AS VÁRIAS FACES DA DEPRESSÃO - Med Rio Check-up

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AS VÁRIAS FACES DA DEPRESSÃO
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Isabel, 38 anos, jornalista, sofre de insônia e, frequentemente, acorda durante a noite.
Anda triste. Perdeu toda a motivação por suas coberturas jornalísticas e se sente
culpada por não poder dispor de mais tempo para os filhos. Não tem vontade de
cozinhar para a família, atividade que antes lhe dava prazer. Come sem apetite, se
esquece das coisas facilmente, tem grande dificuldade para se concentrar e perdeu o
interesse pelo programa de televisão preferido. As tentativas de aproximação
afetuosas de seu marido são infrutíferas. Está desesperada. Há duas semanas vem
pensado em sumir. Logo ela, que sempre foi bem-humorada, positiva e dinâmica, anda
irritada, desanimada e sem iniciativa para nada.
As mulheres são as mais acometidas pela depressão, assim como, pessoas com nível
de instrução superior (professores, dirigentes, profissionais liberais etc.).
Segundo a Organização Mundial da Saúde, 15% da população mundial
em algum momento da vida sofrerá depressão. Estima-se que hoje
sejam mais de 400 milhões os portadores de alguma forma de depressão
em todo o mundo.
A palavra depressão se banalizou e frequentemente designa estados passageiros de
desânimo e tristeza. Quando esses sintomas persistem durante semanas ou meses e
impedem um retorno à vida normal, podem ser
premissas de uma depressão
herdadeira e não devem ser negligenciados.
Muitos casos estão relacionados com emoções e pensamentos do passado.
Diferentemente do que ocorre com a jornalista citada, situações mais emblemáticas −
óbitos, separações, perda de emprego, acidentes, doenças graves etc. − podem
provocar um estresse mais difícil de suportar e, sendo prolongados, resultarem em
sintomas mais graves. Não sendo controladas, face à gravidade e intensidade da
emoção, podem conduzir à depressão ou desencadear outras doenças. Na vida
moderna, as situações causadoras de estresse são quase permanentes e provocam
diminuição das defesas, tanto físicas quanto psíquicas.
A desregulação no eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal resulta no aumento da
produção do cortisol circulante e explica por que, muitas vezes, a depressão vem
acompanhada de ansiedade e de estresse crônico. Esse eixo exerce papel fundamental
na resposta aos estímulos externos e internos, incluindo os estressores psicológicos.
Desequilibrado, leva a um aumento na produção de cortisol circulante, e se manifesta
em pessoas com desvios psiquiátricos.
Além
da
depressão
melancólica,
distúrbios como anorexia nervosa,
anedonia (incapacidade de sentir prazer),
transtorno obsessivo-compulsivo, pânico,
exercício
físico
excessivo
e
hipertireoidismo também podem estar
associados à ativação constante e
prolongada do eixo hipotálamo-hipófisesuprarrenal. A estimulação constante
desse eixo na depressão profunda é das
descobertas recentes mais consistentes
no campo da Psiquiatria. Um percentual significativo de pacientes com esse tipo de
doença apresenta concentrações aumentadas de cortisol no sangue, na urina e no
liquor, após a estimulação da glândula suprarrenal pela hipófise e hipotálamo.
Múltiplas linhas de pesquisa têm fornecido evidências de que, durante a depressão, o
não funcionamento regular do cérebro emocional, incluindo o hipotálamo e o
hipocampo, resulta na secreção aumentada do hormônio de liberação da
corticotropina (aquele que estimula a hipófise, que estimula a suprarrenal a produzir
cortisol) e vários estudos evidenciaram que o HLC pode desempenhar um papel nos
sinais e sintomas comportamentais da depressão (queda do desejo sexual, apetite
reduzido, alterações psicomotoras e distúrbios do sono).
Para explicar a depressão, essa verdadeira epidemia do mundo moderno, os sociólogos
evocam as estressantes condições de vida e a violência psicológica, em particular no
ambiente de trabalho. A verdade é que vivemos em uma sociedade depressiva. A
quantidade de antidepressivos consumidos, a maioria com nomes cheios de x ou de z,
é um dos sucessos da indústria farmacêutica.
Por quê? Primeiro, as terapias de apoio (psicoterapias) são longas e caras e não
reembolsáveis pelos “seguro-doenças” (sim, nossos seguros são chamados
erroneamente de seguro-saúde, pois são utilizados quando se está doente). Segundo,
não existe um teste biológico que permita o diagnóstico preciso da depressão,
havendo o risco de se “medicar” estados normais de fragilidade, tais como lutos,
insônias, queda do desejo sexual etc. Por último, a demanda por parte dos pacientes é
enorme para “saírem” desse momento difícil o mais rápido possível.
Não será surpresa, se em pouco tempo, a sociedade moderna se questionar sobre a
escolha entre a utilização da psicoterapia como apoio ou uso direto de
antidepressivos.
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