ASPECTOS 00 SISTEMA PRa.OMINAL 00 SUYJ{:BREVES Ca

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ASPECTOS 00 SISTEMA PRa.OMINAL 00 SUYJ{: BREVES Ca.SlDEPACOES
MARYMARCIA GUEDES
UNESP - Depto. de LingOistica
F.C.L. Campus de Araraquara
(1986) como pertencente ao tronco Macro-Je, sendo mais aparentada com
0
grupo Kayapo.
o
objetivo deste traba1ho e fornecer uma descri~ao preliminar
de
alguns aspectos do sistema pronominal desta lingua. A analise, aqui apresentada, podera sofrer modifica~oes, ja que se trata de um primeiro esbo~o
sobre alguns fatos gramaticais da lingua. Considera-se, neste ensaio,
os
pronomes pessoais independentes, os marcadores de pessoa no verbo
os
e
marcadores de posse. 2
2. MARCADORES DE POSSE: As 1inguas indigenas, de um modo
gera1,
distinguem dois tipos de substantivos: os a1ienaveis e os ina1ienaveis:
No Suya sao marcadores de posse dos substantivos inalienaveis
i
-
'meu,
minha
os
I
a - 'teu, tua'
/1-
'dele, dela'
Assim:
ikasesere 'minha pinta'
akasesere 'tua pinta'
ayakasesere 'pinta de voces'
kasesere 'pinta dele/a'
nirakasesere 'pinta de1es/as'
Ocorrem com os substantivos a1ienaveis os mesmos prefixos presentes nos substantivos inalienaveis. Entretanto,
0
que se pode observar,
e
oue aqueles apresentam um marcador de posse que sao os alomorfes go e so.
o
primeiro de1es ocorre com os substantivos de 2a. pessoa do singular e da
2a. pessoa do plural (sendo que aqui ele
e
posposto a ay-): gOrUkwa
'tua
casa', aygorUkwa 'casa de voces'. Por sua vez, so ocorre com a 3a. pessoa
do singular: soruk~i 'casa dele'.
Entretanto, ha que se observar que go- esta em alternancia
com
a-, em pelc menos uma ocorrencia: gohwik)'Vahwik5 'tua canoa'. Alem disso,
foi registrado, tambem, a forma gaykwa 'tua boca', e, aygaykwa 'boca
voces'. A alternancia go~-
de
se da, porque este ultimo ocorre diante de te-
mas come~ados por vogal.
A forma so apresenta uma variante s- que ocorre antes de
vogal:
saykwa 'boca dele/a', sara 'asa de (borboleta), soa 'dente dele/a'.
pa
'eu'
panowa kupa 'eu cheiro'
ka 'voce'
kakupa 'voce cheira'
'ele'
re dill 'ele esta cantando'
fI'
gf
aypa 'nos'
aypanowa gtlema 'nos cantamos'
ayka 'voces' ayka ike 'voces riem'
ayta 'eles' ayta kwir)
kra
'eles queimaram o pau'
4. MARCADORES DE PESSOAS NO VERBO: nos verbos podem ocorrer
mar-
cadores prefixais. Assim:
la. pessoa
i-
imaba 'eu tenho medo'
2a. pessoa
a-
akotono 'voce descansa'
3a. pessoa : ;
tEpnay r,r; 'ele esta puxando
0
peixe'
la. pessoa do plural: wa- wabE~i 'nos somos bonitos'
4.1. Ocorrem, tambem, verbos em que nao aparecem os marcadores de
pessoa, e ai, se nota obrigatoriamente a presen~a dos pronomes independentes.
la. pessoa do singular: pa 'eu'
panowa kuba 'eu sei '
2a. pessoa do singular: ka 'voce' kaga kuba 'voce sabe'
la. pessoa do plural: wa 'nos' wahidi kwarZlku 'nos comemos mandioca'
532
2a. pessoa do plural: ayk' 'voces'ayka g&lemi 'voces cantam'
3a. pessoa do plural: nlra 'eles' nirayera kwaraku 'eles comem mandioca'
4.2. Ha verbos que ocorrem com marcadores prefixais e com os pronomes independentes. Assim:
la. pessoa do singular: pa/i- para ib~~i 'eu sou bom'
2a. pessoa do singular: ka/a:"kara ab£fi 'voce
e bom'
la. pessoa do plural: wa/wa- wahidi wabtfi 'nos somos bons'
4.3. Hi verhos, ainda, que apresentam uma alternancia em
rela~ao
a presen~a e i ausencia dos pronomes independentes. Por exemplo: akotonoftl
kaga akotono 'voce descansa'.
4.4. Por ultimo, ha marcadores prefixais que ocorrem com os verbos, e terna fun~ao de objeto da ora~ao:
Obj
i- rSpkasSgletatti
'0
a- dpka s1gleta ata
cachorro me mordeu'
'0
cachorro IIIOrdeuvoce'
ku- r>pkasigleta kuti
'0
cachorro
wa- rjpkasigleta wati
'0
cachorro nos mordeu'
ayku- r5pkasigleta aykuti
'0
0
mordeu'
cachorro mordeu-os'
Ha, como se pode notar
0
prefixo ku-ocorrendo nas 3as.
singular e plural, na fun~ao, do que a nlvel superficial
e
0
pessoas
objeto da
0-
ra~ao.
5. CONSIDERA~OES FINAlS
Chama a aten~ao nos dados apresentados,
0
usa que os falantes fa-
zem dos marcadores de pessoa no verbo e dos pronomes pessoais independentes.
Considerando-se somente a estrutura superficial das ora~oes, onde
e,
se determina
0
arranjo estrutural, isto
ria mOrfica,
0
usa desses elementos parece ser opcional.
Entretanto, se se levar em conta
onde se estabelece e combinato-
0
verbo e os sintagmas
nominais
que esse verba seleciona, a aparente opcionalidade e irregularidade do uso
dos marcadores de pessoas no verba e dos pronomes pessoais
independentes
pode ter UIIIaoutra interpreta~io.
Na clescri~io sfntitica, Chafe considera a ora~io ca.
nidlde bisica de organiza~io. Sob
0
sendo a u-
ponto de vista se.antico sao as
tri~Oes interacionais que dese.penM.
res-
•• papel illlpOrtante.pois .,itas li-
mita~OeS que vio ale. dos liMites estruturais da ora~io sio de
natureza
s_ntica.
Toda ora~io
e construlda
(verbo) aCOllPanhado de
Para ele.
0
ou _is
WI
em torno de UM
0
predicativo
elementos nc.inais (nomes ou argumentos).
universo conceptual do hOlllell
i dicotc.izado em
grandes ireas: verbas e nomes. onde
Sendo
elemento
0
verbo i central.
0
duas
nome periferico.
i
verba presente semanticamente em todos os enunciados.
a natureza dele que vai detenainar como devera ser c restante da ora~io
principalmente que nomes
lecida entre os nomes e
ficado. Assim,
e 0 verbo
tanto,
0
0
verba
0 acompanhario,
0
verbo, e como
isto
0
e. que
e
rela~io sera
estabe-
nome sera semanticamente
especi-
que dita a presen~a e a natureza do nome. £, por-
ponto de partida para gerar ora~oes.
Unidades semanticas especificadas nos verbos, COMO estado,
pro-
cesso e a~io sio unidades selecionais, e estas estao relacionadas entre si
hierarquicamente.
te, isto
e. do
cional para
0
Se se deslocar a hierarquia daquilo que e rnais abrangen-
verba para a a~io por exemplo, passa-se daquilo que
e sele-
que e lexical, sendo esta unidade a que leva em grande parte
a maior carga de ·informa~io· em uma ora~ao.
sio as unidades lexicais que sofrem altera~Oes lingGlsticas
perda ou acrescimo de elementos
. Alern disso. cada falante tern um estoque
idiossincritico de unidades lexicais. cujo nucleo ele compartilha com
tros falantes da lingua. Assim,
como
0
inventirio de unidades lexicais
sujeito a influencias nio lingGisticas e
0 mais
lingGlsticas pessoais. As unidades lexicai!: sio
ou-
e 0 •• is
influenciado por historias
IS
raizes verbais (unidades
lexicais que ocorrem dentro de ua verbo) e raizes nominais (unidades lexicais que se encontram dentro do nome).
Detemina"se.
entio. para cada verbo. em primeiro lugar. suas re-
la~Oes sintatico-semanticas
lugar. rnostra-se
0
bisicas. ou seja. especifica-se
arranjo estrutural em temos
0
nurneroe
a
de categorias rn6r-ficas ou
de tipos funcionais.
Assirn. urn verb" especificado [+ a~aol tel\lnecessariamente
urn ar-
gumento agente. Um verbo especificado [+ processo) lndteaOrn acontecer
exige urn argumento ~aciente. experimentado~. Se urn verba for
(:p~g~~~;~
exigi ra do-is argul1ientos.sendo que urn sera
0
e
especificado
agente e
outro
0
o afetado.
Ha. por outro lado. raizes nominais que podem produzir
verbais. e este parece ser
0
caso dos nomes predfcativos na lingua.
Assi:n a raiz de urna palavra como baci nao
e urna raiz
este nome ocupa a posi~ao do verbo-rpodendo.
e 0 caso
ele podera ter
0
Suya.
verbal intrinsicamen-
te de estado. mas urna raiz derivad! de urn nome. Na estrutura
Se este
raizes
superficial.
assirn. ser tratado como
mesmo tratamento que mabi.
kotono
tal.
que
sac especificados como [+ processo] e tem urn argumento paciente.
1. 0 Suyi
e urna lingua
indigena brasileira falada por 160 pessoas que
mo-
ram no Parque Indigena do Xingu, as margens do rio Suyi-missu.
2. Este ensaio
e
0
resultado parcial de um colSquio apresentado no IEL, U-
nicarnp, no dia 11/05/89..
BIBLIOGRAFIA
CHAFE, WALLACE L. (1979}. Significado!
nicos eCientificos
RODRIGUES, ARYON O.
Estrutura LingOistica. Livro
Tec-
£ditora S.A. Rio de Japeiro.
(1986).
Linguas Brasileiras: para
linguas indigenas. Edi~Oes Loyola. Sao Paulo.
0
c6nheclmefito
das
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