1º Teste de psicologia Definição de psicologia “A psicologia é simultaneamente uma das ciências mais antigas e uma das mais recentes” Passaram-se muitos séculos até que a psicologia fosse considerada ciência e se constituísse como área de trabalho independente e autónoma da filosofia. É uma das mais antigas por estudar assuntos sobre a humanidade, nos quais o homem sempre refletiu por serem temas fundamentais para uma vida em sociedade. Só nos finais do século XIX é que a psicologia se emancipou da filosofia, em virtude de ter adotado uma metodologia apostada na observação e no controlo experimental. A psicologia é conhecida como uma ciência de charneira, pois temos de recorrer a diferentes áreas do saber. Conhecemos dois tipos de psicologia: Psicologia do senso comum e psicologia científica. Nós vamos estudar a psicologia científica. Psicologia do senso comum: o Pouco ou nada fundamentada o Inclui preconceitos e generalizações abusivos o Não tem rigor o Ametódica o Pouco critica Psicologia científica: o Fundamentada o Rigorosa o Metódica o Critica (face aos preconceitos e às suas imitações Objeto de estudo da psicologia A psicologia é uma disciplina científica, definida como a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais. Comportamento – É qualquer ato efetuado pelo organismo e que possa ser observado e registado. Ex.: sorrir, falar, calçar um sapato. (exterior, físico) Processo mental – Fenómeno interno e subjetivo, inferido a partir dos comportamentos observados. Ex.: sensações, perceções, lembranças. (interior, mente) Finalidades da psicologia A psicologia tem como finalidades: Compreender e descrever comportamentos e processos mentais Explicar comportamentos e processos mentais, identificando as causas que os determinam Prever comportamentos, a partir da identificação das suas causas. Prevendo comportamentos, controlar as circunstâncias em que estes ocorrem. Dicotomias em psicologia Na tentativa de compreender o ser humano, os psicólogos foram fazendo investigações e recolhendo dados de outras ciências que mantêm as afinidades com a psicologia: a biologia, a etologia, as ciências sociais, a antropologia, a linguística e outras. Mas, apesar do seu esforço de cientificidade, os psicólogos não conseguiram escapar a exageros, assumindo posições extremadas e unidirecionais, base de acentuadas dicotomias, tendentes a perspetivas parcelares. Assim, acerca da determinação do comportamento e do desenvolvimento humano, surgem as seguintes questões dicotómicas: O inato e o adquirido Surge a propósito da questão de saber: “Como é que nos tornamos humanos?” Trata-se de concluir se nascemos com todo o equipamento necessário ou se depende de aquisições feitas no contacto com o meio. Alguns psicólogos apoiam que os comportamentos do ser humano se explicam a partir de mecanismos inatos de natureza hereditária. Assim, o potencial genético determinaria o desenvolvimento dos seres humanos e, por isso, repercutir-se-ia no modo como se situam no mundo e sobre ele agem. Estes psicólogos consideram o meio apenas como condição necessária para que as características determinadas geneticamente se atualizem – inato. De modo contrário, há psicólogos que apoiam que o comportamento do ser humano é adquirido no contacto com o meio ambiente. O desenvolvimento humano processar-se-ia à medida que o organismo fosse reagindo a estímulos provenientes do meio. Para estes psicólogos, as experiencias e as aprendizagens são fatores insubstituíveis na aquisição de estruturas que possibilitam a cada ser humano as adaptações adequadas à sua sobrevivência e à sua continuidade. Serão as aprendizagens que o individuo efetua no contacto com as situações que irão determinar as diferenças nos comportamentos ao longo da vida – adquirido. Interno – externo A questão que se põe nesta dicotomia é uma consequência da questão anterior, que se traduz por: “Aquilo que cada um é e o modo como se comporta dependem de fatores internos ou de fatores externos ao individuo?” O que são fatores internos? E externos? Quando falamos de fatores internos, estamos a referir-nos a traços transmitidos pelos genes, sejam eles de natureza anatómica, fisiológica ou psicológica. Interno refere-se ao individuo, com o que radica na sua hereditariedade, por exemplo, a estatura, o funcionamento dos órgãos internos, o sistema nervoso e hormonal, a capacidade de se emocionar ou o nível das competências cognitivas que utiliza na resolução de problemas – interno. Falar de fatores externos é admitir a possibilidade de os estímulos do meio agirem sobre o individuo, determinando, assim, a sua essência. Falar do polo externo é fazer referência ao meio ambiente, ou seja, ao conjunto de fatores circunstanciais que fazem com que o individuo seja aquilo que é e se comporte do modo como o faz – externo. Individual – social A questão que aqui se coloca é: “O homem deve ser entendido como ser social ou como ser individual?” O individual centra-se na consciência, no inconsciente, no desenvolvimento e no comportamento, encaram seres humanos na sua individualidade e procuram explicar os seus mecanismos psicológicos sem qualquer referência ao meio social em que cada um está integrado – individual. Com o aparecimento da psicologia social, desenvolve-se a convicção de que o individual puro não existe, na medida em que todos os indivíduos são seres sociais. Se somos humanos, somos seres sociais. O individuo emerge de contextos sociais, culturais e históricos que o ajudam a ser aquilo que é e a ver o mundo da maneira como o vê. Para se compreender, o ser humano tem de ser perspetivado no contexto social de onde retira a sua identidade, as suas representações, o seu modo de se exprimir, ver, pensar e reagir a situações e acontecimentos. Quando se fala da individualidade do ser humano, está subjacente a ideia de que cada pessoa se desenvolve pela intervenção das coletividades sociais que lhe moldaram a sua essência e que, por isso mesmo, estão presentes em tudo aquilo que ele faz – social. Estabilidade – Mudança Quando tentamos descobrir se, “O ser humano é a mesma pessoa ao longo da vida? Ou muda de identidade com o tempo?” A mudança é uma realidade. Sabemos que ser criança não é o mesmo que ser adolescente. Ao longo da vida passamos por alterações que determinam etapas qualitativamente diferentes no percurso que efetuamos. As mudanças cognitivas por que somos obrigados a passar, e que fazem com que cada etapa percorrida no nosso desenvolvimento se caracterize por formas de pensar, sentir e agir diferentes das que caracterizam as outras etapas. Também mudamos porque as circunstâncias da vida nos obrigam a mudar. Ninguém nasce predestinado a ser uma estrutura rígida, mantendo-se invariável ao longo do tempo. Somos uma estrutura dotada de elasticidade. Mesmo depois de construída a nossa identidade, não significa que se fique com uma personalidade rígida, pois o individuo continua a ter de reorganizar em cada momento os elementos integrantes da sua personalidade, ajustando-os às diversas circunstâncias do meio – mudança. Mas existe uma certa estabilidade. Há todo um conjunto de traços, reações, expressões e modos de falar que se mantêm os mesmos e que nos permitem identificar a pessoa como sendo quem é e prever os comportamentos que dela são únicos. No fundo, cada pessoa permanece idêntica a si própria o que permite reconhecê-la nas mais diversas circunstâncias. Para lá do que nos aparece de diferente em cada pessoa, existe uma individualidade específica e regular de um eu que apresenta uma certa permanência, uma certa constância no decurso do seu desenvolvimento – estabilidade. Continuidade – Descontinuidade Com esta dicotomia, prende-se a questão: “Como é que o ser humano e os outros seres vivos evoluem? Brusca ou progressivamente?” As nossas características físicas e psicológicas evoluem por um processo de crescimento semelhante ao que ocorre com a estatura e o peso (alterações graduais). De uma fase da vida para a outra, os caracteres permanecem os mesmos, variando apenas em complexidade e grau ou quantidade. Ex.: a evolução do pensamento de uma criança até à adolescência e daqui até à idade adulta resulta dum somatório de experiências, atualização dos potenciais genéticos. O sujeito é passivo, limitando-se a seguir o curso dos fatores que do interior ou do exterior o determinam – continuidade. As correntes que defendem a descontinuidade são de opinião de que as modificações ocorridas ao longo da vida correspondem a processos de transformação qualitativa que dá origem a estádios de desenvolvimento de natureza diferente que se vão construindo ao longo da vida. O desenvolvimento descrito pelos psicólogos descontinuistas implica a conceção de um sujeito ativo que intervém no desenvolvimento das suas próprias estruturas. As dicotomias são ultrapassadas ao considerar-se o ser humano como um todo complexo que integra elementos inatos e adquiridos, internos e externos, individuais e sociais, que permanece o mesmo na sua identidade, estando sujeito a mudanças graduais em alguns aspetos e abruptas em outros. Em suma: INATO / ADQUIRIDO Genética Biologia Natureza Hereditariedade Vivências Experiências Meio Educação Educação Ambiente social Ambiente físico/natural Factores ligados ao contexto social e cultural Vivências sociais INTERNO/EXTERNO Memorias/vivências Estado físico Personalidade Complexos e medos INDIVIDUAL/SOCIAL Factores pessoais Afectividade e emoções, pensamento e personalidade ESTABILIDADE / MUDANÇA Mudanças graduais Personalidade Podem aparecer mudanças bruscas em certas ocasiões Mudanças constantes ao longo da vida CONTINUIDADE /DESCONTINUIDADE Alterações graduais Mudanças quantitativas de grau Alterações bruscas/radicais Mudanças de natureza qualitativa Conceitos estruturadores de diferentes conceções de homem Perspetiva mental interna - apresenta uma visão do ser humano essencialmente centrada na sua interioridade, colocando os processos mentais e emocionais na base das atitudes e das condutas das pessoas. Os psicólogos que seguem esta orientação têm por objetivo desvendar a estrutura profunda do ser humano. Wundt e Freud são psicólogos que se incluem nesta perspetiva. Perspetiva comportamental externa – Acentua que o homem se desenvolve à custa de estímulos exteriores que funcionam como desencadeadores das condutas. Defendendo que “o que somos é o que fazemos”, os psicólogos integram esta perspetiva centram-se no comportamento, entendido como um conjunto de reações exteriores objetivamente observáveis. Watson. Willhelm Wundt Papel na história da psicologia: Criou o primeiro laboratório de psicologia, a nível mundial, o que deu asas a investigações dos mais prestigiados psicólogos. Foi responsável pela atribuição da “independência”/autonomia da psicologia, separando-a da filosofia e da fisiologia, com métodos e perguntas “independentes” – pai da psicologia Graças a ele a psicologia deixou de ser apenas uma série de considerações filosóficas acerca da alma humana e passa a ocuparse dos processos mentais / de consciência Usava métodos experimentais, ou seja, uma abordagem mais científica – serviu de exemplo a vários psicólogos, principalmente aos behavioristas, como Watson. Centrou-se nos pensamentos, imagens e sentimentos, áreas básicas da psicologia cognitiva, isto leva-nos a uma afirmação: Wundt estimulou o interesse na psicologia cognitiva. Foi professor, estimulando a capacidade dos seus alunos a estudar o homem e os seus comportamentos. Objeto de estudo: Para o autor, o objeto de estudo da psicologia é a mente ou a consciência, desta forma, estuda os pensamentos, lembranças e emoções – sensações, são os seus elementos básicos – estruturalismo. Utiliza o método introspetivo, visto que, acredita que a psicologia deve estudar o consciente. Método introspetivo: Consiste numa análise ao nosso interior, ou seja, o sujeito concentra-se em si e analisa o seu espírito através de um ato praticado ou um sentimento O autor provocava sensações (imagem, luz ou som), fazendo com que o paciente analisasse e descrevesse o que sentia, usando o seu consciente (após a descrição, o cientista tem de a registar e interpretar) Para que a introspeção faculte dados viáveis, deve ser praticada a nível laboratorial, ou seja, deve ser controlada. Desta forma, interroga os pacientes logo após lhes ter provocado as sensações e tem cuidado a quem aplica os seus métodos. O facto de o sujeito ser observador e ser observado, tem limitações. Estruturalismo: Consiste na descoberta da estrutura ou anatomia dos processos conscientes. Para compreender a fundo a estrutura da consciência, adota uma perspetiva analítica, decompondo-a em fatores cada vez mais simples até chegar às sensações puras (sensações são as unidades básicas que constituem todos os fenómenos Quer então saber o que está na base dos sentimentos e sensações Através de muitas experiencias, chegam à conclusão que as sensações se combinam formando algo mais do que apenas a soma dos vários elementos que as constituem Estas sensações associam-se segundo determinadas leis O objetivo do autor é determinar essas leis de conexão que regem a organização dos elementos constituintes da consciência humana Criticas: Foram dirigidas ao seu método de estudo, o método introspetivo porque: É difícil observar-se e ser observado, em simultâneo Os fenómenos psíquicos não coincidem com a sua observação, levando a distorções por se recorrer à memória A tomada de consciência de determinado fenómeno, altera esse fenómeno A auto-observação não pode ser controlada por outros observadores, visto que, não se consegue aceder à consciência de outra pessoa O sujeito pode não ter palavras para descrever o que sente Não é aplicável a crianças ou doentes mentais, pela incapacidade de se exprimirem Apenas dá importância ao consciente Também o estruturalismo é criticado por tentar analisar processos conscientes através da decomposição de elementos, sendo assim considerado artificial, visto que, a experiencia não pode ser vista por partes mas sim como um todo, como uma unidade completa. Contributo do autor para a Psicologia: Wundt deu, sem dúvida, um forte contributo para a psicologia. Este definiu claramente o seu objeto de estudo: a experiência consciente. Os seus métodos de pesquisa seguiram a melhor tradição científica, envolvendo a observação, experimentação e medição. Embora o objeto de estudo dos estruturalistas esteja hoje ultrapassado, a introspeção é ainda usada em muitas áreas da Psicologia. Com a ajuda de Wundt e os estruturalistas, a Psicologia avançou além das suas fronteiras iniciais. Sigmund Freud Freud apresenta o inconsciente como elemento integrante da estrutura do psiquismo ou da mente humana. Modelo do Psiquismo: 1ª tópica: Freud considerava o psiquismo humano semelhante a um iceberg, em que uma gigantesca parte imersa (inconsciente) sustenta a pequena parte que emerge à superfície (consciente). Consciente – constituído por noções, imagens e lembranças que a pessoa é capaz de voluntariamente evocar e controlar segundo as suas necessidades, os seus desejos ou as suas exigências sociais. Inconsciente – formado por instintos, pulsões e desejos socialmente inaceitáveis, mas que a todo o momento exercem pressão para se manifestar. O inconsciente é a base do consciente, estando nele depositados todos os motivos e impulsos biológicos, garantia de sobrevivência individual e da espécie. O conjunto de pulsões e desejos inconscientes possuem um dinamismo próprio, cujo papel na determinação do comportamento é superior ao dos fenómenos conscientes. Esta é a grande “novidade” de Freud, o inconsciente como o aspeto mais significativo, considerando nele residir a explicação da mente e das condutas humanas, a consciência é destronada pelo inconsciente que vai conduzir uma inédita do “eu” ou da personalidade. 2ª tópica: Para Freud a mente do ser humano era constituída por três estruturas, a que chamou instâncias do eu: id, superego e ego. O id é uma componente inata, básica e primitiva, totalmente inconsciente, age segundo o princípio do prazer. No id gera-se a energia psíquica, isto é, a força ativadora do comportamento humano a que Freud chamou de libido (carácter afetivo-sexual). Também nele se geram duas categorias de “instintos” humanos: o eros (instinto de vida, presente na satisfação de necessidades básicas como o alimento e o sexo) e o thanatos (instinto de morte, presente em todos os comportamentos de defesa que implicam agressão e destruição) O superego forma-se por volta dos 5/6 anos, através da interiorização dos valores, das regras e das proibições impostas. O superego, ao contrário do id, é de natureza social e moral, representando a componente ideal da personalidade humana. Esta instância é, também, uma espécie de guardião moral, tendo por função impedir a manifestação das pulsões socialmente inaceitáveis, recalcando-as. O ego nasce do impacto entre o id e os factos reais que o impedem de obter prazer de modo imediato. Opera de acordo com o principio da realidade, modera a impulsividade do id. Torna-se um mediador entre as solicitações do id e as exigências do superego. O ego é uma estrutura racional, é a instância executiva da personalidade, assim, seleciona as situações a que a pessoa deve responder, controla a ação e decide de que modo as necessidades e os desejos podem ser satisfeitos. Conflito intrapsíquico: ID “Eu quero isso agora!” Conflito SUPEREGO “Pessoas bem formadas não fazem isso” EGO “Talvez consigamos chegar a um acordo” As pressões opostas exercidas pelo id e pelo superego geram um conflito suscetível de criar ansiedade. Para enfrentar a ansiedade, as pessoas recorrem a diversas modalidades de ação que Freud designa como mecanismos de defesa do ego / eu. O equilíbrio interno da pessoa e a sua adaptação social dependem da sua capacidade para usar os mecanismos que melhor protejam a sua integridade psicológica. Estádios de desenvolvimento: Freud atribui grande importância aos estádios de desenvolvimento. Existem 5 estádios: oral, anal, fálico, latência e genital Oral: Do nascimento aos 12/18 meses de idade Fontes de prazer: boca, lábios e língua. Manifestações: mamar, comer e morder. Conflitos: a grande causa de conflitos neste estádio é a altura do desmame. A partir daqui, as características da personalidade poderão ser: Otimismo – quando a criança ultrapassa o conflito Pessimismo – quando a criança deixa de mamar muito cedo. Neste caso as consequências na personalidade da criança podem manifestarse de variadas maneiras. Pode gerar impaciência, inveja, agressividade, a criança pode criar aversão ou repugnância a certos objetos devido a privação a experiências neste estádio, assim como, deixar de comer. Anal: Dos 12/18 meses aos 3 anos de idade Fontes de prazer: ânus Manifestações: reter, expulsar e controlar Conflitos: quando a criança está na fase de treino. Iniciam-se as idas ao bacio e, com isso, duas possíveis situações: Retentivo anal – é o célebre caso ‘não quero!’ ‘faço quando quiser’. Este caso pode causar na personalidade avareza, obstinação, a ordem compulsiva e a meticulosidade. Embora haja mais ordem nesta situação, a criança acaba por se sentir mais controlada e por isso recusa-se a ‘obedecer’ ao que lhe é dito. Expulsivo anal – nesta situação a criança não tem problemas na expulsão. Não existe ordem nem treino, criando desta forma a crueldade, a destruição, a desordem e a desarrumação. A criança faz o necessário quando quer. Fálico: Dos 3 aos 5/6 anos de idade Fontes de prazer: órgãos genitais Manifestações: Exploração do próprio corpo e o dos outros através do toque. É neste estádio que se forma o superego. Conflitos: o conflito estará presente no complexo de Édipo, no caso masculino, e no complexo de Electra, no caso feminino. Estes complexos são importantes na formação da personalidade porque se baseiam na independência por parte dos rapazes e das raparigas em relação aos pais. Desta fase poderão advir o orgulho, a promiscuidade, a humildade, a sedução, a timidez ou a castidade. Tudo isto é definido pelo superego. Latência: Dos 5/6 anos de idade aos 12/13 anos de idade Neste estádio não existem pulsões, estas encontram-se adormecidas, ou seja, verifica-se a ausência de interesses sexuais. Este estádio coincide com a entrada na escola primária, passando a existir curiosidade intelectual e relacionamento social da criança. As características da personalidade consistem na aprendizagem social e no desenvolvimento da consciência moral. Não existem conflitos. Genital: Adolescência. Começam a existir contactos pessoais com outras pessoas. Caso tenham ocorrido fixações noutros estádios de desenvolvimento é aqui que se manifestam, sob a forma de perturbação. Só se atinge a genitalidade caso o complexo de Édipo tenha ficado bem resolvido. Alguns adultos nunca atingem esta fase, sem recorrer a psicoterapia revelando várias perturbações, nomeadamente a nível sexual. Técnicas psicanalíticas: Associação livre: É considerada a regra fundamental da psicanálise. Na associação livre, é pedido ao paciente que exprima indiscriminadamente, num estado consciente, o que lhe vai na mente. O analista interpreta à luz da teoria psicanalítica e devolve-lhe os conteúdos que são ditos pelo paciente. A análise dos sonhos: O paciente expõe ao analista os seus sonhos. Freud explica os sonhos como sendo a linguagem simbólica e um dos mecanismos do inconsciente humano para retratar “uma realização disfarçada de um desejo recalcado”. Esta análise tem como objetivo ir para além da descrição feita pelo paciente e descobrir o sentido oculto do sonho, resultante da descrição simbólica feita pelo analista. Processo de transferência: O paciente revive situações passadas, geralmente recalcadas, no momento com o analista. Dá-se uma transferência de emoções e sentimentos como desejos, ciúmes, inveja, ódio, ternura e amor, que no passado eram dirigidos a outra pessoa, para o analista. O analista interpreta e, através da interpretação, explica ao paciente a ligação das emoções transferidas com acontecimentos do passado. Atos falhados: Eventos (erros e lapsos de fala e do funcionamento psíquico) em que o resultado obtido não é o resultado esperado, existe um desvio para uma outra atividade. Cada ato falhado traz consigo uma intenção considerada como uma “mensagem” do inconsciente. Através dos atos falhados o analista pode encontrar pistas de recalcamentos e desejos inconscientes, por vezes causas de patologias. Mecanismos de defesa do ego: Processos subconscientes desenvolvidos pela personalidade que possibilitam à mente desenvolver uma solução para lidar com conflitos e frustrações a nível da consciência. Para Freud o termo “defesa” deveria ser utilizado para “todas as técnicas que o ego utiliza em conflitos que podem levar a neurose”. Recalcamento - o sujeito envia para o seu id as pulsões, desejos e sentimentos que não pode admitir no seu ego. Conteúdos recalcados (sonhos, atos falhados, lapsos de linguagem) Regressão – frente a uma frustração o sujeito adota atitudes, comportamentos ou modos de pensar característicos de um estádio de desenvolvimento anterior. Ex.: nascimento de um irmão pode originar birras, cenas de ciúmes, uma criança que já esta habituada a fazer chichi no bacio/sanita passa a fazê-lo onde não deve. Racionalização – o sujeito justifica o seu comportamento através de argumentos racionais, retirando o aspeto emocional de uma situação frustrante. Ex.: um irmão explica de forma racional porque bateu noutro. Projeção – o sujeito atribui aos outros (sociedade, pessoas ou objetos) desejos, ideias ou características que não admite em si próprio. Ex.: a boneca é má; aquela pessoa odeia-me. Deslocamento – o sujeito transfere pulsões e emoções do seu objeto natural, mas que não e facilmente aceite, para um objeto substituto. Ex.: o pai chega a casa irritado com o dia de trabalho e a criança ao assistir descarrega a angústia, raiva na boneca. Formação reativa – o sujeito resolve o conflito entre os valores e as tendências consideradas inaceitáveis, apresentando comportamentos opostos as pulsões. Ex.: uma pessoa ser amável com alguém que odeia; um sujeito afasta-se de quem gosta. Sublimação – o sujeito substitui o fim ou o objeto das pulsões de modo a que essas se possam manifestar em modalidades socialmente aceitáveis. Ex.: um piromaníaco torna-se bombeiro de maneira a ter uma relação diferente com o fogo. Fatores importantes sobre os mecanismos: Apresentam-se em todas as pessoas São escolhidos inconscientemente pelo individuo Atuam conforme a natureza da situação e das características da personalidade do sujeito Mesmas situações podem desencadear mecanismos de defesa diferentes em indivíduos diferentes. Os mecanismos mais eficazes em conflitos anteriores tendem a ser usados para conflitos futuros O uso prolongado e excessivo de mecanismos pode torna-los desadequados em situações do nosso dia-a-dia. Podem ser frustrados tornando, assim, o conflito ainda mais intensificado. Quando os mecanismos falham, podem ocorrer transformações mais agressivas no comportamento. Contributos para a psicologia Freud distingui três níveis de consciência, deu importância sobretudo o estudo das forças inconscientes que motivam o comportamento humano e desenvolveu a psicanálise Freud fez-nos tomar consciência dos pensamentos e emoções inconscientes, da ambivalência das relações precoces de pais e filhos e da presença de pulsões sexuais. Ao demonstrar o “dinamismo interno” de cada um de nos, onde uma parte representa personagens de desejos reprimidos, faz-nos aperceber que mesmo estando sozinhos, agimos psiquicamente em grupo, ou seja, o entendimento do psiquismo de um individuo contribui para o entendimento do funcionamento de um grupo. Faz do social um agente formador e transformante. Psicoterapia em grupo. John Watson Para Watson a psicologia tinha de ser objetiva o que significava rejeitar a psicologia mentalista praticada por Wundt. Watson queria tornar a psicologia uma área científica. Objeto de estudo: Watson propõe que a psicologia estude o comportamento (behaviour), que define como o conjunto de respostas objetivamente observáveis que o organismo executa face a estímulos também objetivamente observáveis. Método de estudo: Como ciência do comportamento, a psicologia deve cingir-se, exclusivamente, ao binómio situação-reação (S - R). Situação - Estímulos objetivamente observáveis Reação – Respostas objetivamente observáveis A ligação S – R processa-se de modo mecânico o que lhe permite fazer uma interpretação causalista do comportamento e, consequentemente, elaborar leis explicativas do mesmo. As leis behavioristas pretendiam: Perante um estímulo, prever a reação subsequente Perante uma resposta, determinar o estímulo que a desencadeou Watson chega às suas conclusões através da experimentação animal, considerando que a sequência estimulo-resposta se processa de modo automático. Esta conceção mecânica do comportamento é generalizada ao ser humano, cujas condutas seriam adquiridas segundo processos de condicionamento. Condicionamento – O que vai influenciar e impor condições. As nossas relações podem ser moldadas face a estímulos. Condiciona-se a personalidade através de vivências e do meio. Watson subestima a interferência de fatores inatos, como a hereditariedade, a tese nuclear do behaviorismo acerca da formação do ser humano advoga que os estímulos externos são os responsáveis pelo comportamento, pelo que será possível controlar o comportamento humano manipulando as situações do meio ambiente. Assim, o behaviorismo ou comportamentalismo pressupõe um conjunto de aspetos partilhados com o espírito positivista e que, fundamentalmente, são os seguintes: Só na condição de ser totalmente objetiva é que na psicologia se pode arrogar o direito de possuir estatuto de ciência Só é possível a objetividade com a introdução de um novo paradigma de trabalho: em vez da mente, o comportamento Por não serem observáveis, os processos mentais não fazem parte do objeto da psicologia O comportamento reduz-se a respostas objetivamente observáveis como reação a estímulos igualmente observáveis Entre situação e reação há relações mecânicas, determinadas quantitativamente, as quais permitem chegar a leis de comportamento As leis behavioristas da psicologia vão permitir prever e controlar os comportamentos Não há diferença entre a psicologia animal e humana (unificação da psicologia) À semelhança das demais ciências, a psicologia deve usar a experimentação, método capaz de levar a conclusões generalizáveis.