Imagens da Organização (Gareth Morgan) As Organizações vistas como Cérebros A metáfora orgânica do cérebro se baseia na comparação entre o funcionamento do cérebro com o funcionamento da empresa, a semelhança entre a estrutura da empresa com o cérebro. O cérebro como parte do corpo humano é um órgão independente, possui capacidade de promover ações flexíveis, criativas e inteligentes. Ele tem a capacidade de através de estímulos neurais fazer com que todo o resto do corpo haja, seja em tarefas ou atividades rotineiras como em situações atípicas. A empresa como o cérebro precisa possuir essa capacidade, neste caso além de ter uma liderança ou função pensante precisa agir de forma coerente e rápida, ter uma visão sistêmica e global de forma a delegar e estimular as outras áreas e níveis, integrando e controlando todas as atividades que serão executadas e as que estão em andamento. Teoria dos sistemas Fundador: biólogo Ludwig Von Bertallanffy, sistema pode ser definido como um conjunto de elementos interdependentes que interagem com objetivos comuns formando um todo. Elementos: Entropia: o sistema sofre deterioração. Sinergia: as diferentes partes do sistema interagem. Imagens do Cérebro O cérebro é comparado ou concebido como um sistema de controle ou sistema de processamento de informação. Neste caso como um computador ou sistema informatizado ele é capaz de aprender a aprender. Ele recebe uma informação ou estímulo através dos órgãos sensoriais (tato,olfato, paladar, visão e pele) ao receber esta informação ele a processa e age em decorrência daquele estímulo enviando sinais a outras partes do corpo para que estas reajam. Sua inteligência é tamanha que o cérebro é capaz de promover reações e ações em resposta a circunstâncias rotineiras como também para fatos inesperados e excepcionais; ou seja é capaz de aprender a aprender novas ações. A organização como o cérebro precisa desenvolver esta habilidade: ser flexível o bastante para agir de acordo com as ameaças e oportunidades do macro ambiente. Estas demandas são os processos habituais que os vários departamentos já executam como também as novas informações e procedimentos que a empresa receberá e precisará processá-las. Processamento de Informações, tomada de decisões e planejamento organizacional. As empresas como cérebro podem tolher os processos de tomada de decisão por rotinizar este processo, o que não acontece em uma organização em que as responsabilidades são compartilhadas, onde é possível padronizar o procedimento e mesmo assim administrar possíveis problemas. Cibernética, aprendizagem e aprender a aprender A cibernética consiste na idéia de um processo de eliminação de erros em cada estágio do processo por meio do qual os desvios são reduzidos até se conseguir chegar ao resultado. Como sistemas cibernéticos mais complexos como o cérebro ou computadores avançados é preciso detectar e corrigir erros nas normas de operação e influenciar os padrões que guiam as operações; ou seja a empresa deve ser capaz de enquadrar e reenquadrar assuntos e problemas de tal forma que sejam focalizados de maneira aberta. Neste sentido a cibernética pode ser explicada como um estágio avançado do processamento de informação, a base da era informatizada. Relacionando este conceito às organizações o presente momento já nos apresenta empresas e processos nas organizações que não necessitam de estruturas físicas para funcionar, tudo é realizado por sistemas online. Podem as Organizações Aprender e Aprender a Aprender Apesar de ser algo abstrato o conceito cibernético de aprender a aprender permite dois tipos de aprendizagem: circuito simples onde o erro é detectado e corrigido de acordo com o conjunto de normas; e o circuito duplo, onde ela tem a opção de questionar as normas antes da tomada de decisão, procedimento acessível a empresas com capacidade de auto-organização e flexíveis como o cérebro. Cérebros e organizações vistos como sistemas holográficos As capacidades requeridas para o funcionamento do todo estão presentes nas partes, permitindo ao sistema aprender e auto organizar-se, impactando sobre o planejamento de organizações futuras. O caráter holográfico do cérebro é refletido através da conexão de diversos neurônios interligados entre si, permitindo um funcionamento similar e especializado, serve como canais de comunicação quanto como área de atividade da memória. Funções desempenhadas: córtex (o principal planejador que controla toda a atividade não rotineira e talvez a memória); cerebelo (piloto automático que se encarrega da atividade rotineira) e mesencéfalo (o centro dos sentimentos olfato e emoção) são interdependentes e capazes de agir um pelo outro quando necessário. Os hemisférios direito e esquerdo combinam – se para produzir padrões de pensamentos. Cada neurônio é capaz de reter e processar milhares de informações, e ao mesmo tempo tem a capacidade de perceber aquilo que está a sua volta, essa condutividade do cérebro permite organizar e reorganizar a si mesmo, de acordo com as circunstâncias de mudanças que enfrenta. O desenvolvimento de organizações holográficas é parecido com o cérebro, baseia-se na realização de um potencial já existente. Como facilitar a auto-organização: princípios de planejamento holográfico A concepção holográfica é estabelecida sobre a implementação de quatro princípios integrados: redundância de funções, aprender a aprender, variedades de requisito e especificação crítica mínima. Fred Emery sugeriu dois métodos para introduzir a redundância (variedade; permite que o cérebro atue de maneira probalística, facilitando o processo de auto-organização, por meio do quais estruturas internas e funcionamento podem evoluir de acordo com as mudanças) em um sistema. Redundância das partes: o principio do planejamento é mecanicista onde possui uma estrutura hierárquica que uma parte é responsável por controlar a outra, onde o envolvimento é parcial e instrumental. Redundância das funções: onde cada membro adquire múltiplas habilidades, sendo assim capaz de desempenhar um o trabalho do outro e substituírem uns aos outros quando necessário, onde é mais holístico e envolvente. Os sistemas são holográficos por basear-se em funções redundantes. Aprender a aprender: os membros devem valorizar as atividades que se acham engajados, como permanecer aberto a tipos de aprendizagem que permitam a eles questionar, desafiar e mudar o planejamento das atividades. Variedades de requisito: ajuda a promover o planejamento das relações parte-todo, mostrando exatamente quanto do todo esta presente em determinada parte. Especificação critica mínima: tenta preservar a flexibilidade, sugerindo que, em geral seria necessário especificar nada mais do que o absolutamente necessário para que a atividade particular ocorra. Hebert Simon define o principio da hierarquia como forma adaptativa para que uma inteligência finita se adapte em face de complexidade, e argumenta que os sistemas evoluirão muito mais rapidamente caso existam formas intermediárias e estáveis. De uma forma semelhante W. Ross Ashby aponta que nenhum sistema de adaptação complexa pode ser bem-sucedido em um espaço curto de tempo, a menos que o processo possa ocorrer de subsistema para subsistema, sendo cada um relativamente independente do outro. Se os sistemas que se auto-organizam, possuem uma organização casual, levarão uma quantidade infinita de tempo para concluir a tarefa complexa, agora se usarem a autonomia que tem para encontrar os modelos apropriados de condutividade, podem desenvolver habilidades e encontrar soluções para os problemas complexos. A organização holográfica na prática Cada um e todos os empregados devem saber quase tudo sobre os produtos e processos, devem estar envolvidos, empenhados, desenvolvendo valores comuns, aumentando a produtividade e sendo recompensados por suas realizações em termos de níveis de habilidades. Apesar da necessidade imediata das características holográficas e seus potenciais, seria um exagero afirmar que a mesma consegue descrever com exatidão as organizações do presente. Vantagens e Limitações da Metáfora do Cérebro A maior parte deste capítulo é voltada para o futuro da estrutura organizacional, onde permite compreender a empresa como um Sistema de Processamento de Informações, onde o todo se encontra nas partes e as partes no todo, estimulando toda a organização aprender a aprender (permanecer aberto às mudanças), através de flexibilidade e criatividade, enfatizando a importância da criação de organizações que sejam capazes de inovar e de evoluir para atender os desafios de ambientes em mudanças, recriar-se. As ideias apresentadas nesta metáfora oferecem diretrizes concretas de como isso pode ser alcançado. Em particular, sugere-se que organizações inovadoras devam ser planejadas com sistemas de aprendizado com ênfase especial em estar abertas a investigação e autocrítica. Onde o cérebro foi escolhido como uma imagem (metáfora da organização), sendo tema de comparação com as organizações que vivem em sistemas de gestão mais modernos. O cérebro é um sistema “perfeito” de processamento de informações, semelhante a um computador, ou uma rede de internet, que transmite impulsos eletrônicos e realiza funções de forma eficiente. Organizações vista como cérebro leva a possibilidade de criar novas formas de organização que difundam (espalhe) capacidades semelhantes ás do cérebro por toda a empresa, em lugar de somente confiná-las a unidades especiais ou partes de modo que formando redes de interação que possam auto-organizase e adquirir a forma e orientação determinadas pela inteligência de todas as pessoas envolvidas. Com a metáfora do cérebro, ganhamos uma nova teoria da administração baseada nos princípios de auto- organização. As ideias exploradas neste capítulo apontam para um modo de liderança e administração completamente novo, em que o desejo de estimular o aprendizado e a evolução é prioridades básicas, resumidas em: •Processo de aprendizado contínuo •A liderança precisa ser difusa em vez de centralizada •Embora as metas, objetivos e alvos possam ser instrumentos administrativos úteis, precisam se usados de maneira que evitem o circuito único. •A busca de metas deve ser acompanhada por uma conscientização dos limites necessários para evitar resultados nocivos •A hierarquia, a estrutura e o desenvolvimento estratégico devem ser abordados e compreendidos como fenômenos emergentes. Limitações A metáfora do cérebro tem muitas vantagens, mas também possui várias limitações, pois se trata de um modelo de análise que pode implicar em altos custos (para garantir a formação adequada dos seus colaboradores visando autonomia aos indivíduos, onde os mesmos sejam qualificados e bem treinados de forma a atenderem às demandas), e envolve a necessidade de garantia de autonomia em alto grau (e em vários níveis da organização), o que representa uma situação de difícil aplicação na prática, devido uma crença tão forte de que ordem significa estrutura clara e controle hierárquico. A aplicação das ideias associadas com a metáfora do cérebro requer tanto uma mudança de poder como uma mudança de mentalidade. "É possível que, usando o cérebro como uma metáfora para a organização, seja viável desenvolver a habilidade para realizar o processo de organização de maneira que promova a ação flexível e criativa" (Morgan, 1986).