Estudos Lln90!sticoa NO 2 - 1978 p. 3 ;., 10 Ataliba T. de Castilho (Unicamp) 1. Em diferentes sernin,1riosde nossa agremia~ao relatei a implantac;ao do Projeto !lURe no Brasil, as deci- soes tomadas nas Reunioes Nacionais dos Responsaveis pOl' sua execu~ao, e a marcha das gravar.oes e das demais atividades nas cinco cidades que integram Em Sao Paulo, 0 0 trabalho. Projeto NURC contou com a a~si! tencia financeira da FAPESP desde seu come~o, em 1969, bem como com a ajuda da Universidade de Sao Paulo. Gragas so, e sobretudo as incansaveis atividades dos a is- documentado- res, foram sravadas cerca de 340 horas de entrevistas, den- tro de urnalvo de 400. 2. A partir de 1977, a equipe de Sac Paulo passou a considerar a necessidade de principiar a anilise dos materiais levantados. Anteriormente a isso, entret~nto, al- guns levantamentos experimentais tinham sido realizados. primeiro esteve a cargo do Prof. Antonio Marchetti, tando de Pos-Gradua~ao do Prof. Dino Preti, e 0 orien- referia-se aos pronomes relativos. Em 1976 apresentei ao XVI rio"do GEL, reunido em MarIlia, uma analise Seminapreliminar dos pronomes demonstrativos relacionados com os pronomes pe~ soais (v. Estudos Lingilisticos 1: 30-35,1978). No momento ha nove pesquisadores sob minha orientd~~o para pre?arando-se estudn da morfo-sintaxe do ver- bo: na Universidade de Sao Paulo, os membros da equipe de 0 documentadores constituida pelo Prof. Dino Preti e integra da pelos Profs. Jose Iran Mieuel, Alzira Celia Soares Sene, Rosinda de Castro Guerra Ramos, Marlene Salles, Elza Guarita Gyuru e Monica de Barros Rezende; na Universidade ESLa- dual de Campinas, os bacharelandos em LingUistica Egon de Oliveira Rangel, Sandra Craveiro Gusmao e Marcia Rebechi Apcs rememorar em seminarios alguns conceitos basicos da sintaxe verbal, discuti com essa equipe a versao atual (a~ da provisoria) dos itens correspondentes do Guia-Question~ rio, preparado especialmente para orientar 0 levantamento dos dados. Finalmente, foram seleeionadas as entrevistas que serao utilizadas, num total de 22:30 hs., estabeleeeuse urnmodele de ficha, prineipiando-se 0 trabalho propria- mente dito: transcri~ao, revisao e datilografia das entrevistas, fichamento das oc~rreneias e diseussao dos easos problematicos. 3. Nesta eomunica~ao discuto alguns dos probl~ mas que a transeri~ao das fitas vem le~antando. A primeira observa~ao a fazer diz respeito aos objetivos da transeri~ao das entrevistas gravadas. dada a especifieidade do estilo oral e do estilo eserito. No inte rior do projeto essa atividade visa a facilitar as anali ~. ses gramatieais e lexieais (pois 0 estudo da fonetiea e da fonologia so se fara mediante a audi~ao das fitas). bem e~ mo permitir a eonsulta dos materiais por cientistas de outras areas. como certamente sera 0 easo de soeiologos, a~ tropologos. psieologos 'e historiadores que vierem a interm sar-se. Assim, embora nunea se possa deseartar a aUdi~ao das fitas, seria desejavel que os textos das trc...lseri~oes "se sustentassem por si", isto e. que eontivessem alguns ~ lementos de exegese que facilitem sua compreensao e, ao mesmo tempo, forne~a~ elementos para a analise lingUistiea. Por outro lado, seria indesejavel "filtrar" lingua falada. afei~oando-a estritamente a o que representaria urndesastre no caso do Projeto voltado pa~a a a lingua eserita, NURC, deseri~ao da norma culta do portugues fal~ do. Isto impliea na busea de urnmeio termo - que desde l~ go reeonh~~o de diflcil identifica~ao - para que a natur~ za oral dos materiais e a neeessidade de transereve-los possam ser compatiLilizadas ram tomadas algumas tanto qU1nto passIvel. 4. No ~mbito hispano~americano las amostras medidas, que a equipe de la Cludad de M~xico, Universidad Nacional A comissao tres de suas reunioes do M~xico Aut6nama o miximo a natureza e propondo em final ate que ser acumulada. de la Recherce do corpus~ evitando-se como "erro", escrita como a paragrafa~ao en Syntaxe " respeitar ao recomendando interv~n~oes . "saIto", at~ mesmo a elimina~ao Martine Raingeard a mat~ria Recife do assunto, nome de explica~oes 1971. atacou adiar uma decisao "Groupe Aixois tratou recentemente £1 Habla IVI Rio de Janeiro 11971, 1 1974, tendo-se nacionais: pudesse p! ~ara su estudio,M~xico, de M~xico, brasileira recomendado a1guma experiencia na pritica ji publicou: ~ateriales VI 1 Sao Paulo 1 1974 e VIlli prudentemente do Projeto fo- exemplificadas "lapso", de conven~oes e a pontua~ao: e Ute Lorscheider, v. em etc., da lingua 0 texto in Recherches ode sur la frangais parle 1: 14-29, mars 1977 . . 5. Enumero lingua falada tivando contribuir metodologia a seguir algumas surpreendidas em nossas peculiaridades transcri~oes, de algum modo para afixa~ao da obje- de uma a respeito. 5.1. - Apresenta~ao 5.1.1. - Laudas: grafadas em espa~o Margem esquerda material original 3, contendo do texto. e uma copia, datilo vinte linhas cada folha~ de 4 cm. e dire ita de 1 em. As nao devem ser divididas As linhas nao devem palavras no final da linha (IV RN/RJI1971). ser arrema~as por barras (VII RNI SP/1974). 5.1.2. Identifica~ao cabe~alho com os seguintes do texto: elementos: redigir urn PROJETO NURC I (sigla da cidade) Inq. n9 Bobina n9 Inf.n9 _ Tipo da entrevista Duragao: (por extenso) (indicar por algari~ mos, ern minutos) Data do registro: Tema: ( por extenso) Informante (s): Homem '(ou mulher) de anos, estado civil, profissao, natural de , pai nascido nascida ern , mae ern . Ern caso de D2, especificar formaRtes "Loc. os in- por "Loc. 2", chamando ao primeiro 1" e Loc. 1 informante a fa1ar. 5.1.3. - Identifica~ao da do docurnentador: "Doc.", faze-1as respectivamente ve seguir-se 0 numero posta a1ternativa: da fa1a do informante preceder "Loc." e . No caso de D2, i sig1a "Loc". de- do informante identifica-1os (VII RN ISP/1974). por "Loc. 1" e "Loc. Sempre que a interven~ao de urn documentador de outro, ou amp1iando-a, exp1icitando-a ma so, tomando-se 0 cuidado possivel a forma dessas vistas informante 0 sintatico interven~oes, principia 0 a as duas nu- mais fie1mente pois em muitas a resposta 2" . comp1ementar fundir de 'transcrever Pr~ adotando 0 entreesquema da pergunta. 5.1.4. de 5 em 5, e das sig1as a - Identificagao esquerda 5.1.5. das 1inhas: numera-1as da lauda. - Paginagao: a partir da pag. 2, anotar na primeira 1inha: NURC I (sigla da cidade) n9) I (n9 da pag.). I Inq. (tipo 5.1.6. - Identifica~ao de trechos lidos ou reci tados de memoria pelo informante: transcreve-los entre colchetes. 5.1.7. - Nomes proprios citados durante a entre vista: reduzi-los a letra inicial. 5.2.1. - Fonetica segmental: devem ser anotados ortograficamente os seguintes fenomenos: a) Ditonga~ao de vogal acentuada: fez (feiz) ~ (puis), conj. ~ (mais), etc. b) Alongamento vocalico pOI'enfase. c) Redu~ao de ditongo: manteiga (mantega), primeiro (primero). d) Redu~ao de mb e ~: tambem (tamem). 5.2.2. - Fonetica supra-segmental: deve-se usaI' a pontua~ao canonica nos casos de a) Pausa longa (ponto final), pausa media (ponto e virgula) e pausa curt~ (virgula). b) Ora~Oes interrogativa (ponto de interroga~a~ ora~ao exclamativa (ponto de exclama~ao), 0- ra~ao afirmativa (ponto final). 5.2.3. - Articula~ao relaxada. 5.2.3.1. - Serao anotados ortograficamente os casos de articula~ao abreviada de palavras e expressoes como entende, quer dizer, porque, etc. Entretanto, as elisoes e supressoes mus automatizadas como pra, prum, pro, oce,ce, hum e?, ne?, falano, cade serao anotadas na forma acima. 5.2.3.2. - Sempre que a articula~ao dissimular casos de escolha de valor gramatical, tornando-se dificil decidir pela forma efetivamente articulada, transcrever-seao ambas as possibilidadeS, separando-as pOl'uma barra in clinada. Exemplos: I !!£; prum I pro. a} dum I dp; ~ b} este I esse e contra~oes. c} " hoje se admite liberdades" 5.2.4. - Articula~ao tas: os segmentos da palavra v. § por meio de segmentos fonicos de va- 5.4. 5.3. - Hesita~oes. todo ou em parte,. abandono seguindo-se sas condi~oes. vozes superpos- entre parenteses. 5.2.5. ,- Omissao ra anotado. obscura. desse tipo serao assinalados "inaudivel". lor gramatical: que se tome I tomem essas (DID Sf 32). repeti~oes de esquema de reticencia$ Arrolamos de vocabulo no sintatico: ,tudo seos segmentos nes - os seguintes~tipos: 5.3.1. - Repeti~ao de vocabulo lexico. no to- 00 ou em parte: a} "Ai entao voce pode .•• pode dizer que (}". b) "() pref!. .• prefiro. jardim". entao. muito mais urn DID Sf 11: "mas in •.• in •.. incl~ sive eu acredito 5.3.2. - Repeti~ao que ()" (DID Sf 37) de vocabulo num comercio forte. oem desenvolvido. toda qualidade" (DID SP II). 5.3.3. - Abandono gramatical: com lojas de •••' de do vocabulo que se ia sele - "Nao. logi ••• ele me daria ntularia dentro "() (), ele for dos esquemas" (DID SP 37) • 5.3.4. - Abandono do esquema "Born. primeiramente localiza~io 5.4. - Omissoes: ramente omitid01 sintatico: a partir da casa" restabelece-se transcrevendo-o do... a (DID SP 37). 0 segmento entre parenteses. cla- A final~ dade dessa nota~ao e evitar que surjam duvidas no espirito do leitor sobre a fidelidade da transcri~ao. As omissoes ocorrem nos seguintes casos: 5.4.1. - Omissao de sufixos gramaticais: a) Marca de plural nominal: "eles tim um curso muito, mas muito •.. ape sar de ser como eles proprio (s) dizem, estudantes ultrapassado (8), n~?" (DID SP 41). b) Marca de plural verbal: "os tenores entao sobe(m) at~ 0 fim do mundo, alcan~am notas agudissimas" (DID SP 32). c) Marca de infinitivo: " 0 espa~o pra conhecer e pra realmente entra (r) em contacto com 0 ambiente •••" (02 SP 255). 5.4.2. - Omissao de vocabulos gramaticais: "Bom; a caipirinha a gente prepara (com) limao galega". "Nao co- nhe~o outros hoteis em Belo Horizonte, embora existam inum~ ros, ne, quantidade de hot~is, mas esse parece ser 0 ••• realmente (de) maior classe" (DID SP 11). 5.5. - Faticos: talvez fosse oportuno distin - guir os faticos das classes de palavra com que poderiam co~ fundir-se (interjei~oes, artigos, conjun~oes, algumas for mas verbais), reservando para tais classes a grafia canoni ca. Creio que isso ocorre nas seguintes situa~oes: 5.5.1. - Faticos para iniciar a conversa: ha, hum, como em "Ha, bom, entao vamos dizer que •.•" 170, 5.5.2. - Faticos para manter~nversa, enquanto se buscam as palavras (sao os preenchedores do espa~o vazio~ a) Hum, hu. b) Ha, ha: "Entao .•. ha ••. eu disse .••" c) He, he, hi: "esse seios foi urn dos pas- que eu fi~, he •.. passa- se pelo Aeroporto". 5.5.3. e'?"; variantes: - f,iticos para obter 5.6. - Expressoes afirma~oes popopo uma avalia~ao:"nao "num e'?", "nu e'?", "ne'?" desnecessarias a tautossilabicas compreensao: para ornitir patati-patata, (DID SP 32). XVII Seminario Bauru, 1977 do GEL