JOGOS NA CONSTRUÇÃO DE TEXTOS: ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 Lúcia de Fátima Figueiredo Lacerda- APADA/BA Eixo temático: Leitura e escrita e a aprendizagem de alunos público alvo da Educação Especial. Pôster / Relato de Experiência. RESUMO: O presente relato de experiência aborda algumas práticas pedagógicas que têm como objetivo proporcionar a aquisição da Língua Portuguesa como segunda língua (L2) para crianças surdas utilizando jogos pedagógicos como estratégia de ensino e aprendizagem na produção textual na modalidade escrita. O projeto foi realizado em um Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE) para surdos, em turma que corresponde ao 6º ano do Ensino Fundamental. Durante a execução do projeto foram realizadas diversas atividades, como leitura e compreensão de textos, produção da escrita, interpretação de imagem e atividades para o enriquecimento de vocabulários e autoconhecimento relacionados a imagens e sinais, a fim de contemplar a especificidade linguística dos surdos ao aprendizado da L2. Buscaram-se estratégias diferenciadas de aprendizagem como a criação e construção de jogos pedagógicos, mediado na organização do pensamento, memória e da capacidade de interpretação, garantindo assim, a oportunidade da escrita com toda a sua estrutura linguística. Como resultado, enfatiza-se que os jogos pedagógicos vêm sendo compreendidos e assimilados pelos estudantes surdos, tornando-os ferramentas facilitadoras à compreensão dos conteúdos curriculares e, consequentemente, ao aprendizado da língua portuguesa escrita. Palavras-chave: Ensino de português como L2 para surdos, Produção textual, Jogos Pedagógicos. INTRODUÇÃO A dificuldade do ensino e da aprendizagem da língua portuguesa para surdos acontece desde o período em que a abordagem educacional do Oralismo era imposta a este público alvo. De acordo com Lebedeff (2006, p.01), no Brasil (...) a aquisição do português escrito por crianças surdas esteve, e ainda em muitos casos, está baseada no ensino do português para crianças ouvintes que adquirem o português falado de forma natural. No entanto, este é um fator que dificulta a aquisição do português escrito pelas pessoas surdas. De acordo com Wilbur (2000) no período que a criança ouvinte começa a aprender a ler, ela já possui uma fluência conversacional em sua língua nativa e pode ser ensinada a transferir este conhecimento para a leitura. Já a criança surda não chega na escola com as mesmas habilidades de formação de sentenças, vocabulário e conhecimento de mundo como as ouvintes. Ou seja, chegam a escola sem uma base linguística e com poucas experiências em práticas sociais de leitura e escrita e, apesar desta situação, são tradicionalmente ensinadas a aprender a estrutura linguística da língua oral, fala, leitura e, muitas vezes Língua de Sinais, tudo ao mesmo tempo. (LEBEDEFF, 2006, p.02) Parafraseando Lebedeff (2006) para muitos simplificar a escrita significa omitir preposições e artigos, apresentando verbos apenas no infinitivo, como se os componentes do texto para a suposta escrita de Libras não fossem importantes para a produção textual. Os linguistas, sejam teóricos e aplicados, concordam da importância das escolas trabalharem com a língua através de textos. Marcuschi (2008) defende a utilização do texto, seja falado ou escrito, como fonte de ensino, pois a produção textual não tem fronteiras. A arte de escrever fortalece ao educando no desenvolvimento das habilidades perceptivas e cognitivas. Entende-se que a comunicação linguística não acontece por meio de frases soltas, sem interações significativas, mas sim, por meio de textos. Para este autor, o texto é o resultado de uma ação linguística e suas fronteiras são determinadas pelo mundo em que ele está inserido. Informa, também, que o texto pode ser tido como um tecido estruturado, uma entidade significativa, uma entidade de comunicação e um artefato sócio-histórico. A leitura precisa estar contextualizada. Os alunos que estão se alfabetizando em uma segunda língua precisam ter condições de “compreender” o texto. Isso significa que o professor vai precisar dar instrumentos para o seu aluno chegar à compreensão. Provocar nos alunos o interesse pelo tema da leitura por meio de uma discussão prévia do assunto, ou de um estímulo visual sobre o mesmo, ou por meio de uma brincadeira ou atividade que os conduza ao tema pode facilitar a compreensão do texto. (QUADROS e SCHMIEDT, 2006, p. 40, 41) Na evolução da capacidade da escrita de texto com qualidade é imprescindível ressaltar a necessidade imperativa de incentivar e desenvolver no aluno o hábito para a leitura. Hábito, esse, que vai ajudá-lo a compreensão e no aprimoramento da capacidade de alargar suas representações de mundo. Manter o paralelo entre a leitura e a escrita é que faz a diferença. Desse modo, destaca-se o papel da leitura na produção do texto: O trabalho com leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes e, consequentemente a formação de escritores competentes, pois a possibilidade de produzir textos eficazes tem sua origem na prática de leitura, espaço de construção da intertextualidade e fontes de referências modelizadoras. A leitura, por um lado, nos fornece matériaprima para a escrita: o que escrever. Por outro, contribui para a constituição de modelos: como escrever. (PCNs, 1997 : 53) Nessa concepção, a leitura em vários gêneros textuais fornecerá elementos que vão ajudar no desenvolvimento e confrontamento das ideias, estimular a imaginação, como também, autonomia e criticidade para dar um melhor suporte na escrita. Oferecer ao surdo um ensino reflexivo, de forma que possa, desde cedo, refletir sobre o processo de aprendizagem da Língua Portuguesa escrita, sem, no entanto, perder a base do ensino normativo, proporcionando-lhe expansão do poder de argumentação e raciocínio crítico, levando-o a estar mais próximo de situações reais de aprendizagem. Acredita-se que, dessa forma, poderá se aproximar de certa diversidade de gêneros textuais, propiciando ampliação de vocabulário e a efetiva produção de textos. É grande o desafio do docente ao trabalhar, especificamente, com aluno surdo, pois, se pensa logo nas ferramentas que melhor se adequarão ao ensino, a fim de se obter aprendizagem real. Em controvérsia, percebe-se que alguns professores, mesmo com a presença de intérpretes, não conseguem desenvolver as atividades com as crianças surdas em suas aulas. Em alguns casos, esses professores consideram que os surdos são incapazes de compreender os conteúdos curriculares trabalhados. Portanto, não conseguem desenvolver uma metodologia que alcance esse aluno que traz uma história própria quando vai à escola regular de ensino. A aquisição da Língua Portuguesa escrita pelo sujeito surdo e como esse aprendizado deve ser desenvolvido na escola têm sido bastante discutido. Esse sujeito possui especificidades linguísticas e utiliza uma estrutura gramatical própria com o uso do espaço e da visão para se comunicar e se expressar, refletindo, dessa forma, na modalidade escrita e com um déficit de aprendizagem, na aquisição de vocabulários e produção de textos. A abordagem sociointeracionista ressalta que o humano só se desenvolve quando existe a relação entre parceiros sociais, através de processos de interação e mediação (VYGOTSK,1998). Enfatiza, também, que a aquisição de conhecimentos acontece pela interação do sujeito com o meio, a qual ocorre após a aquisição de conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais e de trocas com o meio. Isso reforça a ideia de que a oferta de jogos pedagógicos poderá estimular o aluno no desenvolvimento de suas capacidades e habilidades de maneira prazerosa, contando com a mediação do professor e a interação com outros alunos. Conforme Ferreiro e Teberoski (1991) as atividades desenvolvidas em sala de aula devem buscar, sempre, experiências motivadoras e inovadoras, que envolvam sentimentos e percepções. Os estímulos mais eficazes para formação do aluno constituem o desejo e o interesse. A demonstração de interesse tem um papel de relevância em qualquer atividade que se realiza na vida. Buscou-se, assim, adequar ferramentas pedagógicas para intervir no processo de aprendizagem que proporcione o desenvolvimento cognitivo desse sujeito, considerando sua história, não como deficiência, mas como atraso em sua constituição linguística1. 1 As pesquisas atuais mostram que 90% dos surdos nascem em famílias de pais ouvintes, assim eles não têm as condições necessárias para desenvolver a aquisição de uma língua naturalmente em seu lar, já que seus pais utilizam uma língua oral-auditiva e os surdos possuem um impulso linguístico natural para a gestualidade (línguas gesto-visuais). Pan (2008, p.191), abordando sobre o processo de ensino em sua complexidade, explica: (...) não podemos prescrever formas de ensinar, tampouco pressupor a existência de fórmulas para aprender como chaves no processo de ensino-aprendizagem. Podemos, isto sim, fornecer elementos para análise e reflexões sobre a prática, possibilitando uma melhor compreensão sobre os processos que nela intervêm e a consequente avaliação sobre sua pertinência educativa. É necessário oportunizar ao surdo o enriquecimento de suas próprias capacidades na produção textual de maneira integrada, mediante estímulos e iniciativas lúdicas que proporcionem o fortalecimento e estabelecimento de uma comunicação conjugada entre as duas línguas (L1 e L2), garantindo a esse sujeito social a inclusão numa comunidade à qual ele possa ser incluído e tornar-se autor de sua própria história. De acordo com Sassaki, (1997, p.164), Uma sociedade inclusiva vai bem além de garantir apenas espaços adequados para todos. Ela fortalece atitudes de aceitação das diferenças individuais e a valorização da diversidade humana e enfatiza a importância do pertencer, da convivência, da cooperação e da contribuição que todas as pessoas podem dar para contribuírem vidas mais justas, mais saudáveis e mais satisfatórias. A criação e adaptação de novas estratégias para que o educando reconheça as especificidades da Língua de Sinais e da Língua Portuguesa, e com isso estabeleça o paralelo entre as duas línguas, vem a propiciar um ensino mais digno na conquista do respeito a ele na sociedade. O nivelamento da língua de sinais com a língua portuguesa na modalidade escrita para a estruturação de textos gramaticalmente mais próximo do normativo é que ajudará um ensino para que os surdos sejam mais incluídos nesse processo de ensino e aprendizagem, tornando-os sujeitos de fato bilíngues e participativos na sociedade em que vivem. O desejo de estabelecer à aproximação para manter relações de reciprocidade com os alunos sejam surdos ou ouvintes, sem discriminação, precisam ser resignificadas para construir um contexto de qualidade de educação para todos. Assim, surge a ideia da confecção e execução dos jogos pedagógicos com o intuito de propiciar, através da ludicidade, o aprendizado dos conteúdos curriculares antes não bem compreendidos e assimilados. Para Pires (1997, p.12): A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento. A partir do resultado satisfatório dos jogos na contribuição do processo cognitivo simbólico, novas turmas foram envolvidas a experimentar mais uma alternativa de aprendizagem, viabilizando o entendimento dos alunos ao usufruírem a leitura com clareza da escrita de forma prazerosa e significativa, além de promover a inclusão social, responsabilidade, ‘riscos’ (perder ou ganhar) e troca de conhecimentos. Vale ressaltar, que os jogos vão contribuir de forma significativa na acessibilidade de outros sujeitos: ouvintes, cegos e surdos cegos. Esses jogos pedagógicos já estão sendo adaptado no sistema Braille, proporcionando um ambiente mais lúdico e prazeroso, contribuindo no processo de aprendizagem. Freire (1982, p.10 e 17) sabiamente nos diz que “(...) estudar é uma forma de reinventar, de recriar, de reescrever – tarefa de sujeito e não de objeto (...)”; e “(...) uma prática educativa se dá num contexto concreto, histórico, social, cultural, econômico e político (...)”. Nessa assertiva, o desafio é buscar ajudar os estudantes não só fixarem os conteúdos curriculares estudados, mas também, permitir aos mesmos o crescimento intelectual, educacional e social, e a aprendizagem de novos conteúdos. Nesse processo de ensino e aprendizagem se faz necessário criar dinâmicas que contemplem os diversos jogos pedagógicos em etapas de entendimento, com o intuito da compreensão e aplicabilidade das categorias gramaticais da Língua Portuguesa na construção de frases simples e produção de textos na modalidade escrita. Os jogos pedagógicos são sempre compostos por cartas com várias estruturas gramaticais diferenciadas. O aluno faz a combinação para entender que as estruturas gramaticais têm sequência e sentido. È importante, nesse momento, que ele faça o uso da leitura e o entendimento da palavra por intermédio da língua natural: Libras. Os jogos pedagógicos, primeiramente para surdos, compreendem um recurso que contribuem para o processo de intermediação entre as duas línguas. A essência do lúdico oferece ao “jogador” um sentimento de prazer (segundo a noção de prazer de Freud), a satisfação e a estima na busca de novos meios e habilidades para vencer os obstáculos que lhe são postos e, consequentemente, facilitará a esse sujeito a estar inserido na sociedade como cidadão com seus direitos sendo respeitados e valorizados. Segundo Gisele Ziliotto (2007, p.84) o processo educativo necessita: Rever seus conceitos em relação à diversidade em sala de aula, evitar rotular e discriminar, compreender que aquele que é excluído pela sociedade é uma articulação que perpassa a ação pedagógica inclusiva e romper com essa exclusão e, além disso, repudiar o julgamento errôneo e irresponsável de incapacidade imposto sobre esses seres especiais que muito têm a nos ensinar. São atitudes que caracterizam uma escola não excludente. Desta forma, enfatiza-se no momento, que o jogo pedagógico vem sendo compreendido e assimilado como ferramenta facilitadora nos conteúdos curriculares a serem propostos obtendo o resultado desejado. PÚBLICO ALVO: Alunos surdos do 6º ano do Ensino Fundamental. OBJETIVOS: OBJETIVO GERAL Proporcionar a aquisição da língua portuguesa como L2 para crianças surdas utilizando jogos pedagógicos como estratégia de ensino e aprendizagem, na produção de textual na modalidade escrita. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Executar jogos pedagógicos para que o educando construa frases; Criar estratégias facilitadoras para utilização da estrutura gramatical normativa (uso dos artigos, pronomes, preposições, adjetivos, conjunções e advérbios); Reconhecer e mediar uma melhor produção textual do educando com todas as estruturas gramaticais estudadas; Verificar a coerência dos textos produzidos pelos alunos a partir do jogo pedagógico proposto. METOLODOGIA / OPERACIONALIZAÇÃO A metodologia aplicada tem a intenção de possibilitar ao sujeito surdo uma escrita coerente, fazendo uso das classes gramaticais da língua portuguesa (sujeito, verbo e objeto) e seus conectivos sem comprometer o processo de leitura e compreensão, além de considerar a estrutura do seu pensamento através da aplicação de jogos pedagógicos. Os jogos pedagógicos foram elaborados a partir do critério de uso conjunto da língua de sinais e da língua portuguesa. Para cada jogo foram selecionadas palavras- chave com seus sinais retirados no Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe (CAPOVILLA, 2008), juntamente com imagens retiradas do Google e seus nomes correspondentes. O grau de dificuldade dos jogos varia de acordo com o nível de alfabetização do aluno. Dessa forma, procurou-se estabelecer a relação simbólica entre nomes/figuras e seus sinais, relacionando adequadamente cada significante ao seu significado. Assim, disponibiliza-se, ao mesmo momento, o paralelo da aquisição da L1 e L2. Enfatiza-se a importância que esses jogos pedagógicos citados acima explorem os recursos de imagens – visuoespacial, utilizados pelo surdo na compreensão das coisas que estão ao seu redor. Campelo (2007) sinaliza que através da visualidade, as imagens são grandes aliadas às propostas educacionais e às práticas sociais. Diante das dificuldades encontradas, primeiramente, com a turma do 2° ano do ensino fundamental, do Centro Educacional Marizanda Dantas – APADA-BA, conveniada com a prefeitura de Salvador, no ano de 2013 que se pensou na criação de jogos pedagógicos e atividades direcionadas com intuito de faciçitar o entendimento e aquisição dos conteúdos curriculares, utilizando-se da estrutura gramatical para esse fim. Após o resultado satisfatório com essa turma, novas turmas foram testadas com novos jogos pedagógicos e atividades propostas. Essas atividades servem de “termômetro” para verificar se a aprendizagem foi satisfatória ou não.. A rotina do ditado ajuda bastante na ampliação e domínio do vocabulário, facilitando na criação e construção de textos. Atualmente, a turma que está sendo trabalhada é a do 6°ano, o resultado obtido é totalmente satisfatório e isso é percebido através das respostas dadas pelos estudantes ao realizarem leituras e executarem as atividades propostas, como interpretação e construção de texto e a escrita de diversas palavras sem precisar de auxílio. Segue uma descrição dos passos para a execução do trabalho: Primeiro passo: relação do verbo com o objeto. Compreender que o verbo para ser entendido como uma ação executada é necessário que se tenha uma ligação entre ela e seu sujeito. Nesse momento, os jogos pedagógicos denominados básicos (Jogo da Combinação, Bingo e Jogo dos Pares) são propostos para que, posteriormente, sejam executados, confrontando o entendimento dessa aquisição. O bingo foi criado no intuito dos alunos perceberem que alguns verbos executam ações diferentes. Após os alunos conseguirem identificar e relacionar as estruturas das classes gramaticais, outros desafios serão implementados como o emprego dos conectivos na estruturação do texto. Segundo passo: relação dos conectivos com o sujeito, verbo e objeto. Através do jogo pedagógico denominado: Conectivos. Fortalecer a ampliação do vocabulário e das estruturas gramaticais para produção textual. O último e mais importante passo: produção textual. O jogo pedagógico denominado: Carteado proporcionará que os alunos compreendam e assimilem o conhecimento adquirido, criando e construindo suas próprias frases, produzindo seus próprios textos. Durante a execução desses jogos é importante observar a compreensão, curiosidade, interesse, prazer e aceitação dos alunos. Vale lembrar, que também se faz necessário, várias intervenções para a obtenção do retorno satisfatório. Será criada uma rotina, concomitantemente, com opções de diversas atividades para representar essas produções, ampliando a compreensão, assimilação e a produção de textual, de forma lúdica, proposta pelo projeto. Durante a execução do projeto haverá o registro através de filmagem, a fim de coletar dados para uma divulgação científica que propiciará um suporte aos posteriores trabalhos pedagógico dos profissionais da área educacional. Enfatiza-se assim a importância dos jogos pedagógicos como atividades preliminares para o sucesso do ensino e aprendizagem, observando o comportamento dos alunos no desenvolvimento das atividades, obtendo-se assim, um resultado satisfatório na metodologia proposta. Vale resaltar que esse trabalho está em processo com turmas anteriores, embora, já se perceba grande aproveitamento por parte dos alunos através do acompanhamento dos resultados obtidos. RESULTADOS A palavra “educador” vem do latim educare que significa dirigir, conduzir, guiar. O que diferencia a condução de uma aprendizagem são os recursos estratégicos preciosos que permeiam aos laços afetivos, sociais e cognitivos dos alunos. São esses recursos, aplicação dos jogos e atividades (reforço e resultado do entendimento), que vão viabilizar uma boa estrutura na leitura, na escrita, e na análise e produção de textos de acordo com as suas próprias vivências, permitindo colher respostas para a consecução dos objetivos. A avaliação desenvolvida é processual, qualitativa e contínua, através de observação das atitudes realizadas polos alunos, permitindo verificar um crescimento na aprendizagem e aquisição dos conteúdos curriculares trabalhados. A princípio, diante dos resultados já alcançados, foi possível verificar na metodologia aplicada, eficácia e viabilidade prática para o trabalho com jovens surdos usuários de língua de sinais, além de despertar interesse e desejo nos alunos para as produções escritas em língua portuguesa. CONCLUSÕES De acordo com as ideias de Paulo Freire (1980) é necessário proporcionar ao aluno surdo condições necessárias para construir a sua própria história e assim agir e reagir na sua comunidade como indivíduo capaz de produzir seus textos escritos e, assim, participar ativamente da sociedade em que vive. Esses jogos são mais uma ferramenta pedagógica que viabiliza a esse sujeito a conquista de sua autonomia social e a prática de seus direitos sociais no processo inclusivo. Dessa forma, com o intuito de fazer a diferença, não se pretende esgotar todas as possibilidades de aprendizagem ao aluno surdo, mas abrir espaços para novas pesquisas e criação de novas estratégias para favorecer efetivamente sua inclusão na sociedade, produzindo resultados diferentes que leve o educando ao desejo de agir e produzir significativamente. Nesse contexto, parafraseando Anthony Robbins (2011), a única certeza que devemos ter é a de uma melhoria constante, incessante e diária. Quando emprenhamos nossos esforços no crescimento pessoal e social nos tornamos pessoas melhores capazes de sempre expandir. REFERÊNCIAS CAMPELLO, Ana Regina e Souza. Pedagogia Visual / Sinal na Educação dos Surdos. in PERLIN, Gladis e QUADROS, Ronice Muller de. Estudo Surdos II.– Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2007. CAPOVILLA F.C.; RAPHAEL.W.D. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe – Língua Brasileira de Sinais. São Paulo, 2008 CARVALHO, R.E. Removendo barreiras para a aprendizagem: educação inclusiva. Porto Alegre, 2000. FERREIRO, Emília e TEBEROSKI, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre, 1991 FREIRE, Paulo. A Educação com prática da liberdade. 10ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. LEBEDEFF, Tatiana Boliva. Alternativas de letramento para crianças surdas: uma discussão sobre o shared reading program. In: 30ª Reunião Anual da ANPED, Caxambu, MG, out., 2006. Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/30ra/trabalhos/gt15-3727--int.pdf . 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