A T E S T A D O - Solos Arenosos

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ONDE ESTOCAR NUTRIENTES EM SOLOS ARENOSOS?
SA - Artigo 1 – 12-03-2016
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Edemar Moro1
Professor e Pesquisador do Curso de Agronomia da Unoeste
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------A resposta a essa pergunta é bastante obvia e muitos responderiam que seria
na CTC (Capacidade de Troca de Cátions) e de fato é. A CTC é a “prateleira para
armazenar os nutrientes catiônicos”; é da CTC que ocorre a reposição e
manutenção do equilíbrio dos nutrientes com a solução do solo, local de onde as
raízes fazem a absorção. A absorção ocorre sempre em meio aquoso, razão pela
qual se denomina solução do solo. É verdade que quanto maior o desenvolvimento
das raízes, maior será o volume de solo explorado (este assunto será abordado nos
próximos artigos).
Pois bem, quando o assunto é CTC, imediatamente se associa o termo com
matéria orgânica e argila, frações do solo que são consideradas coloides. A matéria
orgânica em média é responsável por 80% da CTC do solo. Com relação às argilas
ocorre grande variação na quantidade de cargas negativas em função do tipo e
tamanho de partícula. As argilas 2x1, como por exemplo, a montmorilonita possui
CTC superior a 1.000 mmolc kg-1. Já a caulinita comum em solos de clima tropical
intemperizados, principalmente os arenosos possui valores de CTC média 20 vezes
menor do que as argilas 2x1. A CTC de solos arenosos é muito baixa e, portanto, a
capacidade de estocar nutrientes também será baixa.
Diante disto, como aumentar o estoque de nutrientes em solos arenosos? A
física do solo é imutável, a matéria orgânica difícil de elevar e a mineralização é
muito intensa. A princípio parece não haver solução, mas não é tão difícil quanto
parece. Se a CTC é baixa, é preciso é criar um local alternativo para estocar
nutrientes. Diante da dificuldade de estocar nutrientes no solo, a alternativa é
armazenar na parte aérea e nas raízes das plantas. Diante disso, surgem
questionamentos, tais como ...... a palhada se decompõem muito rápido. A solução é
produzir palha em abundância. Se a decomposição é rápida sempre teremos que
produzir palha, não há outra maneira.
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Outro questionamento que surge é que se a palhada se decompõem de forma
rápida e a mineralização é rápida, haverá perdas de nutrientes? Isso também se
resolve com plantas, é só manter o solo vegetado. Quando há uma planta
vegetando, os nutrientes liberados da palhada serão absorvidos, esse processo, não
pode parar. O maior exemplo deste ciclo é o consórcio de capim com braquiária.
Quando o milho paralisa a atividade fisiológica, já há uma braquiária aproveitando os
nutrientes que poderiam ser perdidos, estocando-os nas raízes e parte aérea.
Quem nunca ouviu a frase.... é preciso deixar o solo descansar. Até hoje
ninguém nunca viu um solo cansado. O que acontece é um esgotamento químico e
uma física mal ajustada. Quanto mais intenso o uso do solo de forma correta, melhor
será o resultado. No conceito moderno de sistema de produção, já se fala em quatro
safras ao ano. O pousio que no passado fazia referência ao solo “descansar” é a
pior situação para qualquer sistema de produção.
No contexto de explorar bem o solo destaca-se a Integração LavouraPecuária (ILP), que fortalece e tem aprimorado o conceito do plantio direto. Além da
rotação quem usa a ILP tem feito consorciação de espécies (Sistema Santa Fé e
Santa Brígida) e além da cobertura morta, tem priorizado cobertura verde, que pode
ser transformada em carne. Já foi comprovado pela pesquisa que boi não compacta
solo e que o pastejo proporciona maiores produtividade de soja e milho em relação a
áreas não pastejadas. Essa maior produção em áreas pastejadas é decorrente da
ciclagem de raízes e nutrientes.
Resumo: o melhor sistema de produção para solos arenosos é aquele que
mantém o solo vegetado por mais tempo possível durante o ano. É o sistema que
utiliza nutrientes que poderiam ser perdidos para produzir matéria seca de
qualidade.
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