catabolismo de VLDL –↓ VLDL
↑ secreção de ácidos biliares –↓ Colesterol
↑ eliminação de drogas
↑ glicogenólise
hiperglicemia
↑ neoglicogénese
Taquicardia - ↑ frequência cardíaca
↑ contracção intestinal – diarreia
↑ excitabilidade neuromuscular
Hiperreflexia
Tremor, insónias
As crianças têm um crescimento acelerado – ↑
metabolismo ósseo
As situações de hipotiroidismo são muito parecidas ao que acontece no idoso.
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